A NOITE
Voltei cedo hoje, para animar a sexta de vocês.
Cometem bastante, pq eu amo vocês
Capítulo 4 — A Noite
Dessa vez, Jeon estava o observando da Janela, e viu o momento exato em que Jimin saiu da casa. Zanzando pelo quintal, impaciente, antes de entrar na própria caminhonete.
Suspirando, o bruxo se levantou. Não sabia o que estava errado, mas daria seu melhor para ajudá-lo. Com o gato colado em seus calcanhares, andou até o andar de baixo, e o vento frio o atingiu ao sair do lado de fora. Caminhou até a caminhonete, mas ao invés de bater, entrou no banco do passageiro.
— Jun? — Jimin murmurou assustado. Estava deitado e não havia o visto se aproximando.
— O que tá acontecendo? Porque tá aqui? — Jimin corou, desviando o olhar.
— Não consigo ficar na casa. — Jeon o olhou confuso, e Jimin achou melhor se explicar. — Não me entenda mal. Eu que pedi para ficar pra inicio de conversa, mas... Consigo sentir você, no seu quarto, e sei que o gato está lá, e é quase impossível me impedir de ir até você. — Riu fraco, sem qualquer humor. — Pensei em te pedir para encantar a escada, para que eu não conseguisse subir, mas achei que seria humilhante demais admitir que sou incapaz de me comportar.
— Não tem problema nenhum em não se comportar. — Brincou, tentando descontrair e tranquilizá-lo, mas Jimin negou.
— Não preciso de mais um item na lista contra mim, já tenho muitos contras, e tava tentando criar algum pró.
— Ji... — Jimin negou, o calando, desviando o olhar para frente.
— Eu sei. Não precisa dizer. — Negou, com um sorriso que não chegava nos olhos. — Sei que não vai me escolher, mas não queria que os motivos para isso fossem tão nítidos.
— Acredite, não foi pelos motivos que você pensa. — Afirmou, frustrado, mas Jimin riu fraco, como se Jeon fosse bobo demais.
— Acredite, ouvi muitos motivos pelos quais você disse não.
— Nenhum de mim. — Afirmou se irritando, não com Jimin, mas com a situação.
— E você me diria se eu perguntasse? — Jeon ficou em silêncio, e Jimin riu mais uma vez, um som amargo de sua garganta. — Acredite, todos sabem seus motivos. E por mais que ninguém tenha coragem de dizer na minha cara, eu já os ouvi sendo sussurrados pelos cantos. E ninguém te culpa por isso, mas todos sentem a sua falta.
— O que quer que eu faça, Ji? — Questionou frustrado. Queria ajudar, queria facilitar as coisas para Jimin, mas não tinha muito o que pudesse fazer, sem piorar ainda mais as coisas.
Se afastou para dar espaço, para diminuir as fofocas e deixar Jimin respirar, imaginou que o menino teria apoio no Coven, apoio que não era capaz de dar.
Imaginou que Jimin não iria querer ve-lo por um tempo, mas no dia seguinte, após Jungkook dizer não, Jimin estava na sua porta, com uma torta de maçã e um sorriso acolhedor, como se nada tivesse acontecido, como se não estivesse despedaçado pela rejeição.
E por mais que com o tempo tivesse parado de tentar esconder que estava magoado e o quanto aquilo o machucava, não havia culpado ou virado as costas para Jeon em momento nenhum.
Havia continuado a honrá-lo e cuidá-lo. Se esforçando ao máximo para que Jungkook estivesse bem. Ficou ao seu lado em todos os momentos que conseguiu, estava lá na formatura, no ritual de maioridade e no velório de sua avó.
Jimin não havia soltado a sua mão em nenhum momento, mesmo que Jungkook tivesse lhe dito não.
— Quero que volte a frequentar o Coven depois do Samhain. — Pediu exasperado, como se fosse óbvio. — Quero que as coisas voltem a ser como eram. Eles precisam de você lá e você não pode ficar escondido aqui para sempre. — Jungkook lambeu os lábios, desviando o olhar. Jimin estava certo, estava se escondendo, e aquilo não poderia ser eterno.
Sabia que o escândalo era inevitável, mas queria fugir das perguntas inconvenientes e principalmente das respostas que não queria dar.
E se sentia culpado por saber que de certa forma, Jimin estava lidando sozinho com aquilo, mas o familiar nunca reclamava ou se queixava.
— Se é o que você quer, depois do Samhain, eu vou voltar.
— Promete?
— Prometo. — Concordou, notando Jimin relaxar no banco. — Podemos entrar agora? — Jimin encarou a casa, como se fosse um monstro terrível naquele momento.
— Acho melhor eu ficar aqui. — Negou, sentindo a frustração sendo substituída por constrangimento.
— Ótimo, vou ficar com você. — Avisou, arrumando o banco para que ele também se deitasse.
— O que?
— Não gosto da ideia de deixar você aqui. — Admitiu. — Além do mais, assim, o quarto fica para o gato se ele quiser, tenho certeza que ele não gosta de dividir comigo. — Jimin sorriu, dessa vez um sorriso sincero.
— Tem certeza, é bastante desconfortável. — Comentou, sem deixar o sorriso morrer.
— Posso lidar com isso. — Afirmou voltando a se acomodar.
O silêncio reinou por alguns segundos, antes de Jeon ver o gato pular no parabrisa do carro, deitando no vidro e se preparando para dormir. Jimin bufou.
— Você devia escolher um gato.
— O que? — Jeon questionou assustado, não acreditando no que havia ouvido.
— Eles parecem gostar de você. Deveria escolher um gato. — Repetiu, sentindo o peito apertado. — Sei que ainda não escolheu nenhum porque não quer me magoar. Você faz... muitas coisas para não me magoar, mas deveria escolher um.
