24.

                Tanto Kim quanto Young Hee e as outras jovens encontradas no container haviam sido resgatadas e estavam bem. No hospital trataram de todas as feridas. Provavelmente as garotas e até mesmo a mãe de Chanyeol precisariam de acompanhamento psicológico, estavam muito debilitadas mentalmente, emocionalmente.

               Chanyeol se dividiu entre observar a mãe e a namorada que se recuperavam, mesmo sabendo que deveria fazer repouso por conta da ferida que ainda tinha e não havia se curado. 

              Young Hee foi a primeira a acordar, mãe e filho logo se abraçaram. Ambos sentiam alívio. Como Park havia lhe prometido, conseguiu lhe salvar de Suyeon, a emoção logo tomou conta dos dois. Tinham muito pra conversar e aproveitaram aquele momento pra isso. 

             Falaram brevemente sobre as condições para fazer com que Suhyeon ficasse preso, sua mãe sentia tanto pelo filho, se sentia culpada mesmo que fosse apenas uma vítima. Chanyeol a consolou e limpou as lágrimas que a mais velha derramou, ela assim como ele não tinha culpa de nada que haviam sido obrigados a fazer. 

             Mesmo Chanyeol não tinha pelas coisas que fez, já que era coagido e ameaçado, no entanto, teria que pagar por elas da mesma forma e para ele tudo bem, o importante era ter sua mãe e a garota que amava bem e livres do Suyeon. 

             Terminaram a conversa não muito tempo depois visto que Chanyeol também tinha que falar com Chungha. O rapaz suspirou enquanto se preparava para ir até o quarto da garota, sabia que não seria uma conversa fácil e que possivelmente machucaria ambos. No entanto não tinha muito o que fazer, Park só estava considerando o que seria melhor pra ela. 

              Bateu fraco três vezes na porta do quarto e logo que ouviu a voz da Kim o dizendo pra entrar, puxou a porta de correr se mostrando finalmente pra Chungha. Os olhos dela se umedeceram no mesmo instante que o vira, seu coração também se acelerou, não podia estar mais feliz por estar vendo-o novamente. 

— Chan.. – Mesmo ainda um pouco fraca levantou-se da cama e correu até o rapaz, abraçando sua cintura com cuidado e recostando a cabeça em seu tronco. — Graças a Deus! – Neste instante sua voz já estava embargada. Chanyeol a abraçou de volta com a sensação de que tinha o mundo em seus braços; a única garota que havia se permitido amar, a única que tinha seu coração. 

— Como você se sente? – A afastou o suficiente para poder analisá-la, viu que suas mãos estavam com curativos e ela até parecia mais magra apesar de, sua feição estar melhor se comparado a quando ela chegou ao hospital. 

— Estou bem agora que estou vendo você, achei que nunca mais nos veríamos. – Os olhos de ambos se encontraram, e uma emoção os preencheu fazendo seus olhos transbordarem. Chanyeol a puxou novamente pra si e abraçou forte, mesmo sentindo sua ferida doer. 

— Não pense mais nisso. – Disse com a voz baixa enquanto acariciava seus cabelos. — Nós precisamos conversar. 

             O casal se afastou, ambos se sentaram no pequeno sofá que tinha no quarto. Chungha não tinha ideia do que Chanyeol diria e ele, estava se corroendo por dentro por ter que ser o portador de notícias não muito boas. 

— É sobre o Suyeon que quer falar? Ele foi preso? E os outros homens? Como tá sua mãe? – O encheu de perguntas, havia acabado de acordar desde que foi resgatada então estava alheia ao que havia acontecido. 

— Minha mãe tá bem, não se preocupe. – Kim se sentiu aliviada, estava preocupada com a mulher. — Suyeon e os homens dele foram presos, assim como os dois rapazes que te levaram se entregaram hoje durante o início da manhã. 

— Graças a Deus – Chungha se recostou no sofá sentindo como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. Finalmente poderia viver normalmente, pensou. 

— Eu também vou ser preso, Chungha. – Os olhos da garota se arregalaram no mesmo instante, fazendo com que ela ajeitasse a postura no mesmo instante.

— O quê? Por quê? – Questionou-o claramente abalada pela notícia. 

— Tenho pagar pelas coisas que fiz, também é uma forma de fazer com que Suyeon não tenha chances de se livrar. Todos os outros também confessaram. 

— Mas você foi obrigado, Chanyeol, por que tem que pagar por algo que não fez por vontade própria?

— Ainda sim eu fiz o mal, Chungha. É natural que eu pague por isso. 

— Que tipo de justiça é essa que fazem uma pessoa inocente pagar por algo que foi coagido a fazer? 

