Desafio:

Um belo dia você acorda e percebe que pode ouvir os objetos.

Minha Resposta:

"Sua mesa metida! Acha que pode ficar se exibindo com essa toalha nova?"

"Ah! De novo aquele beijo... Cuidado o chá está quente amor..."

Douglas parou perplexo e soltou o encosto da cadeira. Mas ainda conseguiu ouvir a sua caneca favorita, cuja asa entrelaçava nos dedos.

"Por que parou, querido? Espero todas as manhãs por seus beijos"

— Que doideira é essa? Estou ficando louco?

"Ah! Devem ser as novidades do WhatsApp. Acho que deveria sair daquele grupo de escrita. Os desafios sempre te deixam nervoso, querido. Venham tomar um gole do seu chá de camomila."

— Você está falando comigo? — encara aquela caneca preta com motivos da Hatsune Miku e a frase 'melhor professor de programação'.

"..." a caneca pareceu tímida por ser encarada tão de perto "Você pode me ouvir amor?"

— Eu estou louco, a Miku está falando comigo!

"Que Miku? Eu sou uma caneca! Com muito orgulho, viu!"

Por um minuto Douglas perdeu o equilíbrio se apoiando na mesa.

"Lero-lero, cadeira besta, apoio de nádegas!"

— O quê, vocês dois estão mesmo brigando? — encara aqueles dois em reprovação. Duvidando da própria sanidade.

"Não ligue para eles querido, todo dia, o dia inteiro é assim... Já sei, se você pode me ouvir porque não passamos o dia juntos? Queria tanto assistir aquele dorama: Pousando no Amor..." Douglas podia jurar que sua caneca apaixonada estava corada e para sua própria decepção ele se sentia lisonjeado com isso.

Decidido a marcar um horário com o psicólogo e cancelar suas aulas na faculdade pegou no celular.

"Ei otário, se você pode me ouvir balance a cabeça!" assombrado respondeu afirmativamente ao aparelho "Ótimo! Eu não gosto do bolso de trás! E não me deixe cair seu patife! Não me leve para o banheiro também! Nunca mais entendeu! Ei! Não me largue, quero falar m...

— Preciso me acalmar... — "Sim meu amor, dei-me um beijo!"

Douglas parou no meio do caminho — não parecia certo. Largou a caneca, saiu pela porta, rapidamente para não ouvir o que a madeira diria.

Atravessou a rua, correu até sua vizinha psicóloga que saia com seus dois filhos para a escola.

— Por favor me ajude! Eu enlouqueci! 

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