❪ V.❫ ━ UNTIL THE END?
você esteve lutando contra a memória, por conta própria
nada piora; nada cresce
eu sei como se sente estando
sozinha na chuva. todos nós precisamos de alguém para ficar.
ouvir você, caindo e sozinha, clamando você vai me consertar? você vai me mostrar esperança?
no final do dia você estava
impotente. você pode me manter perto? Você pode me amar mais?
━━ SOMEONE TO STAY,
VANCOUVER SLEEP CLINIC.
CAPÍTULO CINCO
ATÉ O FIM?
setembro de 1952
godric's hollow, inglaterra
LÍLIAN EVANS HAVIA COMPRADO uma casa na pequena cidade de Godric's Hollow, ela sempre via o sol nascer aos sábados, ela tinha tido um filho com seus olhos esverdeados e cabelos pretos. E em onze anos, ela viveu tudo aquilo, mas sem James ao lado.
Uma coisa praticamente levou a outra, e ela nunca quis se separar do Potter, mas ela apenas sumiu do mapa sem explicações. O motivo? Bem, quando Lílian voltou para Londres, sua mãe estava doente e ela decidiu ficar por lá, mas não escreveu nada para James. Cerca de três meses depois, quando Daisy Evans morreu, Lily tomou coragem de tentar voltar para Godric's Hollow. Quando voltou, foi recepcionada por todos que conhecia, menos James. O moreno estava em uma missão, e ele nunca mais escrevera para Lílian também.
A negligência de ambos era um deslize para o fim. Lily simplesmente achou que era um problema e um peso para o moreno, e aquela teoria ficava se acomulando na sua mente e ela se sentia péssima por aquilo. Às vezes, no meio da madrugada, sentia seu coração bater aceleradamente e uma enorme falta de ar. Ela tentava controlar aquilo, especialmente por seu filho, mas a ansiedade gritava mais alto.
Quando James voltou, Lily estava partindo de vez, mas ela conseguiu o ver. Ficou boquiaberta quando o Potter saiu do carro com Carmélia Dixon ao lado, então ela o abraçou alegremente e aquilo fora o bastante para o coração de Lily se quebrar e ela nunca mais querer ouvir falar no nome de James Potter. Claro, poderia ser um abraço entre amigos, mas James não parecia querer mais ela por não enviar cartas ou por pelo menos nem perguntar por ela ─ pelo o que Lily sabia. A Evans estava determinada a esquecer o Potter, e isso não fora fácil.
Nunca é fácil esquecer alguém que se ama; um irmão, um pai, um amante... Todos eles têm seu peso, e Lily se sentia mais vazia a cada perda que tinha. Primeiro foi Marlene McKinnon, sua melhor amiga desde infância, que estava morta; depois Regulus Black, o bondoso e educado Black que ela havia visto crescer. Teve sua mãe, que morreu no inverno de câncer, entre inúmeros conhecidos.
Lily gostava de relembrar de todos eles, pois eles faziam parte de sua vida. Mas Evans queria esquecer o único que estava vivo ─ ou não, já que na época ela não sabia. Para apagar James de sua mente, Lily guardou todas as coisas que tinha e que eram relacionadas a ele, menos o colar que ele havia dado a ela, aquele colar ela deixava grudado em seu pescoço o tempo todo.
Era julho quando seu pequeno Harry J.P. Evans nasceu, e por mais que Lily estivesse tentando esquecer James, o seu filho era a lembrança mais vívida que ela poderia ter do Potter. A ruiva se sentia mal por ter um filho e nem contar ao pai dele sobre isso? Com certeza. Mas pelo bem de James, ela torcia para que ele tivesse seguido em frente ou estivesse fazendo o que gostava.
O amor deles era como um jogo perdido.
Lílian se sentia péssima o tempo todo no início, e não pode evitar aquela sensação por ter simplesmente fugido. Era uma covarde, e não corajosa como Petúnia disse uma vez a ela, mas ela era do pior tipo. Uma covarde que pensa que está pensa que está vencendo, pensa que está sendo corajosa e brava, mas está apenas afundando em suas mentiras.
