Capítulo 07 - Corte a cabeça!
Stella se sentiu entrando na casa da bruxa de João e Maria.
Doces de diferentes tipos, formatos e cheiros preenchiam o ambiente logo que a loira passou pela porta com uma Annabeth desconfortável.
— Está preocupada que guardo rancor de você por ser uma filha de Atena? — Medusa perguntou logo que voltou para a mesa com uma limonada — Não somos nossos pais. E nós temos coisas mais em comum do que pensamos. Por favor, sentem-se e comam.
Percy e Grover se sentaram, já Annabeth se recusou enquanto Stella ficava preparada para qualquer possível confronto. A garota se sentia desconfortável em ver a amiga tão apreensiva, e Percy tão relaxado enquanto pegava o que tinha na mesa conversando com a górgona como se estivesse em um chá da tarde da Alice no País das Maravilhas.
Annabeth e Medusa se provocaram sobre o passado da mãe da garota com a situação atual da górgona, até que ela começou a falar.
— Atena era tudo para mim, eu a adorava... orava e fazia oferendas, mas ela nunca respondia ou aparecia para agradecer o amor que recebia. Eu não era como você, querida. Eu era você.
— Você não é como Annabeth — Stella defendeu a amiga, atraindo a atenção da mulher por instantes. A loira sabia que seria ignorada, afinal a equação de Atena + Poseidon + Medusa era maior naquele ambiente.
— Eu a teria adorado por toda a vida, em silêncio. Mas um dia, um deus quebrou esse silêncio... seu pai, o deus do mar disse que me amava — ela se dirigiu a Percy — Pensei que ele tinha me visto quando ninguém mais fazia isso, mas Atena disse que eu a envergonhei e deveria ser punida. Não ele... eu. Então ela decidiu que eu nunca mais seria vista por ninguém outra vez.
Annabeth se ofendeu e disse: — Não foi o que aconteceu. Minha mãe sempre foi justa.
— Os deuses querem que acreditem nisso, que eles são infalíveis — a górgona rebateu — Mas são apenas valentões que desejam que a culpa seja somente nossa mesmo que as ações sejam deles.
— Não foi isso que aconteceu, está mentindo!
A forma como o clima mudou na sala de jantar ficou notório, e Medusa desviou o assunto com uma voz que Stella percebeu um grau de irritação pelo o que Annabeth tinha falado. A górgona chamou Percy para ajudá-la na cozinha, e quando o filho de Poseidon olhou para as duas semideusas lembrando do que sua mãe lhe dizia sobre Medusa, ele achou melhor ir.
— Precisamos sair daqui — disse Stella olhando para Grover, que comia um pouco alheio a tensão da sala — Eu tenho um plano para chamar o Percy sem irritá-la.
Stella retirou a mochila dos ombros, vasculhando até achar o pequeno objeto que Emma tinha entregado antes de sair em missão. Ela não gostava de usar a presilha, não era a maior fã ou manipuladora natural do charme como sua irmã mais velha, mas se ela tem o benefício de usar em mãos e benção de Afrodite para salvar Percy naquele momento, então não seria tão ruim assim.
Bastou colocar o objeto bronze rosado em seus cabelos que a filha de Apolo se sentiu diferente, e ao olhar para os amigos, sabia que tinha chegado o momento de correrem para fora do empório.
— Grover, se prepare para correr — disse Annabeth — Stella...
— Eu sei, eu sei.
A garota foi até a cozinha respirando fundo e de cabeça baixa, não sabendo se Medusa poderia ou não fazer alguma armadilha. Ela ouviu parte da conversa de Percy com a górgona, andando em passos suaves até estar atrás do menino e segurar sua mão enquanto concentrava suas palavras para que pudesse alinhar seus poderes com os de Afrodite.
— Você confia nos seus amigos para protegê-la? Eles a protegem mesmo que isso impeça a missão? — Medusa perguntou para o menino, e o aperto de Stella em sua mão fez com que ele se sentisse um pouco zonzo com o choque que lhe percorreu a espinha mas seguro por ter a Archer ao seu lado.
— Percy... — ela sussurrou apenas para ele ouvir — Não escute ela, me escute apenas. Confie em mim.
O Jackson olhou nos olhos de Stella e assentiu, colocando-a para sair em sua frente da cozinha enquanto Medusa oferecia uma proposta a ele. Logo que os dois encontraram Annabeth e Grover, em silêncio começaram a seguir a filha de Atena até o porão da casa.
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Se o jardim já tinha uma quantidade significativa de estátuas, o porão havia centenas delas. Pessoas gritando com roupas de diferentes épocas, assustadas e até mesmo um carteiro parecia ter sido pego pelo olhar petrificante de Medusa. O quarteto correu até estarem um pouco longe da porta, bolando um plano.
— Somos em quatro e ela é só uma, não pode vigiar todos se nos separarmos — disse Percy.
— Não é tão simples — disse Annabeth.
— Mas pode ser, o plano é o seguinte — começou Grover — Vou começar a voar para chamar sua atenção. Quando eu disser "Maya", vocês... caramba!
