Chapter twenty
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Tudo bem, finalmente algumas coisas do ponto de vista de Jungkook. É importante para entendê-lo um pouco mais.
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Se havia uma coisa que Jungkook sabia, era que tudo morria. Foi uma das primeiras lições que ele aprendeu quando criança e teve que aprender várias vezes desde então. Tudo morria. Todos iam embora.
— Esse é o círculo da vida, Jungkook-ah. — Sua mãe falou a ele depois que seu velho cachorro morreu. — A natureza pega de volta tudo o que dá. Assim como o sol nasce todas as manhãs e se põe todas as noites, assim também é com a vida e a morte.
Ela pretendia confortá-lo, mas isso só piorou as coisas para Jungkook. Seu amado cachorro havia morrido e agora ela estava dizendo a ele que todo mundo morreria também?!
Mas só quando seu gato foi morto por um lobo no mesmo ano, Jungkook decidiu que tinha que parar com isso.
Aos seis anos, ele decidiu que impediria que as coisas morressem.
Seus pais lhe deram outro gato. Eles moravam em uma fazenda na época, longe de grandes cidades. Havia muitos animais perigosos lá fora, Jungkook sabia. Então ele manteve o gatinho em seu quarto e nunca o deixou sair. Em seu quarto, ele poderia protegê-lo de danos. Ele não deixaria ninguém se aproximar. O gatinho teria uma vida muito longa. Enquanto ele estivesse lá para protegê-lo, o gato não morreria.
Jungkook ficou arrasado quando seu precioso gatinho logo se recusou a comer, parou de se mover e finalmente morreu apenas algumas semanas depois de uma doença.
— Você não pode evitar que as coisas morram, Jungkook-ah. — Seu pai tentou ensiná-lo. — Nem mesmo trancando-os e guardando-os para você.
Jungkook acenou com a cabeça através de suas lágrimas sem fim, tentando entender e aceitar, mas ele não podia deixar de pensar que este mundo era cruel por criar coisas bonitas e depois simplesmente levá-las embora novamente. Como se elas não fossem nada especiais.
Em vez de um gato, sua mãe comprou para ele um colar depois disso, algo que não podia morrer. Um pequeno sol, feito de prata verdadeira. Deve ter sido extremamente caro, então Jungkook o valorizou muito.
Logo depois, tiveram que deixar a fazenda para trás. À noite, a mãe de Jungkook o acordou e disse para ele arrumar as coisas mais importantes, eles tinham que ir embora o mais rápido possível. Seus pais não lhe disseram o porquê, apenas que eles tinham que ir antes que “eles” chegassem, e assim o fizeram, ficando na casa de amigos por algumas noites. Quando voltaram para a fazenda, encontraram-na completamente queimada, incluindo todos os animais dos estábulos.
Jungkook não chorou naquele dia, tudo passou em um borrão para ele, mas seus pais choraram. Foi estranho. Ele não sabia como ajudá-los.
Eles se mudaram para mais perto da cidade, não para uma fazenda, mas para uma casa muito pequena em um vilarejo. A mãe trabalhava no jardim de infância, o pai aceitava qualquer trabalho disponível no vilarejo ou na cidade; desde ajudar os agricultores durante a colheita até a limpeza dos poços, ele fez tudo o que pôde para conseguir algum dinheiro. Escusado será dizer que eles eram extremamente pobres.
Jungkook gostou de lá independentemente. Ele tinha amigos na aldeia, brincavam juntos todos os dias, às vezes os fazendeiros o deixavam montar a cavalo e ele não se importava com a falta de dinheiro. Sua melhor amiga era uma garota chamada Seulgi. Ela era brilhante e aventureira, sempre pronta para correr riscos e tentar coisas novas. Ela era dois anos mais velha que Jungkook e para ele parecia a pessoa mais inteligente, corajosa e legal de todos os tempos. Ele a admirava com todo o seu ser, adorava estar com ela, fazer missões na floresta, fazer desafios, pregar peças nas outras crianças e às vezes nos adultos também, inventar grandes histórias sobre príncipes e reis e princesas e rainhas.
Quando Jungkook tinha dez anos, Seulgi caiu de um cavalo selvagem enquanto tentava domá-lo e quebrou o pescoço.
"Vai ser fácil!" Ela disse a ele cheia de confiança. "Apenas observe!"
Ele observou, observou-a cair, viu seu rosto e o momento exato em que ela atingiu o chão e seus olhos simplesmente... se apagaram.
Um ano depois, eles tiveram que fugir novamente.
Jungkook chorou dessa vez.
Seus pais explicaram que havia pessoas procurando por eles, pessoas más que queriam prejudicá-los. Quando Jungkook perguntou por que, eles não responderam.
Eles se mudaram muito a partir de então, a cada poucos meses. Ficou cada vez mais difícil encontrar trabalho, mais difícil ganhar algum dinheiro, mais difícil encontrar um lugar para ficar.
Finalmente, quando Jungkook tinha quase quinze anos, eles se mudaram para Renity.
— Temos amigos lá. — Seu pai lhe disse.
— Vamos ficar lá por mais do que apenas alguns meses? — Jungkook perguntou sarcasticamente. Ele estava cansado de se mudar.
— Sim. Com certeza. — Sua mãe sorriu, mas ele não acreditou nela.
— Você diz isso toda vez.
— Desta vez é diferente. — Ela insistiu. — Nossos amigos vão nos ajudar a conseguir trabalho e encontrar um lar. Seremos felizes lá, prometo. Apenas observe.
Em pouco tempo, Jungkook também perdeu seus pais.
[...]