— A mesma que pode inocentar alguém como Suyeon. Desculpa por te dar esse tipo de notícia neste momento, mas é porque preciso me entregar pra polícia logo e não queria fazer isso sem antes falar com você. – Chungha se sentia desolada novamente, encarava um ponto qualquer do quarto sem saber o que pensar. 

— O que a gente faz? Não dá pra um advogado conseguir liberdade condicional? Acha que pode receber prisão perpétua? Você não merece isso Chanyeol, como nós vamos ficar sem você? – A mulher passou a mão pelos cabelos, aflita.

— Eu vou entregar tudo que o Suyeon fez, todo esquema e provavelmente vou conseguir uma delação premiada. Não sei se conseguirei liberdade condicional, é muito provável que não. – Chungha levou as mãos ao rosto enquanto apoiava o cotovelo nas coxas. — Então eu só tenho um pedido à você: desfrute finalmente da sua liberdade, eu tenho que pagar pelos meus crimes mas você tá livre agora. Viva Chungha, como a garota livre que você nunca foi. Faça amigos, saia pra festas, tente fazer faculdade. O Jooheon vai te ajudar nesse recomeço, conte com ele. 

— Chanyeol… – Chungha voltou seu olhar para o rapaz, e logo começou a chorar novamente. — Achei que finalmente as coisas iriam se resolver.. 

— E vão, você pode viver a sua vida sem se preocupar com dívidas e agiotas. 

— Mas você não vai estar aqui, não durante um período de tempo. Você se sacrificou tanto por nós, Chanyeol não é justo. – Park levou uma das mãos aos fios de Chungha. 

— A vida não é justa Chungha. – Ele a abraçou. — Tente ter uma vida digna, irei torcer por você de onde estiver – Beijou o topo da cabeça dela enquanto tentava de alguma forma a consolar. — Porque eu te amo. – Sussurrou a última frase.

• • •

Chungha:

             Chanyeol havia sido preso e aguardava por seu julgamento, minha mãe finalmente pôde voltar à Seoul e nós nos reencontramos. Só percebi o quanto senti sua falta quando finalmente nos abraçamos, neste momento também desabei por tudo que havia passado e pela situação atual com Chanyeol, precisava do colo da minha progenitora. 

              Jooheon a pedido de Park deu todo auxílio para que tanto eu e minha mãe, quanto a senhora Young Hee pudéssemos recomeçar as nossas vidas. Até mesmo em uma situação desfavorável, Chanyeol organizou tudo pra que ficássemos confortável em sua ausência. 

            Ele é a pessoa mais preciosa que já pisou nessa Terra.

             E apesar de recomeços serem difíceis, eu tinha minha mãe e ela a mim, assim como agora a mãe de Chanyeol também tinha a nós. Mesmo sem dizer nada a ele ou prometer, me comprometi a cuidar dela e a ajudar com o que precisasse para se adaptar à nova vida.

            Minha mãe e eu voltamos a nossa antiga casa somente para pegar o que restou dos nossos pertences, meu pai não estava e de acordo com alguns moradores da região ele não aparecia por lá já fazia algum tempo, informamos a policia mesmo sem qualquer interesse em onde ele possa estar. Não tinha como saber onde ele estava e o que havia acontecido e de certa forma não queria saber, não iria procurar pelo meu pai pois não o perdoarei por todo estrago que causou nas nossas vidas, então é melhor que a gente não se veja nunca mais, assim como minha mãe também não quer vê-lo nem banhado à ouro. Iremos torcer pra que ele esteja bem em algum lugar mesmo que algo nos diga que provavelmente não é esse o caso. 

          Depois de uma longa conversa, nós decidimos vender a casa. O clima naquele imóvel estava pesado, não era mais um lugar onde nos sentíamos bem. Só restou lembranças que preferíamos esquecer, de um alguém que preferíamos deixar pra trás. Por esta razão vendemos e usamos o dinheiro para nos mudar pra um lugar melhor e mais próximo de Young Hee, que ficaria no apartamento de Chanyeol. Optamos por não deixá-la sozinha uma vez que viver tanto tempo em cárcere privado lhe trouxe muitos traumas e, ela não tinha ninguém além de nós e o filho, mas este não pode estar com ela no momento. Então nos mudamos para um apartamento no mesmo prédio, felizmente conseguimos um bom valor com a venda da casa, o que nos possibilitou a compra.

         Estar no apartamento de Chanyeol me trazia diversas lembranças, no momento aguardava que a mãe do rapaz terminasse de se arrumar para a última audiência de Park. Enquanto esperava era entorpecida pelas memórias, não pude vê-lo desde a última vez no hospital, sentia sua falta. Toquei a pulseira que ele havia comprado quando estivemos na praia e me perguntei se ele ainda estaria com a dele, acredito que não. 

