UMA CONVERSA SERIA

Sentiram saudades? Já voltei. 


Capítulo 11 — Uma conversa seria

— Como tá se sentindo? — Yoongi questionou preocupado, enquanto ajudava Jimin a descarregar a caminhonete com alguns objetos seus.

— De uma forma geral, não poderia estar mais feliz. — Respondeu baixo, com medo que Jungkook, ou Taehyung, que também ajudavam na mudança, ouvissem alguma coisa. — Mas a sensação é tão intensa e forte, que sinto que posso morrer longe dele.

— Eu não sei se fico surpreso com isso. — Yoongi murmurou baixo e confuso. — Na verdade, chego a me sentir estupido por não ter cogitado isso antes.

— Pra ser sincero, eu também. — Jimin resmungou sentido. — Se soubesse antes, provavelmente estaria minimamente preparado, mas agora me sinto falho. Sinto toda a necessidade dele, todas as suas vontades, mas Jungkook não me deixa chegar perto o suficiente, porque não quer correr o risco de me obrigar a algo.

— O que provavelmente aconteceria. — Yoongi afirmou.

O que provavelmente aconteceria. — Jimin concordou. — Eu o beijei antes mesmo de perceber que estava o beijando. E teria feito mais se ele tivesse permitido.

— Parece complicado. — Suspirou e se assustou ao ouvir uma caixa bater ao seu lado.

— O que é complicado? — Hoseok perguntou para o namorado.

— Coisas de bruxo, amor. — Yoongi respondeu com um sorriso, mas o humano bufou.

— É claro. Tudo é sempre tão complicado para vocês. — Reclamou. — Servos predestinados. Rituais e cerimônias grandiosas e ter que ouvir aquelas velhas insuportáveis dando pitaco para todos os lados.

— Hobi. — Jimin o repreendeu, rindo pela fala do humano, porque, era verdade e estava feliz de não depender mais das bruxas do coven.

— Se quer saber, deveria falar com Jungkook. — O humano continuou. — Falar de verdade. E explicar a situação. Jungkook gosta de você e você gosta dele.

— Não é tão fácil assim, amor.

— Yoongi, eu tava em uma cafeteria quando você me parou e se autoproclamou o "amor da minha vida"

— Seu nome está na minha maçã. Esperei por você a vida toda, Jung Hoseok. É diferente. — Protestou. — A relação de um mestre e familiar não é sexual.

— Porque familiares não são humanos, mas Jimin é. Então ele tem direito de se sentir atraído sexualmente e romanticamente, por quem ele quiser.

— Nunca foi assim. — Jimin murmurou triste. — No coven, sempre que eu mostrava qualquer mínimo sinal de atração ou afeto por alguém, eles me repreendiam duramente.

— Espera, isso é sério? — Perguntou incrédulo para o namorado que concordou. — Jungkook sabe disso?

— Eu não sei. Tentavam esconder a maior parte das coisas dele, com medo de que ele me achasse falho. Minha lealdade sempre era questionada, porque humanos não são conhecidos por sua fidelidade, não como animais são. — Disse pensativo. — Se Jungkook desconfiasse que eu tinha sentimentos tão banais quanto aqueles, ele poderia duvidar da minha competência.

— O que é bobagem. Jungkook nunca questionaria algo assim. — Afirmou Yoongi mau humorado. Odiava ter que ficar a favor de Jungkook. — Odeio admitir, mas o motivo dele era bom. — Jimin concordou com a cabeça, mesmo que aquilo não fosse o suficiente para se afastar de Jungkook, conseguia entender seus motivos.

— Vou falar com ele depois do jantar. — Afirmou com confiança pegando mais uma das caixas para levar para dentro.

//~//

— Não é o fim do mundo. — Taehyung insistiu, vendo o primo organizar as coisas do familiar em seu quarto.

— Certo. Imagine dividir não só a casa, mas o quarto com alguém que você amou a vida toda, alguém que não te corresponde, mas que no momento não consegue se conter. — Explicou. — E depois me diga se é ou não o fim do mundo.

— Você não pode mantê-lo em outro quarto. — Taehyung afirmou, vendo como aquilo era complicado para seu primo. — Jimin ficará ansioso longe de você nos primeiros dias. Eu mal conseguia sair de casa sem Bessy me seguir.

— Eu sei. Ficarei por perto. E darei todo o apoio que ele precisar, o que não quer dizer que não será difícil.

— Você deveria conversar com ele.

— Eu conversei com ele. — Jungkook afirmou, mas Taehyung negou.