— Grover! — Stella viu o sátiro voando para longe com os tênis de Luke em seus pés, o que fez com que o plano dele não desse certo — Ok, outro plano. E eu acho que eu tenho um. Vou atraí-la...
— Eu disse que não escolhemos ser nossos pais, mas parece que vocês escolheram — a voz de Medusa dentro do porão fez com que o trio se separasse, embora Percy tenha tentado olhar para qual lado Stella tinha ido.
A filha de de Apolo se escondeu atrás de uma caixa, retirou o colar de seu pescoço e logo que enrolou a corrente em seu punho, o pingente se transformou em uma guitarra branca com um adesivo do sol. Ela se levantou de costas, fechou os olhos e começou a tocar "Born For This do The Score" ao ponto de chamar a atenção de Medusa.
O som fez com que Stella ganhasse um foco para que ela fosse o primeiro alvo, e sabendo que seus amigos dariam um jeito, ela continuou tocando enquanto pedia proteção para o seu pai. Ela sabia que Medusa estava perto pelo barulho dos saltos, e ela ouviu o grito de Grover bem como o de Annabeth.
— Agora!
Percy cortou a cabeça invisível de Medusa, e com o barulho do corpo caindo no chão, Stella parou a música observando o trio.
— Você está bem? — perguntou Annabeth para Grover, que tinha caído, ele murmurou algo próximo de que ficaria, e a filha de Atena encarou a amiga — Você se arriscou, podia ter morrido bancando a estrela do rock.
— Não deixariam que isso acontecesse, e pode dizer... foi demais — a garota sorria com a guitarra em mãos. Annabeth apenas riu com a atitude da amiga, porque sabia que a música tinha sido uma boa estratégia naquele momento — Agora pegamos a cabeça e matamos a Alecto lá fora.
Percy pegou a cabeça, ainda invisível pelo boné de Annabeth e os quatro caminharam para a parte da frente do empório. Stella já tinha transformado sua guitarra em um arco, já que o plano era Percy tentar derrotar e ela atirar na fúria se acontecesse algo.
— Tenha certeza de que está apontando na direção certa antes de retirar o boné — falou a loira — E qualquer coisa, corra alguns metros para longe que eu acerto ela.
— Não se preocupe, Solzinho.
Ela abriu a porta e ficou observando Percy caminhar até Alecto. A fúria notando o semideus, voou em sua direção, mas quando a cabeça de Medusa foi revelada o monstro se transformou em pedra, quebrando ao cair no chão. Stella respirou aliviada, sentindo seu coração bater mais forte ao ver Percy caminhando na direção dela, pronto para defender se precisasse e...
Ela balançou a cabeça e retirou a presilha em seu cabelo, acreditando que talvez o seu coração batendo daquela forma era consequência do objeto da deusa do amor.
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O grupo encontrou o Tio Ferdinando de Grover em meio às estátuas de Medusa, e Stella sentiu um aperto no coração ao ver o estado do amigo encontrando aquele que era uma referência para ele, alguém de sua família que teve um destino cruel sendo uma vítima de Medusa.
— Devemos partir, está escurecendo — Grover secou as lágrimas.
— O que faremos com a cabeça? — perguntou Percy — Derrotei uma fúria com ela sem me esforçar muito, se outra pessoa encontrar... não podemos deixar isso acontecer. Podemos deixá-la com o boné e enterrar.
— Não acho que essa última parte seja uma boa ideia, o boné tem um significado para Annabeth — disse Stella.
— Podemos falar de outro problema aqui? — perguntou a filha de Atena olhando o filho de Poseidon — "Você poderia salvar sua mãe", o que ela quis dizer com aquilo? Sua mãe ainda está viva?
— Ela está com Hades — respondeu o Jackson de modo ríspido — Agradeço sua preocupação.
— Não comecem — pediu Stella.
Mas eles não ouviram ela, e a ideia de criar um poema que deixaria eles loucos estava se tornando muito tentadora. A discussão seguiu-se entre a fala de Medusa com a oferta que Annabeth tinha recebido da fúria quando estavam no ônibus, essa segunda parte sendo desconhecida para Stella quanto a primeira.
— Chega! — falou Grover — O boné é um presente da mãe dela, e é a única coisa que as conectam. Isso é importante para Annabeth.
— E como vamos deixar essa coisa segura?
— Vou chegar nessa parte — cortou Grover e se virou para Annabeth — E você? A mãe dele está viva. Consegue imaginar o quão confuso é para ele, escolher entre o destino do mundo e a sua única pessoa que o amou?
— Por que você está falando desse jeito? — Annabeth perguntou surpresa com a reação de Grover, que parecia nervoso.
— Porque estou tentando manter essa missão na linha o dia todo! Stella também está! E tudo o que vocês fazem é nos ignorar, brigar e começar a discutir com as mínimas coisas. Vou começar a chateá-los também como estão nos chateando — ele se virou para Percy — Quando ela te perguntou na floresta, e você não respondeu... do que tem medo?
— Eu não sei — disse Percy.
