Mitchel e o Detetive Sanchez descansaram o máximo possível, pois precisavam estar dispostos para subir a serra no dia seguinte. Eles dormiram praticamente o dia todo, não saíram do quarto nem mesmo para almoçar. Somente se levantaram na hora do jantar, voltando logo em seguida para dormir. E pediram na recepção para não serem incomodados.

E optaram por uma refeição vegetariana. Depois de passar a noite toda lidando com cadáveres, a última coisa que queriam ver era carne... 

***

Assim que chegaram na capital por volta do meio-dia, eles foram direto ao Centro de Pesquisas Médicas de São Paulo. Perguntaram na recepção se a Dra. West está. A recepcionista reconheceu os dois de outras ocasiões e informou que ela ainda não voltou de viagem.

_ E agora, o que faremos? _ Mitchel perguntou perdendo a esperança de encontra-la. O Detetive Sanchez pediu a ele um minuto e voltou para a atendente.

_ Pode nos informar o endereço dela por favor?

Muito desconfiada, a recepcionista negou argumentando que tem autorização para tal fim. O Detetetive mostrou o seu distintivo e disse que a Dra. West está envolvida em um caso de sequestro de um menor. E se caso ela não cooperasse com a policia, poderia ser considerada cumplice. 

Embora tenha hesitado no momento, ela ficou com medo e forneceu o endereço da Evelyn. E assim que eles saíram, ela mandou uma mensagem desesperada para a mesma... uma não, várias.

"Vieram dois homens agora pouco aqui no Centro, perguntando por você. Um deles é o policial do caso da Anne e o outro é o jornalista que veio conversar com você outro dia."

"Mulher, o que tá acontecendo?"

"O que você fez para um monte de homem vir atras de você?"

"Me pediram o seu endereço. Tive que dar porque ameaçaram em chamar a policia. Eu sinto muito!"

"Falaram que você está envolvida em um sequestro! Isso é mentira né?"

Ela não visualizou nenhuma mensagem. Não aguentou e ligou para ela.

_ Alô? _ Evelyn atendeu meio que de má vontade.

_ Onde você está? _ A recepcionista perguntou aflita com a mão próxima da boca para ninguém ouvir a conversa delas.

_ No centro da cidade. Aproveitei o meu horário de almoço para comprar algumas coisas que faltam na minha casa. Por que?

_ Você não viu as mensagens que te mandei agora pouco?

Para a sua colega da recepção ligar depois de enviar inúmeras mensagens, deve ser algo muito sério... e era. Ficou muito p da vida ao saber que eles sobreviveram a "noite dos mortos-vivos" na penitenciária e agora estão na capital atrás dela de novo.

_ O que eles queriam?

_ Queriam falar com você. Falaram de sequestro. O que aconteceu?

_ Ah não é nada não. Deve ser algum mal-entendido. _ Ela tentou dissimular: _ E o que mais eles falaram? _ Perguntou para disfarçar.

_ Pediram o seu endereço. Foi mal.

Evelyn não se importou muito com essa noticia, já que ela mora longe do seu local de trabalho e quase ninguém a conhece naquela rua. E outra, enquanto estão a caminho da sua casa, ela terá tempo de planejar algo para eles.

_ Você não disse que eu já voltei de viagem e fui dar uma saída não né?

_ Não! Assim que reconheci aqueles dois, eu disse que ainda não tinha voltado.

_ Ótimo. Obrigada por me avisar.

Assim que encerrou a ligação, ela enviou um áudio para Luan que estava hospedado em sua casa, pedindo que não abra a porta para ninguém. E para também não se preocupar com ela, pois pretende passar a noite fora.

"Pelo jeito eu mesma vou ter que livrar daqueles dois intrometidos com as minhas próprias mãos".

***

Finalmente encontraram a casa dela, em um modesto bairro residencial praticamente do outro lado da cidade. Tocaram o interfone, mas ninguém atendeu. E infelizmente não havia nenhum vizinho para perguntar. Olhavam para os lados para ver se alguém aparecia, até que surgiram algumas senhoras que voltavam de uma caminhada. 

_ Por favor, podem nos dar uma informação? _ Por acaso alguma das senhoras conhece a Dra. Evelyn West ou uma moça muito bonita que mora por nessa rua. 

Elas se olharam entre si, questionaram de quem eles estavam falando. No final, todas disseram que não conheciam nenhuma Evelyn. Eles agradeceram e elas continuaram caminhando.

_ Estou achando que mais uma vez fomos enganados por aquela cientista louca! _ Desabafou o Detetive Sanchez já exausto daquela perseguição.

_ Também acho. Aquela recepcionista deve ser amiga dela e deve ter nos fornecido o endereço errado de propósito. _ Concluiu Mitchel também já cansado da situação. De repente ele parou para pensar por um instante: _ Espere aqui!

_ Aonde você vai? _ O detetive só ficou o olhando correr atras das senhoras. Não sabe o que ele perguntou que fez uma delas apontar para uma das residencias. Deve ter sido algo bom, pois ele voltou para junto do amigo com um sorriso estampado no rosto.

_ Estamos na pista certa. A Doutora Re-Animator realmente mora aqui. _ Disse apontando para o chão.

_ Como você descobriu. Aquelas senhoras disseram que não a conheciam...

_ Sim, elas não conhecem mesmo..., mas lembrei do estudante de Física que matou o gato dela durante o experimento de Schrödinger. Perguntei sobre um rapaz que foi preso por sequestrar e matar o gato da vizinha. Ele mora naquela casa ali. _ Apontou o sobrado do outro lado da rua.

_ Ou seja, ela mora na casa ao lado!

_ Bingo! _ Comemorou Mitchel como se tivesse ganhado na quina.

_ Mas parece que não tem ninguém em casa. Está tudo trancado. Como a recepcionista mesma disse, ela ainda não voltou de viagem... vamos passar em algum lugar para comer alguma coisa e vamos embora. Estamos de pé desde cedo e preciso ir para casa.

Mitchel concordou o detetive. Ele também estava muito cansado. Em menos de um mês, já vira os mais diversos tipos de assombrações e precisa de um repouso.

Estavam a caminho de casa quando avistaram uma mercearia. Decidiram parar e comprar umas guloseimas. Ainda conversavam sobre a Dra. West quando a conversa deles chamou a atenção do dono do comercio:

_ Aconteceu algo com a Senhorita Evelyn?

_ O senhor a conhece? _ Mitchel perguntou

_ Sim, ela sempre compra aqui no meu mercadinho.

_ E quando foi a última vez que o senhor a viu? _ Foi a vez do detetive.

_ Ontem mesmo. Depois passar alguns dias viajando a trabalho, ela veio aqui e fez a compra da semana. Algum problema?

_ Oh não. O senhor sabe onde ela está agora?

_ Bom se não estiver no trabalho, eu não sei. Só a vejo mesmo quando ela vem fazer compras.

_ Muito obrigado! _ Pagaram pelas compras e voltaram para o carro.

_ Então ela está aqui, só não deve estar no momento.

_ E como você mesmo disse, aquela recepcionista nos enganou. Aposto que ela também já sabe que nós estamos atras dela.

 _ Quer voltar lá na casa dela e tentar falar com o Luan?

_ Não. Provavelmente ela já deve ter o ordenado a não abri a porta ninguém. Isso se ele não estiver em outro lugar. O jeito mesmo é voltar lá no Centro de Pesquisas. 

_ Lá vamos nós de novo!