E era mais covarde ainda por não ter realizado seu desejo, que era ficar ao lado de James. Mas entenda, sua mente estava em um conflito sobre o amar ou o deixar por se sentir um peso para ele. Naquele momento ele também poderia estar livre, ele poderia curtir sua vida e não ficar preso a um relacionamento... Ou não teria que se preocupar em voltar vivo para mais uma pessoa, ou ter que se esforçar para não desistir de tudo por alguém.
Lily o amava, e sempre amaria, mas sentia-se como um fardo ─ e esses sentimentos pessimistas foram se intensificando cada vez mais na ausência de James. Mas aos poucos, aquele sentimento foi passando e ela não se sentia mais um fardo e queria voltar para James de vez.
Ela conseguiu se virar com ajuda da família, se sentia bem estando com seu filho e o amando mais que tudo, mas o destino parecia estar a favor ─ ou não ─ para Lílian. Quando foi para Godric's Hollow em 1945, viu que a base não funcionava mais. Por mais que a guerra tivesse acabado, ela esperava por algum tipo de funcionamento, mas apenas a mansão do prefeito estava lá.
─ Lily? ─ a ruiva escutou uma voz ao encarar o portão preto, então se virou e viu Kendra Dumbledore. ─ Meu Deus, Lily Evans!
A morena caminhou até Lily e a abraçou, a ruiva não sabia o motivo do abraço, mas Kendra parecia emocionada.
─ Meu Deus, Lily! Você foi embora sem explicações. O que aconteceu?
─ Eu voltei algumas semanas depois de minha mãe falecer, mas percebi que aqui não era mais o meu lugar ─ Kendra concordou com a cabeça. ─ Eu achava que sei lá... Talvez as coisas estivessem aqui ainda e que eu pudesse encontrar todo mundo.
─ Você não manteve contato com o pessoal? Alice mora aqui agora!
─ Eu sei, estava indo para a casa dela agora... E eu só mantive contato com os Longbottom e Gideon, até que bem... Você sabe o que aconteceu com ele.
─ Ah, Lily, eu sinto muito por Gideon, ele era seu amigo.
Evans tentou não mostrar seu semblante triste, mas só de ouvir o nome de seu falecido amigo, Lily quis chorar. Gideon havia morrido em 1943, uma bala fora encravada no seu peito. Mas pelo menos, Lily sabia que Gideon poderia estar em qualquer lugar ao lado de seu irmão, e que ele estaria em absoluta paz. Mas toda vez que pensava do ruivo, se lembrava em como ele esteve presente na vida de Lily, mesmo após sua partida, e em como cuidou de Harry nos momentos que ela não estava bem.
─ Sim... Agora eu preciso ir.
─ Espere ─ a Dumbledore segurou Lily pelo pulso, de modo leve para ela não recuar. ─ Você não voltou mesmo por não achar que aqui era seu lugar?
Lily concordou com a cabeça, um tanto rápida enquanto sua mente hesitava.
─ James ficou triste por você ter...
─ Ok, não precisa me falar dele. Tchau, Kendra.
Lílian se soltou da Dumbledore e seguiu o caminho para a cidade. Em 1948, mais uma vez o destino pareceu estar em seu favor e, Lílian avistou pessoas que conhecia muito bem. A ruiva estava na França com seu filho, ambos passeavam nas férias e era bom ter um tempo com seu filho e sem Petúnia berrando com qualquer problema mesmo que soubesse que Petúnia reclamaria de algo mais tarde no hotel. Estava saindo de uma loja de perfumes enquanto Harry reclamava por estar com fome, e Lily estava animada com seus novos perfumes.
─ Mamãe, eu estou com fome!
─ Nós já vamos para um restaurante, seu chatinho! ─ Lily exclamou colocando a sacola no braço e logo parando na calçada de frente para seu filho. Então quando ia falar algo para Harry, Evans ficou boquiaberta ao ver Euphemia, Fleamont e James caminhando na mesma rua que ela.