— Acho que sabe — respondeu Stella — Diga Percy, o que o Oráculo te disse que deixou você assim? E não minta que não tem haver com o Oráculo porque sabemos de quem sou filha.
— Porque o Oráculo disse que um de vocês vai me trair — confessou — Você será traído por aquele que chama de amigo... e aquilo que mais importa não voltará contigo, foi isso o que eu ouvi.
Stella suspirou, sabendo que agora as irritações de Percy tinham explicações. Ele estava com medo da traição.
E ele continuou: — Escolhi ela porque não acho que seremos amigos, e escolhi você porque pensei que poderia contar com você para qualquer coisa... agora, sinto que estou sozinho. Não sei em quem confiar!
— E eu Percy? Por que me escolheu então? — Stella o questionou — Se Annabeth não será sua amiga, se Grover podia te ajudar com qualquer coisa, por que estou aqui? Por que fui sua primeira escolha?
Os olhos oceânicos de Percy se encontraram com os olhos azuis celestes de Stella, então ele não precisou dizer nada porque a combinação e o silêncio responderam por eles... porque ambos se completavam, de alguma forma que não sabiam explicar ainda.
— Alecto me ofereceu para que te entregasse para ter glória — respondeu Annabeth — E eu matei a irmã dela.
— Medusa disse que me ajudaria a salvar minha mãe se eu entregasse vocês, e eu cortei a cabeça dela.
— Não escolhemos essa missão, e não escolheram ser semideuses — disse Grover — Mas podemos decidir se vamos ficar unidos para que ninguém fique sozinho, mas se isso não acontecer, vamos voltar logo pro acampamento porque iremos falhar.
Percy então disse: — Sei o que fazer com a cabeça.
Ele foi até uma mesa onde um livro de endereços estava aberto, e quando Stella leu a caixa de Serviço de Entregas Hermes, arregalou os olhos.
— Não vai fazer o que penso que vai, ou você vai?
O sorriso ladino de que iria aprontar logo tomou o rosto do Jackson, e ela já podia prever que aquela ação poderia causar estragos. Ela só esperava que aquilo chegasse em Apolo de uma boa forma.
— Ele faz entrega para todos os lugares, alguns para o Olimpo.
— Percy, não podemos enviar a cabeça dela ao Olimpo — respondeu Annabeth.
— Por que não?
— Porque os deuses não irão gostar.
— Mas é o que fazemos com itens perigosos, como as baterias, enviamos de volta para a origem — explicou o Jackson.
— Percy... — Stella o alertou — Isso é uma péssima ideia, os deuses verão isso como algo impertinente.
— Eu sou impertinente — disse o garoto — Relaxa, Solzinho.
— Mas nós não somos — Annabeth falou e ganhou o reforço de Grover, que também começava a prever o que aquilo daria.
— Medusa tentou impedir nossa missão, e ela tem um grande problema com a sua mãe. Olhando dessa forma, parece mais uma homenagem, não é?
— Isso seria um insulto, Percy! — Stella respondeu, mas ele apenas continuou a preparar o pacote, devolvendo o boné de Annabeth quando a cabeça estava no fundo da caixa de madeira.
— Mas o boné que Annabeth ganhou ficará conosco — a filha de Atena pegou o presente, um pouco tocada pela preocupação dele em achar alternativa para que não perdesse seu bem precioso.
— Não era isso que eu queria dizer sobre nos mantermos unidos — respondeu Grover, vendo que tinha um pouco de trégua entre os outros dois semideuses — Há perigos reais envolvidos aqui que não podem...
Mas o sátiro parou quando viu Percy batendo palmas, no mesmo ritmo da música que ele cantou no ônibus. Stella acabou rindo da situação, o que atraiu a atenção de Percy e fez com que se sentisse bem ao ver a loira brilhando novamente como ele gostava de ver no acampamento. Annabeth também segurava a risada e ambas ouviram Percy cantar.
— Caramba, a estrada está esburacada...
— Ok, já entendi — disse Grover — Só vamos sair logo aqui.
Assim que o sátiro se afastou e Annabeth o seguiu, Stella balançou a cabeça em negação para Percy dizendo: — Você não presta.
— Nunca disse que prestava, Solzinho. Mas você está brava comigo ainda?
— Não, não estou mais — o coração de Percy ficou mais leve com aquela frase.
— Eu não sei porque precisava de você na missão, apenas senti que precisava de você. Eu... não sei muito explicar.
— Está tudo bem, Linguado — Stella abriu mais um de seus sorrisos calorosos — Vamos só sair daqui.
— Você que manda.
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Notas da autora: Hey pessoal, como estão?
Capítulo grande e pelo visto agora todo mundo vai ficar unido, chega de brigas (até mesmo que se tivesse mais uma a Stella ia quebrar a guitarra na cabeça dos dois) e bora para a próxima parte da missão!
Stella e Percy estão na vibe de when you know, you know apenas isso que digo... solzinho pra cá, linguado pra lá... aiai esses dois.
Me digam o que estão achando, quero saber de tudo! Teorias, palpites e até mesmo um nome para esse casal, pensei em Stercy, aceitando palpites.
Até o próximo!
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