18. A Pedra Filosofal
Em um dos maiores salões da mansão, havia uma longa escadaria de carpete vermelho que conduzia até uma grande poltrona de mesma cor. A mulher de cabelos ruivos e sedosos que caíam como cascadas em seus ombros pálidos se encontrava sentada nessa mesma poltrona. Apesar de ser magra e esbelta, com curvas suaves e bem definidas, sua postura entretanto era um pouco curvada, dando a impressão de que ela estava cansada apesar de sua aparência jovial. Em seus dedos finos e longos segurava uma bola de cristal lilás que parecia emanar um brilho suave e misterioso.
A bola de cristal era sua ferramenta de monitoramento, permitindo-lhe ver através da câmera externa da residência. Observou atentamente a presença dos intrusos em seu território. Oito criaturas desconhecidas tinham acabado de tocar a campainha da mansão e se encontravam aguardando do lado de fora. Com um sorriso malicioso no rosto, a Feiticeira analisou cada detalhe dos invasores através da bola de cristal. Ela se deleitava com a presença daqueles que ousaram incomodá-la, pensando em como lidaria com eles.
— Me diga, Barkley¹, quando foi a última vez que recebemos visitas? — A Feiticeira questionou para uma sombra abaixo da escadaria, fingindo não saber a resposta da própria pergunta.
— Nunca, senhora — Barkley, o cão-mordomo da Feiticeira, saiu das penumbras e surgiu ao pé da escadaria. O cachorro humanoide se mantinha em pé com suas duas pernas, usando um terno formal, enquanto mantinha um monóculo dourado em seu olho direito. — Foi para isso que a senhora firmou parceria com as mais diversas entidades das regiões que levavam até essa montanha, para afastar quem quer que seja daqui.
A mulher de vestes de seda negra e decote levantou o olhar da bola de cristal para fitar seu criado.
— Parceiros de negócio? Não, seu incompetente, eles eram meus capachos, isso sim. Bem que suspeitei que o não recebimento de relatórios vindos deles significava perigo iminente. Há dias não recebo notícias do Abominável Homem das Neves e do Chupa-Cabra. Ontem, Drake não nos enviou um vampiro para afirmar que tudo estava seguro, como de costume. E nem mesmo os lobisomens apareceram até então, justo em uma noite de lua cheia.
"Mas não me surpreende, quando eu vejo quem veio atrás de minha cabeça. Thanatos² parece que veio finalmente se redimir da vez em que não conseguiu ceifar minha vida".
— Senhora, desculpe interrompê-la, mas os magos me informaram que a Morte não é mais o esqueleto. Aparentemente a Morte se trata de um cachorro chamado Dog. Onde já se viu, um cachorro ocupar tal cargo.
— Que seja — A Feiticeira balançou os ombros fazendo pouco caso. — Talvez ele esteja decidido a ter um acerto de contas após ter se aposentado. E não é o único, a bruxa junto a eles é uma velha conhecida. Bridge parece que guarda rancor da vez em que quase a matei.
— Os magos saíram para averiguar o sumiço dos seus aliados... Digo, servos, e por conta disso não se encontram na mansão. Nesse caso, deseja que eu peça para as Harpias cuidarem dos intrusos?
— Deixe-as onde estão. Vai saber se não prepararam também um ataque vindo do mar. Por hora, temos um exército poderoso o suficiente aqui mesmo na mansão para cuidar de oito ratinhos.
— Entendido, senhora — O cão-mordomo se curvou, e então se retirou do aposento.
A Feiticeira olhou mais uma vez para a bola de cristal, e então desviou o olhar para a parede ao seu lado. Nela estava fixada uma redoma de vidro retangular. A pedra vermelha energizada que ela admirava estava protegida pela redoma e pulsava intensamente, emitindo uma luz avermelhada que se espalhava pelo ambiente. A pedra era muito semelhante a um rubi, mas parecia ter um brilho ainda mais intenso e vibrante.
— Escolheram o dia errado para aparecerem. O dia em que a pedra filosofal será minha — A Feiticeira disse para si mesma, com um sorriso enigmático no rosto.
●▲☐●
O grupo dos oito visitantes entrou na mansão e foi recebido pelo cão-mordomo, Barkley. Ele os cumprimentou com um leve aceno de cabeça, mantendo uma postura ereta e formal. Barkley possuía um pelo caramelo brilhante e suas orelhas longas pendiam ao lado de sua cabeça. O fato de um cachorro ser o mordomo da Feiticeira nem surpreendia mais Regina.
Barkley guiou o grupo até o centro do hall e disse que deveriam aguardar ali pela chegada da Feiticeira, que em breve os receberia. Ele então se afastou silenciosamente e desapareceu em uma das portas laterais, deixando os visitantes sozinhos no majestoso hall de entrada da mansão.
