Capítulo 22
No dia Lovis (quinta-feira) depois do almoço, nós havíamos perdido as três primeiras aulas com uma palestra interminável em que tentavam descobrir quem ajudou Lewis e Jim a fugir na noite passada e também se alguém vira quando Carmen e Ônix saíram, mas as respostas foram todas negativas, é claro. Como alguém poderia saber? Só o nosso grupo sabia e certamente ninguém iria dizer nada. Talvez pensassem que Ônix e Carmen foram as pessoas que ajudaram Lewis e Jim a fugir... ou até mesmo entendessem que como eram fantasmas, passar pelas paredes não seria um problema e vagar na noite sem serem vistos também não.
Conversávamos distraidamente, fingindo tentar entender quem os ajudou a fugir, quando o iPhone vermelho de Cameron tocou. Enquanto alguém falava, levantou-se da mesa e começou a caminhar para um pouco mais longe de nós. Não sabia sobre o que era, mas senti algo como um mau pressentimento... No momento, resolvi não me importar com o pressentimento ruim e continuei a conversa, ignorando alguns comentários de Ethan e algumas olhadelas que fingia dar discretamente. Até que Cameron voltou com uma expressão dura e fechada, ficou quieto todo o restante do almoço e quando perguntávamos o que houve, respondia que não era nada. Talvez tenha enganado aos outros, mas não a mim.
Alguma coisa aconteceu. E lá no fundo da minha alma, sentia que
não era algo bom. Será que haviam encontrado Lewis e Jim? Será que queriam castigar Ária por ajudar a escondê-los? Será que o Mestre das Sombras nos havia delatado por que talvez tenha nos seguido através das próprias sombras que nos escondiam? Será que a Rainha queria aumentar o castigo por desafiála? Será?
Quem já esteve diante de tantos "serás" sabe bem como é uma situação angustiante. Você sabe que algo aconteceu e fica tentando adivinhar o que foi. Talvez esse tentar adivinhar seja a pior parte de uma notícia ruim. Sua mente criativa (ou não) imagina diversas hipóteses do ocorrido e na maioria das vezes é bem pior (ou melhor) do que o que você imaginara.
Acontece que no final da última aula, ao invés de seguir para o dormitório, acabei encontrando com Cameron assim que saí da sala de aula de Leslie. Sua expressão ainda era dura, mas em seus olhos captei algo como um profundo pesar. Uma tristeza em ter que dar uma notícia ruim. O que seria? Seria sobre Ária para abalá-lo tanto?
— Alessia... preciso falar com você. — seu tom de voz era mais baixo que o de costume. — precisamos encontrar Ária.
— Tudo bem, mas por quê?
— Precisa muito falar com você. Ela e outra pessoa... — e deixou a frase morrer, mas não insisti porque percebi que não queria dizer mais nada.
Apesar de estar bem tarde da noite, a escola nos deixou sair, já que dissemos que era urgente e realmente precisávamos falar com uma pessoa (que Cameron mentiu sobre quem era e também mentiu sobre o motivo da nossa urgência). Pelo menos pensei que fosse mentira quando disse que alguém próximo a nós morreu.
Seguimos em silêncio o mais rápido que conseguimos e chegamos à estalagem bem tarde, quase às duas da manhã. As luzes estavam acesas e Ária parecia conversar com alguém em uma das mesas, que antes abrigava os fregueses. Entramos. Ária e sua visitante nos olharam com uma expressão de tristeza. A visitante era Rose, a fada amiga de Ária que emprestara seu DNA à Carla. Carla... onde ela estava? Será que era essa a urgência? Carla deveria estar com muitas saudades! Fazia um bom tempo que não nos falávamos! Também não falava com Daniel há muitos dias...
— Alessia... sente-se, por favor. — foi como começou a conversa pela voz de Ária e havia algo de errado em seu tom de voz. Onde estava todo o poder que ressoava junto a sua doce voz? Onde estava todo o seu olhar alegre de feiticeira? Até a sua beleza habitual parecia minguada pela tristeza.
— O que aconteceu? — e me deixei abalar pela atmosfera também.
Então Rose chegou mais perto de mim e pegou minhas mãos, olhou dentro de meus olhos e despejou a enxurrada de palavras cortantes e dolorosas em cima de mim. Não conseguia acreditar no que ouvia... Era completamente horrível... cruel... por que alguém precisava partir dessa maneira? Isso era justo? Claro que não! Mas nada parecia ser justo em Fantasy.
"Sua amiga Carla não aguentou a efervescência do sangue encantado
e acabou... falecendo."
Talvez a notícia não tivesse me atingido tão depressa se não tivesse dito a maneira como Carla morreu. Minha melhor amiga... Um pouco doida, como toda adolescente, animada, um pouco pessimista e medrosa, mas fiel. Muito fiel a quem amava. Minha melhor amiga desde os cinco anos de idade... Ela não merecia isso! Não merecia... E o peso da culpa caiu em meus ombros como uma bomba que dilacerava toda uma cidade.
