Capítulo 12

Terminado o jantar, o telefone de Jeremy tocou e ele precisou sair agitado de lá, deixando Alyssa aliviada por ter escapado de consumar o casamento mais uma noite.

— Obrigada pai pelo livramento que me destes... — Aly diz aos céus antes de terminar de comer.

Apressada, ela colocou o jantar pela metade do marido de sua irmã na geladeira, junto das panelas, limpou depressa a louça e foi para seu quarto, onde escovou seus dentes e foi dormir.

O sono veio rápido, mas da mesma forma que era no início calmo, tornou-se mais quente e denso, quando o corpo atlético de Jeremy entrou em sua mente, subindo nela que não pensou muito além do quanto queria que ele a beijasse.

Dando início ao beijo devagar, viu o homem tomar a frente, dando mais rapidez, até que ela finalmente abriu os olhos, vendo que estava de fato beijando o noivo da irmã.

E ele simplesmente não estava nem aí para o fato de estar traindo Amber, com isso, Alyssa deu fim ao que acontecia o empurrando para longe dela.

— O que foi? — tentando se aproximar dela, Jeremy é impedido pela mulher.

Aquilo não deveria acontecer. Não tinha  ideia no que deu em sua cabeça para agir daquela maneira, mas...

Nunca mais o faria novamente..

— Pode me deixar dormir? Estou exausta — Aly mentiu embora seu corpo estivesse mais desperto que nunca.

A olhando sério, o senhor Salvatore mantém seu olhar no dela por alguns segundos, antes de sair de cima de Alyssa sem dizer mais nada.

Se virando de costas para ele, a mulher fecha seus olhos, orando a Deus por mais força para resistir às vontades do seu corpo, que parecia favorável ao toque do marido que deveria ser de sua irmã gêmea. Não era religiosa de verdade, mas na situação que estava, mais um pouco e se trancaria num convento.

A dando um susto, Jeremy a puxou para um abraço, que desarmou Alyssa por completo. A levando a concluir que ele não era tão mau quanto parecia a princípio. Só muito safado. E focado em sexo.

— Boa noite, querida... — a voz de Jeremy fala em seu ouvido baixo o suficiente para que só ela ouvisse.

Não era como se houvesse alguém mais ali. Ainda sim, havia um cuidado que ele possuía ao falar com Alyssa que ela não entendia.

Apesar de alguns segundos receosa, viu que ele não a tocaria de maneira alguma, indo dormir após algum tempo.

Passava das três da manhã quando seu telefone tocou, avisando que seu pai estava novamente prestes a ir para a área vermelha do hospital, o que fez Alyssa acordar desesperada, sendo ajudada por Jeremy, que a levou até o hospital e acalmou a crise de choro que ela teve enquanto se vestia, temendo que não fosse chegar a tempo.

— Vai ficar tudo bem, amor... — o Salvatore disse segurando a mão de Aly que tremia.

Cada minuto que passava parecia ser o último. Quando criança sempre achou que seu pai poderia lutar contra todo o mundo, mas não havia o que ser feito com relação ao tempo. E quanto mais ele passava, mais seu pai perdia na batalha pela sua vida.

— Eu não quero perder o papai, Jeremy. Não quero ficar sozinha... — confessa ao homem que em resposta concorda rapidamente.

Amber não era o tipo de pessoa familiar. As chances de após a morte do senhor Kane, ela ajudar sua irmã eram nulas. E agora que perdeu a oportunidade de ir ao convento, não tinha nada seu. Sua vida sempre se baseou em ajudar ao próximo.

Não em construir uma carreira sólida para morar sozinha e se manter.

— Você não vai ficar sozinha nunca. Tem a mim. Vou cuidar de você... — Jeremy falou sério a olhando pelo retrovisor.

Vendo a tranquilidade no olhar dele, Alyssa relaxou um pouco mais, sentando no carro com uma expressão séria, embora seu coração doesse pela força que batia em seu peito.

— Consegue ir mais rápido? — pede ao noivo da sua irmã que a olha com notável preocupação e a atende de imediato.

Não entendia porque Amber apenas optava por manter um casamento de conveniência com Jeremy, quando ele obviamente era uma ótima pessoa, mas não cabia a ela decidir o que sua irmã pensaria, só que, no lugar dela, teria feito o casamento funcionar. Não apenas parecer bem.

Contudo, Aly entendia que era apenas uma estranha no final das contas. E não tinha direito a opinar naquela situação.

Ainda sim, Jeremy Salvatore a acompanhou hospital a dentro e amparou Alyssa quando ela, ao ver seu pai se convulcionando, começou a chorar em desespero. Tal como um ótimo marido fazia, mostrando estar disposto a fazer o casamento ser real, mas sem saber quem era a mulher ao seu lado.

De nada adianta ter todo dinheiro e luxo do mundo quando se tem um mal do tamanho de uma bola de golfe, seu pai disse aos enfermeiros certa vez.

— Vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem — Jeremy repetindo em tom baixo a consola, guiando Alyssa para uma poltrona.

Tal como um pai faria, ele a levou a uma poltrona e se sentou, aninhando Aly em seus braços sem parar de a consolar.

— Eu não quero mais perder ninguém — a mulher falou triste encostando seu rosto no peito dele.

O homem apenas a fazia carinho e aguardou em silêncio enquanto a dava carinho e conforto, ignorando as horas intermináveis se arrastando.

Em algum momento o corpo de Aly se rendeu ao cansaço e apenas apagou, dormindo num sono sem sonhos felizes, até que acordou sentindo as mãos de Jeremy em seus cabelo e mão, segurando de maneira cuidadosa e descansando a fim de mantê-la imóvel no mesmo lugar.

— Al... Amber? Já acordou? — o senhor Salvatore a pergunta em tom baixo.

Sentindo ele inspirar o cheiro de seu cabelo, se ajeitou e colocou de pé, constrangida pela situação que estava com um homem que nunca seria seu. Não verdadeiramente.

— Ninguém apareceu? Nenhum médico? Enfermeiro? Nada? — reclamando agitada, Alyssa começa a andar de um lado ao outro.

Isso seriam boas ou más notícias? Seu pai havia partido de vez? Ou ainda estava em estado crítico?

— Conseguiram o estabilizar. Não a acordei, pois pediram que aguardasse até as nove da manhã para ter seu horário de visita.

Respirando aliviada, a mulher consegue se sentir mais leve, ainda sim não diminuiu o constrangimento por ter dormido nos braços de outro homem que não era sequer seu marido. Não sob o seu verdadeiro nome.

— Que horas são? — Alyssa continuando a interrogar o homem a sua frente recebe um olhar cauteloso.

— Nove e meia, mas seu pai ainda está dormindo. Pedi a enfermeira que me avisasse quando ele acordasse...

Se apressando em explicá-la, Jeremy não fica surpreso com o abraço que ela o deu agradecendo entre lágrimas pela sua gentileza em ficar com ela até uma hora daquelas.

— Meu chefe deu uns dias de descanso, mas, vou pra casa, cuidar das coisas. Para quando você chegar, descansar e relaxar. Assim que estiver pronta para ir me ligue, amor...

Pedindo a Alyssa, deixa a irmã de sua noiva a sós com a enfermeira que entrou na área de visitantes, saindo sem dizer mais nada. Apenas a lançando um olhar que tranqulizava.

Precisava reunir todos seus cacos, juntar seus neurônios em frangalhos e colocar sua máscara de garota forte. Meninas grandes não choravam, seu pai a disse certa vez, jamais o desapontaria deixando que o senhor acamado visse suas lágrimas e seu desespero com o fim próximo da vida dele.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top