Regina observou o hall de entrada com atenção, impressionada com a grandiosidade e elegância do lugar. Logo na entrada, notou vários vitrais coloridos, que iluminavam o ambiente com tons vibrantes de vermelho, azul e verde. Ao olhar para o lado esquerdo, Regina avistou uma enorme bandeira cinza estirada, com um símbolo intrigante. Dentro de um grande círculo havia outras figuras geométricas nele: um segundo círculo dentro de um quadrado, que por sua vez estava dentro de um triângulo. Regina se perguntou o que aquele símbolo poderia significar, mas logo desviou o olhar para escadaria que levava ao segundo andar da mansão: era uma obra de arte por si só, com seus degraus de mármore branco e corrimão de ferro trabalhado.
— Bom, pela forma como fomos recebidos, creio eu que a Feiticeira será maleável com nosso pedido — Regina ponderou, animada que tudo estava correndo bem.
— Não seja tola — Bridge disse com rispidez. — Não esqueça que vim aqui unicamente com o objetivo de acabar com a raça daquela maldita. Não estou disposta a levantar bandeira branca para ela. Não salvei a vida de vocês esse tempo todo a bel-prazer.
Lemoy caminhava pelo chão de madeira polido da mansão, quando avistou na mesa de centro do local um livro. Era um exemplar bem antigo, porém aparentava ter sido bem conservado, ao menos levando-se em conta a quantidade de séculos desde que foi publicado. Seu título era Dell' Elixir Vitae³.
— "O elixir da vida"? Um livro sobre a imortalidade? Eu que não compraria um livro assim, afinal o cara que escreveu morreu — O pirata riu em deboche, enquanto mantinha o livro em mãos. Regina cruzou os braços em sinal de reprovação, uma vez que ele estava debochando do seu amor por livros novamente.
Barkley surgiu repentinamente atrás de Lemoy, vindo de uma porta de correr que estava logo atrás dele. Em sua mão, segurava uma espada épée, que era semelhante a um florete de esgrima, com uma lâmina longa e fina e uma ponta afiada. Barkley avançou rapidamente em direção a Lemoy, com sua espada balançando com maestria. O pirata conseguiu se esquivar por pouco, saltando para trás rapidamente, como se fosse um gato fazendo parkour.
— Hey hey, calma lá. Isso tudo só por que falei mal do livro? Não está mais aqui quem falou — Lemoy balançou as mãos para frente, mas Barkley fez pouco caso, indo em sua direção novamente com a épée erguida.
Para Regina ficou claro que toda aquela hospitalidade do cão de outrora não passou de pura atuação para pegá-los em um momento desprevenidos.
O pirata, por sua vez, se viu na necessidade de desembainhar sua espada da bainha de sua fivela. Sua lâmina estava suja de sangue e com uma pequena lasca partida, devido a batalha anterior contra os lobisomens. Apesar dos seus próprios ferimentos, ele ergueu sua espada e a utilizou para se defender do golpe do cão-mordomo.
O vislumbre daquela batalha era tenso, com Barkley e Lemoy parecendo dançar em um jogo mortal de gato e rato. A espada de Barkley zumbia pelo ar enquanto ele tentava golpear Lemoy, que se esquivava com agilidade. Regina, que assistia a tudo de perto, se preocupou com seu amigo, sabendo que ele já estava machucado da luta anterior. Ela sabia que os poderes das bruxas não faziam milagres e temia que os ferimentos dele se abrissem novamente durante a luta.
Apesar da tensão, a luta continuou com Barkley e Lemoy se enfrentando com ferocidade. Os dois combatentes pareciam estar em perfeita sintonia, antecipando os movimentos um do outro e respondendo com precisão e rapidez. Mesmo Lemoy sentindo seu corpo doer, não pôde deixar de sorrir. Há muito tempo não se deparava com um oponente tão bom na luta de armas brancas como ele. Sempre que sua espada estava prestes a acertar o cão, o mesmo direcionava sua respectiva arma para o mesmo local afim de defender-se do golpe.
Regina, decidida a ajudar seu amigo, olhou para seu grupo e todos acenaram em concordância. Não podiam esperar mais. Ela e seus seis aliados estavam prestes a correr em direção ao pirata e seu oponente quando um barulho de vidro quebrando atrás deles chamou suas atenções.
Ao se virarem, perceberam que os vitrais da mansão haviam sido estilhaçados, dando passagem para as gárgulas que haviam visto anteriormente na entrada da mansão. As esculturas grotescas e corcundas não eram mais apenas decorações, como havia pensado anteriormente. Seus bicos afiados como os de um falcão, e suas pequenas mãos com garras estavam prontas para serem usadas para atacar o grupo de Regina pelo céu, enquanto voavam com suas asas feitas de gesso. Cada vez mais gárgulas adentravam a mansão, ao ponto que Regina perdeu a conta de quantas eram em sua totalidade.
