Capítulo 08 - Insônias
A caminhada do trio os levou até uma estação de trem, o que se tornou uma boa alternativa para que recuperassem o tempo perdido da viagem. E mesmo com o dinheiro do resgate de um poodle, havia somente um problema que estava impedindo-os de continuar.
— Não sei mais qual alternativa usamos — Percy respondeu após voltar da cabine onde comprava bilhetes sem os bilhetes — Ele não vai vender para a gente. Ele mal olhou na minha cara!
O único homem que vendia bilhetes para o trem não havia aceitado nem Annabeth, Grover e Percy em suas tentativas separadas. Ele usava o argumento "o pai de vocês sabem disso?" em todas as vezes, e Percy queria gritar que só estava comprando o maldito bilhete por conta de uma missão do homem que estava em algum canto do Monte Olimpo ou sabe-se lá Zeus onde.
Então sim, o pai dele sabia disso.
— Stella, temos somente a sua alternativa — Annabeth olhou para a loira que negou com a cabeça — Você fez isso algumas horas atrás, com o Percy!
— Sim, mas nunca fiz isso com um adulto e não sou tão boa manipulando assim. Com a música posso conseguir, mas tem efeitos diferentes nas pessoas.
— Do que vocês estão falando? — Percy estava confuso com o diálogo das duas — Manipular? Tipo o charme? Pensei que somente as filhas de Afrodite faziam isso.
— Somente elas fazem, mas Stella também tem uma benção e um objeto — explicou Grover olhando a garota — Não seria tão difícil assim. Você é a semideusa mais talentosa do acampamento, em todas as artes e áreas.
— É, você só teria que ser você — disse Annabeth tentando convencer a amiga — Vai Percy, fala que ela já consegue encantar os outros naturalmente e só precisa de uma presilha.
Percy olhou para Stella e sabia que a frase de Annabeth era verdadeira, Stella tinha luz própria. Todos a olhavam, como olhavam para o sol. Seria fácil porque ela seria naturalmente espontânea, com algumas ajudinhas de Afrodite mas nada que a garota já não possuísse dentro de si. Ele queria falar tudo isso, mas o que saiu de sua boca foi:
— E-eerr...
Annabeth revirou os olhos com a lerdeza do menino, e focou na amiga: — Vai ser rápido, você só tem que olhar para ele por alguns instantes, e quando ver que ele está desconcertado vendo sabe lá Zeus quem, e comprar as passagens. O tempo está passando, anda logo.
Stella resmungou enquanto ajeitava o cabelo em um coque, que deixava seu pescoço evidente e a presilha com um destaque maior. Ela começou a sentir os dedos formigando, além da sensação de que estava vestindo uma armadura encantada.
— Ok, lá vou eu. Percy, o dinheiro.
Mas Percy não ouviu, encarando Stella sem piscar e com a boca levemente aberta. Desde quando ela brilhava daquela forma? E desde quando um cabelo preso da forma que ela prendia fazia alguém parecer divina como Stella parecia naquele momento? Percy achou que talvez tenha sido isso que Ícaro sentiu indo em direção ao sol, o desejo de tocar em algo tão belo e caloroso.
Annabeth retirou o dinheiro da mão do semideus e deu para a loira, que respirou fundo como uma forma de tomar coragem antes de ir na direção da cabine. O transe de Percy pela garota passou quando ela já estava longe, e ele piscou confuso notando que Annabeth olhava para ele de braços cruzados.
— Disfarça ao menos, Cabeça de Alga.
— Disfarçar o que? — mas Annabeth não respondeu, apenas murmurou "garotos" enquanto revirava os olhos com a lerdeza do filho de Poseidon.
Menos de um minuto depois, Stella voltou com as passagens para o trem pisando fundo enquanto tirava a presilha do cabelo.
— Não me peçam mais isso.
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Era madrugada e todos dormiam dentro da cabine, pelo menos era o que Stella achava. O local só tinha três camas, sendo uma de casal do qual dividia com Percy após ter perdido no pedra, papel e tesoura com Annabeth. Era o suficiente para que pudessem dormir com espaço, até que ela notou que a respiração de Percy não estava mais tão profunda assim.
— Você está dormindo? — ela perguntou baixinho.