— Não. Você só justificou seus sentimentos e se desculpou por eles. Você nem mesmo se declarou apropriadamente. Qual é? Você passou anos apaixonado e quando finalmente acontece, é só um "sinto muito por gostar de você"?

— Bem, eu não...

— Converse com ele. Jimin deve estar confuso, naquele momento ele deve ter ficado com medo, mas agora ele está tendo tempo para pensar. Organizar a mente e entender o que você sente. Converse com ele.

— Você consegue ser tão irritante às vezes. —Afirmou para o primo, que negou rindo.

— Você não seria nada sem mim.

— Tão confiante. — Brincou provocando o primo.

E durante todo o jantar, riu e brincou. Conheceu um pouco mais de Yoongi, que relutantemente abaixava as armas, e viu um lado mais tranquilo e relaxado de Jimin.

Ficou feliz em ver que apesar de todas as tentativas do Coven, Jimin mantinha uma amizade saudável.

E quando Yoongi e Hoseok foram embora e Taehyung se trancou no quarto de visitas, Jeon percebeu que talvez aquela fosse a hora da conversa.

Tomou um banho longo, e arrumou a cama enquanto Jimin tomava banho. O familiar não possuía muitas coisas, e tudo coube de forma prática em seu quarto.

Teria que comprar outra cama no dia seguinte. Uma de solteiro, ou talvez de viúva, que era um pouco maior. O quarto ficaria apertado, mas não seria para sempre. Tinha certeza que quando Jimin se acostumasse iria querer ter um quarto só seu novamente.

Sentiu um arrepiou ao ouvir a porta do banheiro se abrindo. O cheiro doce e limpo, refrescante invadiu o quarto e Jungkook sentiu seu pau pulsar com a ideia, mas fez seu melhor para se conter, respirou fundo, se virou de costas e tentou parecer distraído com algo em seu armário, mas tremeu ao sentir as mãos do familiar em seus ombros, os apertando.

— Ji...

— Precisamos conversar. — Afirmou com a voz mole, deslizando as mãos pelo tronco do bruxo, o abraçando.

— Precisamos. — Jungkook concordou, descendo o olhar para a mão de Jimin, que agora acariciava seu estômago, o arrepiando. — Eu realmente preciso falar com você. — Jimin deslizou para a frente, sem tirar as mãos do seu mestre, rodando seu corpo até conseguir olhar em seus olhos. — Deus, isso é tão difícil.

Jimin sorriu, observando de perto os sinais que Jungkook transmitia, olhos se fechando, respiração ofegante, mãos trêmulas. O desejo aumentava a cada segundo, sentia em suas veias, queimando como fogo.

— Precisamos de um pouco de distância.

— Não. — Negou Jimin, sem se soltar do bruxo. — Fale o que tem para falar.

— Certo. — Jungkook concordou engolindo em seco. — Eu... eu gosto de você. — Afirmou com a voz trêmula, nervoso por finalmente falar aquilo, e assistiu com devoção Jimin sorrir com ternura.

— Eu sei. — Afirmou se aproximando ainda mais, envolvendo um dos braços ao redor do pescoço do bruxo, tentando o puxar contra seu corpo.

— Não. — Negou, virando o rosto, sentindo os lábios do familiar em seu rosto. — Não faça isso. Não torne mais difícil.

— Você continua dizendo não, mas está mentindo.

— Não é mentira. Eu gosto de você e não estou falando isso para você fazer algo sobre, mas sim porque queria ter te falado. — Suspirou, sentindo a respiração do familiar contra sua pele. — Você sentiu meus sentimentos e ficou assustado, o que é normal, mas eu queria ter falado, então talvez eu devesse me explicar.

— Talvez devesse. — Concordou, roçando os lábios em seu rosto.

— Gosto de você há muito tempo. Sempre gostei. — Admitiu bambo. — Tentei ver você só como um amigo e até mesmo como um familiar, mas sempre acabava te amando mais do que o indicado. — Jimin lhe abraçou, afundando o rosto em sua garganta. — Eu me recusei a te invocar por motivos que são óbvios agora, mas não quero que isso fique entre nós. — Suspirou, afundando suas mãos nas costas do familiar. — Eu te amo, como homem, mesmo que isso não seja recíproco. — Jimin suspirou, se afastando para olhá-lo nos olhos.

— E esse é o meu ponto. — O familiar pontuou, empurrando-o de leve até a cama, e quando Jungkook se sentou, Jimin se sentou em seu colo. — Não é recíproco? — Questionou confuso.