— Não vou fazer isso com você.
— Não deveria pensar em mim. Eu tenho que me conformar sobre isso. Além do mais, eu sou totalmente dispensável, mas você não. E a profecia é clara sobre ter um familiar ao seu lado, te auxiliando.
— Você não é dispensável. — Negou, aquela conversa era descabida e Jeon não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
— De qualquer forma, depois do Samhain, quando eu for embora, e o Taehyung buscar o familiar dele, a casa vai ficar vazia, e é uma casa grande demais para você ficar sozinho.
— Não quero um familiar. — Afirmou, tentando fazer Jimin parar com aquela loucura, mas se calou, assustado ao notar o que havia dito. — Sinto muito, eu não quis dizer isso.
— Eu entendo. Não tem que se explicar. — E virando do lado, dando o assunto como encerrado, Jimin tentou dormir. Jeon sabia que ele não estava dormindo, mas achou melhor não insistir no assunto.
Samhain seria em 2 dias. Teria Jimin ao seu lado até lá e queria aproveitar cada segundo, e não queria estragar aquilo com pensamentos que não levariam a lugar nenhum. Fechando os olhos, se forçou a dormir.
Pela manhã, quando acordou, Jimin já estava acordado. Se assustou ao ver o olhar atento do familiar, mas relaxou ao ver as bochechas vermelhas.
— Você acordou... — A afirmação era triste, como se estivesse decepcionado por não poder mais vê-lo dormir e aquilo fez Jungkook querer rir. — Dormiu bem?
— Não. — Foi sincero, fazendo Jimin rir. — Vamos dormir lá dentro hoje.
— Mas...
— Acredite, meu colchão é melhor do que seu carro. — Jimin sentiu as bochechas quentes, mas se recusou a recuar.
— Isso é um convite? — Questionou atrevido, e sorriu ao ver Jeon desviar o olhar, tímido.
Gostava quando Jungkook ficava tímido. Gostava de saber que despertava algo no bruxo, mesmo que mínimo. Porque pelo menos por um segundo conseguia se convencer de que todos estavam errados.
De que não era insuficiente. De que não estava quebrado. De que poderia fazer dar certo. De que ainda tinha esperanças para eles. De que seja o que for que impedisse Jungkook, poderiam dar um jeito juntos.
Se agarrava naquilo com tudo o que tinha, mesmo que soubesse que era inútil, mesmo que soubesse que não daria em lugar nenhum.
Sentia que se podia fazer olhá-lo daquela forma, com aquela fome, poderia ter alguma coisa dele. Mesmo que nunca passasse daquilo. De um olhar carregado de desejo e palavras nunca ditas.
Aquela pequena atração que Jeon nutria pela magia do familiar, era tudo o que Jimin tinha. O único ponto a seu favor. O único, de uma lista interminável de pontos negativos.
E nos últimos anos, desde o dia do "não", Jimin havia ouvido cada um deles repetidamente.
Por ser humano nunca seria confiável ou imparcial, Jungkook sempre teria que se preocupar com possíveis traições ou fracassos. Porque humanos eram falhos e egoístas.
Seria difícil para Jeon encontrar um par, porque quem se sentiria confortável com um companheiro que carrega um parasita ao seu lado.
A existência de Jimin era inoportuna, para se dizer o mínimo, mas por alguns segundo, podia jurar que Jungkook o desejava, mesmo que apenas por sua energia. E para Jimin, isso era o máximo que conseguiria.
— Falando em convite. — continuou, não contente pela falta de resposta. — Poderíamos experimentar sua cidra hoje a noite? Você sabe, só para ver se está boa. — Provocou.
Jimin já havia reparado em como Jungkook ficava sempre que mencionava a bebida, e sabia bem o motivo, porque mesmo que nunca tivessem falado em voz alta, os dois sabiam do que se tratava e do segredo que compartilhavam.
— Claro. Se você quiser. — Admitiu corado. — Vamos fazer as lanternas e depois podemos experimentar a cidra. — Afirmou abrindo a porta do carro e Jimin o seguiu.
Enquanto Jungkook separava todo o material de esculpir, Jimin fez o café, e após esculpir algumas abóboras, Jungkook preparou o almoço para os dois. Ao fim da tarde, se sentiam alegres e relaxados, rindo das escolhas de caretas que haviam feito para as abóboras.
— Prontinho. Sementes tostadas. — Jungkook anunciou colocando-as na mesa, chamando a atenção de Jimin, que terminava de limpar a bagunça que haviam feito.
— Huh, sementes de abóbora. Amanhã já é halloween, pretende fazer todas aquelas tradições? — Provocou.
O halloween marcava o fim de outubro, e o dia anterior ao Samhain. Seu tempo estava acabando, mas havia aproveitando tanto os últimos momentos, que era difícil admitir o fracasso.
— Não. Ainda acho que ver o futuro não é pra mim. — Respondeu servindo dois copos com cidra.
— Você sempre gostou mais de feitiços. — Jimin concordou, aceitando o copo. — Deus, eu gosto tanto disso. — Murmurou mole, se derretendo contra o copo.
Jeon desviou o olhar, constrangido, oferecendo as sementes. Jimin aceitou, encarando seu rosto com atenção.
— Como você consegue transformar maçã, nisso? — Questionou chocado, logo sorrindo engraçadinho. — Você é realmente o maior bruxo da nossa geração.
— Engraçadinho. — O repreendeu falsamente.
— Eu proponho um brinde. — Jimin disse animado, levantando seu copo, se aproximando mais do bruxo. — A melhor cidra do mundo, e as lembranças que nunca esqueceremos.
| FAMILIAR |
EITAAAAAA
Espero que tenham gostado
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