Era uma vez um pedaço de mau caminho...
Na floresta caminharam somente por algum tempo e de longe o Zé Peto avistou uma beldade próxima a uma árvore.
Na hora se lembrou daquele sonho que tivera, inclusive a dondoca era linda igualzinho ao sonho, mas junto com o prazer da lembrança, veio também a imagem do final e o seu estômago se contorceu.
Você lembra do final, não é mesmo? Aquela miragem com babydoll roxo? Pois é, foi uma visão e tanto, tenho certeza.
Zé Peto se aproximou cauteloso.
"Você é ela?"
"Sim, se você for ele" - ela respondeu sorrindo e seu sorriso era encantador, mas tinha algo nela que o incomodou imediatamente, e ele não conseguiu disfarçar, fixando o olhar no seu rosto.
"Seu nariz..."
Ela se virou de perfil e Pinote fez uma careta e um comentário que conseguiu ser mais desagradável que a sua feiúra.
"Que lapa hein, é de nascença?"
"Que é isso, seu mau educado! Vai ofender a garota..."
"Não se preocupe... É Zé Peto, né?"
O velho marceneiro ficou vermelho. Até seu nome ficava bonito na boca dela - pensou.
"Não é de nascença não, boneco atrevido. Meu nariz só cresce quando eu minto."
"Mentira! - Caçoou o boneco-gente.
"Bem que eu queria que fosse. É uma maldição!"
"Duvido muito, você tem uma cara de mentirosa que dá dó..."
"Eu... Eu posso provar!"
"Pinote! - interrompeu Zé Peto - Para de azucrinar a moça, você sabe quem é ela?"
"Uma narizuda mentirosa?"
"Ora, seu moleque filho de uma árvore podre..." - ele esqueceu da cabeça dura do boneco e deu mais um croque em sua madeira, soltando um gritinho de dor.
"Não se aborreça com ele, mestre marceneiro. Eu disse que posso provar e vou."
"E é bom que ele veja bem o que isso causa em mim, pois o seu encantamento será exatamente igual, quando ele estiver no mundo coisado. Toda vez que Pinote mentir, seu nariz crescerá um pouquinho, vai dar para mentir bastante antes que ele comece a pesar muito, mas que seu nariz vai crescer, isso vai..."
"Só está querendo me assustar, sua bruxa com cara de fada..."
"Ah é, então veja só o que acontece quando eu minto, uma mentira pequena: você, Pinote, não é tão feio quando parece!"
Imediatamente após ela terminar a frase, seu nariz aumentou cerca de meio centímetro bem na frente deles, fazendo com que o boneco-gente caísse sentado de bunda na grama devido ao susto.
"Caçarola!" - disse ele quase engasgando com as palavras.
"Agora vamos parar de perder tempo, ele será precioso daqui para frente. Zé Peto, você precisa ajudar o Pinote para que ele passe pelo portal. Já lhe falou qual será a sua missão?"
"Sim! Já lhe expliquei tudinho no caminho."
"Ótimo! Agora ajude-o de uma vez por todas."
Zé Peto explicara para o boneco-gente que ele teria que passar um tempo no mundo coisado e convencer alguém de que ele era uma pessoa honesta e que jamais contava mentiras. Acreditou, pelo tempo que interagiu com ele, que seria uma missão praticamente impossível, mas não estava nem aí, pois não via benefício nenhum em seu retorno como humano, caso passasse no teste.
Só que sua opinião mudou rapidinho, após mais informação dada pela donzela.
"Eu ficarei aguardando o retorno dele contigo, Zé Peto. Minha mãe ordenou, caso ele passe na missão, de que eu me case com você assim que ele voltar."
Um fiapo de babo escorreu pelo queixo fino do marceneiro.
"Venha aqui, moleque - agarrou Pinote pelo pescoço e o levou até defronte o portal - E ouça bem o que eu vou lhe falar: trate de entrar lá e convencer o maior número de pessoas do mundo coisado que você é o maior santo que já existiu, pois se voltar aqui derrotado, vou fazer um churrasco usando seu corpo como lenha pra fogueira, estamos entendidos?"
"Sim, meu paizinho feio de doer..."
"Que é isso Pinote, não trate seu pai assim..."
"Ah, só estou fazendo um treinamento para aprender a falar a verdade..."
Zé Peto arremessou o boneco-gente pelos fundilhos da calça velha que ele usava para dentro do portal e ele desapareceu, deixando para trás um esperançoso pai e uma risonha fada.
O que será que vai acontecer ao Pinote? Não pergunte para mim que ainda não sei, mas tanto você, quanto eu e o casal de pombinhos ali ficarão sabendo no último capítulo que daqui a pouco lhes irei contar...
(734 palavras)
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top