Alguém para chamar de lar - Camila Oenning (para Luisa Záquera)

Escrever sobre a Nina e o Fionn foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Não queria estragar a personalidade de nenhum deles, queria ser fiel aos personagens que a Lô criou e que eu amo... E ao mesmo tempo sentia que a história deles era muito pura pra que eu desse um rumo pra ela. Por vezes me perguntei se eles encontrariam um jeito de estar juntos ou se eles eram pessoas que haviam estado no momento certo e na hora certa — e se esse momento ainda existiria depois daqueles dias em Dublin. Fiquei brincando com as duas ideias até o momento do encontro dos dois, onde a cena se desenrolou de maneira mais fácil do que imaginei.

Feliz natal, Isa! Espero que Nina e Fionn fiquem no seu coração pra sempre.

___

Nina já havia chegado em Edimburgo há uma semana quando clicou no botão enviar do e-mail que havia escrito para Fionn. O quarto no apartamento que dividia com outra duas meninas era antigo, pequeno e abarrotado — mas ela havia dado seu jeito de colori-lo com livros, flores e fotos dos seus últimos meses no Brasil e daquela viagem à Dublin.

Foram meses interessantes, os anteriores. Ninguém parecia muito surpreso quando Nina resolvia mencionar o término com André: As reações sempre tendiam mais para aliviadas do que para qualquer outra opção, e todos pareciam saber de coisas que ela não sabia — e que mesmo agora, não lhe interessavam mais. Sair do Brasil ainda assim era um alívio — não havia melhor maneira de, literalmente, recomeçar.

Se redescobrir não era um processo fácil. Foram meses em que Nina voltou a notar tudo ao seu redor, e quando você finalmente abre os olhos depois de longos anos de olhos fechados, é difícil descobrir onde fixar o olhar.

Ela tentou de tudo que estava ao seu alcance. Fez trilha, meditação, tentou esportes e aceitou todos os convites que lhe fizeram. Ainda assim, os melhores momentos eram quando ela se trancava em seu quarto e lia, planejava e sonhava com o curso para o qual havia aplicado na Escócia. A ausência de André, ao contrário do que imaginou, não foi tão sentida: afinal, havia ele estado presente de verdade alguma vez? As mensagens dele que, pela primeira vez, se tornaram constantes nos primeiros meses haviam diminuído para nada e, alguns dias depois, alguém lhe disse que André estava apresentando uma outra garota como sua namorada. Nina sorriu quando percebeu que seu coração não havia se pronunciado sobre o assunto quando recebeu a notícia: continuava batendo em seu ritmo normal, e nenhum vazio foi sentido.

Ao contrário do planejado, decidira passar as festas de fim ano com sua família, e embarcara para a Escócia logo depois. Não foi tão amedrontador quanto imaginou. Fazer tudo sozinha era inclusive libertador. Em uma semana ali, já havia descoberto um povo simpático a lhe oferecer ajuda a cada expressão de confusão que pudesse estar tomando seu rosto.

Agora ela estava sentada em frente ao computador esperando que alguma notificação apitasse em resposta ao e-mail que havia enviado para Fionn quando Mia gritou da sala:

— Nina! Vamos nos atrasar!

Nina abaixou a tela do notebook com o e-mail que havia enviado e pegou seu casaco em mãos para encontrar com Mia e juntas irem ao pub embaixo de seu apartamento.

"Oi, Fionn!

De todos os lugares que poderia imaginar, acho que nunca havia me imaginado na Escócia — essa cidade dourada com seus tijolos antigos e cheia de pontas, que só faz me lembrar de Dublin — não que tenha algo a ver com Dublin, mas estar aqui só faz me lembrar o quanto estamos mais perto agora, e após algumas pesquisas, o quanto as passagens são baratas. Isso tem exigido um intenso autocontrole para que eu não pegue o primeiro avião e vá parar aí com vocês. Camile tem se valido de seu alto poder de persuasão para que eu o faça, mas vou esperar pelo primeiro dia de aula e entender o programa antes de tomar decisões. Uma pena o meu poder de persuasão não ser tão alto, em contrapartida — quisera que vocês estivessem comigo enquanto conheço os bares e cada ponto daqui. Vivo com duas meninas, Davina — escocesa, e... Mia — irlandesa. De Dublin. Eu sei, também dei um sorriso quando a conheci.

