03.

Caminhava em direção ao parque que, sempre frequento no meu tempo livre antes de ir pro meu último trabalho de meio período.

Eu não tinha certeza se conseguiria desenhar alguma coisa, eu estava realmente exausta, fui ajudar o bandido e acabei chegando muito tarde em casa, quando precisava acordar cedo hoje.

Depois de preencher sua ficha pra que ele fosse aceito no hospital, o deixei lá, já havia feito o máximo que podia por alguém como ele.

Continuei me questionando se fiz o certo ou se, deveria tê-lo deixado agonizando de dor naquele beco escuro mas, então cheguei a conclusão de que fiz o certo, embora ele seja um bandido, ainda é um ser humano e se eu ignorasse e o deixasse lá, me tornaria alguém muito pior que ele, além de me corroer em culpa depois.

Procurei com os olhos o lugar que sempre me sento quando venho aqui e caminhei até ele, me sentei na grama verde e me recostei na grande árvore que tinha ali. Coloquei o portifólio sobre o colo e minha bolsa no chão, retirei uma folha a4 e meu estojo de lápis.

Fechei meus olhos por um instante enquanto encostava minha cabeça na árvore, só queria levar uma vida simples e calma, viver nessa correria entre empregos de meio período me deixava tão cansada, eu nem tenho tempo de pensar em todas as coisas que perco por só trabalhar.

Festas, amizades, viagens, eram coisas que eu sempre quis fazer, mas não seria possível pra alguém ferrada como eu, não enquanto meus pais tivessem que pagar a maldita dívida.

Sempre questionava Deus sobre o fato de minha vida ser assim, mas ele nunca me respondeu, parecia me castigar com mais problemas.

— Ok, o que vou desenhar? – Perguntei a mim mesma enquanto deixava minhas lamentações de lado, mas logo deixei minha cabeça cair sobre meus joelhos, eu não estava afim de nada, o dia foi péssimo e pensar que ainda tinha que ir pra aquele maldito restaurante era o fim.

Me levantei e guardei as coisas dentro da bolsa, não ia desenhar nada e nem ficar ali.

Então comecei a andar, não muito longe de onde eu estava, avistei o rapaz que tinha ajudado ontem e que havia sido a causa do meu excesso de sono durante o dia todo. Ele estava sentado em um dos bancos, não vestia as roupas sociais e habituais dos gangsters e sim roupas normais, calça jeans com rasgos nos joelhos, camiseta oversized e yellow boots da marca timberland. Pelo menos ele sabe se vestir.

Confesso que me questionei se ele estava me seguindo ou, se o destino estava querendo me pregar uma peça, colocando ele no meu caminho três vezes seguidas. Pretendia passar por ele e fingir que nada aconteceu, no entanto, eu me sentia frustrada e ao menos um "obrigada" eu queria ouvir.

"Mas você não deve ajudar alguém esperando algo em troca", não me importo, eu estava irritada e cansada, merecia ouvir um obrigado dele.

— Você parece bem melhor se comparado a quando te vi jogado naquele beco sujo. – Falei com certa irônia, talvez eu estivesse sendo descuidada ao falar dessa forma com alguém como ele, mas não tava ligando pra nada.

— Como? – Respondeu desentendido, agora com a claridade, podia ver claramente todos os seus machucados e hematomas, quem quer que havia feito aquilo, devia estar com bastante raiva.

— Não se lembra? Foi eu quem ajudou você, te levou pro hospital – Falei deixando um suspiro frustrado escapar.

— Ah, então foi você.. – Passou a mão pelos cabelos sem graça — Obrigado – Respondeu se curvando, pra um gângster ele até é educado.

— Então.. se me der licença – Voltei a seguir meu caminho enquanto deixava o outro pra trás, me senti um pouco desconfiada pois tinha sido fácil conseguir que ele agradecesse, não precisei fazer praticamente nada.

— Espera! – Ouvi ele gritar pra que eu esperasse, parei no meu lugar mas não me virei pra ele — Me deixe te compensar pela ajuda! – Falou com o tom de voz exasperado, me virei pra ele.

