Zero O'Clock....

Lilian on....

As vezes eu acho que viver é pesado demais. Sabe quando você quer respirar mais o ar a sua volta parece estar tão denso que você não consegue a quantidade que seu corpo precisa? Me sinto assim com frequência.
Sempre fui muito centrada porém estar sozinha nesse mundo não tem sido fácil e carregar as marcas do acidente que me tirou meus pais é ainda pior pois sempre que olho meu reflexo no espelho, sinto a culpa recair mais uma vez sobre meus ombros. Já não consigo chorar... Também não falo sobre o acontecido, me fechei na minha própria dor.

Hoje é só mais um dia como outro qualquer, me levanto sem ânimo algum. A algazarra de Ana, minha amiga não me permite fazer o que desejo, então me arrasto para o chuveiro e logo estou na cozinha a vendo dançar e cozinhar.
Somos tão diferentes porém desde o acontecido é ela quem me faz viver. Lembro-me como se fosse hoje, sentada ao lado do caixão de meus pais, de repente um par de mãos envolveram meu corpo e então ouvi a voz que tanto tem me confortado até hoje.
- Você não está sozinha meu amor, eu estou aqui minha irmã. - Eu então desabei em seus braços e ela tem cumprido sua promessa. Deixei a casa onde vivia com minha família e juntas alugamos essa.

- Lili! Bom dia vida, nem te vi aí. - Diz ela com aquele sorriso tão marcante.

- Acordamos animadas hoje. - Respondo tentando retribuir o afeto. Quando a melodia muda algo chama minha atenção para a tela do notebook. Fico alguns segundos apreciando as vozes e mesmo não entendendo a língua, algo me confortou naquela canção.

- Gostou? - Pergunta ela e eu apenas concordo com a cabeça. - Vem. Sente-se aqui. Veja a tradução, acho que vai conversar muito com você. - Diz ela finalizando seu café e depositando um beijo em minha testa.

- Espera sua doida, vai deixar o notebook aqui? - Pergunto dando um pause na música. A vejo enfiar a cabeça para dentro da cozinha e dizer.

- Você precisa mais dos meus meninos que eu. Aproveite, eles curam onde dói.

- Eles quem mulher? - Grito antes dela desaparecer sala a fora e a ouço gritar de volta.

- BTS amor, BTS!

- Ana, você é muito doidinha. - Murmuro pra mim mesma pegando uma xícara de café, uma fatia de bolo que ela havia feito no dia anterior e alguns pães de queijo, me acomodando logo em seguida na frente do notebook e dando o play.
Foram os 4 minutos mais relevantes que eu vivera até ali desde aquele fatídico dia. Quando dei por mim as lágrimas escorriam por minha face, mais essas não eram como as outras, essas eram um misto de conforto e esperança. Quando a música finalmente parou olhei seu nome com atenção - Zero O'Clock.... - Reli a letra e escutei a musica com cuidado pelo menos três vezes e a cada vez sentia-me mais tranquila.
As horas passaram voando enquanto eu devorava tudo que podia sobre aquele grupo e ali haviam músicas que pareciam escritas para mim.

- A sua alegria diária chegou! - Escuto Ana gritar assim que entra em casa. - Lili?

- Aqui. - Respondo me dando conta que havia passado a manhã inteira engajada naquela discografia.

- Você ainda está aí? - Ela pergunta com um sorriso imenso na face. - Sabia.

- Sabia o que? - Questiono curiosa.

- Eles sempre conseguem. - Ela responde balançando a cabeça feliz.

- Não entendi.

- Amor, eles são mágicos acredite. Você nem percebeu mais passou a manhã inteira fora do seu quarto e sorrindo, tenho certeza. - Foi aí que me dei conta que realmente não tinha me trancado. Pelo contrário eu sorria e estava sentindo um fio de vida dentro de mim novamente. - Bem vinda baby army. - Ela diz saindo em direção a sala e me tirando de meus pensamentos.

- Baby o que? Espera Ana. Me explica isso. - Digo seguindo a mesma.