— Jih, esse tipo de aproximação é... — Resmungou Jungkook, perdido com onde tocar e onde segurar.

— Eu acho que tenho que te contar algumas coisas também. — Aquilo chamou a atenção do bruxo, que imediatamente o encarou, o circulando pelas costas. — Quando eu era mais novo, eu... — Hesitou. — O coven era duro comigo em alguns momentos.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que sempre que mostrava falhas ou fraquezas eles me colocavam no lugar. — Jimin viu confusão no seu rosto, e suspirando achou melhor ser mais claro. — Eu deveria ter procurado a sua avó, mas fiquei com vergonha e muito medo de que o que eu estava sentindo fosse realmente errado. — Jimin sentiu os olhos transbordando, e segurou mais firme em Jungkook, como se ele fosse seu único alicerce. — Mas antes de falar qualquer coisa, quero que saiba que eu te amo e que jamais seria capaz de...

— Se acalma, você tá tremendo.

— Eu só não quero que pense que não sou confiável.

— Eu jamais ia pensar isso, Jih. — foi sincero. — Eu nunca questionaria algo assim, independente do que seja, do que você tenha feito ou do que vai fazer. — Jimin concordou, tímido, inseguro.

— Quando eu era mais novo, eu não tinha ninguém para me explicar certas coisas. Todos me diziam que existiam coisas que não cabiam a mim, então eu fiquei confuso quando certas mudanças começaram a acontecer. — Respirou fundo. — Eu deveria ter perguntado a sua avó, mas acabei perguntando para a Senhora Nofth.

— A falecida Adella Nofth? — Jungkook questionou confuso. A bruxa havia morrido uns anos atrás, mas se lembrava dela, uma mulher severa e com disciplina impecável, era professora de biologia e era conhecida por sua rigidez.

— Pensei que por conhecer a natureza, ela fosse saber o que estava acontecendo comigo. — Confirmou Jimin. — Mas ela me repreendeu. Me deu um cascudo e me mandou pro quarto sem jantar. Disse que eu deveria pedir perdão por ter pensamentos impuros e que se continuasse daquela forma, nunca seria um familiar decente para você e a profecia nunca se realizaria. — Jimin ofegou, desviando o olhar para o peito do bruxo, que subia e descia em respirações pesadas. — Depois disso, sempre que ela suspeitava de algo, me castigava.

— Eu não posso acreditar nisso. — Disse com revolta. — Porque nunca fiquei sabendo disso?

— Todos queriam esconder de você minhas falhas.

— Isso não é uma falha.

— Quando se é um familiar, é. — Rebateu Jimin, suspirando ao ver o olhar triste. — Não estou falando isso para que se irrite. Apenas quero explicar que nunca me foi permitido sentir atração, nem mesmo por você. — Jungkook suspirou, frustrado. — A verdade é que não sei se sinto atração por você. Sempre achei que o que me atraia em você era sua energia, assim como você era atraído pela minha.

— Mas... naquele dia...

— Naquele dia. — Interrompeu Jungkook, ciente de qual dia ele se referia. — Ficamos próximos demais, minha mente tava confusa pela cidra e pensei que sua energia havia me envolvido. E só entrei na banheira porque queria provar pra mim mesmo que não estava preso a você e ao que eu queria, mas eu estava, porque assim que você me viu, tudo o que consegui pensar era em me vingar. Em mostrar para você que depois de você ter me recusado, eu estava vivendo a minha vida, mas era tudo por você. E me senti tão culpado depois. Você tentou se afastar e não voltou a frequentar o Coven. Me culpei por isso. Pensei que fosse por minha causa. — Suspirou. — Você fingiu que não tinha acontecido, e eu tentava puxar o assunto da cidra na esperança de descobrir o que você pensava sobre. Pensei que se me negasse a bebida, você seria contra minhas atitudes, mas você nunca me negava.

— Você fica obsceno quando bebe e eu adoro quando você se sente relaxado. — Afirmou e sentiu Jimin respondendo às suas vontades, relaxando sob seu colo. — Tão lindo. — Afirmou acariciando seu rosto.

— Quero que me ensine.

— A relaxar? — perguntou confuso.

— A sentir prazer. Quero que me ensine a sentir prazer de verdade. 



| FAMILIAR |

Qual o seu familiar?

A minha é a cachorra. Uma dondoca raivosa e temperamental, que ataca todos aqueles que me irritam. Uma gracinha, meu monstinho incompreendido.

O nome dela é Rubby, e eu acho que ela é a forma fisica dos meus pensamentos intrusivos.

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