Com aquele exército de gárgulas sobrevoando acima de suas cabeças, todos no grupo sabiam que era apenas uma questão de tempo até serem atacados por elas. Regina, ao olhar para seus amigos, notou o medo estampado em seus rostos. Percebeu que era sua responsabilidade tomar a liderança e encorajá-los a enfrentar aquela ameaça iminente. Dirigindo-se a Moria, cujo veganismo era conhecido por todos, Regina encontrou um argumento que pudesse impulsioná-lo à ação:
— Moria, lembre-se de que elas são feitas de pedra. A Feiticeira deve ter lançado algum encantamento para dar vida a essas criaturas. Portanto, não precisa se conter com seu veganismo. Você pode acabar com elas.
Ao ouvir essas palavras, Moria reuniu coragem e demonstrou uma força impressionante. Com um salto poderoso, ele partiu três gárgulas com seus punhos, mostrando sua determinação em enfrentar aquela ameaça. Antes de retornar ao solo, deu uma mordida feroz na cabeça de uma quarta gárgula, arrancando-a de seu corpo antes que tivesse a chance de contra-atacar. Regina ficou embasbacada ao testemunhar a habilidade de Moria em ser tão sanguinário quando não estava lidando com seres vivos.
Bridge já havia começado o ataque. Balançando sua varinha no ar, enquanto estava montada em sua vassoura, fazendo chover pedras pelo local conforme as gárgulas voavam em sua direção tentando atacá-la.
— Vocês três — Regina se virou para Glória, Tolkien e Larry que estavam mais acuados —, quero que procurem pelos sete magos. Digam a eles que estamos aqui para resgatá-los da Feiticeira.
Os três assentiram com a cabeça e correram pelo corredor do hall em direção a outra sala, enquanto passavam por Lemoy que seguia lutando contra Barkley. Regina se virou dessa vez para Ossudo, mas, ao olhar para trás, se deu conta de que ele já estava correndo pela escadaria em direção ao segundo andar para fugir da batalha. A menina mal teve tempo de refletir quando uma gárgula voou em sua direção com as garras levantadas, de forma que rapidamente tirou sua mochila das costas e a atacou com o objeto antes que fosse atingida, dando um grito enquanto a criatura se desfazia diante de seus olhos.
Após chegar no segundo andar, Ossudo se recostou no parapeito de madeira ao lado da escada, aproveitando para ter a visão panorâmica de todos os seus amigos no andar inferior lutando contra os servos da Feiticeira. Seus olhos varreram o ambiente e, ao olhar para trás, deparou-se com um longo corredor estreito que se estendia diante dele. Ossudo não conseguia avistar o fim do corredor, pois era envolvido por uma escuridão profunda, mas a sensação de urgência o impulsionou a considerar atravessá-lo como uma possível rota de fuga.
Ossudo deu os primeiros passos pelo corredor estreito. A escuridão parecia engolir a fraca luz que alcançava aquela parte da mansão. A cada passo, ele podia sentir a atmosfera tornando-se mais tensa e opressiva. Assim que adentrou mais profundamente no corredor, uma sensação arrepiante percorreu seus ossos. Sons sussurrantes ecoaram pelas paredes, como se as próprias estruturas da mansão sussurrassem segredos sombrios. Ossudo sentiu um calafrio percorrer seu corpo enquanto a atmosfera se carregava com uma energia sobrenatural.
De repente, a escuridão ganhou vida diante dos seus olhos. Cinco criaturas fantasmagóricas emergiram das paredes do corredor, surgindo de forma sinistra e silenciosa em sua frente. Eram como aparições etéreas, suas formas distorcidas e translúcidas, emitindo um brilho pálido e assombroso. Os cinco fantasmas que voavam em sua frente possuíam um olhar travesso em suas faces.
— Olha só quem temos aqui — O primeiro fantasma disse, dando voltas em torno do esqueleto que se tremia em sua frente. Sua voz era capaz de transmitir um tom de diversão perversa.
— V-Vocês... O q-que vocês são?!
— Nó... Nó... Nós somos fantasmas. Boo! — Outro respondeu, fingindo ser gago ao imitar a tremedeira de Ossudo. Dando logo em seguida uma gargalhada. — Melhor pegar o telefone. Alô, é dos caça-fantasmas? — O próprio fantasma colocou os dedos sobre a orelha fingindo realizar uma ligação.
— Eu... Eu sinto que já vi os rostos de vocês antes — Ossudo se deu a liberdade de analisá-los melhor. — Eureka!⁴ Eu levei a alma de vocês ao mundo dos mortos quando vocês morreram... Então, por que estão aqui?
— Somos espíritos presos — Um terceiro fantasma o respondeu, com seus curtos braços cruzados. — Não conseguimos descansar em paz, uma vez que não achamos justo termos morrido tão jovens.
— A Feiticeira de bom grado nos abrigou aqui na mansão dela, nos alimentando de rancor pelo homem que ela disse ser culpado de nossa morte. Falando que um dia chegaria o momento em que poderíamos nos vingar dele. Você, ex-Morte, é o culpado por isso!
Os cinco fantasmas fecharam a expressão e lhe direcionaram olhares acusatórios.