— Podemos ir? – A voz doce da mulher de meia idade me tirou do transe. Me levantei rapidamente do sofá e assenti. 

— Podemos sim. 

            Deixamos o apartamento rumo ao fórum de Seoul.

            Já estávamos cientes da possível condenação, mas fomos até lá assistir como uma forma de demonstrar apoio a Chanyeol, mostrar que não desistimos dele. Suyeon e os outros já haviam sido julgados, sendo o Kang o único a receber pena de morte, algo a se comemorar pois a certeza de que estamos realmente livres trazia um enorme alívio.

         A audiência havia começado e Chanyeol finalmente entrou na sala, com as mãos algemadas na frente do corpo e usando uniforme da penitenciária, era difícil pra nós vê-lo naquela situação, senti meu coração partir. Sua aparência era saudável apesar de sua feição não ser de felicidade, mas ainda sim quando nos viu ele se esforçou e sorriu pra nós, contudo logo voltou para sua expressão fechada.

        Jooheon iniciou o processo citando todas as acusações de Chanyeol e também, ressaltando sobre ele ter sido de suma importância durante a investigação, por ter cooperado com ele e entregado todos os crimes de Suyeon, assim como assumindo ser cúmplice de alguns deles. Tanto o promotor quanto o advogado de  Chanyeol salientaram o quanto ele se arrependia por tudo que havia feito, por todo mal que causou e tentaram recorrer à uma pena mais branda. 

         Após algumas horas de pura agonia, o juiz finalmente deu a sentença: doze anos, estes reduzidos à sete por ter entregado Suyeon e se entregado. Mesmo que tivesse argumentado sobre ter feito tudo sob ameaça, não conseguiu escapar das acusações de cúmplice em estelionato, diversos casos de agressão e tortura à civis, além de diversos subornos à pessoas influentes.

          Levei a mão aos fios logo que ouvi o veredito, Chanyeol apertou os olhos e mordeu o lábio inferior provavelmente nervoso. Apesar de estar esperando por algo pior, esperava ter algum milagre ou reviravolta no seu caso. O que não aconteceu, ele não tinha outra escolha a não ser pagar por tudo sem reclamar. Fiz todo possível pra não chorar enquanto estava lá, não queria que ele me visse sendo fraca.

          O que me trouxe um pouco de alívio foi que Chanyeol havia conseguido uma cela privada onde cumpriria a pena, graças à Jooheon, ao menos não teria risco dele ter que dividir cela com um louco qualquer que poderia acabar machucando-o ou implicando com ele.

         A mãe de Chanyeol havia ficado muito abalada novamente, se culpando muito pelo ponto em que as coisas chegaram. Ela não entendia que não tinha culpa nenhuma e, que assim como o filho, havia sido uma vítima. O único culpado de tudo era Kang Suyeon. 

        Seria difícil lidar com aquele acontecimento, apesar de sete anos não ser pouco tempo, eu iria esperar pela sua volta. Então neste tempo irei me fortalecer pelas duas mulheres que precisam de mim, por mim mesma e por Chanyeol.

• • •

       Dois meses depois… 

         Jooheon foi de suma importância no meu recomeço, foi ele quem me deu toda ajuda na falta de Chanyeol e também me ajudou a conseguir um emprego fixo de tempo integral em uma empresa de advogados, como secretária. Pela primeira vez tinha apenas um trabalho e este, me permitia ter uma vida fora de lá, me permitia dormir e comer corretamente.

          Me reconstruiria e me tornaria alguém por quem Chanyeol e minha mãe teriam orgulho. 

           Havia me adaptado bem ao trabalho e havia conseguido folga no dia em que Chanyeol receberia visita na penitenciária pela primeira vez, acordei hiper mega ansiosa e assim me mantive até chegar lá. Queria muito vê-lo logo, saber do seu estado, ver seu rosto e ter certeza de que ele estava bem. E também, ouvir o som da sua voz grave. Eu sentia tanto a falta disso, eu sinto falta disso.

         Entramos juntas na pequena sala e aguardamos que ele aparecesse do outro lado do vidro, tínhamos dez minutos para falar com ele. Não poderíamos nos tocar ou abraçar, mas só de vê-lo e ouvir sua voz era mais do que suficiente pra ocasião.

           Encarava meus dedos inquietos quando o rapaz finalmente apareceu, meus olhos provavelmente brilharam quando se encontraram com os dele. Confesso que sua expressão não era das melhores, no entanto, sua aparência continuava normal, parecia ter perdido um pouco de peso mas nada que tivesse feito uma mudança drástica em sua aparência. Ele sorriu para sua mãe e logo levou o dispositivo similar à um telefone público ao ouvido para que pudessem conversar. 