"Quando alguém rejeita o sangue que lhe foi misturado, não há caminho de volta. Apenas um caminho que leva à morte. A efervescência do sangue mágico acaba corroendo suas veias e artérias, seus órgãos e sua pele, e em alguns casos, até seus ossos. Não sobra nada do que a pessoa era. Apenas lembranças e...", a fada parou de falar ao ver que já não prestava mais atenção. Enterrei meu rosto no manto que Cameron estava usando e chorei. Chorei de forma descontrolada. Não tinha mais o que fazer... Carla... Foi tudo culpa minha! Se não tivesse tido a ideia idiota de sair daquela trilha! Maldita ideia!
Maldita! Maldita! Maldita...
— Querida... — a fada me chamou com sua voz de sino, mas não con-
seguia encará-la.
— Alessia... — Cameron tentou me convencer a olhá-la. Encarei-a entre lágrimas e vi que me oferecia um embrulho.
— Ela pediu para entregar-lhe isto antes de partir... — a fada disse quase sem utilizar sua voz suave e melodiosa. Rose teve que ir embora e encarei o embrulho por um bom tempo. Ária me trouxe um chá, que serviria como calmante, mas não queria beber nada! Não queria me acalmar! Queria que tivesse sido eu... A culpa não fora dela! Eu arrastei Carla e Daniel para cá! Eu sou uma idiota...
— É melhor vocês irem... — Ária falou quase num sussurro. — Vão chegar realmente tarde ao castelo.
— Sim. — Cameron falou por mim e me ajudou a levantar da cadeira em que estive sentada. Ária nos acompanhou até a saída da estalagem, mas antes de ir embora, consegui dizer algo.
— Vamos fazer um velório ou enterro?
— Desculpa, querida... não creio que tenha algo a que velar... Mas acredite que sua alma será levada até uma das sacerdotisas. Rose me prometeu isso. — Tentou fazer com que as palavras não ferissem tanto quanto estavam destinadas a ferir. Sem sucesso. Não havia sobrado nada dela? Nada mesmo? O embrulho... apenas o embrulho que pediu que me entregassem. O que teria nele? Decidi abrir quando chegasse ao castelo.
Infelizmente, quando chegamos ao castelo, já havia até amanhecido e estávamos exaustos. Assim que deitei na cama, após rapidamente tirar os sapatos, meu sono me embalou e dormi abraçando o embrulho, e com ele a minha última lembrança de Carla. Será que Daniel já havia recebido a notícia? Provavelmente ainda não...
Quando acordei, sabia que acabaria perdendo a primeira aula. Cameron não estava no quarto e provavelmente pensou que deveria me deixar dormir mais, apenas por hoje. A noite não havia sido fácil. Levantei-me da cama e tomei um banho. Ao sair, me deparei com o embrulho caído ao lado da cama. Resolvi que seria o momento de abri-lo, mesmo que isso trouxesse uma nova explosão de lágrimas.
Dentro do embrulho havia uma carta, um colar e um globo de neve.
O colar era uma correntinha delicada de ouro, com um pingente da silhueta de uma fada segurando uma meia lua em uma das mãos, ao alto da cabeça e na outra mão um sol, abaixo da cintura. Uma fada do entardecer... Era o que seria se tivesse aguentado. O globo de neve era o mesmo globo com o qual a fada a testara na floresta, no nosso segundo ou terceiro dia em Fantasy (minha memória não é muito boa). Era um globinho com um campo repleto de flores em vários tons de roxo e violeta na metade da direita, e vários tons de amarelo e laranja na metade da esquerda. O entardecer...
Deixei por último a carta. "Ela sabia que iria morrer." Foi o que pensei primeiro. "E sabia que não estaria lá com ela", foi o pensamento seguinte. Lágrimas novamente tomaram conta de meus olhos e de meu rosto. Comecei a pensar, enquanto lia as letras de caligrafia muito bem trabalhada em que Carla escrevera:
"Não quero que se culpe como sei que está fazendo. Eu quis vir junto.
Eu quis isso! Não quero que fique chorando por minha causa. Corrigindo... pode chorar, mas não faça apenas isso! Lute! Descobri inúmeras coisas que estão acontecendo em "Fantasy" e essas coisas precisam parar. Precisam de um basta. Conto com você e Daniel", a cada linha, uma lágrima escorria por meu rosto e novos pensamentos surgiam. "[...] eu descobri uma coisa em especial quando Rose e eu ajudamos seus amigos a se esconderem no subsolo da cidade. 11 é o número. Ária dirá a você onde fica a entrada. Ela sabe, mas não conte a mais ninguém. A não ser que essa pessoa seja realmente digna de confiança. Tome cuidado. Você precisa falar com esse número. É importante. Aqui vai a senha para que não te matem e a deixem entrar. Onze letras dispostas assim: ABDDEFFFNSST. Decore-as e depois ponha fogo nesta carta, não é seguro que a encontrem. Podem descobrir o número onze e também quem o refugia", depois vinha uma parte completamente triste, mas que durou apenas um parágrafo de quatro linhas, onde se despedia de mim e explicava que havia outra carta endereçada a Daniel. Daniel... eles estavam namorando... vai ficar completamente arrasado. Não sei se vai conseguir suportar perder mais pessoas que ama... Espero que consiga, porque também não vou aguentar perdê-lo.
