Traumas
JIN ON...
Ana me acompanha até a cozinha e ali começamos uma leve discussão sobre qual seria o prato principal.
- Que tal um Bulgogi? - Sugiro.
- Brega! - Ana provoca e sorri em seguida.
- Vamos fazer um Bimbibap, que tal? - Ela rebate.
- Você gosta de ser do contra ou está fazendo isso pra me provocar?! - Pergunto irônico.
- Um pouco dos dois eu acho. - Ela responde e começamos a rir.
- Então façamos assim, um Bimbibap e uma deliciosa carne coreana com legumes na grelha. - A vejo concordar.
Assim passamos a nos concentrar em separar os ingredientes. Em um determinado momento, Ana me perguntou onde estavam alguns utensílios pois estava precisando de uma colher, indiquei a gaveta e só a ouvi gritar em seguida. Quando me virei para encara-la vi sua mão sangrando muito. Imediatamente a faço ficar quieta. Os demais já estão a nossa volta. Ela havia acabado de se cortar com algo e por mais incrível que pareça, Ana não está preocupada consigo e sim com Lili. Ela me puxa e cochicha algo em meu ouvido.
- Não deixe Lili ir ao hospital. - Enquanto falava, pude ver a preocupação em seus olhos mais confesso que eu estava mais preocupado com ela naquele momento então simplesmente ignorei o seu pedido.
- Depois nos preocupamos com isso. Você precisa de cuidados agora. Vocês fiquem aqui e cuidem dessa bagunca.- A levo para o carro e nem percebo que estamos sendo seguidos.
- Eu dirijo Hyung. - Taehyung assume o volante e Lili senta-se ao seu lado mesmo sob os protestos de Ana que está ao meu lado no banco de trás.
Assim que chegamos, Taehyung e Lili foram fazer a ficha de entrada dela e eu a companhei.
- Não devia ter deixado a Lili vir.
- Ana ela é sua amiga por que não pode vir. - Pergunto já curioso, mais antes de obter uma resposta Lili entra na sala e a menina está pálida.
- Lili você precisa ir.... sabe disso certo?! - Ana insiste. - Tae por favor leve-a. - Ana não consegue terminar sua fala pois dois médicos entram na sala para avaliar a situação. Para nossa surpresa Lili começa a passar mal e acaba saindo correndo, Taehyung sai logo atrás dela.
- Alguém pode me dizer o que está acontecendo? - O médico pergunta.
- Esquece.... vamos resolver o seu problema primeiro. - O outro encerra o assunto.
Taehyung on...
Lili corre para os jardins do hospital e se abaixa em posição fetal, ela balança o corpo para frente e para trás e quando finalmente consigo toca-la, suas mãos estão suadas, ela claramente está em pânico. Apenas a abraço forte e assim ficamos, não sei precisar quanto tempo. Esperei até ela estar pronta para falar.
- Perdão Tae. Não queria que visse esse meu lado. - Diz chorosa.
- Eu estou aqui para ver todos os seus lados, sejam eles bons ou ruins. - Respondo lhe apertando mais contra mim. - Agora me diga o que foi isso.
- Eu tenho síndrome do jaleco branco.... sempre que vejo um medico ou enfermeira eu tenho um ataque como esse de agora a pouco.
- Posso perguntar como começou? - Ela estremece com minha pergunta. - Se não quiser contar eu vou entender.
- Tudo bem.... quero dividir com você. No início da pandemia, meus pais acharam mais seguro que ficássemos na nossa casa na serra e ela ficava afastado de qualquer centro urbano. Tudo estava indo bem até eu começar apresentar sintomas e eles foram piorando ao ponto de eu não conseguir respirar. Meus pais me colocaram no carro em uma tarde de muita chuva, eles haviam decidido me levar ao hospital mais próximo e para isso teríamos que descer a serra.
Eu estava no banco de trás e tive uma crise horrível de tosses, minha mãe soltou o sinto e se virou no banco da frente para me ajudar, com o movimento meu pai tirou os olhos da pista por apenas alguns segundos. - Aqui ela para e se encolhendo mais em meus braços.
- Uma carreta que subia a serra nos pegou praticamente de frente. Acordei com muitas pessoas em cima de mim, fios para todos os lados. Eu estava em um hospital, tinha ficado em coma por 7 dias.
Meus pais morreram por minha causa Tae, se eu tivesse sido mais forte não estaríamos naquela estrada. Eu carrego essa cicatriz e sempre que olho para ela, me lembro que foi tudo culpa minha. - Agora nós dois já choravam os copiosamente.
- Pequena, não se culpe por uma fatalidade. Seus pais te amam e eles ficariam muito orgulhoso da pessoa forte e incrível que você é. Coisas ruins acontecem o tempo todo. Não carregue o fardo do mundo sozinha. Você é tão vítima quanto eles foram e eu tenho certeza que eles iriam brigar com você por se torturar assim. - Digo segurando seu rosto com as duas mãos.
Eu estava tocado por ela confiar em mim para se abrir assim.
Lili on..
Aquilo era um pesadelo, Ana machucada e dentro de um hospital. Faço de tudo para evitar, porém a crise vem e me atinge com força. Quando sinto as mãos de Taehyung me envolverem, eu desbo nele e acabo me abrindo.
Agora me sinto leve, tão leve que me dou conta que é a primeira vez desde o acidente que me permito me sentir assim. Acho que ficamos assim por pelo menos uma hora e logo Jin aparece abraçado a Ana que está com a mão enfaixada.
- Oh amiga me perdoa por te fazer passar por isso. - Ana correria pra mim se desculpando.
- Não precisa se desculpar. Tá tudo bem. Agora me diz e você como está?
- Levei 6 pontos e tive que tomar uma injeção. - Minha amiga torce o nariz, já que odeia agulhas.
- Não seja tão mole vai, foi rápido e você ainda teve a chance de ficar abraçado comigo. - Jin a interrompe.
- Nossa ganhei meu dia bonitão. - Ana provoca em resposta.
- Que bom que admite que sou bonito.
- Chega vocês dois, vamos voltar logo por que se não o povo em casa vai nos matar. - Tae os interrompe.
A volta para casa foi até engraçada já que Ana e Jin não paravam de implicar um com o outro.
Decidimos ir direto para o condomínio e Jin aproveitou para avisar aos demais sobre tudo que aconteceu.
Jin fez questão de acompanha Ana até a sala e ali se despediu, mais não antes de repassar todos os remédios que ela deveria tomar e por fim eu acompanhei Tae até a porta.
- Obrigada por tudo Teteco. - Digo lhe dando um leve selar na bochecha foi aí que nossos olhos se encontraram e senti milhares de borboletas no estômago. Taehyung acariciou meu rosto com uma de suas mãos e com a outra segurou firme em minha cintura, segundos após ele acaba com qualquer distância entre nós esmagando seus lábios nos meus. Eletricidade pura, é o que eu sinto em cada célula do meu corpo.
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