A CERIMÔNIA
Comentem se estão gostando. To com saudade.
Capítulo 5 — A CERIMÔNIA
~ 8 anos atrás ~
"Oh, estou tão animada, esperamos tanto tempo isso"
"Nem consigo acreditar que finalmente vai acontecer"
"Jimin deve estar tão animado. Ele se dedicou muito para isso"
O pequeno familiar escutava os burburinhos que o cercavam. Ainda não havia tido a oportunidade de falar com Jungkook naquele dia, mas a cerimônia estava marcada a muito tempo e sabia que ele deveria estar se preparando.
Não que precisasse de preparo. Se unir a um familiar era algo simples e rápido, por mais que poderoso e duradouro, mas o Coven achou que um evento como aquele merecia atenção. Todos estavam animados para ver a profecia se concluir. Todos queriam um lugar na primeira fila, e por isso um grande evento foi montado.
O templo foi decorado com luzes, flores e pedras brilhantes. Jimin vestia sua túnica, com alguns sigilos pintados em seu corpo, todos sobre devoção, fidelidade e amor, e esperava ansiosamente pelo momento em que Jungkook o convocaria como seu. Em que lhe daria um propósito, um lar e uma família.
Não seria mais o menino do templo. Não seria mais aquele sozinho no canto. Não seria mais o brinquedo parado na prateleira, Jungkook finalmente o escolheria, finalmente seguraria na sua mão, cumpriria a profecia para que pudessem seguir o destino que tinham juntos.
Aquele era o melhor dia da sua vida.
Sempre soube que seria Jungkook, mas havia esperado tanto por aquele dia, que sentia que mesmo agora com 16 anos, sua vida finalmente começaria de verdade.
Acabaria os treinamentos, as regras e os castigos. Jungkook era seu amigo, ele nunca o castigaria por coisas bobas. Ele também não tinha medo de Jimin e nem se importava com o fato dele ser humano. Ser o familiar de Jungkook seria um sonho se tornando realidade.
Mas assim que Jeon pisou no círculo mágico, Jimin soube que algo estava errado. O bruxo tremia, ansioso, nervoso, com medo. As palavras de um feitiço simples, ditas com insegurança, estranhas em sua boca, até ele não falar mais.
Jimin procurou pelos seus olhos, mas tudo o que viu, foi um pedido de desculpas.
— Não.
— Não? — Perguntou Gustave, o líder do Coven, com um tom chocado.
— Não posso fazer isso. — E deixando Jimin para trás, Jungkook correu para fora do templo.
"Meu Deus, e agora?"
"Eu sempre soube que um familiar humano não daria certo"
"O que vai acontecer com Jimin agora?"
"Coitadinho. Deve estar arrasado"
Jimin se encolheu no próprio corpo, sentia os olhos ardendo com lágrimas não derramadas e a boca tremendo. E quando os murmurinhos e olhares de pena e repreensão aumentaram, Jimin correu, no sentido contrário, para dentro do templo, onde seu quarto ficava.
Mas antes que pudesse chegar no cômodo, encontrou Anastacia Jeon, e como se isso fosse demais para suportar, Jimin desabou em um choro sofrido e magoado.
— Eu não sei o que eu fiz de errado. — Chorou, indo de encontro para os braços da velha bruxa. — Eu estraguei tudo.
— Você não fez nada de errado, meu querido. — Murmurou o abraçando com força. — Vai ficar tudo bem.
— Não vai. Não vai. Ele foi embora. Ele disse não. Eu... Eu não... não consigo respirar. — Avisou desesperado.
Em algum lugar distante, ouviu um barulho, e então passos apressados se aproximando.
— Jimin, pare imediatamente com isso. — Margery, uma das mulheres que ajudava na sua criação, gritou irritada. — Está se formando um tornado lá fora. Você vai acabar matando todo mundo.
— Brigar com ele não ajudará em nada. — Anastasia gritou de volta, logo se voltando para Gustave, que com pena, encarava o familiar abatido nos braços da mulher. — Ele não ta respirando.
— Apague ele. Precisamos acalmá-lo antes que o tornado pegue forma. — Gustave orientou, com um tom sereno, mas preocupado, e atendendo a seu pedido, Anastasia o segurou forte, colocando a mão sob a cabeça do familiar, sussurrando as palavras do feitiço do morto vivo.
Jimin sentiu suas forças diminuindo, seu corpo amolecendo e seus sentidos se apagando. Não havia dormido de fato, por mais difícil que fosse, ainda estava acordado.
— O que faremos agora? — Anastasia perguntou.
— Não podemos forçar Jungkook a aceitá-lo. — Margery resmungou. — Jungkook é o escolhido. Ele é o bruxo da profecia. Se ele diz que Jimin não é o familiar certo, então não é.
