Capítulo 7
Finalmente Mitchel chegou ao local combinado e graças a Deus seu amigo ainda estava lá. Nico se assustou com o estado em que ele se encontrava, todo suado e sujo.
_ Poxa Mitchel, você podia pelo menos ter tomado um banho, tá fedendo feito um gambá!
_ É um prazer te ver também, velho amigo. _ Respondeu com sarcasmo e o cumprimentou.
Mitchel contou ao Nico o que ele passou para poder sair de casa e chegar até a pensão, sobre o seu encontro desagradável com o tal do detetive Sánchez e o aviso dele.
_ E com que direito esse detetive metido à besta te manda embora, da sua cidade? Até parece que ele não quer que você descubra nada!
_ Também acho... e falando nisso pode me contar o que sabe?
Nico só olhou para os lados para ter certeza de que ninguém estava por perto para ouvi-los. Respirou bem fundo e começou:
_ Como você já deve ter escutado por aí, tudo começou quando a égua campeã do Coronel Vivar adoeceu. O velho ficou muito puto da vida com o veterinário, mas ele comentou que sabia sobre uma médica que talvez poderia ajudar. Parece que ela inventou um tipo de remédio, não sei, que poderia salvar a vida da égua.
_ Sabe qual era o tipo de remédio?
_ Sei não... era um troço verde florescente, muito do fedorento por sinal.
"Foi encontrado uma gosma verde junto com o corpo do delegado e nas plantações destruídas!" Lembrou de imediato, quando seu pai falou sobre o fato. O mesmo relato foi comentado pelo povo.
_ Eles só falavam que o remédio ainda estava em fase de teste e que poderia dar certo... ou não... no começo foi tudo bem, a égua respondeu bem ao tratamento. A doutora ainda ficou por lá para ver se acontecia algo de errado. Como deu tudo certo ou pelo menos pareceu que deu certo, ela foi embora... e foi aí que começou o pesadelo!
_ O que houve?
_ Aquela égua, que era muito da mansa, ficou muito estranha... começou a se debater e a dar coices nas paredes do estábulo. O veterinário e o capataz entraram lá e depois de alguns minutos, só se ouviu os gritos dos dois. A égua botou abaixo a porta do estábulo e sumiu pela noite a dentro. E quando entraram lá, encontraram o corpo do veterinário totalmente pisoteado e o capataz acuado em um canto, transtornado, falando um monte de coisas sem pé e nem cabeça!
_ Nico... é verdade que quando entraram lá... encontraram somente a cabeça da égua caída no chão?
Mitchel só observou o amigo ficar em silêncio por um instante e depois afirmou com a cabeça, com medo de que ele não acreditasse. Não o achava um mentiroso, mas tinha de admitir que toda aquela história era um tanto difícil de acreditar.
_ Mas como isso foi possível?
_ Olha meu amigo, estamos até hoje nos perguntando o que foi que aconteceu naquela noite. Primeiro, ninguém suspeito entrou na Fazenda, pois ela é muito bem vigiada dia e noite. Tem câmeras de segurança para tudo quanto é lado, fora os seguranças armados até os dentes. Todos os funcionários são muito bem selecionados para evitar que qualquer um entre lá dentro. E outra, quem cortaria a cabeça da égua e levar só o corpo? Ninguém daria conta de levá-lo sozinho! E por que fariam isso?
_ Alguém procurou a veterinária para falar sobre o incidente? Afinal de contas, o amigo dela morreu e isso aconteceu depois do seu suposto tratamento.
_ O Coronel ficou uma fera quando voltou de viagem e viu o estrago. Ele também acha que alguém matou a égua dele de propósito. E ele próprio foi atrás da doutora para tirar satisfação e até hoje não voltou... Mas ela não era veterinária.
_ Não?
_ Não, era um outro tipo de médica... qual é mesmo o nome daquele médico que inventa... que cria... que faz pesquisa...
_ Médico cientista?
_ Isso, foi ela que fez o remédio!
_ Cara, sabe quem é esta garota?
_ Se não me engano, ela veio de São Paulo. E o remédio, disse que aprendeu com um outro cientista que veio lá do estrangeiro. Mas o nome dela mesmo, não lembro. Era um nome bonito, assim como ela. Chegava até ser estranho uma moça bonita daquelas entender de ciência... mas me lembro que o remédio tinha um nome para lá de esquisito!
Pessoalmente, Mitchel não achava estranho uma moça bonita ser cientista. Beleza e inteligência podem muito bem andar lado a lado. Porém não julgou seu amigo. Nico não teve muita instrução na vida, como ele.
Até porque havia algo de maior importância acontecendo neste momento para se preocupar.
_ Por acaso se lembra do nome?
_ Ah não... só me lembro que começava com "R"... era "Re" alguma coisa... e sabe o que era mais estranho ainda? O remédio tinha a mesma cor dos olhos dela, verdes florescentes.
_ E sobre o remédio, sabe do que se tratava?
Mitchel só observou o seu amigo abaixar o olhar. Parecia até que estava com vergonha de contar algo muito constrangedor.
_ Cara se eu te contar, você não vai acreditar... desde o dia em que eu escutei aquela conversa, não tenho dormido direito. Ainda mais depois do que aconteceu... tô me segurando para não pirar de vez e acabar num hospício como o capataz...
_ Que conversa?
_ O veterinário e a cientista... falaram que o remédio dela... levanta defunto!
Ao ouvir aquela informação, o jornalista ficou totalmente sem fala. Não se mexia e nem piscava. Precisou respirar bem fundo umas dez vezes para perguntar de novo:
_ Como é que é?
_ Pois é, eu também não consegui acreditar. Sem querer eu escutei atrás da porta do escritório dele... e só a ouvi falando que fez muitos testes com o remédio em ratos, coelhos, gatos e cachorros de pequeno, médio e grande porte... alguns deram certo, outros não... e precisava testar em um animal maior, como um cavalo. Mas...
_ Ainda tem mais?
_ Sim tem... Parece que ela já fez o mesmo teste... em uma pessoa. Acho que foi até numa moça da qual ela não suportava. Caso o experimento não desse certo, pelo menos tinha se livrado da rival.
Mitchel conhecia Nico a anos e sabia que nem de brincadeira ele jamais inventaria uma história daquelas. Se esta história que ele acabara de contar, mais o boato da população for mesmo verdade, então não tem um serial killer...
Mas sim algo muito pior!
_ E onde fica este escritório?
_ Em um alojamento perto do estábulo... porquê?
_ Nico... você tem como me enfiar lá dentro?
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