Mia tem sido minha principal companhia, e até vocês ficariam maravilhados com sua capacidade de beber e continuar bem. Contei um pouco sobre nós — sobre todos nós — e agora ela está ansiosa para conhecê-los e seus planos de voltar a Dublin sempre me incluem também.

Espero poder te agradecer em breve por ter tido sua participação em tudo isso, Fionn.

Com amor,

Nina."

Surpreendentemente Nina ainda lembrava de como chegar ao apartamento de Camile e Ciara. Ergueu a cabeça para encarar o edifício depois de apertar a campainha, e Mia ao seu lado não parecia tão confiante assim — não podia culpá-la, a essa altura Mia já conhecia seu horrível senso de direção.

— Tem certeza que é aqui? — perguntou Mia.

Nina apertou o casaco contra si e concordou a cabeça, esperando pela resposta no interfone. Havia mandado uma mensagem para Camile perguntando o que estava fazendo, e a amiga havia respondido que o dia estava muito frio para fazer qualquer coisa que não fosse ficar em casa assistindo filme — Nina sabia.

— Sim? — Camile finalmente atendeu.

— Ahn... — Mia foi pega de surpresa e direcionou um olhar a Nina, que sorria em animação. A garota continuou: — Correio para Camile.

— Desço em um minuto.

Mia sorriu para Irina, que se atrapalhou ao pensar em como abordar a amiga. Decidiu por se esconder atrás da parede ao lado da porta, com o sangue pulsando proporcionalmente a sua animação e uma curiosidade imensa em ver a expressão da amiga quando abrisse a porta e a visse ali.

— Olá! — Camile disse ao abrir a porta.

Mia lançou um olhar rápido para Irina.

— Olá. — ela disse em resposta tentando controlar o sorriso — Tenho um grande, grande, grande, pacote para você.

— Não sou tão grande assim. — Irina respondeu para Mia, saindo de trás da parede e ficando à visão de Camile. Levou alguns segundos até que a expressão de compreensão tomasse seu rosto e ela soltasse um grito agudo, se jogando nos braços da amiga.

— O que você está fazendo aqui? — disse ela, apertando Nina contra si enquanto as duas riam sem poder se controlar.

— Surpreeeesa! — Nina tentou cantarolar.

— E eu sabia que seu rosto não me era estranho! — Camile comentou, puxando Mia para um abraço também após as duas amigas se largarem. — E não estava esperando por pacote nenhum, mas muito menos por Irina, que me enrola desde que voltou para a Europa. Que bom ver vocês! Vem, vamos entrar. Estou congelando.

— Mia chegou com as passagens compradas essa semana, avisando que passaríamos o feriado de St. Patrick's em Dublin. Não tive muita escolha. — Nina comentou enquanto entravam no apartamento.

— Isso é genial! Vocês vão ficar até St. Patrick's? Eu já gosto de você, Mia. — respondeu Camile.

— Irina me contou sobre a festa que vocês fizeram para ela com a temática de St. Patrick's. Aquilo sim, foi genial! Comecei a gostar de você desde que Nina me contou.

As duas trocaram sorrisos e deixaram seus casacos atrás da porta para se sentarem no sofá.

— E Ciara? — Nina perguntou.

— Ah, você conhece a Ciara. Eu não faço a mínima ideia. Quem mais sabe que você veio?

Nina balançou a cabeça em negativa.

— Ninguém. Eu mesma só soube há três dias atrás.

— E você conseguiu a convencer com uma antecedência de três dias? Justo a Nina? — Camile perguntou a Mia, parecendo impressionada.

— É. Mia arruinou meus planos de ficar trancada no meu quarto lendo e sozinha enquanto Davina entra e sai do nosso apartamento sem dizer uma palavra.

— Ela é tão ruim assim? — Camile perguntou.

— Tem sido uma semana ruim, mas ela tem alguns raros dias bons. — Mia respondeu, sorrindo.