— E-E-Eu?! Escutem, eu apenas trabalhava para o conselho mágico do Céu! Vocês já estavam mortos, tudo o que eu fazia era encaminhá-los ao submundo. Não tenho culpa alguma que vocês morreram! A Feiticeira me odeia e teme que eu a leve para o mundo dos mortos, por isso enganou vocês para serem usados de segurança dela caso eu aparecesse aqui.
Nenhum dos fantasmas pareceu dar ouvidos as palavras do ex-ceifador. Ossudo, vendo que não os convenceria, decidiu deixar seu medo de lado. Afinal, eram apenas seres que não conseguiram descansar em paz. Não deveria ter medo dos mortos, uma vez que nada poderiam fazer para machucá-lo. Pensando nisso, ele caminhou normalmente pelo corredor os ignorando.
Ledo engano, todavia. Pois, assim que um dos fantasmas atravessou seus ossos, Ossudo sentiu um arrepio súbito e uma sensação agoniante tomou cada parte dos seus ossos como se estivesse sendo perfurado, ao ponto de ser curvar e dar um gemido de dor. Sorridente, um segundo fantasma o atravessou. Ao fazer isso, Ossudo sentiu como se seus ossos estivessem sendo queimados nas brasas mais ardentes — sensação essa que o recordava de quando foi arremessado em um caldeirão de ácido pela Feiticeira.
Mais um fantasma atravessou o corpo da caveira, dessa vez vindo por trás dele, passando pelas suas costas. No momento em que ele fez isso a música "Olha, se você não me ama", do Manoel Gomes, reverberou em sua mente. Enquanto a música tocava em sua cabeça como se estivesse dentro dela, Ossudo olhou intrigado para o fantasma, sem entender como isso poderia ser considerado tortura.
— Que foi? Para mim é uma tortura ouvir essa música — O fantasma disse, balançando os ombros enquanto seus amigos o repreendiam com o olhar.
Aproveitando-se desse momento de distração deles, Ossudo se ergueu e desviou das assombrações em sua frente, correndo pelo corredor para longe deles. Não entendeu em um primeiro momento o porquê de os fantasmas não estarem o seguindo. Pelo contrário, estavam parados dando risadas abafadas enquanto viam ele fugir.
Enquanto Ossudo corria desesperadamente pelo estreito corredor, sua atenção foi abruptamente capturada quando o chão desapareceu sob seus pés. Num instante de puro reflexo, ele lançou um olhar rápido para baixo e vislumbrou uma abertura de madeira que se revelava como uma porta para o abismo. Sem hesitar, Ossudo saltou com todas as suas forças, esticando seus braços para alcançar o que restava do chão sólido. Seus dedos se agarraram desesperadamente à borda, salvando-o por um triz de uma queda.
Enquanto se erguia, ofegante, voltou seu olhar para a frente e notou um fantasma posicionado um pouco mais adiante. Aparentemente tinha sido o responsável por acionar uma alavanca na parede, desencadeando o traiçoeiro mecanismo que quase o fez mergulhar no andar inferior. O fantasma, com seu sorriso malicioso, ria da situação. A mesma alavanca foi pressionada novamente pelo fantasma e o chão do corredor retornou à sua posição original, como se nada tivesse acontecido.
— Ossudo!
Ao olhar para trás, ele pôde avistar Regina próxima ao parapeito de madeira daquele andar. Os fantasmas encararam a menina de igual forma, sorrindo uns para outros. Para Ossudo era claro que mudariam de alvo e torturariam sua amiga em seu lugar quando passaram a voar em direção a jovem. Ossudo se virou de volta, prestes a fugir aproveitando-se que por hora não era mais o alvo deles.
Contudo, acabou hesitando. Seus pés não se mexiam. Ossudo se tremia de cabeça aos pés, porém, também se recordou do sermão que levou de Regina horas atrás. Até quando seria um covarde? A deixaria ser torturada em seu lugar? Ela era muito jovem, certamente não teria a mesma resistência que ele quando os fantasmas atravessassem seu corpo, e se ela sentisse todas aquelas torturas psicológicas, que muito pareciam ser reais, poderia vir até mesmo a sucumbir.
Sem se dar conta, ele se virou novamente e passou a correr. Correr em direção aos fantasmas e a Regina. Não sabia como, mas daria um jeito neles. Não deixaria que fizessem mal a Regina. Então correu sem pensar nas consequências, por mais que o medo ainda tomasse conta de si.
— Deixem-na em paz!! — Esbravejou, quando os fantasmas estavam quase chegando até a garota. Ao chegar diante deles, Ossudo tentou os agarrar, mas suas mãos atravessaram um dos fantasmas e ele sentiu um enorme choque, como se estivesse sendo eletrocutado.
Ao perder o equilíbrio pelo ato, Ossudo quebrou o parapeito diante dele involuntariamente e começou a cair andar abaixo. E de fato teria caído, se uma mão não o agarrasse pela cintura em meio ao ar.
— Yu Mo Gui Gwai Fai Di Zao ⁵ — Em cima de sua vassoura voadora, Bridge balançava com uma de suas mãos sua varinha apontada para todos os fantasmas, enquanto com a outra mão segurava Ossudo.
