O TEMPO
Fique tãoo feliz com a animação de todos.
Comentem bastante porque logo logo eu to de volta com mais
Capítulo 2 — O TEMPO
Jungkook engarrafava mais uma garrafa de cidra enquanto observava o tempo pela janela. Já era fim de tarde, a chuva caia forte há horas, e Jimin ainda não havia chego como o prometido.
Tentava evitar o pensamento, mas no fundo estava preocupado com o familiar. Ele nunca faltava a compromissos, na verdade, quando o assunto era Jungkook, era mais provável que o menino acampasse em sua porta para não perder o horário.
E a chuva, era claramente um mal presságio.
O vento do lado de fora soprou mais forte e os sinos do vento balançaram ao mesmo tempo em que batidas constantes e desesperadas ecoavam pela casa. Não eram delicadas ou suaves como de costume, e os animais nem mesmo haviam tido tempo de se esconderem, e isso ficou claro ao ver os gatos na varanda, observando o menino encharcado na porta.
— Jimin...
— Eu tentei chegar a tempo. Tentei mesmo. — Dizia em um tom angustiado no meio do choro sentido. — O Coven me chamou de manhã e eles não paravam de falar, e eu queria estar aqui, mas eles não me deixavam vir. Então começou a chover e eu não consigo fazer parar, mas eu queria ter vindo, queria ter te ajudado. Queria mesmo, Jun. De verdade. Eu...
— Tá tudo bem. — Disse assustado ao ver o familiar beber o fôlego no meio do desespero.
— Não tá. Você tava me esperando e eu estraguei tudo. — Negou em meio ao choro. E ver Jimin chorar era mais do que Jungkook conseguia suportar.
— Vamos entrar, Ji. Você tá tremendo. — Insistiu, tentando guiar Jimin para dentro, mas o menino ainda resmungava um mantra desesperado.
— Eu queria mesmo ter ido com você.
— Eu não fui. — Admitiu Jungkook, fechando a porta com delicadeza para não assustar os gatos, que se protegiam da chuva em sua varanda. — Não iria sem você, de qualquer forma, e aproveitei o tempo para fazer sua cidra enquanto você não chegava.
— Eu sinto muito.
— Não sinta. Podemos ir amanhã. — O acalmou, aumentando o fogo das velas e acendendo a lareira em um movimento de mão. Tentando manter o menino quente. — Vou buscar alguma coisa quente para você. — Avisou, deixando Jimin sozinho no meio de sua sala.
Subiu as escadas para o andar de cima, e se perguntou "que droga estava fazendo" enquanto procurava uma roupa confortável para o familiar.
Não deveria ter dado esperanças para ele, Jimin havia encarado seu pedido de ajuda, como um teste, e agora acreditava ter falhado. Não deveria ter cedido, não deveria ter se aproximado.
Agora Jimin estava chorando e tremendo, magoado e sentido, com algo que nem mesmo merecia sua atenção. Jungkook se odiava por isso. Se odiava por todas as vezes que Jimin havia chorado por ele, e por todas que ainda choraria.
Sem perder tempo se culpando pelos erros do passado, desceu as escadas com uma toalha, uma calça moletom e suéteres quentes. E sentiu seu coração apertado ao ver a forma como o familiar encarava o gato na sua sala.
Jimin ainda tremia, em pé, no meio do ambiente, como se não o reconhecesse e o gato, em cima do sofá, devolvia seu olhar como um desafio silencioso.
— Aqui. É o mais quente que eu tenho. — Afirmou tentando chamar sua atenção. Jimin aceitou em silêncio, se secando como podia. — Vou buscar uma bebida quente. — Avisou, como uma desculpa para sair e deixá-lo a sós para se trocar.
Colocou uma caneca de chá ferver, e procurou pela torta que havia feito pela tarde, para esquentá-la para o familiar. Sua cozinha estava uma bagunça, havia cozinhado para tentar aliviar o estresse. Havia feito cidra de maçã, torta de frango e torrado sementes de abóbora. Agora sua cozinha parecia uma zona de guerra.
— Ele tem te seguido para todo canto? — Jeon se assustou com a voz de Jimin, e só entendeu a pergunta ao ver o gato na cozinha.
— Na verdade, ele só sai do quarto quando você está aqui. — Respondeu com sinceridade. — Acho que ele gosta de você.
— Ele tá dormindo no seu quarto? — Jimin questionou chocado, ignorando o absurdo que Jeon havia dito.
— Não. Bem, sim, mas não comigo. — Negou desesperado. — Ele dorme em cima do armário. Nem mesmo vejo ele.
— É claro. — Murmurou baixo, se afundando dentro das roupas largas do Bruxo.
— Ele é do Taehyung. Não está tentando ser meu familiar. — Afirmou novamente. — Senta aí, estou fazendo chá para você. — Jimin obedeceu, se movendo de forma lenta até a cadeira, enquanto observava ao redor.
Já havia ido a casa de Jungkook várias vezes, mas poucas eram as vezes que era convidado para entrar, e menor ainda as que passava da sala de estar. Quando Anastasia, a avó de Jungkook, era viva, ela sempre o convidava para chás da tarde com bolinhos de mirtilo, mas depois que morreu e Jungkook passou a ser o proprietário, Jimin não voltou a ser convidado a voltar.
— Esse lugar continua igual. — Comentou com ternura na voz, observando os temperos espalhados pelos armários de madeira, e a confusão que a bancada estava.
— Não tive coragem de mudar. — Comentou enquanto regulava o forno com a torta. — Era o lugar favorito dela na casa. — Um silêncio gostoso e calmo se instalou no ambiente, algo como compreensão mútua, e a chuva do lado de fora, agora era como uma garoa persistente.