Aos dezesseis anos, Jungkook fez parte da rebelião. Na época, era menos por convicção e mais porque ele não sabia mais o que fazer. A rebelião não lhe deu felicidade, mas deu-lhe um propósito, uma direção, amigos e até um mentor. Min Yoongi não era o que se poderia chamar de cordial ou carinhoso, mas ele era forte, ele era inteligente, ele era honesto. Ele não deu a Jungkook quaisquer ilusões ou falsas esperanças, ele não fez promessas e, portanto, nunca quebrou nenhuma. Ele não era muito mais velho que Jungkook, cerca de cinco anos, mas parecia que ele tinha várias vidas de sabedoria e experiência que Jungkook não tinha.
Ele só foi contra o conselho de Yoongi uma vez em sua vida, e isso lhe custou seus únicos amigos.
Ele deveria ter recuado, como Yoongi lhe disse para fazer, deveria ter desistido, mas eles estavam tão perto de vencer, tão perto de ganhar vantagem sobre a base militar que havia atacado naquele dia... muito perto para simplesmente desistir. Ele não esperava que o reforço aparecesse tão rapidamente e com novas armas também. Uma chuva de balas caiu sobre eles, e Jungkook só sobreviveu porque Yoongi arriscou sua vida para voltar e arrastar seu corpo ferido para fora da base.
Todos os outros que estiveram com ele morreram.
Jungkook frequentemente sonhava com esse dia; sobre abrir os olhos, o mundo embaçado pela dor na perna e no estômago, e tudo o que ele viu foi morte, morte, morte. Para onde quer que olhasse, havia pessoas mortas, algumas com rostos familiares, outras irreconhecíveis, corpos mutilados pelos tiros. Cheirava a sangue e explosivos e quando sentiu a escuridão tomando conta dele, ficou aliviado pensando que iria morrer agora. Feliz por não ter que acordar novamente.
Mas ele não morreu e não morreu desde então.
As coisas ficaram diferentes depois que os militares mataram quase todos que Jungkook conhecia dentro da rebelião. De repente, nada parecia mais importante do que derrubar o sistema atual. Tantas pessoas morreram por esse objetivo; Jungkook sentiu que era seu dever, a razão pela qual ele ainda estava vivo, não descansar até que houvesse justiça.
Ele rapidamente subiu na hierarquia, assumiu papéis importantes, trabalhou mais do que todos os outros, continuou se aprimorando e se tornou um líder alguns anos depois por causa disso.
A estratégia deles tinha sido bem clara desde o início; desmantele os militares, depois domine as cidades dos plebeus ricos e tente invadir as cidades dos nobres.
Ser capturado tinha sido... uma inconveniência. Jungkook não estava extremamente preocupado; ele tinha gente suficiente trabalhando para ele em Golden Hills para tornar uma fuga possível. Mas sua estada* lá ainda não foi exatamente confortável.
(*Ato de estar, de permanecer em algum lugar.)
Jungkook sabia o que poderia acontecer quando disse a Hao para correr, que ele iria detê-los. Yoongi teria feito o mesmo por ele, então Jungkook teve que fazer isso pelas pessoas que ele liderava também.
Jungkook não tinha certeza se ser capturado por um oficial que estava trabalhando com eles era uma coisa boa ou ruim. Ele podia ver o pedido de desculpas silencioso nos olhos do homem antes de esbofeteá-lo e novamente antes de cada soco durante seu 'interrogatório'; mas foi bom que ele tenha feito isso. Jungkook estava feliz. Eles não podiam se comportar de forma suspeita.
Quando eles o deixaram, Jungkook não disse uma palavra em horas. Ele evitava gritar ou fazer barulho se pudesse evitar. Ele sabia que isso iria irritá-los.
Mas ele estava exausto. Sua cabeça girava, seus olhos tinham problemas para focar, então ele os fechou. Havia muitos golpes na cabeça que ele poderia levá-lo antes que o enfraquecesse significativamente.
A porta se abriu quase sem nenhum som, um pouco de luz caindo no quarto. Jungkook olhou para cima através do cabelo caindo na frente de seus olhos, esperando que os homens de antes tivessem retornado, mas em vez disso um pequeno homem loiro entrou sorrateiramente, cuidadoso com cada movimento, principalmente ao fechar a porta novamente.
Por um momento, Jungkook pensou que finalmente havia morrido.
Um anjo, seu cérebro forneceu no segundo que ele olhou para o jovem. Esta criatura tinha que ser um anjo. Eles o mataram acidentalmente durante a tortura e agora um anjo veio buscá-lo e levá-lo para o céu. Ele ficou um pouco surpreso por ser levado para lá.
Então ele notou o uniforme que o homem estava vestindo e de repente seu cérebro ficou em alerta máxima. Este não era um anjo. Nenhum anjo poderia usar um uniforme militar.
A raiva, quente e penetrante, substituiu o momento de alívio. Por alguma razão, ver esse homem que parecia a definição de bom, como a manifestação literal de luz e calor, como se ele nunca pudesse machucar alguém, e saber que ele estava do lado do inimigo machucou Jungkook profundamente. Ele se sentiu traído, traído por este homem que ele nunca havia conhecido antes, mas que deveria ser uma boa pessoa.
Foi uma tentativa estúpida e inútil, mas Jungkook não pôde deixar de mostrar sua raiva quando o homem chamou para ele. Sua voz era alta, doce e perfeita, esse homem era perfeito, e ainda assim ele estava ali de uniforme, exibindo que era um soldado, parte de uma instituição que havia matado muitos amigos dele (JK).
— Jesus Cristo. — O homem resmungou e deu um passo para trás, mas não foi embora. — Por favor fique quieto! Alguém vai te ouvir, porra. Além disso, você está apenas desperdiçando sua energia. E eu preciso que você seja capaz de andar e lutar.
Jungkook não esperava isso. Ele não sabia o que esperava, mas certamente não isso. Ele ficou tão surpreso que realmente parou.
O soldado suspirou aliviado.
— Ok, obrigado.