A luminosidade branca que saiu da ponta de sua varinha fez com que todos os fantasmas desaparecessem, os exorcizando.
— Estamos indo atrás da Feiticeira. Acha que dá conta de ajudar o vampiro contra as gárgulas ou irá se acovardar de novo? — Bridge perguntou em tom de frieza, olhando para a caveira em suas mãos.
Ossudo deu um sorriso de meia lua, e então assentiu com a cabeça. Regina sorriu para ele. Mesmo não tendo conseguido a resgatar, ele não fugiu dessa vez. Estava disposto a se arriscar por ela. A loira estava orgulhosa dele, por mais que não tenha tido oportunidade de lhe falar.
Ossudo acreditou que Bridge o pousaria em segurança no andar de baixo. Entretanto, ela o soltou em meio ao ar. Durante a queda Ossudo colidiu com três gárgulas que voavam em baixa altitude. Os quatro passaram a cair juntos, até que chegassem ao solo. As gárgulas se partiram em estilhaços no chão, enquanto Ossudo se levantava sentindo dor em todos os ossos de seu corpo.
— Bom trabalho, parceiro — Moria o elogiou, acreditando que Ossudo tinha derrotado aquelas três gárgulas propositalmente, no mesmo momento em que ele próprio chocava a cabeça de outras duas, uma com a outra.
●▲☐●
Tolkien e Larry caminhavam pelo extenso corredor do andar térreo da mansão. A companheira alada da dupla, Glória, pairava ao lado deles. A iluminação era escassa, com apenas alguns lustres lançando feixes de luz fraca pelo caminho.
O corredor se estendia à frente, parecendo não ter fim, e as portas se alinhavam dos dois lados, como sentinelas silenciosas. Com um misto de expectativa e cautela, Tolkien e Larry escolhiam uma porta após a outra, apenas para se depararem com quartos vazios e salas abandonadas. Se vendo assim na necessidade de sempre retornarem ao ponto de partida, no corredor, e voltarem ao jogo de "adivinhe a porta".
— Sequer sabemos se eles querem mesmo ser resgatados — Larry ponderou, enquanto caminhava ao lado do elfo. — E se forem felizes vivendo aqui com a Feiticeira?
— Felizes? Vivendo com aquela "bruaca"? — Tolkien disse, incrédulo com a inocência da criança ao seu lado. — Certamente ela os enganou e fez de escravos. Igual os servos dela, os lobisomens, fizeram comigo. Aliás, falando neles, tem algo que eu ouvi a respeito da Feiticeira por eles, mas não consigo me lembrar ao certo...
— Tente se lembrar, meu amigo. Pode ser uma pista de como derrotar ela — Glória disse de forma gentil. Larry ficava embasbacado como a fada mal-humorada conseguia ser tão gentil apenas com o elfo.
Tolkien colocou a mão no queixo, parando por um instante, em sinal de estar pensativo. Larry seguiu caminho se dirigindo para mais uma porta.
— Não é isso... Acho que ela roubou algo de Hades, o Deus do Submundo, quando ele veio a visitar, provocando sua ira... Talvez um bicho de estimação...
— Será que não é isso? — Larry perguntou, ao apontar para uma placa em frente a uma porta de madeira. A placa vermelha dizia: "Cuidado, cão bravo".
Larry abriu a porta vagarosamente, temendo ter um pinscher bravo atrás dela. Foi então que Tolkien se lembrou repentinamente.
— Espere, Larry! Não abra! — O elfo correu para evitar que a porta fosse aberta, mas já era tarde.
Larry, Tolkien e Glória estavam diante do cão acorrentado naquela sala escura. A criatura colossal de proporções imensas possuía três cabeças dividindo o mesmo corpo, cada uma delas dotadas de características únicas, mas todas expressando a mesma ferocidade implacável. Sua pelagem era áspera e de um tom escuro, quase negro.
— Cérbero... Ela roubou o cão guarda do submundo — Tolkien disse, sem se movimentar, quase como se estivesse sob efeito de uma hipnose.
— Bom... Ao menos ele está acorrentado, né? — Larry disse, também sem ter coragem de se mexer, dando a risada mais forçada da sua vida, sem conseguir tirar os olhos daquele cachorro.
De repente, Cérbero emitiu um rosnado ensurdecedor, suas três cabeças se erguendo com fúria. Seus olhos flamejantes avermelhados faiscavam com uma intensidade assustadora. Com um poderoso esforço, ele se contorceu e se libertou das algemas que o mantinham contido, revelando uma força monstruosa. Um rugido ameaçador ecoou pelo ambiente enquanto o chão tremia sob suas patas poderosas. O trio engoliu em seco em sincronia com o ato.
— Hoje é nosso dia de sorte, pelo visto — Larry falou, ironicamente, enquanto dava passos lentos para trás.
— Sorte? Como isso tudo pode ser considerado sorte? — Glória, apavorada, questionou. Uma vez que sua inocência a impedia de entender o que era sarcasmo.