— Passou o dia todo fazendo cidra? — Perguntou ao ver as garrafas no balcão.
— Sim. Você disse que queria e eu não teria tempo mais para frente. No final foi bom ter adiado a ida a cidade. — Comentou com um tom tranquilo, tentando tranquilizá-lo, mas Jimin ainda parecia magoado consigo mesmo.
— Sinto muito por todo o trabalho. — Pediu novamente, envergonhado. — Mas você sabe, eu realmente gosto da sua cidra. — Jeon sentiu suas bochechas vermelhas, com as lembranças que tinha.
Jeon realmente sabia do quanto Jimin gostava da cidra, sabia até mais do que se era decente saber, e era tentador não fazer a bebida o ano inteiro, só para ver o quão indecente Jimin podia ficar após alguns goles da bebida fermentada.
— Ficará pronta em alguns dias. — Afirmou, desligando o chá, e o servindo em uma xícara bonita.
— Mal vejo a hora. — Admitiu com as bochechas igualmente vermelhas, enquanto aceitava a xícara das mãos bonitas do bruxo. — Eu... quero ir com você amanhã. — Repetiu, e mesmo estranhando Jeon sorriu, se sentando ao seu lado.
— Nós vamos. — Repetiu confuso, porque tinha certeza de que aquilo já havia sido resolvido.
— Tenho medo de que se voltar para o templo, me impeçam de sair novamente. — Seu olhar era triste e opaco, algo raro de se ver. Jimin sempre fazia de tudo para se manter positivo. Jeon se lembrava de quando eram mais novos, Jimin costumava ser como um raio de sol no verão.
— Porque o Coven te chamou? — Perguntou curioso.
Não era novidade o Coven se meter demais, eram como uma família, muito unidos e muito intrometidos, mas Jeon sabia que no fundo, aquela era a forma deles de demonstrar amor.
Depois que sua avó morreu, Jeon acabou sozinho, com o legado da família e um primo que viajava demais. Todos foram solidários e fizeram o melhor que podiam para ajudá-lo e ampará-lo, mas às vezes, Jeon desejava que eles se metessem menos.
Se lembrava de cada reunião e evento, onde todos o olhavam com admiração, mesmo que não tivesse feito nada demais, mesmo que tudo o que tivesse fosse uma profecia vazia e uma promessa de grandeza.
Se lembrava do empenho que todos tinham em preparar Jimin, em jogar o familiar para cima de Jeon, como um objeto sem valor dado a uma criança que não merecia.
Jimin não era um objeto, não era um cachorrinho em uma coleira e nem um gato em uma caixa. Não podia ser dado a alguém, e Jeon gostaria que as coisas tivessem sido mais naturais, e menos forjadas. Mais verdadeiras.
Com o passar do tempo, Jimin parecia desesperado pela sua atenção, pelo seu afeto, mas Jeon sabia que aquilo era mais sobre a profecia do que sobre eles.
— Eu... — Jimin parecia angustiado, desconfortável. — Eles queriam conversar. Os Park's... bem, as coisas não estão no melhor momento entre nós.
— Você voltou a morar com eles? — Jeon perguntou confuso com a menção dos pais de Jimin.
Aos 3 anos, quando Jimin não mostrou sinais de Bruxaria, seus pais ficaram apavorados com a ideia do filho ser comum, mas aos 5 quando o tempo mudou ao seu redor e a energia do menino vibrava, quando as cartas mostraram o futuro do pequeno Park, quando seu futuro foi costurado no de Jeon, e se revelou um familiar, a família teve que abrir mão da guarda do menino.
O Coven assumiu a criação do familiar humano, o qual ninguém sabia ao certo como tratar. Seus pais ainda tinham contato com ele, mas não eram uma família, Jimin não poderia ter ninguém, sua lealdade e seu amor pertenciam a seu bruxo, seu dono e mestre. Não poderia ter seu afeto dividido entre mais pessoas. Era criado pela sociedade Bruxa.
Vivia com todos, e com ninguém.
Ajudava aqueles que precisavam, na espera de um dia, pertencer a algum lugar.
— Não. — Murmurou com um tom neutro, como se não ligasse tanto para aquilo, enquanto tomava alguns goles de chá. — Mas temos brigado muito nos últimos tempos.
— Sinto muito. — Sussurrou, porque sabia que aquilo era sua culpa, e que continuaria sendo.
— Tudo bem. — Jimin respondeu, sorrindo triste. — Não é sua culpa. Você não pediu por nada disso.
— Você também não.
— É, eu também não. — Admitiu depois de tomar os últimos goles da xícara, e como se fosse inevitável, olhou para a borra do chá, vendo a previsão que as folhas lhe davam. A mesma que sempre haviam lhe dado. — Posso ficar aqui?
— O que? — Jeon perguntou confuso e assustado com o pedido repentino e ousado do familiar.
— Só essa noite? — Acrescentou com medo de que seu pedido fosse negado. — Para garantir que estarei aqui amanhã.
— Eu... eu não sei, eu... — Jeon gaguejou, a ideia de ter Jimin na mesma casa era tentadora, mas Jeon sabia que aquilo era dar ainda mais esperanças para o menino.
— Por favor. — Jimin lhe olhava nos olhos, com claro desespero e em um momento de fraqueza, sabendo que sempre cairia por Jimin, aceitou.
— Tem certeza de que não vai ter problemas com o Coven? — Questionou preocupado, mas Jimin negou, abrindo um sorriso ao notar que Jeon estava inclinado a aceitar. — Então pode ficar. — E como se isso bastasse, a chuva parou.
| FAMILIAR |
Eai, o que acharam? Já tem alguma teoria?
ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO
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