A sala ficou em silêncio por alguns segundos, nem Camile nem Irina acreditando que estavam juntas outra vez.

— E Fionn? — Camile quebrou o silêncio.

Nina se retraiu, mordendo o lábio inferior e controlando um sorriso.

— Espero que bem.

— Ah, qual é! Você não o avisou também? Meses se passaram e ainda vejo as pupilas dele se dilatarem todas as vezes em que menciono seu nome.

Nina semicerrou os olhos em direção a Camile.

— Você não vê as pupilas dele se dilatarem.

— Eu sinto as pupilas dele se dilatarem, tá bom? — Camile riu, tirando o celular do bolso — Vou convocar um encontro pra essa noite no Temple Bar.

— Não fala que estou aqui! — Nina se precipitou.

— E perder a expressão de surpresa de todo mundo? Jamais.

Camile e Mia acharam melhor se atrasarem para a reunião com os amigos, assim conseguiriam surpreender todos de uma só vez. Nina estava ansiosa e animada em rever todos, e esperou sentada com os pés batucando inquietos contra o piso enquanto Mia e Camile se conheciam melhor.

Saíram do apartamento com quarenta minutos de atraso e com mensagens incessantes dos outros a Camile perguntando onde ela estava. Quando as três entraram pela porta e a primeira cabeça, a de Aydan, se virou para encarar o trio que chegava, seus olhos se contraíram sem acreditar no que estava enxergando.

— Nina! — ele gritou, batendo a palma da mão contra a mesa e deixando o resto de seus companheiros em silêncio.

— Nina! — Lucjan repetiu, desistindo de beber do copo que já estava a meio caminho da boca e abrindo um sorriso em direção à garota.

— Onde arrumo um desses? — Nina apontou para um dos copos em cima da mesa, como se sempre estivesse estado ali e ignorando as expressões maravilhadas de seus amigos em sua direção, se deixando rir logo depois.

Um por um dos que estavam na mesa se aproximaram da garota e a abraçaram com ternura soltando frases de surpresa a cada novo toque. A uma certa altura, Nina procurou por Fionn por cima dos ombros dos amigos, mas não havia nenhum resquício dele ali, nem ao menos um copo de cerveja sobrando esperando por alguém que estivesse ausente. Naquele momento, mais de quarenta minutos de atraso haviam se passado, e Fionn não era de se atrasar, Nina sabia disso. Por sorte, no fim do abraço com Tim, Camile perguntou, tão ansiosa quanto a própria Nina:

— Onde está Fionn?

— Oh. — Lucjan soltou, deixando uma expressão de pesar tomar seu rosto — Ele obviamente não sabia que Nina estaria aqui, decidiu ficar em casa terminando sei lá o quê. Eu devo ligar? Eu posso ligar.

Nina balançou a cabeça em negativa, procurando pelos olhos de Camile e de Mia para opinarem sobre o que ela deveria fazer. As duas a encararam, esperando por sua decisão.

— Podemos tentar amanhã outra vez.

— Nem pensar! — os três — Camile, Mia e Lucjan — soltaram de uma só vez.

— Terminamos nossos copos e vamos todos lá para casa. — Lucjan ofereceu como solução, e Nina sorriu.

Ela aceitou o copo de cerveja que Tim ofereceu como cortesia, mas nunca bebeu cerveja com tanta rapidez como naquela noite.

Após Lucjan abrir a porta da sala e abrir espaço para que Nina entrasse também. Todos estavam ansiosos pra saber como as coisas se desenrolariam. Nem Nina e nem Fionn, nenhum dos dois chegou a falar sobre algo propriamente, mas todos sabiam. A cumplicidade entre os dois naqueles dias de setembro e outubro não havia passado despercebida por nenhum deles e, frequentemente, eram o assunto do grupo quando os dois resolviam desaparecer do nada e voltar apenas horas depois.

Sabiam da pureza e da personalidade taciturna de Fionn. E Nina também era fácil de ler. Quem via de fora sabia melhor do que eles mesmos o quanto necessitavam um do outro.