Sem perder tempo, Cérbero irrompeu à frente, sua massa gigantesca derrubando a porta e arrancando pedaços da parede em seu caminho. Num instante, estava no corredor, suas mandíbulas sedentas por sangue abertas em busca de sua presa. Com cada cabeça apontada em uma direção diferente, ele avançou em uma caçada implacável.
— Mama mia!! — Tolkien gritou, enquanto corria em disparada corredor adentro para fugir do cão que os perseguia. Larry e Glória se juntaram a ele em sua fuga.
●▲☐●
No hall da mansão, Edward estava imerso em uma luta árdua contra o cão-mordomo da Feiticeira. Ele mantinha-se concentrado com seus movimentos defensivos com sua espada. Mesmo em meio à batalha, seus olhos periféricos capturavam breves vislumbres de Ossudo e Moria enfrentando as gárgulas com suas próprias táticas.
Ossudo parecia um toureiro habilidoso, atraindo as gárgulas com movimentos rápidos e provocadores com um pano vermelho que encontrou. As gárgulas, seduzidas por sua provocação, se aproximavam confiantes, mas logo eram confrontadas com a força implacável de Moria. Embora as gárgulas parecessem ameaçadoras em seu número, as habilidades de luta delas estavam muito aquém das expectativas do vampiro.
Num movimento ágil, Barkley habilmente desarmou o pirata com sua épée, fazendo a espada de Lemoy cair de suas mãos. A lâmina do cão estava agora perigosamente próxima da jugular do pirata, prestes a pôr fim à sua vida bandida.
— Touché — O servo da Feiticeira cantou vitória, pronto para matar o seu rival. Lemoy, todavia, ergueu as mãos como se pedisse a palavra.
— Um momento. Caso não saiba, eu sou um pirata.
Despreocupadamente Lemoy retirou um par de luvas cinzas do bolso de sua jaqueta rasgada e as colocou em suas mãos.
— E quem disse que isso é problema meu?
Lemoy sorriu travesso, agarrando-se agilmente na bandeira com o símbolo da pedra filosofal que estava ao seu lado e saltando em sua direção. Ele passou a escalar a bandeira como se estivesse subindo na vela de um navio pirata. Demonstrando sua destreza, ele girava e esticava os braços ao lado conforme subia, zombando de Barkley, que permanecia lá embaixo.
O cão de terno revirou os olhos, exausto daquela palhaçada. Em um salto audacioso, usando a lâmina de sua épée, ele cortou a parte superior da bandeira na qual Lemoy estava agarrado. Assim, o pirata começou a cair em um ângulo inclinado, pois a bandeira tinha sido cortada.
Antes que o pirata caísse, todavia, Barkley ergueu sua espada em meio ao ar e a desferiu mortalmente em direção ao seu peito direito, atravessando sua jaqueta rasgada. O cão permaneceu firme enquanto pressionava a lâmina da sua espada em seu oponente.
— Pirata!! — Moria gritou em desespero, ao vê-lo ser atingido em cheio pela espada.
Edward Lemoy, porém, sorriu audacioso. Barkley estava chocado. Enquanto os dois caíam, o pirata colocou suas mãos firmes na lâmina da espada sem medo de se cortar com o ato. Afinal, suas luvas anticorte tinham essa finalidade desde o início.
Impedindo que o cão puxasse a espada de volta, Lemoy deu uma cabeçada nele. Ambos caíram no chão, mas a espada de Barkley ficou presa com o pirata. Foi então que ambos se levantaram juntos, mas Lemoy foi mais rápido dando uma voadora em suas costelas, fazendo o cachorro cair inconsciente no chão.
Moria e Ossudo correram em direção ao Lemoy sem entenderem o que ocorreu, após terem derrotado todas as gárgulas. Foi então que o pirata retirou o livro de dentro de sua jaqueta. O livro que ele havia pegado mais cedo na mesa de centro estava com a lâmina da espada do cão-mordomo fixa a sua capa dura.
— Regina tinha razão, livros podem mesmo salvar vidas — Ele riu em deboche, retirando a lâmina da capa do livro.
— Olha o que você fez com o pobre do cachorro. Vou mandar uma carta para a condessa do instituto protetor de animais de Fantasia, Luíza Mel! — Moria demonstrou sua reprovação, pelo estado de Barkley.
— Qualquer coisa me processa — Lemoy desdenhou, pegando sua própria espada do chão e a guardando na bainha de sua cintura.
Além disso, demonstrando seu espírito pirata, se aproximou de seu rival e furtou o monóculo dourado de seu olho. Após baforar no objeto, e o limpar com a camisa branca abaixo de sua jaqueta, o guardou em seu bolso. Ele então se virou aos dois:
— Vamos procurar pôr elas.
— Sabe o que eu estava pensando? — Ossudo disse, enquanto corriam, ao se recordar do golpe que Lemoy deu em Barkley para derrotá-lo. — O que aconteceria se o Saci tentasse dar uma voadora em alguém?