ABDDEFFFNST. O que raios isso queria dizer? E que história é essa de número onze? Havia no verso da carta uma espécie de recomendação ou profecia em forma de poesia, que dizia:
Onze é o número que não se pode falar.
Este é o número que se deve esconder.
Ele é o número que conseguiu resistir.
Com os onze você deve fugir.
Não se pode falar? Será que tinha algo a ver com a Rainha? Se deve esconder... será que são meus amigos do subsolo? Conseguiu resistir... será que é porque resistiram à condenação e à morte? Com os onze você deve fugir... fugir para onde? Não podemos viver no subsolo para sempre! E por que não fugiram antes? Por que precisam de mim para fugir? Ou será que não é de mim? Isso está dando nós no meu cérebro...
Decidi que seria melhor ir para a segunda aula e encarar o dia da melhor maneira possível. Afinal, ficar no quarto e ter tempo de pensar era com certeza uma péssima opção para quem estava de luto e agora tinha um enigma nas mãos. Não que quisesse esquecer Carla, não é nada disso, mas ela mesma pediu para que não ficasse chorando e agisse! E se pensasse demais nesse enigma, só conseguiria uma enorme dor de cabeça. "Conte apenas para quem você realmente confia", foi o que recomendou na carta. Em quem realmente posso confiar? Não queria envolver meus novos amigos nessa história... Não queria que novas pessoas se envolvessem nesse caso que poderia muito facilmente levá-los à morte. Então me lembrei de que já faziam parte da Resistência antes de aparecer e que já lutavam contra a tirania da Rainha bem antes de chegar (e quem sabe até bem antes de nascer, mas não acho que sejam tão velhos assim). Talvez Ária seja... e Rose... e Aron..., mas Cameron e seus amigos parecem bem mais novos, não que sejam mais ingênuos por isso.
Contaria primeiro a Cameron e foi nesse momento que me ocorreu uma ideia assombrosa. Se o Mestre das Sombras e Ethan podiam ler minha mente quando bebiam meu sangue, saberiam o que li na carta! Saberiam que Carla era humana e sobre a carta que me enviara! Sobre o subsolo! O número onze! A mensagem em forma de poesia! A senha! Comecei a entrar em desespero até que me ocorreu outro pensamento. Já haviam bebido meu sangue e não conseguiram saber sobre Carla e Daniel, ou ignoraram o fato. Preciso questionar Ethan sobre isso, mas para isso terei que confiar nele e terei que aceitar o que me pedir para fazer em troca. Merda! Isso é um problema pessoal realmente chato, mas preciso de sua ajuda. E dessa vez, na verdade, parece que não é apenas um problema pessoal, como esconder um segredo meu, trata-se de algo que envolve outras pessoas também. E perigo. Perigo e medo.
...
Bem... nem sempre as coisas saem como o planejado e talvez por isso tenha acabado falando com Ethan antes de contar a Cameron sobre a carta e o número onze. Acontece que a aula da Havena (que fazia com o Ethan) foi diferente hoje, nós não ficamos na sala. A professora pediu para cada dupla uma lista com cinco coisas que precisávamos encontrar em algum lugar do jardimbosque, onde as havia escondido. Brincadeira de criança? É, parece... A única diferença é que cada coisa que encontrávamos estava enfeitiçada e precisávamos encontrar um feitiço (dos que aprendemos nas aulas anteriores) para quebrar o primeiro e pegar o tal objeto.
Como pode imaginar, minha dupla era o Ethan e não foi porque eu o escolhi. O ponto positivo é que enquanto procurávamos as coisas da lista, pude perguntar algumas coisas e também explicar sobre a carta e o número onze.
— Ethan, posso te perguntar umas coisas? — senti-me um pouco des-
confortável.
— Pergunte, mas lembre-se que ainda me deve o pagamento de uma
aposta. — Falou depois de me olhar de canto, um pouco confuso.
— É. Eu sei. — e revirei os olhos. — Mas preciso saber umas coisas.
— Que coisas? — e parou de caminhar. Tive que parar também.
— Quando você bebe meu sangue... consegue ver minhas memórias?
Ler meus pensamentos?
— Por que quer saber?
— Responda. Depois te explico.
— Sim, consigo, mas nem tudo. Você é muito teimosa e não se entrega completamente. — e pareceu um pouco desconfortável em admitir isso.
— Você quer dizer que não me entrego a você?