O coração de Lily bateu rapidamente, depois bateu lentamente e ela tentava raciocinar o que acontecia. Evans se levantou e colocou Harry nos braços, então caminhou até outra loja e adentrou ela para observar os Potter. Fleamont e Euphemia tinham cabelos mais grisalhos, mas continuavam bonitos... Já James, bem, sua aparência não era de um garoto de dezenove anos e sim de um homem. Não usava mais aquele seu topete, seu cabelo estava mais baixo, como se ele tivesse passado algum tipo de gel para os deixar mais inclinado para um lado e não os deixar rebeldes para cima.
─ Quem são eles, mamãe?
─ Só uns conhecidos da mamãe.
─ Espera... Aquele homem se parece com o da foto!
─ Que foto? ─ a ruiva encarou seu filho nos braços, o menino ficou com as orelhas vermelhas e uma cara envergonhada. ─ Você estava bisbilhotando as minhas coisas, Harry Potter Evans?
─ Talvez ─ o menino disse. ─ É que você e a tia Alice estavam tomando chá e eu estava cansado e queria ir tomar um banho e nenhum banheiro era melhor que o seu, mas antes de entrar lá, vi uma caixa em cima da sua cama.
─ Harry!
─ Desculpa, mamãe! ─ o moreno disse. ─ Mas aí eu vi umas fotos de você bem pequeninha até criançona e até adulta!
─ E você viu aquele rapaz em qual foto?
─ Em várias... Mas uma das primeiras foi quando vocês estavam perto de algum lago e estavam cobertos por uma toalha enorme! Depois, tinha uma em que ele estava com um presente nas mãos e você ao lado dele. A outra...
─ Ok, já chega ─ Lily colocou o filho no chão. ─ Vamos comer?
Depois daquele dia na França, nunca mais viu os Potter, e isso trazia um incômodo e alívio para Lily. Claro que Lily morava na mesma cidade que Euphemia e Fleamont, mas havia se mudado para a casa da irmã; mas ela nunca viu o casal pelas cidades, ou se eles tinham visto ela, não falaram nada. Quando Lily voltou para Londres, decidiu que iria pegar a herança de sua mãe, e com a ajuda do pai, e construir uma casa em Godric's Hollow.
Virou vizinha de Alice e de mais algumas famílias simpáticas, como as dos Weasley e a dos Granger. Harry fez amizades rapidamente, e eles logo tiveram sua vida estabelecidas na pequena cidade. Naquela tarde de 1952, o Sol era escaldante e as crianças brincavam no quintal dos Evans. Já Lily tomava um chá na varanda que era de frente para o quintal da casa, que era todo esverdeado e com árvores em volta.
─ Você vai passar o Natal com quem? ─ Alice perguntou a amiga que estava sentada ao seu lado.
─ Só eu e o Harry.
─ Lily, você sabe que sempre terá a mim ou a sua irmã, certo? ─ Lily revirou os olhos, a Longbottom sempre falara o mesmo.
─ Sim, sim! Você já falou isso várias vezes como se tivesse pena do Harry viver apenas comigo! Mas ele é muito feliz comigo, e ele não precisa de mais ninguém.
─ Não adianta cruzar os braços e ficar com essa cara emburrada, Lils ─ Alice falou ao ver a amiga fazer exatamente o que ela tinha dito. ─ E você sabe de quem o Harry precisa, e muito.
─ Eu não vou voltar para o James e chegar com um filho ainda! A essa altura do campeonato, ele já deve estar casado e com uma família unida.
─ Mas eu sei que semanas depois que você o deixou, você quis voltar... E acabou adiando isso, e adiando! Qual o seu grande medo? Rejeição?
─ Ele deve me odiar.
─ Ele não odeia.
─ Como pode ter tanta certeza? ─ Evans perguntou, mas não deu tempo para Alice responder. ─ Hermione, Harry, Neville! Parem de brincar por um instante, irei trazer um lanche para vocês.
─ Obrigada, Senhora Evans! ─ Hermione agradeceu e Lily abriu um pequeno sorriso de lado.
A ruiva estava caminhando em direção a cozinha, mas escutou sua campainha tocar e logo abriu sua porta principal. Desceu um pouco o olhar e viu duas cabeleiras tão ruivas quanto as suas.
