Capítulo 09 - Semideuses são nutritivos para monstros bebês

— A sua música foi um calmante natural ontem, muito obrigado — Grover agradeceu quando os quatro saíam da cabine em busca do vagão restaurante ou algo similar — Eu tinha me esquecido do quão bem você cantava e tocava. Percy, você precisa ver a festa de encerramento de verão.

— Ah é, Stella é a celebridade do chalé neste dia — concordou Atena vendo a garota constrangida — Não mente, você sabe que é verdade.

— E o que você canta? — perguntou Percy.

— Depende do meu humor, ou da ocasião do lugar. Aceito pedidos também, se tiver algum — disse a garota olhando o dia amanhecer ao se sentar ao lado de Annabeth na mesa — Chegamos em Los Angeles em dois dias, então estaremos no Mundo Inferior antes do prazo.

— Posso fazer uma pergunta idiota? — questionou Percy e Annabeth logo o fitou.

— Parece que você gosta de ser zombado.

— Annie... — repreendeu minimamente Stella e a filha de Atena suspirou — Pode, Percy.

— Nunca estive em Los Angeles e acho que vocês também não... Então como saberemos para onde ir?

— Eu já estive, mas foi antes de descobrir sobre tudo, e eu só tinha 4 anos. Não sei se isso ajudaria muito. Mas ainda temos muitos problemas para resolver antes disso — Stella pausou quando a mulher veio com o café da manhã dos passageiros, uma comida simples que estava imposta no cardápio do trem — Se preocupe na hora certa.

— Próxima pergunta idiota... — Annabeth resmungou novamente ao ouvir a fala do garoto — "E aquilo que mais importa não voltará comigo", o Oráculo disse que vamos falhar na missão, mas ainda não falamos sobre isso e me parece que é algo que devemos nos preocupar.

Antes que Percy falasse algo, sua atenção foi para o lado de fora do trem e todos observaram também que centauros cavalgavam livremente pelo outro lado, mas parecia que somente o grupo conseguia de fato vê-los.

— Existiam muitos rebanhos deles por aí — disse Grover — Mas...

— O que aconteceu? — perguntou Percy.

— Humanos — respondeu o sátiro — Há milhares de anos, o deus da natureza Pã desapareceu. E depois disso, como Pã não protege mais a natureza, os humanos estão tentando se aproveitar dela.

— Os sátiros mais corajosos se tornaram buscadores para tentar encontrá-lo, mas nenhum retornou — Annabeth e Stella olharam para Grover, cujas feições não estavam alegres e sua mente parecia em outro lugar.

— Seu tio que vimos na casa da Medusa, Ferdinando, era um buscador? — a pergunta de Percy fez com que Grover concordar, e Stella pegou a mão do amigo que estava sob a mesa, passando um sorriso reconfortante do qual ele aceitou em silêncio.

— O Oráculo não disse que a missão falhará — explicou a Archer para o Jackson — Pode significar muitas coisas porque é assim que funciona o destino e profecias. Não tente entender muito para que não se complique muito. Mesmo nós, que somos do chalé, não tentamos porque seria complicado para nós... só deixe que a resposta venha até você.

— Com licença — um policial se aproximou do grupo — Posso ver seus bilhetes?

Annabeth pegou e entregou, vendo que o homem estava desconfiado até falar para os quatro: — Vocês estão na cabine 17B. Me acompanhem, por favor.

Quando os quatro se levantaram e seguiram o homem, a primeira coisa que notaram era a cabine destruída. A janela estava quebrada, algumas coisas estavam rasgadas e parecia que o local tinha sido inteiro revirado.

— Querem explicar algo? — perguntou o oficial.

— Espera, acha que nós fizemos isso? — perguntou Percy.

— Foram vocês?

— Como? Por quê? — Percy se irritou com a desconfiança do homem.

— Senhor, quando saímos estava tudo intacto — Grover tentou conter a situação, e o amigo, apaziguando enquanto Annabeth estudava o que havia de errado — Não sabemos como isso aconteceu.

— Temos uma testemunha que ouviu a janela quebrando e vozes de crianças.