— A profecia diz claramente que: — Gustave disse mais alto, tentando silenciar a outra Bruxa. — O bruxo nascido no inverno, carregando a marca do demônio, seria o bruxo mais poderoso da geração. E ao lado de seu familiar, liderariam o Coven para um futuro próspero e seguro.
— Exatamente. Não foi citado nomes na profecia. — Margery reforçou. — Um familiar, pode ser qualquer um. Acreditamos ser Jimin por não termos uma explicação para sua existência.
— As cartas diziam...
— As cartas diziam... — Margery interrompeu Anastasia, que ainda embalava Jimin em seus braços. — Que o destino de Jimin estava interligado com o de Jungkook. E de fato elas não mentiram. Jungkook é o bruxo que lhe negou.
— E o que faremos agora? — Anastasia questionou para Gustave, não querendo continuar aquele assunto cruel com uma mulher ainda mais cruel. — O que acontece com o Jimin?
— Não tem o que ser feito. — Gustave admitiu com um olhar triste para o familiar. — Ficaremos com ele, até encontrar alguém que o aceite. — Ana concordou, desconsolada e com o coração partido ao encarar o menino em seus braços.
— E se ninguém o aceitar? — Margery questionou.
— Então acharemos um propósito para ele. — Gustave for firme. — Ou esperaremos até o dia em que o destino cumpra seu propósito.
— Ele é uma falha. Não tem um propósito. — Ralhou, inconformada por ter que continuar cuidando da maldita aberração familiar.
— Vá para casa e converse com Jungkook. — Gustave disse para Anastasia, ignorando Margery. — Tente entender o que aconteceu.
— E quanto a Jimin?
— Coloque-o na cama, ele não deve acordar até amanhã.
//~//
Jungkook chorava. O olhar perdido e magoado de Jimin nunca sairia da sua mente. Aquele sentimento, nunca sairia do seu peito. Havia magoado a pessoa que mais amava no mundo, mas a ideia de condicionar Jimin aquele futuro do qual não havia tido escolhas, prendê-lo em uma ligação de servidão incondicional era condena-lo a infelicidade.
Jimin poderia não ver isso agora, mas veria no futuro.
Achou que conseguiria fazer, que conseguiria dizer as palavras, mas na hora, tudo o que sentia era medo, medo de ser odiado por ele, medo de ser o culpado pela infelicidade de Jimin. Medo de perdê-lo.
Sentado na porta de sua casa, com os joelhos em sua barriga, chorou assustado. Todos lhe diziam que seu futuro era grandioso, que salvaria a todos de um mal que nem ao menos existia ainda, todos depositavam tanta fé sob seus ombros, que Jeon sentia que desmoronaria.
Estava exausto, machucado e magoado.
Havia visto um tornado se formando, mas logo o vento se acalmou. Não sabia o que havia acontecido, mas esperava que Jimin estivesse bem.
Sua avó não fez perguntas quando chegou. O abraçou e deixou que chorasse o quanto quisesse, com a promessa de que o dia de amanhã seria melhor do que o de hoje.
No dia seguinte, quando acordou, se sentia destruído. Queria ver Jimin, se desculpar e conversar com ele, ver como ele estava, mas imaginou que o familiar não iria querer lhe ver. Para sua surpresa, Jimin estava na sua porta, com uma torta de maçã, um sorriso sem brilho e uma chuva nas suas costas.
— Trouxe para você. — Disse lhe mostrando o doce. Jeon sem reação, o convidou para entrar. — Pensei que precisaria de algo gostoso.
— Ji... — Gaguejou, encarando Jimin com tristeza e sinceridade. Iria se desculpar, se ajoelharia se necessário, mas notando sua aflição, Jimin o interrompeu.
— Não se preocupe. Eu to bem. — Jungkook sabia que era mentira, o céu nunca mentia. E por mais que Jimin se esforçasse em sorrir, a chuva lavava suas mentiras.
— Eu sinto muito.
— Tá tudo bem. — Mentiu novamente. E continuou mentindo pelo resto daquele ano.
Fingia não ouvir as fofocas e especulações, fingia não ver o olhar de desprezo que recebia e nem os comentários maldosos que ouvia. Fingia estar bem.
Sorria para Jeon, e fazia o seu melhor para continuar ao seu lado. Porque por mais que todos dissessem que Jimin não tinha um propósito, a sorte lhe dizia outra coisa. Todos os dias, derramava pedrinhas, tirava uma carta e jogava sementes. E todas as vezes, a resposta era a mesma. Jungkook era seu destino.
A única coisa que o universo havia criado para ele. Seu único propósito. E esperaria até o dia em que ele também descobrisse aquilo.
| FAMILIAR |
Para todos que nesse ponto estão julgando o Jungkook, já aviso que vão se arrepender quando verem do que ele tentou proteger o Jimin. Nessa história não existem vilões, apenas dois meninos que se amam.
Enfim, espero que tenham gostado.
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