●▲☐●
Sem terem encontrado a Feiticeira ou mesmo os magos no segundo andar da mansão, Regina e Bridge seguiram escadarias acima, e então passaram a inspecionar minuciosamente diversas salas no terceiro andar, em busca do paradeiro da dona da residência. Em determinado momento a jovem loira avistou uma placa vermelha pendurada na parede, chamando sua atenção. A placa apresentava uma seta apontando para frente, indicando uma possível direção a seguir.
— Esse Autor não cansa dessa bipolaridade dele?
— Não, isso não é obra dele. É obra do diabo em pessoa, em outras palavras, da Feiticeira. Ela está nos atraindo até ela. Aquela ratazana que me aguarde — Bridge disse com frieza, lhe dando as costas e seguindo as placas.
Pouco depois, avistaram outra placa, desta vez indicando que deveriam prosseguir pelo corredor à direita. Foi então que se depararam com uma terceira placa, apontando para uma porta de dupla maçaneta à sua frente. Ambas se entreolharam, já a espreitas para qualquer arapuca que a Feiticeira estivesse planejando por de trás daquela porta.
Ao adentrarem na sala de estar privativa da mansão, Regina e Bridge se deram conta da opulência e luxo que o ambiente emanava. O contraste era evidente em relação às outras alas da mansão, pois o chão era revestido de um piso branco reluzente, transmitindo uma sensação de sofisticação e elegância. As paredes também seguiam o mesmo padrão de cor branca, proporcionando uma atmosfera de pureza e luminosidade. Apesar disso, havia um enorme símbolo de transmutação desenhado no piso, que Regina não se surpreenderia se dissessem que foi desenhado com sangue. O ambiente lembrava muito a sala do trono da princesa Jasmine, que Regina havia visitado no castelo Alvarez, mas havia uma diferença marcante: esse salão em que estavam era duas vezes maior em tamanho.
Uma longa escadaria subia elegantemente até uma poltrona posicionada próxima ao fundo da sala. Atrás dessa escadaria, havia uma segunda porta dupla, porém fechada. À direita da escada, um enorme caldeirão exalava borbulhas de ácido. Já à esquerda, uma redoma de vidro anexada na parede exibia um rubi vermelho.
A Feiticeira estava inclinada junto a um poço de tijolos no canto da sala, segurando uma xícara rosada e bebendo o líquido do poço. Seu olhar surpreso foi direcionado para as duas visitantes.
— Olha só, né que conseguiram chegar até aqui? — A Feiticeira deu um sorriso bem escancarado, secando o canto da boca com os dedos e então colocando a xícara em cima da borda do poço.
— O poço da juventude? Por que o tem aqui? Você tem sangue de bruxas correndo em suas veias. Mesmo tendo abandonado a magia das trevas, sua expectativa de vida ainda seria de vários séculos — Bridge perguntou, desconfiada.
— Você não entende nada, minha camarada — Despreocupada a Feiticeira lhes deu as costas e passou a subir as escadarias em direção a sua poltrona. — Posso ter mais vários séculos de vida me esperando, mas, em contrapartida, por não ser mais uma bruxa, minha aparência real é de uma velha caquética de rugas e cabelos brancos, afinal tenho 300 anos de idade. A fonte da juventude me faz parecer jovem como eu seria se ainda fosse uma bruxa. Mas, infelizmente, ele nada mais faz do que mudar minha aparência. Para alcançar a imortalidade, essa sim almejada por mim, tenho uma outra cartada...
— Aí, começou a ladainha da vilã explicar seu plano no meio da batalha e blábláblá. Não estou a fim de escutar — Bridge ergueu sua varinha, lhe rogando uma magia oriunda dela. Um raio cinza percorreu toda a sala em direção a Feiticeira sentada na poltrona.
A Feiticeira, por sua vez, apenas sorriu enquanto avistava o raio vir em sua direção. Apenas balançou a mão para o lado direito, como se apenas estivesse afugentando uma mosca. Porém, esse simples gesto fez com que o raio que vinha em direção a si mudasse sua trajetória e colidisse com um pilar daquela sala, destruindo-o. "Então essa é a habilidade dela de mover as coisas com a mente que me falaram", pensou Regina ao presenciar o uso da telecinesia.
— Continuando — A Feiticeira prosseguiu, fazendo pouco caso das diversas magias que Bridge disparava em sua direção.
Com grande facilidade a alquimista desviava o trajeto das magias de Bridge, destruindo diversos pilares da sala em seu lugar.
— Depois de muitos anos de pesquisa, descobri como criar a pedra filosofal. O elemento capaz de me conceder a imortalidade. Apesar de ter descoberto, o processo é bem demorado. Levou anos para ficar pronta, mas agora falta bem pouco. Veja por si só.
A Feiticeira apontou para a redoma com o suposto rubi vermelho que pulsava dentro dela. Ao seu lado havia um mostrador eletrônico que indicava: "99.9%".