— Sim. E realmente não entendo porquê.
— Mas como você sabe se me entrego? Como posso saber isso? — senti-me um pouco afita ao me lembrar de que quase me entreguei ao Mestre das Sombras.
— Você não me oferece sangue por livre e espontânea vontade. Você sente dor mesmo depois de já ter mordido e isso não era para acontecer. Você não me deseja como desejo você. — falou a última parte em voz baixa e rápido, de maneira que não ouvi direito.
— Você o quê? — e o encarei surpresa e envergonhada.
— Desejo seu sangue e seu corpo, não pense que gosto de você. — deu de ombros, sorrindo de leve e metido.
— Idiota. Então... se oferecesse meu sangue... se não sentisse essa dor... se acabasse te desejando também... conseguiria ler minhas memórias?
— Provavelmente. — e deu de ombros novamente. — Isso não é bom...
— Por que não? Você se entregou a alguém? — e me observou com uma expressão que não consegui decifrar.
— Não! — disse rápido demais e ele estreitou os olhos. — Ahn... tal-
vez...
— Diga que não é quem estou pensando. — falou assustadoramente
sério.
— Acho que... quase me entreguei ao Mestre das Sombras. Quase. — falei rápido como se as palavras tivessem espinhos.
— Você tem merda na cabeça? Apenas não faça isso novamente. Não creio que tenha descoberto sobre seus amigos, eles estão seguros. — ainda falava em tom sério. Simplesmente não consegui pensar na Carla "em segurança" quando estava morta, não consegui mentir, fingir... comecei a chorar, virei de costas e abaixei a cabeça. — Ei... o que foi?
— Nada. — notei que havia se aproximado e senti um de seus braços em volta de meus ombros.
— Olha... não precisa chorar! Que tipo de garota forte você é? Chorar por um simples errinho como este! Simplesmente não se entregue mais a ele! — disse mais como se estivesse bravo.
— Não estou chorando por isso.
— Não? Então por quê? Vai dizer que está magoada pela maneira que falei com você? — e tornou ao seu sarcasmo natural.
— Minha amiga Carla morreu. — e o fitei por um tempo. Seus olhos verdes expressavam compreensão, mas também tristeza e confusão, como se não soubesse o que fazer. Não disse nada, apenas ficou parado me observando sem saber o que fazer, segurando a sacola de pano, onde estavam três dos cinco objetos que tínhamos que achar, em uma das mãos e com a outra mão ao lado do corpo.
Não sei porque, mas quando uma pessoa está triste, um simples abraço pode momentaneamente curar tudo, ou simplesmente amenizar a dor. Nesse momento era exatamente o que precisava e talvez por isso tenha o abraçado da maneira como abracei, forte, mas também de forma carinhosa. Estava triste, com medo e me sentindo culpada. Demorou alguns segundos, mas então soltou a sacola de pano e me abraçou com cuidado, completamente diferente do que pensei que pudesse fazer. E surpreendendo a nós dois, também conseguiu dizer algo que não fosse sarcástico ou maldoso.
— Sinto muito. — sussurrou baixinho em meu ouvido.
Mas o "momento bom" durou pouco, depois de um tempo sussurrou se não era uma boa hora para pagar a aposta também. Empurrei-o irritada e peguei a sacola no chão, depois saí marchando em busca do próximo objeto. Quando me alcançou, nada de desculpas, nada de sinto muito, nada de abraços de consolo, apenas o antigo Ethan sarcástico de novo. E acho que o prefiro assim. Não me acostumaria com ele sendo gentil.
...
Falar com os outros não foi muito mais fácil do que falar com o Ethan e todos me alertaram a mesma coisa: "Não se entregue mais". Nós temos conhecimento de que sabe do nosso grupo do subsolo e por isso estamos vulneráveis. Precisamos encontrar algum outro lugar que ainda seja no subsolo e onde o Mestre das Sombras não saiba. É isso! O esconderijo onde estão Lewis e os outros!
Assim que tive essa ideia, já aproveitei e contei sobre a carta de Carla e sua morte. Depois da sessão de "sinto muito" e de algumas lágrimas, conseguimos voltar ao assunto que estava em pauta. Estávamos no quarto do Cameron e por isso tínhamos que falar extremamente baixo, tudo aos sussurros.
— Alguém conseguiu entender essa história do número onze? — disse, mas todos negaram.
— Todos estão de acordo com o novo lugar das reuniões pelo menos? — Cameron falou e essa todos confirmaram. — iremos nos reunir todos os dias Martis e Veneris, faremos dois grupos e seguiremos para a estalagem da minha madrinha. Lembrem-se de tomarem muito cuidado e se certifiquem de não serem seguidos.
— Quem fará parte dos grupos? — falou Ethan assim que todos concordaram com a fala anterior.
— Estamos em seis... — comentei enquanto pensava.
— E se formos em duplas? — Noah sugeriu e todos o olharam.