Isso ficava mais estranho a cada segundo. Por que diabos o soldado era tão educado com ele? Jungkook ficou em silêncio enquanto o soldado o examinava de longe, o olhar vagando por suas feridas. Jungkook achou que o soldado parecia inquieto por um momento, como se ver ele sendo ferido o perturbasse, mas ele não se permitiu acreditar que este soldado era diferente dos outros. Ele provavelmente já havia matado muitas vezes antes.
(O soldado aqui é Jimin. Acho que todos sabem né?)
Jungkook estava determinado a ter em mente o quão terrível o homem à sua frente tinha que ser, e foi por isso que suas próximas palavras o chocaram profundamente.
— Eu vou te libertar. — Ele anunciou. — Vamos sair desta sala, virar à direita e depois à direita novamente para o jardim. Caminharemos pelo jardim. Assim que estivermos do outro lado, desceremos para as masmorras onde haverá pelo menos quatro guardas, dois na frente e dois atrás da porta. Vou precisar de sua ajuda para eliminá-los, não vamos matá-los, e então libertaremos um amigo meu. Depois disso, caminharemos pela masmorra até chegarmos a uma porta que levará você e ele para fora deste castelo e diretamente para a floresta. Você vai precisar de cerca de quinze minutos até chegar à cidade. O sol está se pondo em breve, então deve estar escuro. Você vai andar pela cidade até chegar no cemitério, meu amigo vai saber o caminho. Há um buraco na parede atrás de um arbusto. E você estará livre. A única coisa que você precisa fazer é me ajudar com os guardas e não matar ninguém, principalmente eu. Ou meu amigo. Há uma boa chance de encontrarmos alguém. Ou que algo dê errado. Mas, considerando seu estado atual, acho que sou sua melhor chance de sair daqui vivo e manter todos os seus segredos.
A mente de Jungkook estava correndo. Isso não era bom demais para ser verdade? Talvez eles pensassem que ele confiaria neste homem o suficiente para lhe contar seus segredos? Mas que estratégia estranha seria deixá-lo sair desta sala. Ainda assim, ele tinha que ser cuidadoso.
— Como eu sei que isso não é um truque? — Ele perguntou e ficou mais uma vez chocado quando o soldado respondeu:
— Eu pensei que você diria isso. Então eu trouxe uma coisa para você.
Seu colar. Colar de sua mãe.
— Isso é meu! — Ele sibilou, a raiva aumentando novamente e diminuindo imediatamente quando o outro homem apenas assentiu.
— Eu sei. Por que você acha que eu comprei, gênio?
Comprou? Aquele idiota vendeu seu colar?! Bem, pelo menos ele não o destruiu.
O soldado se aproximou e colocou o colar no pescoço dele. Jungkook o viu engolir. Realmente não parecia que o homem estava acostumado a ver sangue e feridas tão de perto.
E ele era tão fodidamente bonito que ainda meio que o irritava.
O soldado deu a ele uma faca também, outra saída. Nesse ponto, Jungkook estava convencido de que isso não poderia ser um truque. Eles seriam incrivelmente estúpidos se o deixassem andar por aí com uma faca.
— Ok. Eu vou libertar você agora. Temos que nos apressar, não tenho ideia de quando alguém vai voltar.
Jungkook riu quando o soldado começou a mexer na fechadura. Parecia que o homem estava cheio de surpresas. Sua exaustão foi praticamente esquecida, a chance de escapar dali dando-lhe energia.
— Onde um pequeno nobre como você aprendeu a arrombar uma fechadura?
— Meu amigo me ensinou.
— Aquele que estamos libertando?
— É esse mesmo.
Jungkook o ouviu suspirar e se perguntou o que estava acontecendo com aquele amigo dele.
Não, ele não deveria se importar. Ele devia apenas se concentrar em sair dali o mais rápido possível. O que significava que ele precisava que esse homem entendesse com quem estava lidando. O homem estava muito confiante na ajuda dele, não parecia nem um pouco assustado ou intimidado. Então ele (JK) o atacou assim que suas correntes caíram.
Jungkook não estava planejando matá-lo ou machucá-lo significativamente, pelo menos ainda não. Mas ele queria afirmar seu domínio. Não deveria ser muito difícil, claro, ele estava ferido, mas ainda seria facilmente capaz de dominar o homenzinho.
Jungkook ficou surpreso mais uma vez, chateado ao ser pressionado no chão. Mas ele aprenderia com isso, nunca mais subestimaria este homem. Era bom saber do que ele era capaz.
Durante toda a operação, Jungkook ficou se perguntando por que ele continuou com isso. Por que ele confiou neste homem o suficiente para segui-lo quando ele disse para não se esconder e um pouco depois para se esconder em um lugar diferente. Por que ele se agachou atrás de um arbusto com o homem, bem perto, perto o suficiente para sentir o que provavelmente era seu perfume, e respirou fundo quase instintivamente. Por que ele acreditou quando o homem disse que os soldados que eles tinham que lutar eram plebeus, não nobres. Por que ele ajudou a encontrar seu amigo e depois o amante de seu amigo, mesmo sabendo que o homem era a porra de um príncipe.
Mas, para sua surpresa, a notícia o aliviou. O homem não era um soldado. Apesar de suas habilidades com esportes de combate, ele claramente não tinha nenhuma experiência no campo de batalha, se sua reação aos ferimentos dele (JK) fosse uma indicação. Sem mencionar que Jungkook simplesmente não conseguia acreditar que alguém iria olhar para ele e querer mandá-lo para o exército. Ele parecia um príncipe, tinha a aura de um. Mas não de um jeito ruim?
Jungkook balançou a cabeça, com raiva de si mesmo. Ele era melhor do que isso. Seria preciso mais do que um rosto bonito para convencê-lo de que alguém era uma boa pessoa.
Quando eles estavam do lado de fora, Jungkook deixou escapar um pouco de sua raiva. Ele sabia que não havia como matar o príncipe, Jimin, mas ele tinha que dizer algo. Tinha que expressar sua raiva por ele, por ele estar do lado errado.