            Apesar de estar muito ansiosa para falar com ele, respeitei o momento mãe e filho já que neste instante era mais importante que qualquer outra coisa. A senhora Lee estava sendo totalmente forte, sua voz vacilou algumas vezes como se fosse começar a chorar a qualquer momento mas ela se manteve firme. Quando faltava pouco mais de quatro minutos restantes a mais velha me deu a oportunidade de falar com Chanyeol, assim que me passou o dispositivo senti meu coração palpitar. 

— Oi. – Sorri, Chanyeol se forçou a sorrir e eu logo percebi. Ele não era bom em fingir emoções e expressões. 

— Oi – Respondeu de maneira simples.

— Como está? 

— Bem e você? Como tem estado? – Baixei a cabeça momentaneamente pensando sobre meu bem estar e percebi que apesar de as coisas estarem dando certo pra mim, não conseguia ser exatamente feliz já que quem eu mais queria ao meu lado, não podia estar no momento.

— Bem, Lee Jooheon-ssi me ajudou a conseguir um bom emprego. Não preciso mais correr de um lado ao outro entre empregos de meio período, posso dormir e comer corretamente, além de ganhar bem o suficiente pra viver uma vida digna com as nossas mães. – Queria compartilhar aquilo com ele, minha intenção era que ele não se preocupasse conosco enquanto estivesse aqui. 

— Que bom, Chungha. – Chanyeol estava sendo tão frio, isso me entristecia de certa forma.

— Isso é graças à você, obrigada. – Me curvei minimamente. — Como é viver aí? Tem sido muito solitário? Alguém implica com você?

— Não é bom, viver preso não é legal, mas eu consigo me ocupar com livros enquanto estou aqui e o dia passa mais rápido. – Balancei a cabeça em entendimento. — Fiz algumas amizades durante o banho de sol e atividades de marcenaria, não é tão solitário. E, não, ninguém implica comigo. 

— Isso é bom. – Senti vontade de chorar, suas respostas estavam sendo tão diretas. — Eu sinto sua falta Chanyeol. – Ele me olhou com certo pesar, parecia querer dizer o mesmo mas estava evitando. — Mas quero te dizer que não se preocupe conosco e fique tranquilo, ficaremos bem até você sair. Virei te visitar sempre e, vou te esperar até que os sete anos passem. Nem é tanto tempo, eu vou esperar por você. – E depois de tudo que eu disse, Chanyeol só balançou a cabeça negativamente. 

— Não faça isso. – Seu tom era calmo, mas totalmente frio. O encarei interrogativa e muito surpresa já que não esperava esse tipo de reação. — Você finalmente está livre, não volte mais aqui. Aproveite e siga sua vida, faça tudo que sempre quis, como te disse no hospital aquele dia: viva como a garota livre que você nunca foi, não me espere. Refaça sua vida e me deixe pra trás.

— Chanyeol?? Você enlouqueceu? É lógico que eu não vou deixar você pra trás, eu nunca faria isso. Não me peça isso como se tudo que a gente viveu não tivesse valido nada, não faça isso comigo. – Tentei segurar o máximo que pude, mas foi impossível não começar a chorar.

— É o melhor pra nós, principalmente pra ti. Eu só quero que seja feliz e aproveite a vida, você ainda é jovem e tem muito o que aproveitar. 

— Para de falar besteira, Chanyeol! 

— Por favor, não volte mais aqui. Siga seu caminho.  – Chanyeol voltou o dispositivo ao seu lugar e se levantou, me deixando falando sozinha. 

— Chanyeol! Park Chanyeol! – Gritei e no impulso acabei por me levantar e bater com as mãos contra o vidro que nos separava, apesar de não causar nenhum efeito, Chanyeol se virou pra mim uma última vez e disse algo que eu não podia entender ou ouvir. Após isso ele voltou a ser algemado e deixou a sala. 

          E mesmo que eu gritasse, ele não me ouviria mais então tudo que me restou foi sentar novamente e chorar, chorar muito. Ao menos eu tinha a senhora Lee alí pra me consolar e dizer que ficaria tudo bem. 

          •••

         Um ano se passou após a primeira visita, e neste um ano inteiro Chanyeol recusou todas as minhas tentativas. Ele estava realmente disposto a me fazer deixá-lo de lado e seguir com a minha vida.  

           Prometi a mim mesma que essa seria minha última tentativa e outra vez ele recusou. Estava deixando o centro de detenção com um único pensamento em mente. 

           Fazer o que tanto Chanyeol quer, seguir o meu caminho.

»»»»

o próximo é o epílogo e fake bandit vai estar finalmente finalizada!

o que acharam do capítulo? esperavam algo diferente? me contem!

tô triste porque ta acabando mas feliz por estar concluindo mais uma história. obrigada desde já à todos que chegaram aqui e deram amor à fake bandit ❤

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