Nina deixou todos em silêncio na sala e caminhou até a porta do quarto de Fionn, escutando seus pés pressionarem a madeira fazendo-a ranger um pouquinho. Ela abriu uma fresta da porta e pode ver o perfil de Fionn concentrado com os fones de ouvido rodando sua cabeça, seu semblante iluminado pela luz que irradiava do computador. Sentiu suas mãos tremerem quando tentou bater com os nós dos dedos na folha de madeira da porta, mas ele nem ao menos se mexeu.

— Fionn? — ela tentou uma vez.

Ele mal escutou, mas retirou o fone de ouvido com calma para finalmente virar a cadeira em direção a porta e ver quem o chamava.

Não esperava vê-la ali e por tempo demais se perguntou se havia dormido enquanto terminava o vídeo ao qual estava assistindo.

— Oi! — ela exclamou com um sorriso sem jeito ao perceber que ele não falaria nada.

— Oi. — ele respondeu, sem saber como ir além.

Eles se encararam, meios sorrisos partilhando daquele momento e vivendo a sensação de estarem finalmente em frente um ao outro outra vez antes de Fionn se levantar e andar até Nina.

— Você está aqui. — a voz de Fionn era apenas um sussurro desacreditado, misturado com um riso sem fôlego enquanto erguia a mão para encostar os nós dos dedos na bochecha de Nina que, por sua vez, segurou sua mão, pressionando-a contra seu rosto para então segurá-la na altura de seu peito.

— Você também está aqui. — ela repetiu, rindo da obviedade da sua frase.

Fionn encurtou o último passo até ela e lentamente rondou sua cintura com seus braços. Ele encostou a boca na testa de Nina, sentindo o cheiro de seus cabelos que exalavam a coco, enquanto ela, parada, ficou sentindo a doçura de seu toque com um sorriso no rosto, próxima ao seu pescoço, também sentindo seu perfume. Podiam ter imaginado aquele momento um milhão de vezes, nada se comparava a estarem ali sendo quem eram, finalmente, nos braços um do outro.

— Você não apareceu no Temple Bar. — ela acusou, rindo — Tive que trazer a surpresa até sua casa.

— Não esperava que você estivesse lá. Nem aqui. — ele balançou a cabeça, apontando em direção a sala, onde imaginou que todos seus amigos deveriam estar — Eles sabiam que você estaria aqui?

— Não! — Nina exclamou — Foi uma surpresa até para a Camile. Não avisei absolutamente ninguém. Na verdade fiquei sabendo há três dias atrás, foi a Mia quem comprou as passagens sem me avisar. Vem! — disse ela, puxando-o pela mão em direção a porta — Você precisa conhecê-la.

Fionn se precipitou em direção a porta e a fechou antes que Nina saísse, ficando de frente para a garota e a encostando contra a folha de madeira. Não a deixaria sair daquele quarto sem que ele conseguisse fazer o que havia planejado por meses.

Fionn subiu as mãos até o pescoço da garota, e encostou seus lábios nos dela. Sentiu o sorriso em seus lábios, mas não abriu os olhos, por mais que fosse adorar vê-la sorrir. Seus lábios abriam um ao outro, enquanto ele sentia as mãos da garota se emaranharem em seus cabelos macios. Meses, e nenhum dos dois havia se envolvido com outra pessoa, com medo de que a lembrança um do outro desaparecesse e que o toque deixasse de ser tão real — e ali, tudo valia a pena e fazia sentido.

Dedos pesados bateram contra a porta e a voz de Camile ecoando no apartamento inteiro fez com que os dois se separassem:

— Devolve minha melhor amiga, Fionn! Preciso acordar cedo amanhã.

Os dois riram, os dedos de Nina apoiados no maxilar de Fionn, encostando sua testa em seu queixo logo depois.

— Talvez eu devesse ir lá liberá-la para voltar pra casa.

— E você vai dormir aqui? — disse ele, entrelaçando os dedos nos dela e se apoiando na parede.

— Meu lugar ainda está disponível? — ela brincou, indicando o colchão no chão com a cabeça.

Ele sorriu, concordando com a cabeça. Nina alcançou sua boca uma ultima vez e abriu a porta.

— Oi. — disse ela em português, sorrindo para Camile que esperava à porta do quarto. — Talvez eu devesse ficar por aqui essa noite.