Jungkook nunca teria admitido isso, nem mesmo para si mesmo, mas uma pequena parte dele ficou desapontada quando Jimin negou sua oferta de se juntar à rebelião. Uma pequena parte dele esperava que Jimin os seguisse, os procurasse, embora sempre expressasse o quanto isso era improvável. Esperar era estúpido de qualquer maneira.
[...]
E agora aqui estava ele.
Um lindo príncipe de cabelos dourados, dormindo em uma cama no porão, franzindo a testa durante o sono, murmurando algumas palavras. Jungkook não entendia muito, algo sobre as masmorras, algo que soava como “deixe-o ir!”, e um nome. Namjoon.
Jungkook não deveria se surpreender que o príncipe tivesse uma namorada, assim. E isso não importava de qualquer maneira.
Jungkook deveria acordá-lo, ele sabia disso. Ele nem havia planejado esperar, mas uma vez que se sentou, não pôde deixar de aproveitar a oportunidade e olhar para Jimin, estudar seu rosto um pouco mais.
Jimin acordou sozinho alguns minutos depois e Jungkook rapidamente colocou todas as barreiras mentais e emocionais que pôde. Ele não podia se permitir chegar perto do garoto, ele já estava muito mole, muito mole com Jimin, confiava demais nele. Era ainda mais importante manter uma certa distância.
Mas não foi fácil. Enquanto o observava lutar com os sapatos, Jungkook teve que se lembrar várias vezes de que aquele era um príncipe. Um príncipe da família governante. A definição do inimigo, ainda mais enfatizada por seus cabelos dourados.
Cabelos dourados.
Um príncipe de cabelos dourados.
Porra.
Uma vez que pensou sobre isso, Jungkook sabia que ele estava certo. Ele não gostou nada disso, mas se encaixou muito bem. Algo nele disse a Jungkook que este era ele. Aquele que eles estavam esperando.
Jungkook não podia acreditar o quanto isso o chateou quando saiu da sala um pouco depois. O quanto ele já era contra isso, não queria que fosse Jimin, não ele. Ele não queria que Jimin morresse.
Se isso já o chateou tanto depois de falar com Jimin três vezes, então ele não podia se permitir chegar mais perto.
— Onde está Yoongi? — Ele perguntou a Nikolaj, a primeira pessoa com quem ele cruzou no andar de cima.
— No quarto dele, eu acho. — Nikolaj disse, assustado com a urgência de Jungkook.
— Obrigado. — Jungkook correu para o quarto de Yoongi, perto do dele. Ele tinha que falar com Yoongi, agora. — É ele. — Jungkook disse assim que Yoongi abriu a porta. Ele não perdeu tempo com uma saudação.
— Quem é quem? — Yoongi perguntou com uma carranca confusa. — Vou precisar de um pouco mais de informação.
— Jimin. — Jungkook disse impaciente. — Ele é o Príncipe Dourado.
Yoongi abriu a boca e fechou novamente. Jungkook podia ver quando suas palavras alcançaram o outro homem e ele entendeu o que ele estava dizendo, e provavelmente estava certo.
— Não podemos ter certeza. — Yoongi disse finalmente. — Ele pode ser. Talvez seja apenas uma coincidência ele ser loiro.
Jungkook bufou.
— Certo. Uma maldita coincidência.
— Bem, não podemos ter certeza, então não vamos agir como se tivéssemos. Vamos manter isso entre nós, por enquanto. — Yoongi coçou a cabeça. — Quero dizer. Não tenho certeza do que exatamente devemos fazer sobre isso. Doori falou que vai acontecer de qualquer maneira. Devemos apenas esperar e ver.
— Por que você está tão calmo? O que há com você e ele, afinal? — Jungkook perguntou, lembrando do comportamento estranho de Yoongi na noite anterior. — Você o conhece?
— Estou certo disso. Só não sei como. — Yoongi olhou pela janela, tentando se lembrar. — Seu rosto, sua... aura? Não sei. Ele apenas parece familiar.
— Tem certeza de que não o está confundindo com outra pessoa? A menos que ele esteja mentindo, o que eu não acho, há pouca ou nenhuma chance de que você o tenha conhecido.
Yoongi suspirou.
— Vou pensar um pouco mais sobre isso. Talvez eu fale com ele. O que você vai fazer sobre sua suposição?
Jungkook piscou.
— Ahm. Não sei.
— Veja. Você não vai fazer nada, porque não há nada para fazer. Agora me deixa em paz.
— Está bem, está bem.
Jungkook saiu, mas não se sentiu muito melhor do que antes. Ele sabia que Yoongi estava certo; não havia muito que qualquer um deles pudesse fazer atualmente que já não estivessem fazendo. Mas ele ainda não gostou de sua própria reação ao Jimin ser o Príncipe Dourado.
Ele tinha que tirar sua mente de Jimin.
A partir de então, “tirar sua mente de Jimin” tornou-se o principal objetivo de Jungkook. Ele tentou evitar Jimin de todas as maneiras possíveis, e então não conseguiu evitar e começou a olhar para ele ou procurá-lo, e então ficou com raiva de si mesmo por ser um idiota que não sabia o que era bom para ele e evitou-o novamente, e assim o ciclo se repetiu.
E toda vez que ele trocava palavras com o príncipe, sentia-se desejando cada vez mais que sua suposição estivesse errada. Sem mencionar que estava ficando cada vez mais difícil observá-lo e virar na outra direção em vez de caminhar na direção do garoto. Jungkook queria falar com Jimin, ele percebeu sombriamente. Talvez até quisesse fazer mais do que apenas falar.
Então, alguns dias depois, ele se viu prestando atenção em Jimin durante a prática de esportes de combate.
Em outras palavras, Jungkook estava olhando.
