PARKER, hazel.

— Hazel, acorda logo. —Leo bate na porta do meu quarto pela quinta vez nessa manhã.

Por que eu quis morar sozinha com o meu irmão mesmo? É um questionamento que eu sempre me faço, quando eu morava com meus pais, minha mãe saia pra trabalhar cedo e meu pai acabava dormindo até mais tarde e me deixando perder o horário, era meu paraíso. Leo é tão certinho com horários e me irrita sempre com isso, não se pode apressar uma garota, principalmente se ela for uma garota preguiçosa.

Eu moro em Los Angeles, assim que meu irmão atingiu a maioridade, eu sai de casa pra morar com o Leo. Era bem mais legal porque eu tinha uma certa liberdade, a gente comprava muitas besteiras para comer ao longo da semana e fazíamos várias maratonas de séries, porém tinha alguns pontos chatos também, como essa coisa de horário ou os seus ciúmes bobos com garotos perto de mim.

Resolvi levantar logo e me arrumar para a escola antes que eu me atrasasse e o Leo ficasse enchendo o meu saco.

— Bom dia, irmãozinho. — Desci as escadas ajeitando a minha mochila nos meus ombros, demorei uns vinte minutos para ficar pronta e meu humor não era um dos melhores.

— Quer uma carona? — Meu irmão pergunta enquanto bebe seu café e olha alguma coisa em seu notebook.

— Não, eu vou com o Blake. — Falo e fecho a porta de casa.

Blake e eu somos vizinhos desde que eu vim morar aqui. Nossa amizade começou porque eu estava jogando bola com o meu irmão, e a bola caiu no quintal de Blake, e como eu tinha chutado, tive que pegar. Blake sempre foi meu melhor amigo, e nós contávamos tudo um para o outro, até que ele começou a namorar com a Ariel. Quando ele começou o namoro eu podia jurar que eu gostava dele, pois eu fiquei com muito ciúmes dos dois, mas depois resolvi encerrar a questão e esquecer disso.

Até porque isso nunca daria certo, porque Blake iria querer me beijar? Não que eu seja feia. Eu sou linda pra caralho, modéstia parte. É só que não ia fazer sentido ele querer isso com a garota que joga bola e faz noite de pijama e filmes com ele. Porém, ontem fomos na festa de aniversário de um garoto da escola e ele me beijou, e pra mim ainda não faz sentido. Sinceramente.

— Oi, Hazel Grace. — Ele deposita um beijo em minha bochecha.

— Oi Blake. — Sorrio para o loiro e começo a andar até a escola.

— Não quer conversar? — Ele pergunta e eu nego. — Okay.

[...]

Aula de física é sem dúvidas o meu maior pesadelo, eu não entendo nada e apenas finjo que estou prestando atenção. Um bilhetinho veio parar em cima da minha mesa, olhei para o lado e vi que Hunter tinha mandado o mesmo. Abri o bilhetinho e li o que estava escrito.

"Você tá legal com aquela situação com o Blake? Não, ele não me contou. Eu vi. E sim, fui o único que vi."

Pelo menos ele tem uma letra bonita, pensei.

Escrevi um "sim" rápido e joguei o papel para a mesa dele novamente mas não estava prestando atenção no professor.

— Senhorita Parker e senhor Rowland, querem passar bilhetinhos? — Ele nos encarou com sua expressão mais seria possível. — Vão mandar bilhetinhos para a diretora, Saiam!

Reviro os olhos e enfio os meus materiais de qualquer jeito na mochila, me levanto e saio da sala. Hunter aparece ao meu lado com um sorriso de lado na boca. Eu odiava ter que me retirar de sala, ainda mais quando eu não fiz nada de errado, até parece que o Senhor Stewart nunca passou bilhetinhos na adolescência.

— Por que somos sempre expulsos de sala? — O moreno pergunta.

— Porque você fica me mandando esses bilhetinhos idiotas. — Falo e me viro pra olhá-lo. Hunter sempre puxava assuntos aleatórios por bilhetinhos, já saímos de sala umas cinquenta vezes só por conta deles. — Eu espero que você não conte sobre o meu beijo com ele para ninguém, você sabe como eu e Ariel já temos problemas suficientes.

— Ei, relaxa. Eu não vou contar.

— Acho bom. — Paro na frente da diretoria. — As damas primeiro.

Solto uma risada baixa e sou acompanhada por Hunter, que logo depois entra na sala da diretora. Pearl, a diretora, suspira quando nos vê e faz um gesto para sentarmos. E aí vamos nós de novo.