— Não, pensei que você estivesse — ele respondeu, se virando para ela e ambos ficaram se encarando em silêncio — Posso fazer uma pergunta?
— Claro.
— Você já se encontrou com seu pai alguma vez? Tipo, pessoalmente?
Stella assentiu e disse: — Um ano depois de entrar no acampamento meio sangue, eu estava com minha mãe em uma loja de música. Ela estava vendo alguns instrumentos enquanto eu estava sentada no piano tocando uma melodia que tinha ouvido em meus sonhos há alguns meses e foi quando um rapaz me chamou. Ele sorriu para mim, e... eu apenas senti que era o meu pai. Já tinha sido proclamada, só que nunca o tinha visto pessoalmente e foi quando Apolo me entregou o colar, dizendo que eu traria orgulho para ele em algum momento. Minha mãe me encontrou minutos depois, e a cara dela denunciou quem ele realmente era. Ele saiu em uma Maserati Vermelha em direção a oeste junto com o pôr do sol. Foi a única vez que eu o vi.
— E foi bom?
Stella lembrava daquele dia com tanta clareza que parecia algo frequente encontrar Apolo, e se lembrava do sentimento que teve diante o deus mesmo sendo pequena.
— Foi.
— Acha que um dia eu encontrarei meu pai?
Stella não sabia o que responder, porque dependia muito de um deus para o outro. Apolo era mais descontraído, quase jovial pelos relatos enquanto Poseidon tinha toda seriedade além de anos mais velho que o pai da garota, eram naturezas diferentes.
— Quem sabe um dia. Às vezes, mesmo não vendo Apolo eu o sinto comigo em cada flecha que lanço, ou em cada música que eu toco, ou quando... — ela parou e suspirou não querendo entrar em um detalhe específico com Percy — Existem momentos que podemos sentir nossos pais conosco, em algum momento você sentirá Poseidon também. Ou até mesmo o encontre.
— Se eu o encontrasse, o que eu falaria?
— O que está em seu coração.
— Stella?
— Hm?
— Obrigado, por não desistir da missão... ou de nós.
— De nada, Percy.
— Vocês deveriam ir dormir — a voz de Annabeth fez com que Stella olhasse para a cama de cima, onde a garota dormia — Vão acordar o trem inteiro daqui a pouco.
— Calem a boca, tem sátiro tentando dormir aqui — resmungou Grover.
— Você está bem? — Percy perguntou ao ver que o tom de voz do amigo não era dos melhores.
— Ele é rabugento quando não dorme — explicou Annabeth e Grover a imitou de uma forma quase sarcástica — Viram, está rabugento.
— Uau — o filho de Poseidon se surpreendeu e Stella tentava não rir da situação cômica.
— É a sua primeira vez viajando com ele, então é diferente da frescura de colégio interno — a filha de Atena olhou para os dois e a voz de Grover agora estava mais alta.
— Frescura? Você que é fresca, nem sei o que é isso.
— O culpado é o Percy — acusou Stella e ela segurou a risada ao ver a careta do filho de Poseidon — Ok, vou fazer algo sobre isso. Todo mundo deita direito e se cobre, anda.
A Archer sentou na cama e retirou o colar do pescoço, enrolando-o no pulso e logo um violão estava em suas mãos. Com acordes leves, ela murmurava uma canção de ninar da qual sua mãe cantava para ela quando era um bebê, sabendo que os três iriam adormecer rapidamente porque assim como Apolo, sua mãe também tinha um dom para a música que foi passado e ensinado para a menina. E quando ela notou que Percy começava a fechar os olhos, assim como o leve ronco de Grover e as feições tranquilas de Annabeth, ela deixou o instrumento em um canto sabendo que o colar voltaria para o seu pescoço e voltou a deitar ao lado de Percy.
Da janela dava para ver a lua, e antes de fechar os olhos, sorriu levemente dizendo: — Boa noite, tia.
•─⊱➶⛭♬⊰─•
Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
Stella usando o charme e Percy sendo afetado, aiai esses dois. E as conversas noturnas? Já avisando que é um slow burn ok? Agora da parte de quem já não sei rsrsrsrsrs
Stella já viu Apolo, boatos dizem que ela é a favorita do papai...
Me digam o que estão achando! Quero saber teorias, palpites, absolutamente tudo! Estou pronta para ler os comentários de vocês!
Até o próximo!
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