─ Você é a mãe do Harry? ─ a pequena Ginny perguntou, parecia chocada. ─ Você é tão bonita.
─ Obrigada, Ginny, certo? ─ a ruivinha concordou rapidamente. A Weasley já tinha visto Lily de longe, mas nunca tinha falado com ela de fato por nunca ser tão próxima de Harry. ─ Você também é linda.
─ Meu Deus, assim a Ginny morre! Fala do Harry o tempo inteiro, fica falando em como ele foi corajoso ao enfrentar o babaca do Malfoy... Mas enfim, oi, tia Lily! ─ Ron disse e Evans logo o olhou. ─ Podemos entrar? Hermione nos disse que ela iria vir brincar com Neville e Harry.
─ Claro! E chegaram bem na hora certa, vou assar alguns cookies para vocês.
Lily soltou algumas risadas baixas ao ver Ginny tomar uma cor vermelha pela vergonha, então os irmãos logo adentraram a casa e foram até o quintal. Evans foi até a cozinha e Alice foi acompanhar a amiga, elas ficaram conversando baboseiras até que Harry chegou na cozinha para tomar um copo d'água. A campainha tocou mais uma vez, chamando a atenção de todos na cozinha.
─ Eu atendo ─ o moreno disse e Lily concordou com a cabeça.
Harry caminhou até a porta e a abriu, teve que olhar um pouco para cima para poder encarar um homem alto, de ombros largos, olhos bonitos e cabelos escuros. Ele pareceu perder suas estruturas ao ver Harry, como se não acreditasse que antes ele fosse real, mas agora tinha a certeza.
─ Mamãe me disse para não falar com estranhos, mas talvez você seja amigo dela... Qual o seu nome?
─ Potter. James Potter.
─ Sou o Harry, mas tenho vários nomes no meio... Evans, James, Pott... Espera, nós temos nomes iguais! ─ o garotinho exclamou surpreso.
─ Sim, nós temos ─ James afirmou rindo, estava tão estático mas tão emocionado ao mesmo tempo. ─ Você tem os olhos da sua mãe.
─ Todo mundo diz isso ─ Harry murmurou. ─ Então você é amigo dela?
─ Um amigo distante. Lílian está em casa?
─ Sim ─ Harry deu mais espaço e abriu completamente a porta.
Ao entrar na casa, a analisou rápido demais, pois logo fora atrapalhado pelo abraço apertado de Alice. Evans tinha feito uma pergunta minutos antes, Como você pode ter tanta certeza? E bem, Alice tinha a certeza porquê contou toda a verdade para James. Falou a ele por várias cartas o que Lily sentia, como ela estava, e não contou de início sobre Harry ─ mas o seu marido fofoqueiro contou. James ficou chocado em 1943, quando soube de seu filho com dois anos. Mas por que não foi até Lily? Por que não lutou por ela?
Simples. Ele lutou, ele foi até ela, mas ela nunca estava ao seu encontro. Era como se Lílian Evans tivesse sumido, ele ia na casa de seus parentes e amigos e nenhum deles sabiam onde ela estava ─ ou mentiam ─, então James ficou frustrado com aquilo e parou de procurar por ela. Mas ao ver seu filho, seu Harry crescido, sentiu que tinha cometido um grande erro. Por mais que enviasse cartas a Alice, escrevendo as palavras que ele usaria para consolar Lily em momentos difíceis, não era a mesma coisa.
Quando Alice contou que Lily tinha ido embora ao ver James com Carmélia, ele se sentiu horrível mesmo levando Carmélia para visitar seu primo que estava internado na clínica. Ela estava ansiosa e feliz por saber que seu primo estava vivo, então abraçou e beijou a bochecha de James várias vezes, mas eles eram apenas amigos.
Então por trás das costas de Lily, Alice contava tudo a James e sabia que ele iria para Godric's Hollow naquele final de semana, por isso ficou surpresa, já que aquele dia era uma sexta-feira. E sim, James já havia visto Lily em Paris e no próprio vilarejo, mas não se manifestou em nenhuma das vezes por simplesmente travar e não conseguir falar nada.