- Baby army.  Você vai entender logo, agora vamos pedir algo para o almoço por que estou morrendo de fome e a senhorita precisa se alimentar.

- Que tal irmos naquele restaurante da esquina? - Pergunto a vendo parar abruptamente.

- Você quer sair? Quem é você e oque fez com a minha Lili? - Ela pergunta rindo.

- Deixa de ser palhaça. Finalmente estão flexibilizando as coisas por conta da pandemia e você aí de graça. Vamos ou não?

- Nem pergunte duas vezes. - Ela entrelaça seu braço ao meu e assim vamos rumo ao restaurante.
Nos acomodamos numa mesa próxima a janela. Ainda existem restrições, mais depois de um ano nisso, finalmente algumas coisas começaram a se encaixar novamente. Já podíamos permanecer  em um local fechado, claro com limite de pessoas e usando máscara e álcool em gel a todo momento.

- Nossa isso aqui está uma delícia. - Diz Ana me fazendo sorrir.

- Está mesmo, aposto que você quer saber a receita para poder reproduzir em casa. - Rebato a deixando surpresa.

- Talvez. - Diz encolhendo os ombros. - Estou feliz em te ver assim, eu sabia que meus meninos te fariam bem.

- Admito, eles me impressionaram. - Digo e Ana sorri largo.

- Amiga você acabou de entrar na toca do Coelho, Boa sorte. - Ana fala como se eu tivesse descoberto um tesouro único.

- Quero saber mais. - E foram essas palavras que me fizeram entrar de vez no mundo chamado BTS. Depois disso mergulhei em tudo sobre os meninos. Hoje, dois anos depois sou uma army ativa na comunidade e participo de um grupo do telegram, pequeno porém cheio de amor.

Conversa no grupo....

LILI- Bom dia meu povo. - Dígito feliz.

ARMYGRIL- Ae apareceu a margarida.

LILI- Ah para, nem fiquei tanto tempo sumida assim.

PURPLEU- Lili é uma flor? Não entendi.

CISSA - Você é lento né 😅 Bom dia!

LILI- É apenas um jeito de falar. Quer dizer que ela acha que eu fiquei muito tempo sem aparecer, oque não é verdade.

LUIZA- Bom dia menina, já viram as fotos promocionais dos meninos?

BEAH‐ O surto, estão perfeitas. O Tae está tão perfeito. oh homem 😋.

MARIAH- Mulher eles querem nos matar só pode 😅.

ARMYGRIL - É um tiro atrás do outro.

PURPLEU- Tiro?🤔.... eu preciso de um dicionário.

LILI - 🤣🤣🤣🤣 Bom, deixa eu ir trabalhar que já estou atrasada e hoje tenho curso e faculdade. Aí tô perdida.

LUIZA- Você está estudando o que?

LILI- Inglês e coreano extra classe e publicidade na facul. Deixa eu ir se não fico aqui o dia todo. Beijosss.

Narrador on...

Lili termina seu café cantarolando Life goes on e nem percebe a aproximação de Ana que entra no clima da música.

"Like an echo in the forest
하루가 돌아오겠지
아무 일도 없단 듯이
Yeah, life goes on
Like an arrow in the blue sky
또 하루 더 날아가지
On my pillow, on my table
Yeah, life goes on like this again"

Segurando a amiga pela cintura e rodopiando pela cozinha a fora até ambas caírem no sofá rindo.

- Vejo que estamos felizes hoje. - Diz Ana se aconchegando no ombro da amiga.

- Estou mesmo. Amiga você viu as fotos? - Pergunta Lili abrindo um sorriso ainda maior.

- É claro! Que tipo de army eu seria se não tivesse visto. Aliás como vai o grupo? Nem tenho entrado. - Responde a amiga. - O Trabalho está me consumindo. - Finaliza parecendo cansada.

- Você deveria ficar feliz. O restaurante está fazendo o maior sucesso. - Lili fala levantando-se.

- Eu estou feliz, mais também muito cansada. - Responde também se pondo de pé.

Ana havia se tornado chef em um dos restaurantes de comida coreana mais renomados da cidade e Lili estava quase formada e está atualmente fazendo estágio em uma das maiores multinacional do país.