— Não – Respondi seca

— Eu insisto! – Suspirei frustrada com a insistência, mas então pensei em algo.

— Tem algo que você pode fazer – Disse a ele, mas já esperava que a sua resposta fosse não. O mais alto me olhou ansioso.

— O que?

— Perdoe a dívida dos meus pais – Quando terminei a frase ele suspirou

— Eu não posso – O encarei interrogativa — Quer dizer, não é pra mim que seus pais devem, não tenho poder sobre isso. – Se explicou e eu balancei a cabeça em afirmativa nada surpresa.

— Então esqueça. – Voltei a caminhar e dessa vez ele não me impediu.

• • •

Finalmente era sábado, meu expediente no café havia se encerrado e aos sábados eu não tinha que trabalhar no restaurante, ou seja, teria um pouco de descanso finalmente.

Era em torno de seis da tarde quando desci do ônibus e comecei o pequeno trajeto a pé até minha casa, era perto e não tinha que caminhar muito.

Andava pelas ruas com meus fones no ouvido, escutava minha playlist favorita do Big Bang, eu estava animada porque, finalmente teria um pouco de descanso após a semana insuportável que tive.

Apertei o passo na tentativa de chegar logo, no entanto, diminui assim que vi um homem usando roupas sociais, como as dos bandidos que estiveram em casa da última vez, a única diferença era que sua camisa era branca e não estampada como da maioria, me senti temerosa e ansiosa.

Ele falava com uma senhora, eu a conhecia, já havia lhe ajudado algumas vezes, me aproximei mais e constatei que se tratava de Park Chanyeol, não dava pra ver seu rosto claramente.

— Senhora Kang! – Me aproximei da velhinha — Tudo bem? – Perguntei enquanto segurava em seu braço — Você tem não tem vergonha de ficar importunando uma senhora? – Questionei o homem a nossa frente e ele não me respondeu nada. — Ele fez alguma coisa pra senhora? – perguntei preocupada que ele tivesse feito.

— Não, não se preocupe – A senhora Kang disse direcionada a mim, calmamente — Toma, leve isso com você! – Ela lhe entregou uma pequena sacola, não entendi o que estava acontecendo aqui

— Obrigado – Ele sorriu e se curvou a mais velha.

Em poucos minutos os outros homens do bando apareceram, não eram os mesmos que foram até em casa, eram mais novos e pareciam ter a mesma faixa etária de idade de Chanyeol, que de acordo com seus documentos tem vinte e quatro.

— Pague as suas dívidas e não me faça voltar aqui senhora! – O tom de Chanyeol mudou, enquanto falava apontou o dedo grosseiramente pra mulher ao meu lado, olhei a situação confusa. — Não me faça perder meu tempo vindo até aqui, pode ser que eu não tenha paciência com a senhora na próxima! – Seu tom era ameaçador e os outros rapazes observavam a cena com seus olhares intimidadores.

— Já terminou por aqui Chanyeol? – Um deles passou o braço pelo pescoço de Park, fazendo ele se curvar um pouco.

— Sim, vamos nessa! – Ele nem parecia o mesmo de poucos minutos atrás que sorria e agradecia a senhora Kang pelo que ela havia lhe dado. 

Ele se virou e sem falar nada seguiu seu caminho com os outros, observamos ele se afastar e se virar pra trás uma vez e curvar brevemente a cabeça e sibilar um "obrigado", olhei pra senhora ao meu lado e ela sorriu fraco.

— Qual o problema dele? Ele estava fingindo ser ameaçador e grosseiro? – Pensei alto e a velhinha me encarou. 

— Ele é um bom garoto – ela disse e eu dei um breve sorriso a ela.

Como um bandido podia ser um bom garoto?

»»»

Não foi dessa vez que a Chungha conseguiu se livrar da dívida ksks

Globo contrata o Chanyeol, pq ele tá atuando bem.

Obrigado por ler,  XOXO ❤

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