— Se colocar ao contrário, vira seu número favorito, minha velha "amiga" — A Feiticeira riu, fazendo Bridge ficar ainda mais fervorosa. Enquanto dava passos lentos, sua varinha balançava no ar conforme ela sibilava suas magias. Em sua outra mão carregava sua vassoura mágica.
— Parem com isso! Você duas!! — Regina interveio, se aproximando de Bridge, mas mantendo distância o suficiente para não ser acertada por acidente pela magia da bruxa. Momentaneamente Bridge suspendeu o ataque. — Feiticeira, você é livre para se tornar imortal com a pedra filosofal, não viemos nos opor a isso. Tudo o que preciso é que você, de bom grado, libere os sete magos de seus serviços. Preciso que eles me ajudem em um acordo com as bruxas.
A Feiticeira abriu um sorriso de orelha a orelha. E então ela deu uma risada. Uma doce e sonora risada. Regina também sorriu. E então ambas riram, extremamente alegres. Repentinamente, a Feiticeira fechou a expressão do rosto, como se nunca tivesse sorrido outrora. Seu semblante agora era mortal, ao ponto que Regina sentiu seus pelos se arrepiarem.
— Me recuso — A Feiticeira falou em um tom de imponência. Bridge voltou a lhe dirigir ataques, soltando raios de sua varinha em direção a Feiticeira.
Regina acreditou que as paredes daquela sala eram bem resistentes, afinal a magia de Bridge era ricocheteada, causando a destruição de diversos pilares e fazendo com que muita poeira se alastrasse pelo local; ainda assim as paredes se mantinham em pé. A vilã se sentiu na liberdade de prosseguir com a explicação de como seu plano para conseguir a imortalidade ocorreu:
— Abandonei a magia das trevas das bruxas, justamente porque conseguir a imortalidade não era possível sendo uma. Por isso me tornei uma alquimista e me mudei para essa mansão, isolada de todos, aguardando o momento em que a pedra filosofal ficaria pronta.
"Mas, até que ficasse, eu precisaria me manter segura e não morrer pelas mãos de terceiros. Por conta disso, fiz servos ao redor da região que levavam a essa montanha. Vocês foram os primeiros que derrotaram todos eles, e conseguiram chegar até aqui".
Ao ver o olhar de confusão no rosto da menina que acompanhava Bridge, a Feiticeira tratou de se explicar:
— O Abominável Homem das Neves, o Chupa-Cabra, Drake V Axelbgz e os lobisomens. Todos eles trabalhavam para mim, e todos foram derrotados por vocês.
Regina não fazia ideia de que todos eles trabalhavam para ela. Além disso, no caso do Iéti, ele mesmo quem decidiu abandonar sua vida de vilão e formar uma família com o Urso-Polar. De toda forma, a loira não viu relevância em dizer aquilo naquele momento.
— Ainda assim, só queremos a ajuda dos magos! Não viemos perturbar sua paz — Regina insistiu, acreditando que poderia convencer a alquimista a ceder, assim como fez com Bridge no passado.
— Mas que garota chata — A Feiticeira balbuciou, entediada com a voz da companheira de Bridge.
Com um gesto firme, a Feiticeira ergueu a mão diante dela, e uma poderosa flecha de luz branca materializou-se no ar. Num movimento preciso, ela balançou a mão, fazendo com que a flecha disparasse em alta velocidade em direção a Regina, deixando-a completamente chocada e imóvel diante da cena.
No entanto, antes que a flecha pudesse atingir Regina, Bridge rapidamente abaixou sua varinha e se posicionou defensivamente à sua frente, agindo como um escudo humano. O impacto da flecha atravessou seu esôfago, e ela caiu no chão com os olhos arregalados, imóvel. Uma macabra poça de sangue preto começou a se formar sob seu corpo.
— Ora, por essa eu não esperava — A Feiticeira disse, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa, porém com um sorriso diabólico no rosto. A bruxa solitária, narcisista e renegada que se recordava havia acabado de se sacrificar por uma humana diante de seus olhos.
*************************
¹ Barkley: Se trata de uma escultura de um cachorro mordomo na série Modern Family.
² Thanatos: Na mitologia grega era a personificação da morte. Aqui usado para se referenciar a Ossudo quando ele ocupava o cargo de Morte na história.
³ Dell' Elixir Vitae: É um livro real escrito pelo alquimista italiano Giovanni Francesco Pico della Mirandola em 1624. O título significa "O Elixir da Vida". É um tratado alquímico que descreve a criação de uma substância mística que supostamente poderia prolongar a vida humana indefinidamente.
⁴ Eureka: Uma expressão que significa "encontrei" ou "descobri", exclamação que ficou famosa mundialmente por Arquimedes.
⁵ Yu Mo Gui Gwai Fai Di Zao: Frase utilizada como mantra pelo personagem "Tio" no desenho animado As Aventuras de Jackie Chan. Sua tradução do cantonês seria algo como: "Espíritos malignos e fantasmas, afastem-se imediatamente".
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top