Capítulo 18

Não preciso dizer que acordei assustada e com dor nas costelas, certo? Ethan dormiu comigo e aparentemente não me fez mal nenhum (além de ter bebido do meu sangue). Me ajudou a me esgueirar de volta ao quarto de Cameron antes que qualquer um tivesse acordado (e admito que foi muito difícil levantar da cama tão cedo, tendo ido dormir para lá das três da manhã), mas o fato é que já estava acordada para o meu dia do "Juízo Final". 

É claro que meus amigos estavam comigo, mas não estava certa de

que apenas eles seriam suficientes para barrar a fúria de uma Rainha; fúria essa que estava sendo excitada por Leslie. Também não esperava ver alguns rostos, quando um dos duendes da Rainha veio me entregar o papel avisando-me do julgamento e dizendo que poderia ser acompanhada por quantas testemunhas precisasse se conseguisse adquirir. Veio me convocar quando já eram cinco e meia da tarde, o julgamento seria às seis.

Além de Cameron, Lewis, Julie, Noah, Camilla e Ethan, haviam conseguido outras pessoas para me apoiar perante a Rainha. Reconheci Jake, Mike e Cindy da aula de teatro e me foram apresentados mais cinco: Jim, o fantasma amigo de Lewis, Carmen, a amiga bruxa de Camilla, Karine, a companheira de quarto de Julie, Tony, o vampiro que dividia o quarto com Ethan, Tanya, a amiga elfa de Noah (me foi explicado que Tanya só trabalhava no castelo e não estudava) e o que mais me surpreendeu foram os três professores que chegaram por último. Havena, Stella e...

— Olá, me chamo Ônix. — o rapaz que as acompanhava se apresentou. — Sou professor de tiro ao alvo, o único elfo homem desta escola.

— Ah. Prazer em conhecê-lo. — sorri timidamente. Ele era professor?! Tinha uma aparência realmente jovem para um professor, mas nem Havena e nem Stella tinham aparências muito envelhecidas, então acho que isso é comum com essas criaturas. Ônix tinha os cabelos negros como a pedra que dava nome a ele, eram um pouco compridos e presos atrás da cabeça como um pequeno rabo de cavalo, que me lembrava os samurais, a barba estava por fazer, mas não era algo feio, o deixava com mais cara de homem do que de menino. Era forte e sua pele era de um bronzeado dourado, que contrastava com a cor amarelada de seus olhos, suas roupas eram simples, porém formais e lembravam as roupas de camponeses da idade média.

— Deve estar se perguntando porque viemos. — Stella sorriu ao me

olhar.

— Ahn... Sim. — falei meio sem graça.

— Vamos ajudá-la. Vamos depor a seu favor e mostrar à Rainha que você não quis ofendê-la. — Havena explicou e meu olhar foi dela para o professor de tiro ao alvo.

— Ahn... E o Senhor?

— Não a conhecia, mas confio no julgamento de Stella e Havena, e meu querido aluno também me pediu isso. — sorriu brevemente e quando segui seu olhar, vi que olhava para Noah.

— Obrigada. — sorri grata pela ajuda de todos.

— Estava mais do que na hora de tentarmos de alguma maneira contestar a falsa superioridade dos vampiros. — Havena cruzou os braços em frente ao corpo.

Todos seguimos para o julgamento, que seria no salão principal da Rainha, o qual descobri que chamavam de "O Salão Dourado", e realmente era feito todo de ouro e com um pouco de prata ou ouro branco, mas a intenção do nome era dizer que ali se fazia justiça e a justiça é que tornava o salão precioso e dourado. Pelo menos foi o que me explicou Cameron.

Sentamos em nossos assentos e um dos duendes de terno branco me indicou onde deveria ficar depois que me apresentei como "a condenada". Pensei ter visto pena em seus olhos, mas esse sentimento logo desapareceu quando Leslie entrou com as suas "testemunhas".

— Apresente os nomes de suas testemunhas. — pediu o duende antes

de deixá-la passar.

— Certamente, Raidan. — Leslie lançou um sorriso que não pude decifrar. — convoco oito testemunhas. Rachel, Ramona, Layla, Drake, Fionna, Patrik, Zein e o professor Thommas.