— Por que duplas? — encarei-o confusa.
— Somos três garotos e três garotas. Podemos fazer casais e fingir que estamos saindo apenas para um passeio romântico ou algo do tipo...
— Sim. Com toda certeza chamaremos menos a atenção. — Cameron
assentiu com a cabeça, analisando a ideia.
— Quem serão os casais? — Julie o fitava ansiosa.
— Eu sugiro que... — Ethan começou a falar, mas Julie o interrom-
peu.
— Não! Você não vai com a Alessia!
— Não ia dizer isso. — revirou os olhos, parecendo irritado.
— Então o que seria? — falei rápido, tentando evitar uma briga.
— Acho que Camilla e Cameron devem ir juntos e primeiro, porque a Rainha vive de olho neles. — Ethan começou a explicar. — Assim têm tempo de despistar possíveis espiões. Em seguida, vamos Julie e eu, sem protestos, não gostei tanto quanto você. Mas nós dois podemos ir em segundo para provocar alguns pequenos tumultos, como algumas árvores caídas ou briguinhas entre alunos, dessa forma a barra fica limpa para que Noah e Alessia passem pelos portões e saiam despercebidos. E discordo de as reuniões terem sempre um cronograma do tipo "Martis e Veneris", se sairmos apenas nesses dias ficará muito óbvio. Além do que, não deixam os alunos saírem durante a semana para fazer qualquer coisa como um encontro romântico.
— E o que você sugere? — Noah o encarou pensativo.
— Precisamos trabalhar rápido e arrumar logo um jeito de derrotar a Rainha. Não podemos ficar brincando de clubinho enquanto temos refugiados e até mesmo nossos próprios membros do grupo de resistência correndo risco de vida. Vamos nos reunir da seguinte forma... Alguém pode me passar um lápis e um papel? — E estendeu a mão.
— Aqui. — Cameron entregou rapidamente.
— Certo. Prestem atenção. —eE começou a rabiscar.
Primeira Semana: Veneris e Saturni
Segunda Semana: Saturni e Solis
Terceira Semana: Mercuri e Saturni
— Também acho que não podemos ir todos aos encontros. Ficaria muito óbvio e suspeito. Então faremos assim: Na primeira semana, no dia Veneris, irão apenas Alessia, Julie e Camilla. Vão dizer que sairão para comprar alguns materiais que estão precisando ou maquiagem, qualquer coisa de garotas. No dia Saturni, irão Cameron e Camilla e como nesse dia podemos sair, não perguntarão nada. Na segunda semana, novamente em Saturni, iremos eu e Camilla. Já no dia Solis iremos Alessia, Noah, Julie e eu. Como quase sempre saio nos fins de semana, ninguém vai suspeitar de estar saindo de novo. — Ethan deu uma pausa e fitou cada um de nós, que estávamos em silêncio e atentos. — Na terceira semana, espero já ter um plano articulado e com isso teremos que tomar ainda mais cuidado. Não se esqueçam de sempre passar as notícias do encontro para quem não foi e tomem extremo cuidado ao fazer isso. No dia Mercuri, Cameron e Noah irão ao encontro e nos trarão as notícias e por fim, no dia Saturni, iremos todos para confirmar o plano e dar alguns ajustes finais. Nesse último dia é que entra a história das duplas, entenderam?
— Caraca... pensou nisso tudo sozinho? — Julie falou incrédula, tirando as palavras da minha boca.
— Não... vi em um programa de televisão e achei que pudesse fun-
cionar... — e revirou os olhos.
— É um ótimo plano! — Noah falou rapidamente, evitando mais uma
briga.
— Ainda acho que não pensou nisso tudo sozinho... — murmurou
Julie, mas Ethan a ignorou.
— Tudo bem, mas quem vai participar desse outro plano contra a Rainha? — sussurrei ainda mais baixo.
— Isso nós decidiremos lá. Afinal, esse número onze de que você falou, se encaixa nessa poesia/profecia como onze pessoas, onze criaturas que poderão, ou não, nos ajudar. — Ethan explicou, me encarando.
— E se forem onze elementos? Ou onze objetos? — Julie protestou estalando os dedos para chamar a atenção dele.
— Tenho quase certeza de que são pessoas. — disse tentando segurar o riso.
— Então está tudo resolvido? — Cameron foi o primeiro a se levantar. Todos concordaram e depois saíram do quarto em intervalos de tempo diferentes, para não dar suspeita de qualquer reunião secreta.
...
Seguimos os cronogramas de aula como se não estivéssemos planejando coisa alguma contra a ditadura da Rainha. Não sei os outros, mas estava realmente me esforçando para agir normalmente e não nos denunciar. A semana passou depressa e mal conseguia esperar pelo dia Veneris, quando com Julie e Camilla, iríamos até a estalagem de Ária e tentaríamos arrumar um novo lugar para nossas reuniões contra o governo. É claro que também teria o fato de Ária me explicar o que era essa história de número onze e aquela poesia/profecia estranha.