─ Quem é que está aí? ─ Lily gritou da cozinha, então logo caminhou a sala principal e ficou boquiaberta ao ver James.
─ Oi ─ o moreno disse meio sem jeito. Lílian entrou em um desespero rápido e momentâneo ao ver Harry ao lado de James. Mas ela ficou aliviada por pensar que James não sabia de nada, mas ele sabia e só queria abraçar o seu filho.
─ O que você está fazendo aqui?
─ Vem, Harry, vamos para fora ─ Alice pegou na mão do moreno e o guiou até fora da sala, então logo fechou a porta que dava para a varanda, pois sabia que Lily e James iriam discutir.
─ Ele tem seus olhos ─ Lily concordou mordendo os lábios e cruzando os braços, estava aflita. Ao mesmo tempo que queria pular em James, abraçar ele, beijar ele... Ela sabia que havia fugido e talvez quebrado o coração dele, ou não. ─ Por que não me contou sobre ele?
─ Eu decidi seguir minha vida, ficar naquele ambiente de guerra era caótico... Só não tive a oportunidade de falar com você ─ Lily mentiu.
─ Por onze anos?
─ Sim, oras! Além de que eu não tenho a obrigação de te notificar que eu tive um filho.
─ Nosso filho.
Lily então fitou os olhos de James, sentia tantas emoções que sua reação estava estática, abismada e embasbacada com o que acabara de escutar.
─ Como p-pode ter certeza? ─ a ruiva perguntou cruzando os braços mais fortes e com a voz já trêmula.
─ Ele pode ter os seus olhos, mas é a minha cara, Lily. Além de que Frank me contou.
─ Ele não tinha o direito ─ Evans baixou seu olhar para o chão.
─ Ok, ok ─ James se aproximou da ruiva. ─ Mas eu não tinha direito de ficar ao seu lado? De poder sentir ele dar os primeiros chutes na barriga? De poder segurar sua mão na hora do parto e depois me encantar por ver que o meu filho era a coisa mais linda que eu já vi? ─ o tom de James aumentava.
"Eu não tinha o direito de vê-lo aprender a andar e falar? De vê-lo crescer... O que eu fiz para você ter ido embora desse jeito, Lily? Porquê tem que ter um motivo!"
─ Você não fez nada ─ Lily comentou com a voz fraca. ─ Fui eu... Eu achei que iria atrapalhar sua vida e...
─ Você atrapalhou e muito quando fugiu! ─ James se afastou da ruiva, respirando fundo e colocando as mãos na calça, mas logo apontou uma delas para Lily. ─ Por sua culpa, eu não vi meu filho crescer; por sua culpa, eu passei anos procurando por um fantasma!
─ Eu sei que foi minha culpa, mas eu não estava bem.
─ E você acha que eu fiquei quando você me abandonou? Você não me respondeu nenhuma carta! ─ James gritou, mas logo tentou se recompor. ─ Eu fiquei me culpando por anos e anos, mas percebi que você tinha sido a verdadeira culpada de tudo.
─ James, eu nem sabia da existência dessas cartas! ─ a ruiva exclamou baixinho, mas aquilo pareceu ser um grande nada.
─ Mas eu fui mais errado ainda por ter desistido! ─ Lily o olhou surpresa. ─ Agora eu apareço aqui, onze anos depois, sem nenhuma explicação... Mas eu tenho uma... Eu já sabia onde você morava, Alice me disse em 1950, mas eu não tive a porra da coragem o suficiente 'pra conseguir te visitar!
Lily ficou calada encarando o chão, enquanto sentia suas lágrimas descerem.
─ Eu fiz algo de errado, Lily?
─ Eu também não procurei por você ─ a voz da ruiva tremia, pois ela não esperava ter aquela conversa naquele dia. ─ porque eu tinha medo, tinha medo de te ver mudado ou com outra! Mas saiba que eu me arrependi de ter te deixado.
James se afastou mais uma vez e deu uma risada sarcástica.
─ Você sabia que eu te amava, você sabia que eu largaria tudo por você.
─ Eu era jovem e estava com medo! Eu estou com medo ─ Lily se encolheu, querendo apenas sumir do mundo.