Quando mencionou o nome do Mestre das Sombras, senti um calafrio correr pelo meu corpo e algo me dizia que alguma coisa iria dar errado, mas o quê? Por que havia de repente aceitado suas ordens e ido depor contra mim?

— Eu ouvi direito? — ouvi Julie sussurrar dos bancos atrás de mim. Suspirei. Agora ouviria uma boa avalanche de "eu te avisei".

— Sim, parece que o Mestre das Sombras vai depor contra a nova "amiguinha" dele. — Ethan falou com seu habitual tom irônico.

— Chega. Sem comentários. Fiquem quietos. — Cameron pediu e Havena ecoou a ordem dele, dando mais apoio às palavras.

— Muito bem. Senhorita Alessia, perdoe-me, mas me esqueci de pedir os nomes de suas testemunhas. Quais seriam? — o duende falou enquanto o grupo de Leslie se ajeitava.

— Tudo bem, não precisa se desculpar. Os nomes são: Cameron, Lewis, Julie, Noah, Camilla, Jim, Carmen, Karine, Tanya, Jake, Tony, Mike, Cindy, Ethan e os professores Ônix, Havena e Stella.

— Ao todo, dezessete testemunhas. — o duende falou mais para ele do que para mim, mas mesmo assim assenti.

Então a Rainha entrou. Todos levantaram de seus assentos e fizeram reverência. O duende saiu da sala, mas antes deixou a lista de nomes no palanque onde estava localizado o suposto tribunal, que na verdade consistia em três tronos, sendo o do meio o mais alto, e três palanques, como mesinhas na frente desses tronos. A Rainha sentou-se no do meio e à sua esquerda sentou outro duende com um computador portátil, à direita dirigiu-se Leslie.

— Podem sentar-se. — a Rainha ordenou e todos tornaram a se sen-

tar.

— Vossa majestade, gostaria de assumir a palavra como testemunha de acusação. — Leslie disse de forma clara e confiante. Estava ficando nervosa e minhas mãos suavam frio.

— Pedido aceito. Prossiga. — e sorriu de leve.

Leslie contou uma versão distorcida do que havia acontecido na aula

de teatro do professor Tom, insinuando que havia insultado o professor, a ela e a Rainha também. E que expusera publicamente que não receberia mais as ordens da Rainha por que explorava seus súditos.

— E como testemunha, chamo o professor Thommas. — Leslie terminou a sua narração maluca chamando o depoimento do professor. Estava a ponto de explodir e gritar que tudo aquilo era mentira, mas sabia que seria pior.

— Sim. É verdade que a aluna Alessia Moraes disse que não queria mais participar das minhas aulas alegando que não tratava bem meus alunos... — fingiu um soluço de choro e tenho certeza que não fui só eu que percebeu que era fingimento, embora ninguém tenha dito nada. — Insultou meu trabalho e disse que não era digno de ser professor de teatro.

— Isso não é verdade! — não consegui me conter tamanho a tantos absurdos.

— Alessia! Não chegou a sua vez! — a Rainha falou em alto e bom som e me encolhi por causa do poder em sua voz. O professor irrompeu em uma choradeira fingida e Leslie o dispensou.

— Vossa Majestade, pela explosão da garota pode perceber que é descontrolada e que novamente estava desrespeitando tanto o professor quanto Vossa Excelência. — Leslie parecia sucinta e chocada ao mesmo tempo.

— Eu protesto! — Havena ergueu o braço, confiante e decidida.

— Pois não. Diga o seu ponto de vista, professora. — pediu a Rainha.

— Majestade, ela não... — Leslie começou a falar, mas a Rainha a si-

lenciou.

— Alessia jamais desrespeitaria um professor. Em minhas aulas, sempre demonstrou respeito e autocontrole. E sempre que pode tenta ajudar os colegas, também aceitando a ajuda quando necessária.

— Pensei que era quem tinha posto fogo em sua aula... — comentou Rachel do outro lado do salão.

— Você confirma esse fato, professora? — a Rainha encarou-a estrei-

tando os olhos.