Estava uma pilha de nervos. Em um mês minha vida virou de ponta cabeça. Agora nunca mais veria minha família e provavelmente pensariam que estava morta. Descobri que tinha alguns poderes com a Magia e com a Alma, minha melhor amiga estava morta, estava armando planos contra a ditadura de uma Rainha Ancestral e ainda era doadora de dois vampiros.
A parte de ser doadora me fez pensar... o Mestre das Sombras me deixou em paz ultimamente, não veio atrás de mim, não me pediu sangue, mal olhou para mim quando por acaso nos cruzávamos em algum lugar. Onde está aquele ser do mal que me atacou na floresta? Onde está o vampiro sedento que bebeu meu sangue? Onde está o vampiro traidor que me entregou à Rainha após tentar ajudá-lo? Está estranhamente sumido... Melhor falar com Cameron sobre isso, mas depois, agora preciso encontrar Julie e Camilla para que possamos sair do castelo para "fazer compras" na vila.
Convencer os guardas a nos deixar passar foi realmente fácil. Primei-
ro passei com Camilla, que rasgou um pedaço do seu manto azul escuro de bruxa e disse que precisava levá-lo a uma costureira. Apenas passei como acompanhante e ficamos esperando Julie, que teve a brilhante ideia de quebrar um de seus instrumentos e dizer que precisava consertá-lo para a aula de Stella. Não sei se os guardas são idiotas ou se somos muito convincentes, mas não duvidaram de nada.
Nos encontramos já fora do castelo e fomos caminhando pelas ruelas escuras, onde chão era de pedra e bem fácil de se escorregar, por isso tínhamos que caminhar com cuidado. Não estava muito contente de termos que andar pelas sombras e acho que Camilla e Julie também não. Afinal, tínhamos como inimigo um garoto que controlava as sombras e as trevas.
Cidades medievais são bem sinistras à noite. É estranho como algo que era tão adorável e bonito pode ficar sombrio e assustador. Não que não goste da noite e do escuro, pelo contrário, gosto muito. Mas depois de descobrir que alguém pode controlá-los e usar isso para te matar, você fica com um pouco de receio.
— Alessia! Venha logo! — Julie estava impacientemente.
— Já estou indo. — e apertei o passo.
Caminhamos por mais algumas vielas escondidas entre casinhas e armazéns e finalmente chegamos à Estalagem da Fronteira, onde morava Ária. Para despistar qualquer espião, caso estivéssemos sendo seguidas, nós demos a volta e entramos pela janela, nos fundos da estalagem. É óbvio que Ária percebeu que três garotas entravam em seu território e veio imediatamente atrás de nós, pronta para atacar.
— Ei! Tudo bem, Ária! Somos nós! — Julie foi a primeira a entrar.
— Julie? — Ária acendeu algumas velas do castiçal que ficava na mesinha do quarto onde acabamos entrando.
— Sim. Eu, Camilla e Alessia.
— Ária, nós viemos por causa da carta da minha amiga Carla. — e ti-
rei a carta do bolso.
— Ah sim, tudo bem. Sei porque estão aqui. — e com um estalo de dedos fez a carta se transformar em cinzas. — Não estava dizendo para ler e queimar isso?
— Ahn... sim, desculpa.
— Está tudo bem agora. Preciso que me sigam e confiem em mim.
— Nós confiamos. — disse pelas três.
Fomos guiadas para fora da estalagem. Antes Ária trancou tudo, pe-
gou três mochilas, entregou uma à Julie e outra à Camilla e levou a terceira nas costas. Foi nos guiando pela floresta e não sei se para elas era tão difícil de caminhar no escuro total quanto era para mim.
Por fim, saímos em uma clareira com um pequeno lago que refletia a lua em sua superfície e clareava um pouco as coisas. Ária pediu para que ficássemos em completo silêncio e que tivéssemos paciência.
— Rose... Rose... — ouvi-a chamando o nome de sua amiga fada e senti uma pontada de tristeza ao me lembrar de Carla.
— Por que me chama tão tarde da noite, Ária? O que houve? — ou-
vimos o vento trazer a voz de sinos da fada.
— Preciso que nos mostre o caminho da Caverna de Cristal. — pediu sussurrando ainda mais baixo.
— Mostrar para quem? — o vento trouxe a voz da fada novamente.
— Não se preocupe. Essas três garotas querem ajudar. Foi para elas que sua aluna mandou a carta. — Nomes e espécies.
— Julie, a ninfa, Camilla, a bruxa e Alessia, a humana híbrida. — pensei ter ouvido uma exclamação de surpresa no vento, mas acho que foi coisa da minha cabeça.
— Sigam a luz azul. — pediu a voz de sinos e senti um arrepio por causa de uma brisa que passou como uma rajada de vento que se perdeu das demais e agora estava tentando encontrá-las.
— E agora? — ouvi Julie sussurrar.