Jungkook sabia disso, e ele também sabia que a cada segundo que continuava olhando, as chances de ser pego aumentavam cada vez mais, mas ele não conseguia evitar.
Ele tentou dizer a si mesmo que isso era apenas para ficar de olho no príncipe, para ter certeza de que ele não estava se comportando de maneira suspeita, mas isso simplesmente não era verdade. E daí? Ele é bonito. Seria infantil negar isso, Jungkook argumentou em sua cabeça. E não custava nada apenas observar.
Jimin estava treinando com Sunyoon novamente e Jungkook estava assistindo atentamente do banco em frente à ferraria. Ele se sentou na sombra, longe do sol, Hao e Prija trabalhando atrás dele e um bando de recrutas treinando no campo em conjuntos de dois.
Ele havia conversado com Prija e depois se distraiu com a visão, o príncipe de camisa esverdeada sem mangas e calça preta, o suor escorrendo pelo pescoço e o cabelo grudado na testa. Ele era bonito como Jungkook já havia conhecido, e se movia de maneira diferente de qualquer outra pessoa que ele já havia visto lutar. Seus movimentos eram suaves, elegantes, usava mais a cabeça do que a força, descobria a fraqueza do adversário antes de atacar a si mesmo, por mais que demorasse para encontrá-la. Apesar de ser menor e provavelmente mais fraco que Sunyoon, ele era claramente o melhor lutador. Treinar com ele provavelmente o ensinou mais do que Jimin.
Os dois pararam por um minuto, conversando e brincando. Jungkook observou Jimin mostrar a Sunyoon um passo específico e dar um tapinha em seu ombro quando Sunyoon o repetiu perfeitamente. O garoto sorriu para ele curtindo o que Jimin havia acabado de propor.
Jimin riu de algo que ele disse, jogando a cabeça para trás, e Jungkook apertou a mandíbula.
Ele era bonito demais para o seu próprio bem.
Ou talvez bonito demais para o bem de Jungkook.
— O que diabos você está fazendo aqui? — A voz de Yoongi o puxou de volta à realidade e ele finalmente conseguiu desviar os olhos do príncipe.
— Nada. — Ele respondeu um pouco indiferente demais, e Yoongi ergueu uma sobrancelha enquanto olhava na direção que Jungkook estava olhando. O canto de sua boca se contraiu e Jungkook cruzou os braços sobre o peito desafiadoramente.
— Bem. — Yoongi disse depois de alguns segundos de silêncio. — Você tem que ter certeza que ele não é um espião, certo? Acho que você está levando seu trabalho muito a sério.
Jungkook quase bufou, olhando para o chão para evitar olhar para Yoongi ou Jimin.
Seu amigo sentou-se ao lado dele.
— Todo mundo gosta muito dele. — Yoongi disse, esticando os braços sobre as costas do banco. Jungkook se inclinou para frente. — Até os malditos cavalos.
— É porque ele se parece com isso. — Jungkook fez um gesto em direção a Jimin.
— Como o quê? — Yoongi levantou uma sobrancelha novamente.
— Você sabe. Isso.
Ambos olharam para o campo de treinamento novamente, onde Jimin estava jogando seu cabelo suado para trás, expondo sua testa e parecendo a porra de um deus grego ao fazê-lo.
Que porra de provocação. E ele nem estava fazendo isso de propósito.
— Ver? Todos olham para ele e assumem automaticamente que ele é uma boa pessoa. Ele tem aquela energia que atrai as pessoas.
— Pessoas, né? — Yoongi sorriu. — Você deveria saber melhor agora do que mentir tão descaradamente para mim.
Jungkook se recusou a olhar para ele.
— Tudo bem.
— Se você não planeja agir sobre isso, você deve se controlar. Você está sendo terrivelmente óbvio sobre querer transar com ele, sabe. Ele vai notar eventualmente. Sem mencionar todos os outros, mestre da sutileza.
Se fosse qualquer outra pessoa neste planeta, Jungkook teria lhe dado um tapa por essas palavras, mas ele não se atreveu a fazer isso com Yoongi.
— Você sabe o que, dane-se.
Jimin decidiu naquele momento se virar e seus olhos encontraram os de Jungkook.
Jungkook fez uma careta imediatamente e desviou o olhar, ignorando a confusão que se espalhava no rosto de Jimin.
— Que porra é essa. — Yoongi comentou sem rodeios. — O que você está fazendo?
— Ele é um nobre. — Jungkook murmurou defensivamente, olhando para o céu agora.
— Taehyung também, sem mencionar todos os outros nobres com quem trabalhamos até agora. O que você quer dele? Ele quer ajudar, provavelmente não é um espião ou algo do tipo, e ele é realmente muito doce.
— Você falou com ele? — Jungkook virou a cabeça para olhar incrédulo para o outro homem.
— É claro. Conversamos algumas vezes, na verdade. Eu gosto dele. — Yoongi respondeu e sustentou o olhar de Jungkook. — Por que eu não falaria com ele?
Jungkook desviou o olhar.
— Você sabe porque. — Ele disse calmamente e Yoongi bufou.
— Mesmo que seu palpite esteja certo, isso não significa que não devemos falar com ele ou nos tornar amigos. Você ainda pode ter um relacionamento significativo e bom com alguém, mesmo que não seja por muito tempo.
Os olhos de Jungkook caíram sobre Jimin novamente. Eles sempre faziam isso hoje em dia, o olhando automaticamente, fora de seu controle.
— Não vou chegar perto (ser íntimo). — Ele disse quando Jimin e Sunyoon começaram a treinar. Não importava o que Yoongi dissesse, Jungkook não tinha intenção de construir um relacionamento com alguém que seria tirado dele logo depois. Ele não queria perder ninguém nunca mais.
Yoongi deu de ombros.
— Então você vai ter que assistir outra pessoa fazer isso. — Ele se levantou e saiu.