— Certamente. Mas por imprudência minha que não expliquei como se controlava o feitiço. Não tinha como saber, portanto, não teve culpa. — Havena falava de forma tão convincente que fiquei chocada. Assumiu mesmo a culpa.

— Muito bem. Isso será levado em consideração. Agora outra teste-

munha de acusação. — e o julgamento foi seguindo. A cada acusação, meus amigos e os três professores conseguiam rebater e me livrar das mentiras de Leslie, que estava visivelmente irritada, até que todas as testemunhas já haviam deposto e só faltava o Mestre das Sombras contra argumentar a última fala dita. Mas não fez isso.

— Majestade, tenho uma revelação a fazer. — e se levantou da cadeira. Senti meu sangue gelar e quando olhei para meus amigos vi que todos estavam de olhos arregalados e haviam prendido a respiração. Apenas Ethan parecia irritado e estava trincando o maxilar.

— Prossiga.

— Tenho como provar que essa garota não é o que aparenta ser. — e por um segundo tive esperança de que iria me defender.

— E como você prova isso? — a Rainha parecia curiosa.

— Bebi seu sangue. — e todos na sala pareceram explodir em cochi-

chos.

— E...? — a Rainha o olhava fixamente.

— Ela não é uma feiticeira. É humana! — senti meus sentidos falhando, mas me recusei a desmaiar. Cerrei os punhos e os dentes e tentei me controlar.

— Menina Alessia, você confirma? — a Rainha passou seu olhar para mim. Não sabia o que responder. Estava paralisada de medo, sem saber o que fazer. Engoli em seco.

— E-Eu...

— Ela confirma. — Ethan falou por mim e todos o olharam incrédulos. — E se ofereceu como minha doadora.

— Sua doadora? — a Rainha parecia surpresa. — Sabe o que isso quer

dizer?

— Provavelmente não. — Ethan sorriu de um jeito maldoso e olhou fixamente para mim. Estava... mentindo? Estava mentindo para a própria Rainha?

— E o que isso quer dizer? — a Rainha estreitou os olhos ao continu-

ar a encará-lo.

— Que precisa ser castigada! — Leslie berrou, alterando-se.

— E será! — falou em resposta. — Prometo fazê-la sofrer como minha doadora e escrava.

— O quê?! — ouvi Julie gritar indignada. Cameron a segurou pelos

ombros e tentou fazê-la ficar quieta.

— Muito bem. Parece certo, mas por que se apresentou como sua testemunha, se sua intenção era incriminá-la? — a Rainha o analisava.

— Minha intenção era proteger a minha espécie das mentiras dessa humana, por isso me infiltrei nesse grupinho deles.

— Desgraçado! — não consegui me controlar. Tinha vontade de bater nele até não aguentar mais e me assustei com esse pensamento.

— Cale-se! — a Rainha gritou e me encolhi de medo.

— Majestade, peço que deixe o castigo da menina por minha conta. Afinal... todos sabem que controlo as sombras e posso fazê-la sofrer de verdade. — o Mestre das Sombras se intrometeu e isso fez com que perdesse completamente toda a esperança que ainda tinha sobre ele.

— Muito bem, então. Ela será doadora-escrava oficial de Ethan, mas será sua também. — ordenou a Rainha e bateu palmas duas vezes. — Está encerrado esse julgamento.

— Mas como assim? Você vai mesmo acreditar neles? Como você tem certeza de que é mesmo verdade? — não consegui me manter calada.

— Obviamente ela é humana. Nem sabe que a Rainha tem como sentir se a pessoa está ou não mentindo... — alguém do grupo de acusação falou.

— Exatamente. E esse julgamento já foi encerrado! — a Rainha saiu marchando irritada.

Enquanto saía da sala, tive que realmente me esforçar para não cho-

rar, estava difícil me controlar. Por que confiei neles? Por que fui tão idiota? Ao meu redor Cameron e Julie brigavam com Ethan. Lewis, Camilla e Noah discutiam o julgamento com os demais. Pelo menos ninguém falava comigo...

— Como você está? — Havena se aproximou tocando meu ombro.

— Eu... — não consegui falar, porque nesse instante ouvi tanto Ethan quanto Julie e Cameron gritando com alguém.