─ Um de meus melhores amigos morreu, e você era uma das pessoas que conseguiria me acalmar, mas você sumiu, Lily! Eu sei que Gideon morreu e você não ficou bem, mas eu poderia ter estado ao seu lado o tempo todo!
─ Eu sei disso! ─ a ruiva exclamou irritada ─ Não precisa lembrar disso porque eu me sinto uma covarde, uma péssima mãe, uma péssima melhor amiga e uma péssima namorada! Não precisa lembrar que eu nem fui ao enterro do Peter!
Lily então pegou sua sapatilha e tentou jogar em James, mas não tinha forças para aquilo, então apenas fechou os olhos e deixou sua mente invadir suas memórias. Desde as mais felizes até as piores, desde as inexistentes onde ela criava coragem para achar James e desde as realistas onde ela fingia estar bem para Harry não ter que se preocupar. Harry sempre fora preocupado e carinhoso, até nisso ele lembrava James.
─ Você ainda me ama?
─ O que? ─ Lily perguntou ao olhar para James de novo. Ele a odiava ver naquele estado, mas se ela não quisesse sua presença, ele teria que respeitar e fingiria que seu ápice de ousadia nunca aconteceu e que ele nunca encontrou Lily. A ruiva deu meia volta e respirou fundo, queria sair daquela enorme e sufocante sala.
─ Sério que você vai fugir de mim de novo? Eu tentei te esquecer todas as maneiras, me relacionando com outras mulheres, me enchendo de trabalho, fingindo que você nunca existiu! E você não faz ideia de quão torturante é todos lembrarem de você o tempo todo...
─ Eu sei como é isso ─ Lily disse com uma voz alta e se virando para ele, caminhou até sua direção e parou quando percebeu que estava rápida demais. ─ Eu também tentei te esquecer, mas nunca consegui! Então não fique achando que eu fui uma vadia fria e sem coração que fugiu com seu filho para longe! Eu queria... Eu quero você ao meu lado... Mas eu não quero me sentir uma péssima namorada, eu quero ser feliz!
"Eu sei que eu não vou conseguir ser feliz porque EU sempre irei criar a droga de um problema que irá nos afastar e me fazer destruir tudo como eu já fiz. E sabe qual é o pior disso tudo? É que mesmo depois de todos esses anos, eu ainda sinto tudo quando você está por perto... E eu não posso te amar, porque eu sempre vou pensar e pensar no nosso fim, James! Isso não é justo para você, eu só vou te encher de problemas e você não precisa ter que assumir ser o pai do Harry."
Lily tentou engolir seu choro, mas logo colocou suas mãos no rosto para não mostrar o quão fraca se sentia por ter falado nem a metade do que estava guardado em si.
─ Eu não quero que você fique por ter pena de mim.
─ Se eu tivesse pena de você, eu nem estaria aqui. Mas eu estou aqui... Mesmo que seja depois de onze anos, eu estou aqui! E isso não é o suficiente para você, Lily? Porque eu não ligo se você vai estragar tudo outra vez, eu só quero voltar a ser inteiramente feliz, porque sem você, eu me sinto incompleto. Sinceramente, eu cansei disso.
─ Então vá embora! ─ a ruiva exclamou tirando as mãos do rosto inchado.
─ Eu não posso! ─ o moreno murmurou alto, mas logo respirou fundo a fim de se acalmar. ─ Eu te amo, e eu não posso te deixar, eu não posso segurar a esperança para ver ela se esvaindo por minhas mãos. Você pode até dizer que eu não entendo, que nós não iremos funcionar... Mas quem liga para isso, Lils? Nós passamos por uma guerra, eu poderia ter morrido e você nem iria saber!
"Eu poderia ter te perdido para sempre. Mas os tempos sombrios já se passaram, então por que você continua se privando de tudo? Você não pode saber se está certa porque você não me deixou te entender, você não deu uma chance para nós funcionarmos."
