Era uma vez um Pinote...

O comércio com as fadas não era tão fácil como parecia...

Eu falei comércio? É isso mesmo, elas ajudavam o povo sofrido da aldeia do Zé Peto, mas para cada ajuda, faziam um escambo com os pobrezinhos. Em outras palavras, davam com uma mão e tiravam com duas...

Geralmente como o povo não tinha nada para dar em troca, eis que as fadas aceitavam como pagamento por suas magias o trabalho dos aldeões.

No caso do Zé Peto, que fazia trabalhos com madeira, quando ele pediu uma audiência com a dona rainha das fadas, que era a dona realeza em pessoa - já que lembrava um rei enorme que nunca tirou o popô do trono - ela foi logo pedindo mesas e cadeiras trabalhadas, armários, uma estante para os livros de magia, com direito a entalhe para por a plaquinha da ordem alfabética, uma lista enorme de possibilidades.

Mas o pobríssimo Zé Peto não sabia fazer mais coisa alguma a não ser bonecos de madeira...

Eu falei que ele era diplomado em marcenaria no outro capítulo né? Pois é, o diploma dele foi igual alguns que eu tenho aqui na penteadeira, que vieram via Sedex...

Bom, a fada rainha não queria saber de bonecos, ela foi categórica em afirmar que eram imprestáveis, em todas as audiências feitas com o Zé Peto, até que um dia ele levou a tiracolo seu trabalho preferido, que ele considerava quase que uma obra prima.

Foi amor a primeira vista! Os olhos dela faltaram saltar das órbitas!

"Seu Zé Peto, vejo que agora podemos negociar. Eu lhe atenderei um pedido caso me conceda esse seu boneco diferentão que traz com você hoje..."

"O Pinote?"

"Isso! Adorei até o nome, pode por naquela cadeira ali, depois arrumo um canto melhor para essa belezura..."

Zé Peto sabia do poder das fadas e das histórias que contavam quando alguém deixava alguma fada descontente. Em geral elas faziam um estrago tão grande no ser que haja linha e agulha pra fazer tanto remendo necessário para devolver o Frankenstein ao mundo dos vivos...

E para deixá-las de mal humor, bastava não atender a alguma exigência mínima, principalmente quando esse pedido vinha direto da boca da rainha. Ele pensou rapidamente e cinco minutos depois, quando a dita cuja já tinha enumerado uma centena de diferentes batráquios para transformar o velho magrelo, ele a surpreendeu. Na verdade surpreendeu a ele mesmo... E a mim também, provavelmente surpreenderá você também... É! O cara mandou muito bem...

(391 palavras)

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