- Bom amore eu vou indo. Se me atrasar meu chefe me mata. - Diz Lili dando um selar na bochecha direita de Ana que retribui o carinho. - Te amo.

- Eu também doidinha.

No outro lado do mundo.....

- Kim Taehyung! - Um grito estridente é ouvido pelos corredores da Hybe.

- "Vixi" o que foi que ele aprontou agora? - Pergunta Hobi e Alice da de ombros.

- Tae?! - Maia enfia a cabeça para dentro da sala procurando o mais novo.
- Ah vocês dois estão aí! Viram aquele moleque? - Pergunta Maia ao que o casal apenas balança a cabeça de forma negativa, ela então segue seu caminho resmungando algo que eles não compreendem.

No terraço do prédio, o mesmo tentava entender as mensagens recebidas.
- Que diabos isso quer dizer? Tiro? Alguém está atirando? Preciso de um tradutor melhor. - Reclama olhando fixamente para o celular.
O mesmo se assusta quando a porta abre rapidamente.

- A-há te achei. - Esbraveja Maia vindo em sua direção.

- Ei por que está brava? Eu não fiz nada, juro.

- Posso falar? - Pergunta ela se sentando ao lado dele.

- Cla-Claro! - Diz o rapaz encolhendo os ombros.

- Vou perguntar uma única vez. Foi você quem comeu todo o bolo de chocolate?

- Eu.. bom .... hoje... já perguntou para o Jimin? - Responde ele tentando não rir.

- Eu não acredito que o pai dos meus filhos foi tão imprudente. Comer o bolo da esposa grávida e ainda não deixar nada pra ela.

- Na verdade fomos nós dois e o Kookie tem culpa também. - Diz ele rapidamente vendo o olhar de reprovação da amiga.- Jimin parece que está com desejos como você.

- O Kookie parece que não tem fundo. Jimin vai ter muito o que explicar. - Diz ela tentando não rir. - O que estava fazendo escondido aqui em cima?

- Conversando com algumas armys. Posso perguntar uma coisa? - Diz ele vendo ela concordar. - Por que vocês brasileiros falam dialetos tão estranhos?

- Dialetos?

- Sim! Olha isso. Eu não entendo isso  e o tradutor não ajuda.

- Ahhh! - Exclama ela rindo. - São gírias e dizeres populares. Isso aqui quer dizer que as fotos promocionais as acertaram como um tiro, mais não no mal sentindo. Quer dizer que causaram um grande impacto nelas.

- Podiam facilitar. - Diz ele olhando da tela do celular para ela já se levantando.

- E que graça teria nisso ? - Fala Maia esticando os braços para que ele a ajudasse a se levantar também.

- Vocês brasileiros são estranhos mais eu os amo mesmo assim.

- Não somos estranhos. Somos únicos. - Diz ela agradecendo a ajudo com um abraço. - Espero que esteja conseguindo se reconectar Taetae.

- Ah! Muito bonito. Eu todo preocupado com a senhora e vocês dois de chamego aqui em cima. Eu sou ciumento tá. - Os dois são interrompidos por Jimin que abre a porta e prontamente os encara com as mãos na cintura.

- Que bom que está aqui Park Jimin. - Diz Maia soltando o irmão mais novo.

- Por que me chamou pelo meu nome completo? Amor?! Você só faz isso quando esta brava.

- Quer dizer que o senhor está com desejo também e por isso se juntou aos outros dois para comer meu bolo e não deixar nada pra mim. - Maia fala tentando se manter séria.

- Poxa lembrei que temos ensaio agora. Anda Taehyung larga isso e vamos. Bolo? Não lembro não. - Diz ele ficando corado. - Amor estamos indo, te vejo depois. Anda menino. - Jimin agarra o amigo pelo braço e da um leve selar na esposa saindo correndo em seguida.

- Espera ai. Yeahhh! Vai ter volta viu Jimin. - Grita ela parada na frente da porta observando os dois sumirem corredor afora. - Espero que o Teteco encontre oque busca.

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