Jungkook olhou para Sunyoon colocando um braço em volta do ombro de Jimin enquanto eles saíam do campo e não gostou disso. Ele não gostou nem um pouco.
Parecia que Park Jimin era lindo demais para o bem de todos.
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Jungkook sentiu como se estivesse ficando louco. Depois de tudo que ele passou, tudo que sobreviveu, a porra de um príncipe seria a morte dele. E nem seria com violência; e sim por ser irritantemente e frustrantemente atraente.
Um olhar para o cabelo dourado, os lábios carnudos, o rosto bonito demais, as pernas longas, aquela porra de bunda e o cérebro de Jungkook estaria ocupado em fornecer a ele uma série de imagens de Park Jimin, a quantidade de roupas variando, variando as posições, variando a atividade que ele fazia. Mas geralmente envolvia o pau de Jungkook.
Ele não merecia esse tipo de sofrimento.
Park Jimin definitivamente merecia ser fodido.
Jungkook tentou evitá-lo, ele realmente tentou. Mas era difícil ignorá-lo quando todo mundo parecia tão interessado em dar toda a sua atenção a ele. Até Yoongi, o traidor, fez amizade com o príncipe.
— Você está sendo um idiota do caralho. — Yoongi disse a ele sem rodeios. — Eu não vou ficar longe dele porque você não consegue manter seu pau sob controle. Agora pare de choramingar.
E Jimin, aquela ameaça de ser humano, continuamente tornava tudo ainda pior. Ele só tinha que ser espirituoso, inteligente, sincero, gentil, prestativo, genuíno e todas essas coisas que tornavam incrivelmente difícil não gostar dele. Difícil ficar longe.
Sem falar na bunda dele.
— O que você está estudando? — Jungkook perguntou antes que pudesse se conter quando pegou Jimin para encontrar Nanami. Ele não tinha planejado perguntar, mostrar qualquer tipo de interesse, mas depois de ficar na porta por dois minutos sem que Jimin o notasse, ele ficou curioso sobre o que o príncipe estava tão concentrado.
Jimin se encolheu quando ele falou, sendo tirado de seu transe. Ele virou a cabeça para olhar para Jungkook e seus olhos se encontraram. Perigoso. Jungkook olhou para o livro a sua frente.
— Doori me deu um livro sobre sua cidade natal. É fascinante. Faz você pensar com quantas normas culturais realmente crescemos. Eu gostaria de saber que tipo de pessoa eu seria sem nenhum deles.
Havia uma luz atrás dos olhos de Jimin, uma energia diferente dele. Ele estava tão empolgado e ansioso com o que havia aprendido. Era fofo pra caralho, infelizmente.
Jungkook se aproximou, embora ainda atento para manter uma certa distância.
— Idéia interessante. Pode ser impossível, no entanto. Quero dizer, você sempre será influenciado por algo de alguma forma. Pelo seu ambiente.
A expressão de Jimin ficou pensativa.
— Acho que é verdade. — Ele concordou e Jungkook ficou meio surpreso com isso. Mas aprender e progredir era claramente mais importante para Jimin do que estar certo ou desafiar ele (JK). O que, novamente, não ajudava a torná-lo menos atraente.
Jungkook olhou ao redor na sala para evitar olhar para o rosto muito bonito de Jimin, mas isso não funcionou tão bem quanto ele esperava. Havia tantas superfícies diferentes ali, tantas posições em que ele poderia foder Jimin, tantas maneiras criativas de...
— Você está aqui para alguma coisa em particular? Porque eu gostaria de continuar lendo, se você não se importa.
— Me siga. — Jungkook ordenou bruscamente, fingindo que não estava a dois pensamentos indecentes de estourar um tesão inconveniente.
— Para onde? — Jimin perguntou com uma sobrancelha levantada e ceticismo claro em sua voz. E assim ele voltou a ser um pirralho. O que significava que Jungkook queria transar com ele ainda mais forte.
— Apenas me acompanhe. Prometo que não vou matar você. — Ele se virou e apenas esperava que a curiosidade do Príncipe fosse suficiente para fazê-lo segui-lo.
Mais tarde à noite, quando Jungkook deveria dormir, ele ficou pensando em tudo que Jimin havia dito a ele naquele dia. Sobre libertar aquele plebeu que Jimin tanto gostava de Golden Hills.
Jungkook se sentiu em conflito, em vários níveis. É claro que ele queria ajudar, mas sabia quão incrivelmente altos eram os riscos de alguém ser pego ou morto ao tentar resgatar Namjoon. E ele também queria impressionar Jimin, por alguma razão estúpida, e dar-lhe algo para ser feliz depois de tudo que ele havia desistido. Mas também havia uma pontada estranha em seu peito sempre que pensava no relacionamento próximo que Jimin e Namjoon tinham. Era óbvio o quanto Jimin se importava, e isso nem deveria incomodá-lo, mas ele sentia... o quê? Ciúmes?
— Isso é ridículo. — Jungkook murmurou com raiva para si mesmo e se virou em sua cama. Jimin e ele (JK) mal eram amigos. Jimin conhecia Namjoon há muito mais tempo e eles planejaram a fuga juntos e tudo mais, claro que os dois estariam mais próximos. Claro que Jimin se importaria mais com Namjoon do que com ele (JK), todo o resto seria estranho.
Ele teria que falar sobre isso com o resto do conselho, principalmente com Yoongi. Mas ele já tinha certeza de que a maioria deles seria contra.
Se Jungkook fosse honesto consigo mesmo, ele saberia muito bem que a principal razão pela qual ele mesmo considerava isso era por causa de Jimin.
Jungkook deu um soco no travesseiro.
Isso era ruim. Isso era muito ruim. Ele era masoquista?? Ele não conseguia parar de querer uma pessoa que ele sabia que só lhe traria dor. E o pior é que ele também sabia que provavelmente não seria capaz de ficar longe daquele príncipe no futuro.