— Não tem nenhuma luz azul. — Camilla sussurrou aflita.
— Paciência. — Ária riu de leve e percebi que começou a observar em volta como se procurasse por algo com muito cuidado.
Julie e Camilla começaram a fazer igual e mesmo que soubesse que minha visão não era tão boa quanto, tentei procurar também. Observei com cuidado o laguinho, a vegetação que o cercava e as copas das árvores ao redor da clareira, mas não encontrei nada. Até que olhei para o céu como por reflexo e vi. Uma luz azulada que parecia ir brincando de ligar os pontos com as estrelas, as quais antes não estavam visíveis, mas que agora apareciam para brilhar e fazer parte da brincadeira.
— Ali! — apontei o rastro azul no céu.
— Ali aonde? — Julie pareceu confusa.
— O que você está vendo? — Camilla se aproximou mais de mim.
— A luz! No céu! — apontei outra vez.
— Não tem nada no céu. — as duas falaram em uníssono.
— Acalmem-se meninas. — Ária chegou mais perto de nós. — Acontece que a luz guia de uma fada não pode ser vista por mais de uma pessoa por vez e Rose escolheu Alessia para encontrá-la.
— Agora lembrei! É verdade! — Camilla sorriu fascinada. — Já estu-
dei sobre isso na aula da Tulipy.
— Exatamente. Alessia será nossa guia. — Ária sorriu e senti como se tivessem me dado um soco no estômago. "Que ótimo..." Pensei comigo. "Agora além de ser a sentença de morte delas, também sou sua guia".
...
Seguíamos por um corredor largo e escuro, em comparação ao lugar de onde havíamos acabado de sair. Uma caverna de cristal é algo incrível. Não direi que é inimaginável, pois as mentes criativas com certeza chegam perto de imaginá-la. No entanto, vê-la pessoalmente é uma coisa completamente diferente. Não é a primeira vez que fico de frente com a magia, por isso pensei que não me surpreenderia, mas estava enganada.
Os cristais assumiam diversos tons que iam de tons corais a tons cintilantes e perolados, e todos eram brilhantes, cada qual com um brilho individual e incrível. A caverna brilhava em azul, verde água, amarelo-âmbar, vermelho escarlate, azul turquesa, púrpura, laranja e várias outras variações do complexo espectro de cores.
Em contrapartida, o corredor que seguíamos agora ia diretamente para o subsolo e ficava cada vez mais escuro, com a diminuição das luzes emitidas pelos cristais. E é claro que tivemos a brilhante ideia de retirar um dos cristais para levarmos conosco para iluminar o caminho, mas Ária nos disse que não era tão simples assim retirá-los. Nos explicou que se não os retirássemos com a magia e equipamentos corretos o cristal se apagava.
Como era sua guia, fiquei com um pouco de receio de não conseguir guiá-las no escuro, mas o estreito fio de luz da fada já iluminava o suficiente para que não tropeçasse no chão pedregoso do túnel. Minha visão foi se acostumando com a pouca luz e percebi que parecia um túnel de mina abandonada, pois era escorado por algumas madeiras e ferros. O teto não era muito alto e parecia prestes a desabar por ser feito totalmente de terra. Nas paredes pendiam alguns apoios para tochas como os de um castelo da idade média e deduzi que essa deveria ser a fonte de luz, quando isso fora explorado sabe-se lá quando.
— Estamos chegando? Não consigo ver nada. — Julie reclamou.
— Eu... não tenho certeza. — falei baixo, com medo que um tom mais alto desmoronasse o túnel.
— Como não tem certeza? Você é a nossa guia! — Camilla não parecia irritada, apesar do modo como falou.
— Acho que estamos chegando perto... — disse mesmo sem tem cer-
teza.
— Ainda consegue ver a luz? — Ária seguia por último.
— Sim. — e me encolhi por causa da altura de seu tom de voz ao fa-
lar.
— Forte ou fraca? — observei o fio luz com mais atenção.
— Está ficando mais fraco. Isso é ruim?
— Pelo contrário, isso é bom. Quer dizer que estamos chegando.
— Que ótimo! — Camilla parecia aliviada e entendi que estava com tanto medo quanto eu. Acho que sou um pouco claustrofóbica... não via a hora de sair desse lugar.
— Alessia! Mais devagar agora. — Ária alertou.
— Tudo bem... por quê?
— Acho que estamos chegando... estou sentindo o poder e a magia. — Disse, mas não tive tempo de perguntar o que queria dizer com isso, porque outra voz reverberou no túnel.
— Quem entrou em meu território? — era uma voz grossa e parecia ser de algum bicho, mas acho que isso é impossível. Animais não falam, certo?
— Ahn... Meu nome é Alessia, a fada Rose me escolheu como guia. Sou uma humana híbrida e... minha amiga Carla me mandou vir para cá. A feiticeira Ária nos trouxe. — meu coração estava aos saltos e minhas pernas tremiam.