Camile deitou a cabeça para trás.

— Você vai me trocar pelo Fionn?

Nina sorriu, alcançando a mão de Camile para tentar convencê-la.

— Só essa noite, tá bem?

— Fui trocada por uma noite de sexo. — Camile reclamou.

— Se tudo correr conforme meus planos... — Nina respondeu, fazendo piada. — Eu só preciso ficar com ele essa noite. Por favor?

Camile revirou os olhos mas acabou com um sorriso, abraçando a amiga.

— Eu estou até orgulhosa, na verdade.

— Ótimo. Já vamos até a sala falar com o resto do pessoal.

Nina fechou a porta mais uma vez, para encarar Fionn com um meio sorriso na boca. Ela começou a falar, mas ele se precipitou, achando graça.

— Acho que eu deveria te avisar agora que andei estudando português esses últimos meses.

Nina perdeu o sorriso do rosto e arregalou os olhos.

— Como é?

Fionn juntou as sobrancelhas, sabendo que agora Nina estava repassando todo o diálogo com Camile na cabeça, e riu ao vê-la enrubescer.

— Você sabe o quanto eu gosto de idiomas... — ele riu, coçando a cabeça e ficando sem graça juntamente com Nina — Não tinha tido um bom motivo para aprender português ainda, mas aí você apareceu e...

— Quanto você entendeu? — Nina perguntou.

— Eu não consigo falar quase nada, mas eu já consigo entender algumas coisas.

— Ah, meu Deus. — disse ela, escondendo o rosto entre as mãos e começando a rir. — Eu deveria ter imaginado! Eu sou uma estúpida. Me desculpa, Fionn! Éramos apenas duas amigas conversando sobre...

— Calma. — disse ele, puxando-a pelo dedo até sua frente — Eu gostei dos seus planos. — ele a acalmou com um sorriso. — São os mesmos que os meus.

— Onde está o meu chapéu verde? — Nina gritou em meio à multidão de pessoas, segurando uma caneca de cerveja no frio de março em Dublin.

Era como uma grande festa de carnaval, com todos ao seu redor vestidos em verde. Nina já havia bebido mais do que estava acostumada e quase não sentia mais frio. Fionn grudou os lábios gelados nos dela, e arrumou o chapéu de Leprechaum que estava pendurado em seu pescoço pela fita em sua cabeça outra vez, achando graça.

Nina riu, virando-se para o resto do grupo enquanto dava pequenos saltos de acordo com a batida da música que soava por todos os cantos. Era o último dia de St. Patrick's, e no dia seguinte ela voltaria a Edimburgo.

Camile enganchou o braço no dela e as duas dançaram juntas por um tempo, com Tim e Fionn encarando-as com sorrisos no rosto. Quando pararam, quase sem fôlego e voltaram para os dois, Camile perguntou aos gritos:

— E agora?

Nina encolheu os ombros, sabendo do que a amiga falava.

— Agora é a vez de vocês virem a Edimburgo.

Camile ergueu as sobrancelhas em direção a Fionn.

— Estou livre do dia 15 ao dia 20 de abril.

Fionn retornou o olhar de Camile.

— Eu já viajo amanhã com ela. Mas posso pensar em voltar no dia 15.

Camile deixou que seu olhar vagasse do rosto de Nina ao de Fionn algumas vezes.

— Ele vai com você amanhã? O que isso significa? — a amiga perguntou em português e Nina riu, sabendo que aquela tática era inútil agora..

Irina ergueu as sobrancelhas sugestivamente.

— Vocês já são um casal? — Camile perguntou, a voz mais aguda que o normal.

Nina e Fionn riram juntos mas não responderam. Não haviam conversado sobre o assunto e não sentiam como se precisassem conversar. Fionn era a casa de Nina no momento, e ela sabia que ela era finalmente um bom lar para ele também. Àquilo bastava. Camile balançou a cabeça em julgamento e com um sorriso escondido por trás do copo de cerveja, tentou lembrar de quanto tempo fazia desde a última vez que vira a amiga tão feliz, leve e livre como naquele momento.

Provavelmente era a primeira vez.

Com sorte, não haveria uma última.

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