Jungkook mal dormiu naquela noite e estava de péssimo humor no dia seguinte, cansado e desmotivado para fazer qualquer coisa. Ele nem tinha energia para discutir com os outros que eles deveriam libertar Namjoon.
— Absolutamente não. — Jaebum disse no segundo que Jungkook terminou sua sugestão. — Com todo o respeito, Jungkook, isso é insano. O risco... por apenas uma pessoa que nem faz parte da rebelião...
— Acho que devemos ter isso em mente. — Disse Doori diplomaticamente. — Se tivermos uma boa chance, não deveríamos tentar ajudá-lo? Ele é um plebeu, ajudou Jimin a escapar, parece um jovem muito inteligente. Ele pode ser uma adição útil.
— Você só diz isso porque gosta de Park Jimin. — Prija o acusou e cruzou os braços. — Mas acho que devemos ajudá-lo também. Se pegarmos um prisioneiro debaixo do nariz dos nobres, com a ajuda da porra de um príncipe, um Park, isso vai se espalhar pelo país. Pode nos ajudar a conseguir novos recrutas, as pessoas vão perceber o quão fortes somos.
— O risco é muito alto! — Nikolaj interveio impacientemente. — Poderemos perder muitas pessoas, pessoas valiosas, por causa de um homem. Isso não faz o menor sentido.
— Também não temos um plano ainda, então essa discussão é meio desnecessária de qualquer maneira. — Shirin, uma mulher forte de meia-idade com cabelos longos e escuros, falou.
— Não temos? Eu diria que Jungkook veio sugerir isso porque ele tem pelo menos algum tipo de plano. — Desta vez foi Levi quem interveio, com a mesma voz entediada e desinteressada de sempre. Se Jungkook não o conhecesse bem, teria pensado que o homem de cabelos pretos realmente não se importava.
— Levi está certo. — Jungkook falou e esfregou o rosto. Ele já estava cansado disso.
— Te disse. — Levi comentou um pouco condescendentemente e Shirin olhou para ele, mas ela não se atreveu a dizer nada de volta. Levi era, com exceção de Yoongi, Nanami e o próprio Jungkook, a pessoa mais perigosa do Nexus.
— Jimin me disse..
— Ah, é o Jimin agora? Não sabia que vocês dois eram próximos. — Prija o interrompeu rapidamente e Jungkook estava a dois segundos de bater a cabeça contra a mesa repetidamente, apenas para fazê-los calar a boca.
— Prija, talvez você devesse esperar do lado de fora enquanto as pessoas que se comportam debatem. — A voz de Yoongi era mais seca que um deserto enquanto ele calmamente a colocava em seu lugar.
— Por que você insiste tanto em odiá-lo? — Hoseok perguntou com clara irritação. — Ele fez alguma coisa com você pessoalmente ou...?
— Por que vocês são tão rápidos em confiar nele?! Ele é um Park, ele provavelmente vai correr de volta para sua Rainha e contar a ela tudo sobre nós! — Prija sibilou, olhando ao redor da sala em busca de apoio, mas encontrando muito pouco. Até Jaebum ficou quieto.
— Prija, há cartazes de procurado colados por toda Renity com o rosto dele. Eu vi antes de vir para cá. — Nanami disse claramente. — Há uma enorme quantidade de ouro por sua cabeça. Ele está arriscando mais do que a maioria de nós nesta sala por fazer parte disso, sem mencionar todas as coisas das quais ele já desistiu. Deixe de lado seu preconceito pela primeira vez, não é apropriado neste caso.
Isso a calou efetivamente. Nanami era professora de Prija há anos, ela pensaria pelo menos duas vezes antes de ir contra Nanami.
Jungkook reprimiu um suspiro.
— Como eu estava dizendo, Jimin me disse que existem túneis por baixo da Muralha Dourada onde passa o rio Elpis. Eles podem ter uma grade, mas se pudermos encontrar uma maneira de destruí-la, poderemos entrar em Golden Hills.
— Pelo rio?! — Shirin repetiu incrédula e outra mulher chamada Neferet bufou em descrença. Apenas Hoseok de repente parecia imerso em pensamentos.
Uma nova discussão começou, e Jungkook decidiu apenas recostar-se e fechar os olhos. Ele estava com dor de cabeça, estava cansado, estava irritado, só queria ir embora.
— Você está bem? — Hoseok perguntou de seu lugar, a esquerda de Jungkook, e Yoongi do outro lado também se inclinou.
— Não dormi bem. Estou com dor de cabeça. — Jungkook murmurou e esfregou as têmporas.
— Acho que não vamos chegar a uma decisão hoje. — Hoseok disse com um olhar ao redor da mesa. Todos ainda estavam debatendo apaixonadamente, com exceção de Levi, que parecia entediado, Nanami, que também parecia entediada, ele próprio, Yoongi e Jungkook.
— Não posso acreditar que já estamos tão caóticos com apenas quinze pessoas no conselho. — Yoongi comentou amargamente.
— Descanse um pouco, você não será de muita utilidade assim. Vou dizer a eles que você não se sente bem. — Hoseok ordenou e Jungkook estava exausto demais para discutir, então ele apenas acenou com a cabeça e se levantou.
Algumas pessoas perceberam quando ele saiu, os outros estavam muito preocupados discutindo. Jungkook ficou feliz. Ele só queria ficar longe de todos.
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No dia seguinte foi melhor. Eles ainda não haviam chegado a uma decisão, o que significava que por enquanto eles não fariam nada, e Jungkook decidiu que era hora de verificar os recrutas que ele estava liderando.
Ele fazia isso a cada poucas semanas; passando algum tempo com todas as pessoas ali, perguntando como estavam, talvez jogando alguns jogos com elas ou ajudando-as a treinar se precisassem. Ele estava levando a sério seu papel de líder e, em sua opinião, bons líderes conheciam as pessoas que confiavam neles e os seguiam.