Automaticamente ele já estava perto dela, perto demais, e o coração de James saltitava pela emoção. O moreno tocou delicadamente o rosto da ruiva com suas duas mãos, então colou a sua testa com a dela e pôde sentir a respiração irregular de Lily, que estava com os olhos fechados. Então naquele momento as feridas não tinham ido embora, eles não tinham se resolvido, muitas coisas precisavam ser conversadas... Mas eles passaram mais de uma década separados, e a necessidade de ter um ao outro era maior. Muito maior que qualquer passado ou hesitação. Ter um ao outro era como ter a esperança em sua maior e repleta abundância.
James também estava de olhos fechados, mas precisava apreciar a mulher a qual ele tanto amava. Ele passou uma mão pela mecha solta da franja da ruiva, então a colocou atrás da orelha dela. Ele sempre adorou o tom do cabelo avermelhado dela, não era tão vívido como fogo, mas era suave como se carregasse um tom amadeirado em si. Era extremamente lindo, simples e chamativo mesmo não sendo aquele ruivo espalhafatoso.
Lily também observou James, ele estava parecendo obviamente mais maduro e ela queria conhecer aquela nova versão dele. Então por um instante ela ficou disposta de dar uma chance para ele a entender e para eles funcionarem, mas a Evans não sabia que aquele instante duraria por tanto tempo.
─ Eu quero te beijar ─ ele sussurrou. ─ Mas eu não sei se estaria sendo abusado demais ou...
─ Você é muito abusado, mas eu sou uma mulher bondosa e deixarei você me beijar ─ Lily soltou uma risada nasal e nervosa.
James molhou seus lábios, estava ansioso e esperava por esse beijo durante anos. Mas eles logo se afastaram ao ouvir a porta se abrindo e revelando uma confusas menininha de cabelos espalhafatosos e franjinha, ao lado estava uma pequena ruivinha, que para James, lembrava muito de Lily quando pequena.
─ Meu Deus, Senhora Evans! Me desculpe por atrapalhar vocês ─ Hermione exclamou surpresa, James queria rir.
─ Quem é esse? ─ Ginny sussurrou para a Granger e Lílian sorriu ao olhar para o Potter.
─ Uma pessoa muito importante para mim e para o Harry... Infelizmente nós ficamos separados por bastante tempo, mas ele voltou e bem, o resto o Harry contará para vocês.
─ Eu poderia saber o nome do Senhor...?
─ James. James Potter ─ o homem disse se sentindo radiante. ─ E a Senhorita seria...?
─ Hermione Granger.
─ Você tem os mesmos nomes que o Harry! ─ Ginny exclamou.
─ Como você sabe todos os nomes do Harry decorado? ─ Hermione perguntou, deixando Ginny vermelha.
Lily riu e logo caminhou até as meninas e pediu para James segui-la. Então passaram sua tarde no quintal, entre risadas e emoções. Lílian não contou naquela tarde tudo sobre James para Harry, mas o pequeno Potter havia gostado bastante de James, não desgrudou dele em nenhum minuto.
Quando todos foram embora e Harry já estava se preparando para dormir, Lily e James ficaram na cozinha e tomaram um pouco de vinho. Os dois gargalharam ao relembrar dos velhos tempos, então James não perdeu tempo até puxar Lily para beijá-la. Ela o levou até seu quarto e após uma noite cheia de beijos apaixonados os dois se encontravam cansados demais. Tomaram banho juntos e se vestiram para dormir ─ James ficou com apenas sua cueca por não estar com sua mala que tinha deixado na casa de Frank ─, depois se deitaram na cama e conversaram um pouco.
Estavam prestes a dormir abraçados, quando Harry invadiu o quarto e se deitou no meio dos dois, então se grudou a sua mãe e James passou o braço sob seu filho e deixou a cabeça de Lily apoiada no outro braço. Pelos vistos, Lily não passaria o Natal sozinha com o Harry, e ela tinha esperança de que tudo fosse finalmente se ajeitar. Aquilo era perfeito.
─ Eu disse que estaríamos juntos até o fim.
❛ ━━━━━━━ ✪ ━━━━━━━ ❜
heey! muito obrigada a todos que acompanharam tudo até aqui, fico muito feliz com vocês :)
espero que tenham gostado do último capítulo, mas se acalme porque terá um epílogo!
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