— COMO VOCÊ PÔDE? — esse era Cameron.

— NÓS CONFIAMOS EM VOCÊ! — Julie gritou ainda mais alto.

— EU NÃO CONFIAVA, MAS NÃO PENSEI QUE VOCÊ FARIA

ISSO! — era a voz de Ethan.

— NÃO GOSTO DA SUA ALMA! É ESCURA! — Lewis foi o último

a lançar as palavras.

Pelas falas de meus amigos sabia quem havia chegado para falar com eles. Não queria vê-lo. Não queria, pois sabia que choraria. Não queria nem ouvir sua voz e talvez por isso, assim que meus amigos começaram a gritar, saí correndo pelo corredor da área do palácio da Rainha. Corria chorando e talvez por causa disso os guardas não tentaram me barrar, mas conforme corria notava seus olhares para mim e demonstravam várias emoções. Raiva. Medo. Tristeza. Pena. Curiosidade. Desejo. Não sabia bem como tinha tanta certeza do que sentiam, já que corri rápido e mal os olhei direito.

Achei que demoraria para que meus amigos se recuperassem da minha reação e viessem correndo atrás de mim, mas logo ouvi passos me seguindo e também ouvi os guardas os barrando. Apertei o passo. Também pensei que demoraria para que a Rainha declarasse a todos que seria uma escrava e não mais uma aluna, mas enquanto corria, ouvi os autofalantes da escola pronunciarem minha sentença: "Meus caros alunos, gostaria de informá-los que sua colega, Alessia Moraes, mentiu sobre sua natureza. Ela é humana e foi condenada a ser escrava de dois de nossos alunos vampiros", era o som irritante da voz de Leslie, anunciando.

Conforme saí dos corredores da parte do castelo que pertencia à Rainha, fui tendo que encarar os olhares dos alunos para mim e em sua maioria eram olhares de repulsa ou de raiva. Havia também malícia e humor. Isso me fez sentir mal, mas também me fez correr ainda mais rápido e mesmo que não tivesse certeza de para onde estava indo, corria sem me importar com esse detalhe. Alguns alunos me empurravam e riam, outros tentavam me agarrar e falavam coisas que meu cérebro não quis processar.

Quando parei de correr, estava em algum lugar do jardim-bosque do castelo, perto de mim havia algumas pedras grandes, as quais usei para me esconder. Fiquei encolhida entre duas delas e chorei. Tentei chorar em silêncio, mas isso era impossível, os soluços vinham com a mesma rapidez das lágrimas. Já era noite e só agora havia percebido que o céu, que antes estava claro, havia ficado nublado e estava armando uma tempestade.

Precisava me recompor e voltar para dentro. Precisava encontrar meus amigos e tranquilizá-los dizendo que estava bem (mesmo que não estivesse. Precisava encontrar Cameron e perguntar o que aconteceria agora, onde iria dormir e o que faria com todas as coisas que comprei. Sabia que tinha que fazer isso, mas simplesmente não conseguia sair dali. Nas sombras das duas pedras e na escuridão da noite que prometia ser uma noite tempestuosa, estava me sentindo segura e até estava conseguindo ter alguma calma.

Estava começando a me acalmar, quando olhei para meus pés e pen-

sei ter visto algo se mexer na escuridão. Sabia que não poderia gritar, do contrário, alguém me acharia e não poderia mais ficar sozinha.

— O-o que está aí? — minha voz estava trêmula e ainda marcada pelo choro.

Não houve resposta. Sabia que não haveria, mas não pude evitar perguntar. Prendi a respiração e tentei ouvir com atenção. Tentei também focar minha vista em meus pés e não os mexer, para não assustar o que quer que fosse. Então lembrei que estava com meu celular e com muito cuidado e muita calma, o tirei do bolso e liguei a lanterna. Assim que liguei a lanterna ouvi uma espécie de chiado baixo como se tivesse machucado algum bicho e estivesse com medo e ferido. Ao apurar a vista, vi que a escuridão se mexia e se afastava da luz.

