Rindo baixo, Jeremy Salvatore não acreditava no que sua esposa havia feito.

Mariah havia o contado que Amber estava tendo um caso com alguém do escritório, que seu pai não aceitou para ser seu marido, com isso, acabou indo nele que se mostrou a melhor opção para ter o apoio do senhor, que pelo bom casamento a deu todas as ações da família. Ainda sim, como ela poderia apenas dizer ser virgem para fugir de ter que transar com seu próprio marido?

Havia naquele dia dobrado um líder de célula terrorista. O cara que era mal encarado, já havia assassinado agentes federais e até mesmo chegou a cegar o analista anterior com uma caneta. Ele mesmo após jurar que jamais iria o contar nada, após um mês de visitas diárias de Salvatore, acabou abrindo o bico.

Disse tudo sobre a célula, como funcionava e como o FBI poderia os erradicar. Foi fácil. Comparado ao desafio de entender o porquê de sua esposa fingir que era virgem pra não dormir com ele, qualquer coisa era muito simples.

Queria dizer que, bem. Ele não era feio. Sempre fez sucesso com mulheres e não havia nada que impedisse Amber de querer dormir com ele.

— Não faz diferença. Vou ganhar a confiança dela, antes que se lembre da discussão e fazer o que precisa ser feito...

Lily precisava dele. Era tudo o que pensava enquanto tomava seu banho. Não importava o quanto ela mudasse, nada alterava o fato que Amber tinha nas mãos o futuro da sua menininha e dentro do hospital não havia ninguém além da herdeira dos Kane para ajudá-lo.

Não haviam mais tratamentos, seu salário de oitenta mil por ano era uma mixaria e suas dívidas pelos outros tratamentos, que não tiveram sucesso antes, não o deixava com muitas opções, senão se manter ao lado de Amber, doce, gentil e dócil, para ser mais um brinquedo nas mãos da menina rica que num dia feliz poderia apenas liberar a droga em teste para sua filha e assim fazer de Jeremy Salvatore um homem livre dela e de seus caprichos.

O plano era fácil, consumar seu casamento, mostrar ser um marido perfeito para todos, fazer valer a comunhão total de bens e salvar a vida de sua garotinha, que a cada dia que passava piorava com as sessões de quimioterapia.

Não queria a maldita empresa, tampouco a casa que valia uma fortuna. Só o que queria era acesso às drogas experimentais e assim salvar a vida de sua filha, a única coisa que ele ainda tinha.

Pedindo jantar para dois, levou a bandeja com o que Amber adorava até ela, que estava sentada na cama, lendo um romance, coisa que nunca havia a feito fazer, deixa o item sobre a cama e foi para seu quarto a dando privacidade em seu quarto, o principal.

— Mal posso esperar para ter a merda do divórcio — falou após fechar a porta e ir para seu canto.

Com cuidado, mexeu em seu telefone, foi até a galeria e vendo as fotos dele com sua primeira namorada, a mãe de sua Lily, dando início a lembranças de todo seu trajeto até ali.

Era apenas um jogador de futebol galinha até que Rose chegou em sua casa dizendo esperar um filho seu. Apesar de relutante no princípio, acabou largando tudo para focar em ser um bom pai, que o rendeu em uma faculdade perto de casa, para acompanhar o crescimento se sua menina e um trabalho de meio período para pagar as contas da bebê.

Ideia que Rose não conseguiu seguir por muito tempo. Pois ela sempre foi uma garota inteligente e faminta por tudo aquilo que o mundo poderia a dar. Não pensando duas vezes em ir pra Yale e o deixar com a pequena Lily, já com seus três anos.

Quando finamente tudo se acertou, começou a morar sozinho e pagar suas coisas, pois havia conseguido uma vaga no FBI. Tudo ia muito bem, bem como nos finais felizes de filmes, até que os primeiros sintomas da doença de Lily começaram a se manifestar após a primeira semana que ela havia completado seus cinco anos. Daí por diante foi do céu ao inferno e continuou peregrinando por todos os ciclos do inferno até que conheceu Amber. Que mostrou a ele que as vezes o inferno era fácil de peregrinar desde que ela não estivesse ao lado de quem passava por dificuldades.

— Com quem mesmo sua chefe tinha um caso? — pergunta a Mariah que atendeu depressa ao toque de seu telefone.

Parecendo mexer em um caderno, ela fica em silêncio por uns segundos e enfim quebra seu silêncio, dizendo calma:

— Cornor, o supervisor de contabilidade.

Concordando depressa, Jeremy desliga o telefone e vai até sua esposa que estava comendo seu jantar em silêncio, mas com uma expressão de poucos amigos.

— Cornor da Contabilidade, te lembra alguma coisa? — pergunta a Amber que sequer esboça espanto.

Ela apenas para de comer e dá de ombros fazendo pouco caso do nome.

— Não. É algum amigo que temos em comum? — a mulher questionando inocente o faz ficar mais perdido ainda.

Mariah havia os visto diversas vezes aos beijos no escritório. Ela até então não sabia que Jeremy já estava ciente daquele seu caso. Como poderia agir com tamanha frieza? Parecia até mesmo não conhecer o homem nunca em sua vida, a julgar pela sua expressão vazia.

— Você não conhece Cornor?

— Tive um gatinho com esse nome. Ele era um siamês tão lindo! Infelizmente, o perdi a uns anos... — Amber conta com sinceridade parecendo triste em lembrar daquilo.

Sem entender que tipo de porra estava a acontecer ali, Jeremy Salvatore a olha incrédulo, mas só via melancolia nos olhos da sua esposa que depressa foi até seu celular, mexeu e mostrou a ele.

Uma foto antiga de um gato siamês agarrado a uma árvore de Natal.

— Esse foi o último Natal que ele ficou comigo... Vê? É o único Cornor que eu conheço — disse com sinceridade mostrando outras fotos do seu pet amado.

Além de seu cavalo puro sangue, nunca antes ouviu sua esposa falar sobre animais de estimação. Certo, ela estava tentando se aproximar, mas a troco de quê?

— Você já me traiu alguma vez? — questiona em tom sério a sua esposa que nega com convicção.

— Eu não. Você já me traiu? Ou ainda me trai? — devolvendo a acusação, Amber o olha nos olhos com cara de poucos amigos.

Se eles haviam brigado pois ela havia descoberto no dia do casamento seu caso com Mariah.... Qual a lógica daquela pergunta?

No mínimo durante a queda sua esposa perdeu algumas lembranças importantes. Ela só não admitia isso.

E graças a isso, agora Jeremy tinha algo a seu favor e pretendia usá-lo. Para fazer mais fácil o processo de se livrar daquele casamento com Amber.

Notas finais:

Tres votos e três comentários e terão atualização extra. 😍