Sentada confortavelmente com suas roupas, sim pois Gregory com toda sua gentileza foi a casa de Alyssa e buscou com Samantha as roupas dela, a mulher escutava atenta ao que o advogado dizia.

— ... Em resumo, sua herança já tem sido usada por você. Ela inclusive financiou um projeto muito caro de cura para leucemia.

Não se lembrava de ir naquele banco antes. Tampouco de ter a tal herança.

— Como assim eu vinha usando a herança antes? — Aly falando alto se levanta do sofá e recebe um sinal negativo de Greg.

Indo para mais perto dela, o advogado segurou a mão de Alyssa e a colocou para sentar novamente, antes de se voltar para a sua maleta sobre a mesinha na sala de estar e entregar papéis a Alyssa.

Neles diziam que ela havia passado a tutela do seu dinheiro todo a Amber. E anexado a explicação do banco para haver tão menos do que deveria, o papel, assinado por Alyssa Katherine Kane dando a sua irmã plenos poderes para fazer o que bem entendesse com a fortuna dela.

— É a sua assinatura? — Gregory pergunta em tom curioso mexendo em seus óculos.

Sim! Era a assinatura dela, mas não se recordava de assinar aqueles papéis. Se bem que Alyssa vivia assinando papéis para Amber e não tinha ideia de que seriam. Jamais parou para os ler. Amber não seria tão cruel a ponto de trair sua própria irmã, seria?

Alyssa deixou de tanta coisa que gostava de fazer por ela. Amber e sua carreira sempre foram prioridades para ela. Nunca pensou em nada que não fosse sua irmã e pai.

— Sim. É sim, mas....

— Aly, eu não tinha ideia que sua irmã estava lapidando seu patrimônio por debaixo dos panos. Sinto muito, se não me quiser mais como seu advogado, entendo — o homem falou com constrangimento se sentando ao lado dela.

Com cuidado, Greg a segurou pela mão e incapaz de se manter impassível Alyssa se põe a chorar pelas coisas horríveis que havia descoberto.

Sua irmã, a quem sempre viu como uma heroína, um exemplo, estava a usando e tomando dela tudo que possuía. Nunca pensou que fosse passar por algo tão cruel. Seu pai estava a beira da morte, sua irmã a traindo por alguns trocados e não podia confiar em ninguém mais. Isso até Gregory aparecer na vida de Alyssa e tentar a ajudar como sempre faziam um pelo outro desde crianças.

A abraçando para dar algum conforto, Gregory ficou lá em silêncio, consolando a moça até que escutaram o som de algo sendo jogado no chão, chamando a atenção de ambos.

— É seu parente? — Jeremy disse tirando seus sapatos e afrouxando sua gravata.

Ele parecia mais tenso que seu usual. Teria brigado com alguém no trabalho?

— Não, mas.... — Gregory tentando explicar se cala ao ver o Salvatore tirando sua arma do coldre e mexendo despreocupado nela.

A destravando e olhando sério para o advogado. Que por sua vez não encontrou sua voz para se apresentar.

— Está tudo bem, amor? — Jeremy questionou sério a Aly que imaginou estar com seus olhos vermelhos ou algo do gênero.

O ignorando, Alyssa limpa as lágrimas de seu rosto e vai até o marido ciumento que a olhava com ódio. Colocando sua arma sobre a estante que ficava no corredor da porta da cobertura.

— Gregory está me ajudando com a papelada do trabalho... — mente para o homem que arqueia a sobrancelha, pega novamente na sua arma, a levando para a mesinha da sala, voltando a se despir.

Tirando sua camisa no meio da sala de estar, onde a jogou e ficou parado olhando para os dois.

— Ele parecia estar a consolando. Você estava, não estava? — encarando Gregory perguntou sério demais a ele.

Em resposta o homem concordou depressa, tossindo algumas vezes para sua voz não soar estranha.

— Estamos, digo, Amber está com problemas grandes. Ela é como minha irmãzinha. Não me importo de a dar algum conforto por vezes, senhor Salvatore...

— Fico feliz em ouvir isso, mas sabe de uma coisa? — Jeremy questionando retórico estende a mão para o advogado. — Eu me importo. E não gosto de homens que eu não conheço na minha casa, com a minha mulher a sós... Entende? — explica por fim ao homem que se põe de pé e vai até sua maleta.

Incrédula que ele apenas ameaçou um amigo dela, Alyssa tentou falar, mas foi silenciada por Greg que a segurou pela mão e sorriu tranquilizador.

— Nos vemos na empresa, qualquer consulta extraoficial, não hesite em falar comigo...

— Obrigada pela gentileza em consolar minha mulher, mas eu assumo daqui. Vá pela sombra! — Jeremy Salvatore fala calmo caminhando atrás do advogado que saiu apressado sem olhar para trás uma vez sequer.

Irritada pela atitude idiota dele, ela saiu de perto do homem e subiu as escadas, sendo seguida por Salvatore que reclamava como um adolescente ciumento:

— Eu fui trabalhar e ao voltar dou de cara com a minha mulher nos braços de outro! Isso é um absurdo, Alyssa!

Fala o nome dela que depressa se vira na direção dele.

— Como é? — Aly perguntando a Jeremy o faz olhá-la assustado.

Talvez tivesse ouvido errado. Só podia ser isso. Gaguejando baixo, Jeremy Salvatore fala coisas desconexas até que volta a reclamar como um velho:

— O que esperava que eu dissesse? Mal fui trabalhar e você botou um cara qualquer aqui pra te consolar!

Não devia nada a ele e Gregory era um bom homem. Não tinha ideia do porquê de ainda dar bola para Jeremy e seu surto, mas... Havia começado bem seu plano de acabar com o casamento de fachada.

E era tudo o que importava. Com isso ela o ignorou falando, subiu para seu quarto, bateu a porta na cara de Jeremy e decidiu que não sairia de lá até que ele fosse embora ou morresse.

Lendo um novo livro que comprou, um romance de época da autora Lorraine Heat, Alyssa ouvindo música também perdeu a noção do tempo até que houve um apagão total, a assustando e fazendo tirar seus fones depressa.

— Cadê o meu terço? — Aly pensando alto, usa a luz do seu celular para achar seu terço que largou na sua mala e não tirou.

Até que, se viu nessa situação que mais parecia uma cena de filme de terror. Haveria a possibilidade de haver um assassino em casa?

Abrindo a porta, se surpreendeu em ver no chão uma trilha de velas que levavam ao quarto principal da cobertura, deixando a mulher desconfiada do que raios estava a acontecer ali.

Seria aquele um pedido de desculpas de seu marido por mais cedo?