Não eram simplesmente sombras fugindo da escuridão e meu coração sabia disso, por isso pulava como louco em meu peito, mas ainda não conseguia gritar. Desliguei a luz outa vez.

— Desculpa...

No mesmo instante que falei e desliguei a luz do celular, senti aquela sombra gelada se aproximar e se enroscar em meus pés, subindo pelas minhas pernas até chegar a minha cintura. Prendi a respiração o máximo que pude.

— Eu não tive a intenção de machucar. Desculpa... — e senti novas lágrimas em meus olhos.

Nesse momento algo realmente estranho aconteceu. Aquelas sombras não me atacaram. Não tentaram me arranhar nem me sufocar. Senti seu toque gélido em meu rosto quase como se estivessem me acariciando e tentando me confortar. Não pude deixar de sorrir, mesmo que de leve.

— Por que não estão me atacando como me atacaram antes?

Pararam as carícias e fizeram sons como se estivessem sentindo dor. Tentei tocá-las e pedir para que se acalmassem ou que parassem com aquele som, mas só pararam ao se afastar de mim. Se afastar de mim e seguir o chamado de alguém...

Foi então que reparei na silhueta entre as sombras. Era daquela pessoa que estavam com medo, era por causa daquela pessoa que sentiam dor.

Levantei-me decidida a fazer quem quer que fosse parar de fazê-las sofrer.

— Ei! Você! Pare de machucá-las!

Não sei que parte da minha mente achou que fosse capaz de enfrentar quem quer que fosse, no escuro, nas condições em que estava e ainda por cima na chuva que começara a despencar do céu no instante em que saí de meu esconderijo nas pedras.

— Ah. Aí está você... — ouvi sua voz e no mesmo instante meu coração se acelerou de uma maneira diferente. Não estava com raiva pela pessoa machucar as sombras que tentaram me confortar, estava com medo de que essa pessoa fosse me machucar também.

— O que você quer? Por que estava machucando as sombras? — disse mesmo pensando que era estranho falar das sombras e da escuridão como se pudessem sentir algo.

— Estava te procurando. E não as machuquei, só as chamei de volta para mim. — falou com um tom de voz alto. Não estava acostumado a falar dessa forma... pelo menos nunca falara assim antes.

— Me procurando por quê? — tentei dar um tom de segurança em minha voz, já que meu corpo todo tremia por causa da chuva gelada que caía (e porque estava com medo).

— Não disfarce sua voz. Sei que está com medo. — Zein falou de forma sombria.

— Se pensa que serei mesmo sua escrava e doadora está muito enganado! — tentei afastar o medo e a vontade de correr. As sombras se agitaram ao nosso redor e começaram a serpentear em minha direção. Queria correr, queria gritar e fugir, mas simplesmente não consegui.

— Você será! — sua voz parecia amplificada de poder. — Querendo ou não, vou te obrigar. Salvei sua vida, agora você me deve um favor.

— Não te devo nada! Tentei ser gentil! Tentei mostrar a você a compaixão e a humanidade, mas você não quis! Tentei te fazer um favor sem pedir nada em troca, mas você não aceitou! — ao ouvir minhas palavras, pareceu pensar por um segundo, mas tão logo a névoa escura o envolveu, seus olhos brilharam vermelhos.

— Você não me fez favor nenhum! Você estava tentando me enfraquecer e me usar! — nesse momento, as sombras que serpenteavam até mim começaram a se enroscar em minhas pernas e escalar meu corpo. Sentia o toque frio, mas não estavam me machucando, não estavam me atacando. — Por que não me atacam...?

— Ataquem-na! Agora! — Zein estava irritado e a névoa que o envolvia começou a soltá-lo, vindo em minha direção. Caiu de joelhos como se tivessem levado sua força.

— Não! — gritei mais de raiva do que de medo. — Isso não vai me machucar!

Realmente não sei como e nem por que, mas a névoa que lançou retrocedeu e as sombras que estavam envolvendo minhas pernas subiram até a cintura, como se me abraçassem e protegessem. Assim que a névoa roçou a pele dele novamente, pareceu inchar de poder e de dor. Levantou-se e saiu dali completamente abalado, me olhando algumas vezes, com uma expressão confusa e assustada.       

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