Stella viu uma mulher dando testemunho para outra policial não muito longe de onde estavam, e percebeu que aquilo na cabine tinha sido algo de seu mundo procurando por eles, ou pelo raio mestre. O Jackson protestava nas costas dela, mas ele ficou quieto quando viu o olhar de repreensão da Archer diante da situação.

— Que horas saíram da cabine?

— Estamos sendo presos? — Annabeth perguntou vendo onde aquela situação iria dar.

— Acho que você não deveria falar assim comigo, mocinha — o policial disse com a Chase em um tom de voz mais duro do que tinha dito com Percy instantes atrás.

Mas Annabeth não abaixou a cabeça e repetiu: — Estamos sendo presos?

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Sim, os quatro foram presos.

— Estamos ganhando tempo para descobrir se ele é um lobisomem ou algo do tipo? — Percy perguntou baixinho para Stella, que encarava a mulher do corredor que parecia estar sendo muito prestativa dando depoimento atrás de depoimento — Você pode queimar alguém como o sol queima a pele ou coisa do tipo?

— O que? — ela se virou para ele confusa e ele negou, percebendo a besteira que tinha falado — Não, eu não controlo a luz a este ponto, ou nunca tentei. Mas acho que ela não é um monstro.

— Se ela não é um monstro, o que está acontecendo? — perguntou Percy — Por que alguém invadiria nossa cabine?

— Talvez procurando algo — Grover palpitou.

— Mas não temos nada!

— A fofoca que rola pelo mundo é que você roubou o raio mestre de Zeus, talvez seja isso — explicou Stella — Só que não vão encontrar absolutamente nada.

— De qualquer modo, não podemos perder tempo na delegacia, teremos que escapar antes disso — disse Annabeth e Stella compreendeu que ela já estava fazendo algum plano para que pudessem sair dali, afinal, ela sempre pensava dez passos à frente de todos.

Uma mulher cutucou o ombro da filha de Atena, a mesma que tinha denunciado eles para a polícia e perguntou se podia sentar. Stella ficou prensada entre Percy e a mulher, mas o filho de Poseidon deu um jeito de fazer com que a amiga ficasse mais confortável, já que a recém chegada parecia estar preocupada com o fato deles estarem ali sozinhos.

— Pobrezinhos, seus pais não estão por aqui, certo? Não é mesmo bebê?

Ela falava com um bichinho dentro da casinha de viagem de cachorro, o que fez Annabeth estranhar.

— As crianças ficam assustadas quando estão sozinhas, não é? Está tudo bem, eu sou mãe. Sei que devem estar assustados — ela se virou para eles novamente, olhando principalmente para Percy, que começou a estranhar o comportamento da mulher — Com licença, podemos ficar a sós um pouco? Acho... que eles ficam nervosos ao seu lado.

A policial acatou o pedido da mulher, e se afastou.

— Saibam que não acho que vocês foram os culpados, só precisava de um momento a sós com vocês — ela disse quando os cinco estavam sozinhos — Vocês precisam entender algumas coisas...

— Há algo em sua jaqueta — Grover observou — Parece vidro.

As feições da mulher mudaram e Annabeth trocou um rápido olhar com Stella, ouvindo Grover falar.

— Ninguém quebrou a janela pelo lado de dentro. Alguém quebrou pelo lado de fora.

O animal que estava dentro da casinha de viagem se agitou de forma descontrolada para alguém do porte da casinha, como se estivesse preso. A mulher se levantou e ajoelhou ao lado dele, dando espaço suficiente para que Stella retirasse seu colar, deixando-o pronto em sua mão para conjurar seu arco ou ao menos uma flecha para espetar na mulher.

— Vocês não tem culpa, mas infelizmente, vão pagar pelo erro dos seus pais hoje — e ali estava a frase que todos queriam ouvir: era uma armadilha.

— Escute, senhora — começou Percy — Não sei quem você é, mas sei o que é. Encontramos alguns monstros como você e nos livramos de todos eles.

A impertinência de Percy fez com que Stella desejasse pisar no pé dele para que calasse a boca, principalmente quando a mulher se sentiu afetada e deu um sorriso do qual parecia aceitar as provocações do garoto e revidaria a qualquer momento.

— Monstros como eu? Bom.. é claro que são como eu, eles são meus filhos.