— Vieram apenas você duas? Sinto mais presenças. — a voz insistiu e cheguei a sentir seu hálito. Cheirava como o bafo quente de um fogão à lenha.
— Nã-não. — gaguejei sem conseguir me controlar direito, pois nesse momento vi dois pontos amarelos brilhando na escuridão e ouvi um barulho de escamas se arrastando. — trouxe duas pessoas também: minhas amigas, Julie, a ninfa e Camilla, a bruxa.
— Olá. — Camilla sussurrou e notei seu tom de voz trêmulo.
— Ahn... Oi. — Julie gaguejou.
— Não se preocupe Dust, elas são confiáveis. Se não acredita em mim, leia suas auras. — Ária falou de maneira firme e confiante.
— Farei isso. — seja lá quem for Dust disse e senti os pontos amarelos como se me observassem além do físico, na alma. Acho que aqueles pontos eram olhos... Senti um arrepio correr a coluna, mas depois de um tempo o bicho voltou a falar. — Tudo bem. Não vão fazer nada de mau.
— Vamos meninas. O guardião nos deixou passar. — e começamos a caminhar lentamente, seguindo a pouca luz que sobrara do fio luminoso da fada.
— Ária... quem é Dust? — falei num sussurro, depois de um tempo caminhando às cegas sempre em linha reta.
— A pergunta certa, mocinha, é: O que é Dust? — a voz dele chegou a nós e dei um pulinho de susto. Ele estava atrás de nós o tempo todo?
— Certo. Ahn... desculpe. O que é você? — dirigi-me ao bicho e não
mais à Ária.
— Sou um dragão do fogo.
— DRAGÃO? — e me encolhi com medo de que o túnel desabasse
sobre nossas cabeças.
— Sim. — Poderia jurar que estava rindo ou tentando...
— Tudo bem... existem dragões em Fantasy... Por que isso me surpreende tanto?
— Na verdade, mocinha, sou o único dragão de Fantasy. — pude sen-
tir o tom de tristeza em sua voz.
— Por que o único?
— Meus irmãos não conseguiram fugir da fúria da Rainha dos Vam-
piros.
— Ela não gosta de dragões?
— Não. Prefere os Cavalos Alados. — Dust falou como se sentisse re-
pulsa pelos... Cavalos Alados?
— Existem Pégasos em Fantasy?
— Existem Cavalos Alados que vocês humanos chamam de Pégasos erroneamente. "Pégaso" era o nome do cavalo da lenda e não uma designação para todos.
— Ah, sim. Desculpa.
— Não está errado, Dust. — intrometeu-se Ária. — Algumas criaturas
de Fantasy também os chamam de Pégasos.
— Que seja. — resmungou. — Chegamos. Permitam-me abrir os por-
tões.
Enquanto Dust abria os portões imensos, que consegui identificar quando a luz que saía de dentro deles apareceu, não pude acreditar no que havia além deles. Aquilo não era possível! As leis da física não permitem isso!
Aliás... as leis do mundo não permitiriam que uma coisa dessas acontecesse!
— Isso é impossível. — disse abismada.
— Não pode ser... — Julie estava boquiaberta.
— É como a lenda humana de Shangri-la. — sussurrou Camilla alto o suficiente para que ouvíssemos.
— Acreditem, é real. Esse lugar é feito de uma das mais puras magias ancestrais. — Ária estava emocionada e Dust, o dragão vermelho de uns três metros de altura e cinco de comprimento concordou.
O lugar que vimos era como outro mundo preso no fundo de uma pequena caverna. Não era muito extenso, mas conseguíamos ver árvores em campinas verdejantes, um lago de águas claras e cristalinas e no alto de uma das campinas, um pouco longe de onde estávamos, havia uma espécie de mansão campestre com varandas ornamentadas e portas balcão. A única coisa naquele lugar que não se assemelhava perfeitamente ao que havia no exterior era a luz "solar" e a coloração do céu. O céu era de um tom arroxeado e na linha do horizonte assumia um tom de vermelho alaranjado. A luz que iluminava aquele recanto escondido não era como a luz do sol, era uma luz que tinha um efeito de arco-íris, ora azul ora amarela, ora esverdeada ora alaranjada, mas não deixava de ser bonita, era apenas muito surreal e não dava para ver de onde vinha.
Seguimos pelas trilhas que passavam pelo bosque até a mansão campestre. Enquanto seguíamos a trilha pudemos ver libélulas, borboletas, esquilos, pássaros, cervos, entre outros animais comuns no meio de toda a magia. Havia árvores altas e mais baixas, e nem todas eram da mesma cor. Algumas árvores eram laranja, outras vermelhas, e ainda havia árvores verdes. Era algo lindo e mágico! Os arbustos também eram coloridos e parecia um cenário de conto de fadas. A única coisa normal era o lago que vimos antes de entrar e que ficava atrás da enorme mansão.
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