Jungkook começou na prática de esportes de combate, propositalmente não escolhendo aquele do qual ele sabia que Jimin fazia parte, e andava de pessoa em pessoa.
Jaebum também estava lá, claro, mas ele já estava acostumado com Jungkook fazendo isso, então não foi um problema.
— Você está melhorando muito rápido. Bom trabalho! — Jungkook deu um sinal de positivo para o último par com quem ele estava conversando e acenou ao deixar o campo de treinamento. Ele notou Jaebum lançando olhares para ele de vez em quando e se perguntou se isso era sobre o resgate de Namjoon. Ele ignorou e foi para o campo de arco e flecha onde fez o mesmo.
Mais tarde, ele entrou com algumas pessoas no refeitório enquanto eles faziam uma pausa. Jimin não estava lá, nem Taehyung, seu melhor amigo. Eles geralmente estavam juntos. Eles e o outro cara, claro, Seokjin, Jungkook notou muito aqueles três juntos.
— Jungkook-ssi, agora é oficial que Jimin pode ficar permanentemente? — Maya perguntou a ele ansiosamente e assim que o nome foi mencionado, um monte de outras pessoas também se interessou pela resposta.
— Sim, por favor, ele deveria ficar, Jungkook-ssi! — Uma garota cujo nome ele infelizmente havia esquecido implorou.
— Posso garantir, ele é realmente útil. Tenho treinado muito com ele, viu, e vi de perto o que ele pode fazer. Ele é tão bom, ele é melhor do que muitos de nós. — Sunyoon disse de uma maneira muito séria, muito importante e Jungkook quase revirou os olhos.
— Eu vejo. Bem, ele vai ficar. Você não precisa mais me convencer.
— Sim! — Outro menino comemorou. — Quero treinar com ele também. Sunyoon, não podemos trocar de parceiro?
— Nos seus sonhos! — Sunyoon respondeu, quase ofendido com a sugestão. — Jimin é meu parceiro de treino.
— Ele não pertence a você. — O menino emburrou.
— Ainda não. — Sunyoon respondeu com confiança e Jungkook sentiu o súbito desejo de socá-lo no rosto.
— Não seja tão cheio de si, Sunyoon. — Outra garota o repreendeu antes que Jungkook pudesse fazer qualquer coisa. — Ele não demonstrou interesse por ninguém aqui, se bem me lembro.
— Faz apenas algumas semanas, o verdadeiro amor leva tempo. — Sunyoon respondeu dramaticamente e o resto deles bufou quase em uníssono.
— Ou talvez ele nem goste de caras. — Outra garota apontou. — Só porque ele está jogando você na areia todos os dias não significa que ele goste de você ou que você tenha mais chances do que nós.
— Taehyung disse que ele já teve namorado antes! — O menino de antes se envolveu novamente. — Então ele definitivamente gosta de caras.
— Mas ele também disse que deveria se casar com uma garota em breve, então ele definitivamente gosta de garotas também.
— Foi um casamento arranjado! Isso não significa merda nenhuma!
— Ele alguma vez falou sobre a coisa do casamento? — Alguém perguntou, Jungkook nem viu quem.
— Não. Mas Taehyung também disse que ele não é do tipo que se apaixona facilmente, então você teria que trabalhar para isso. — Maya falou.
— Se eu parecesse assim, também faria as pessoas trabalharem para isso. — Um garotinho chamado Yeosang disse e suas palavras foram recebidas com concordância geral.
— Sim, ele é tão gostoso e fofo ao mesmo tempo. Ele seria o namorado perfeito, eu acho. — Uma garota suspirou e Jungkook decidiu que deveria ir embora.
Ele se levantou.
— Já está saindo, Jungkook-ssi? — Yeosang perguntou com decepção. — Podemos conversar sobre outra coisa, se você quiser!
— Não não. Está tudo bem, eu só queria falar com Yoongi antes do jantar, então. — Jungkook tentou sorrir.
— Você realmente odeia Jimin? — Maya perguntou de repente e Jungkook foi tão pego de surpresa que levou alguns segundos para pensar nas palavras.
— Não, por que você pensaria isso? Nunca o odiei. — Era verdade. Na verdade, Jungkook gostaria de poder realmente odiá-lo, ou pelo menos não gostar dele. Mas não, é claro que o cérebro de Jungkook tinha que começar a latir como um cachorro no cio toda vez que ele olhava para Jimin.
— Oh, tudo bem. — Maya respondeu surpresa. — Tudo bem então.
— Vejo vocês por aí. — Jungkook acenou em despedida e saiu da cantina o mais rápido possível.
Ele não queria falar com Yoongi, isso era mentira. Ele só queria sair dali antes que dissesse algo que não deveria dizer. Aquele Jimin não pertencia a nenhum deles, ele nunca pertenceria, eles deveriam parar de tentar. Mas com base em que ele teria dito isso? Ele não tinha o direito de dizer isso. Ele estava mais longe de Jimin do que provavelmente qualquer um deles.
Mas uma coisa era certa, Jimin não continuaria treinando com Sunyoon. Ou qualquer outra pessoa que não fosse ele (JK).
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Muitas coisas neste capítulo ainda não foram totalmente explicadas, mas serão em capítulos futuros, então não se preocupe se não entendeu tudo. Você não deveria entender tudo ainda 😅.
Mas se tiver alguma teoria pode dizer. Amo ouvir as ideias de vocês.
Obrigado por ler e espero que tenha gostado de ver o ponto de vista de Jungkook sobre toda a situação! Quis explicá-lo e explorá-lo um pouco mais como personagem, espero ter conseguido escrever seu passado e o que o transformou na pessoa que ele é de uma forma que permitisse entendê-lo um pouco melhor, também daqui para frente.
Eu também gostei muito de escrevê-lo ansiando por Jimin.
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