— Filhos? Como assim? — Percy parecia perdido.

— A Mãe dos Monstros — comentou Grover, os olhos se arregalando levemente.

— Equidna — Annabeth a nomeou. A Archer sentia o pingente de sol começar a tomar forma de arco em sua mão, como se o objeto soubesse que ela precisaria se proteger, mas ela segurou os pensamentos, por enquanto.

— Monstro... é uma palavra estranha, considerando que minha avó é a sua bisavó e isso é uma história de família. Mas na minha opinião, um semideus é uma criatura mais perigosa... são incontroláveis, violentos e se tenho um objetivo, seria buscar e enfrentar monstros... como vocês. Hoje, vocês serão a presa do meu bebê — a forma como ela falava com eles e o monstro que parecia contido na casinha de cachorro fez com que eles começassem a procurar mentalmente saídas, já que atrás deles só tinham uma janela e o trem estava em movimento — Já estão com medo? Isso também é importante para a caça, sabe? Seus medos, confusões, e eu precisava que compreendesse o que aconteceria se ela sentisse o cheiro, crescendo e... é isso, o que as mães fazem para seus filhos, mas vocês não sabem disso.

A porta da casinha se abriu depois do zíper subir e descer lentamente, e a primeira coisa que Percy pensou foi puxar Stella para fora da mira, fazendo com que o ataque fosse primeiro nele, atingindo-o no ombro. Annabeth agarrou a cauda do monstro, fincando a sua adaga enquanto os três corriam para longe após o comando da filha de Atena.

A polícia viu o grupo correr e foram atrás deles, mas eles não se preocupavam com os oficiais quando tinha um monstro querendo devorá-los.

Os solavancos que o trem deu fez com que Stella desejasse não ter civis no caminho para conjurar seu arco, então apenas foram correndo até que Annabeth conseguiu atrasá-los prendendo a porta.

— Percy! — Grover retirou um espinho da blusa do amigo, o mesmo local onde tinha sofrido o ataque.

— O que é isso?

— É um ferrão! — Stella se alarmou, porque era para ela ter sido atingida — Grover, você sabe qual monstro tem ferrão?

— Não sei, mas não deve ser coisa boa.

Stella resmungou e olhou Percy, vendo que agora ele segurava o ombro com dor — Você está bem?

— Acho que sim, por quê? Acha que é algo venenoso?

— Não tenho certeza. Annie? — mas a filha de Atena também negou e Stella se sentiu mais culpada — Por que me protegeu? Era para eu ter sido atingida.

— Não ia deixar — respondeu Percy e Stella desejou bater nele, mas ele já estava sentindo dor o suficiente — Está tudo bem, Solzinho. Quer dizer, acho que vai ficar.

O trem tremeu novamente e os quatro saíram correndo, sabendo que Equidna não estava mais segurando o monstro como antes. A oportunidade de sair do veículo veio com uma parada forçada do trem, do qual usando uma saída de emergência, eles correram para fora indo pelos trilhos o mais distante que podiam.

— Por que não nos seguiu? — Percy perguntou.

— Equidna disse que aquilo que estava na bolsa era um bebê — explicou Annabeth — Então não irá muito longe da mãe porque está aprendendo a caçar. Parece que somos a primeira lição.

— Precisamos sair daqui, e despistá-los — respondeu Grover.

— E de um lugar seguro — respondeu Stella — Não posso deixar que Percy fique com o veneno no corpo, vou tentar tirar.

— Tirar? Você vai me cortar e sugar o veneno? Sem chances!

— Não, vou fazer isso... de outro jeito — respondeu a garota e olhou para Annabeth — Lugar seguro Annie, conhece algum? Para fugirmos e eu poder fazer... você sabe.

— E tem isso ainda? — Percy ironizou.

— Tem, existe um santuário para Atena. Vamos.

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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

Percy envenenado salvando a Stella, está começando a ficar muito frequente esses salvamentos constantes né? Aiai esse Stercy (por enquanto esse é o nome do shipper). Inclusive, postei um edit deles no meu tiktok (__nandas) então vão lá conferir. 

O que acharam? Me digam suas teorias, palpites e tudo mais. Estou pronta para ler os comentários!

Até o próximo!

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