Capítulo 56
Aquela cena jamais sairá de suas mentes. Era algo digno de filme de terror. Talvez nem isso eles podiam imaginar que aquilo seria possível. E pior, não podiam fazer nada para salva-lo. Os dois se fundiram, tornando-se uma só criatura.
_ Credo, parece até a bolha assassina! _ Comentou Mitchel assustado com o que via.
Enquanto eles se horrorizavam ao verem Beto sendo devorado pelas vísceras de Joca até não sobrar mais nada dele, Evelyn simplesmente foi embora como se nada tivesse acontecido. Só notaram a sua ausência quando ela já estava bem longe.
_ Ei! _ Eles a chamaram. Ela nem olhou para trás, saiu correndo.
_ Vamos, não podemos perdê-la de novo.
A viram seguindo a direita pelo corredor. Foram correndo atrás dela e ao chegarem lá, notaram uma porta sendo fechada. Acreditando que ela se escondeu aquela sala, foram verificar. O local estava todo revirado e exalava um odor forte de formol.
_ Acho que ela não está aqui. Aquela danada conseguiu nos enganar mais uma vez. _ Lamentou o detetive.
Eles iam embora quando escutaram um barulho parecido com um ronco. Algo lhe dizia que não estavam sozinhos....
_ Quem está aí?
_ Tem alguém aí?
Eles não deveriam ter perguntado... de algum canto escuro, saiu de lá um zumbi todo mirrado, dessecado e com a pele engelhada sobre os ossos, como se tivesse sido expurgado da terra... parecia até o corpo seco.
_ AHHHHHHHHHHHHH!!! _ Os dois gritaram com a força dos pulmões.
O maior medo de Mitchel se tornou realidade. Ele tinha um pavor inexplicável daquela lenda folclórica muito narrada em sua cidade.
_ Ela não fez isso! Aquela cientista louca realmente fez isso? _ Ele não queria acreditar no que via... não tinha tempo para tentar entender como ela criou o corpo seco, tinha que sair dali.
Eles correram como nunca até a porta. Mas na hora do pânico, sem querer a fecharam. E para piorar a situação, a fechadura emperrou.
_ Rápido abre logo essa merda!
_ Não dá, não vê que travou?
Enquanto tentava abri-la desesperadamente, a criatura se aproximava a passos lentos.
_ Atira nessa bosta que eu vou distrai-lo!
_ Mitchel não... _ Vendo que se afastava para distrair a criatura, o Detetive Sanchez sacou a sua arma e atirou na fechadura da porta até fazer um buraco na mesma.
Agora precisa salvar o amigo. Deu um tiro certeiro na cabeça do cadáver com a última bala que ainda tinha no revólver, fazendo-o cair com tudo no chão.
_ Uau, foi igual aos filmes de zumbi. _ Mitchel comentou ainda aterrorizado com a situação.
_ Sim, mas não sabemos se ele morreu de fato. Então é melhor a gente sair logo fora daqui. Vai saber se não tem outros desses por aí.
***
Durante a sua fuga, Evelyn só pensava consigo mesma que o que ocorreu a alguns minutos atras... foi a melhor coisa que aconteceu, depois de ter sido adotada é claro. Ela finalmente havia se vingado das pessoas que quase acabaram com a sua vida... dois deles de uma só vez!
Não foi bem com planejou, mas ainda assim ela estava feliz da vida.
"Isso é o que eu chamo de matar dois coelhos com uma só paulada... no caso deles, são dois vermes!" Pensou com um sorrindo maquiavélico estampado em seu belo rosto.
Quanto a explosão, um deles deve ter atirado na caixa de energia que causou um curto-circuito ou nos canos de gás que causaram um vazamento... e achou uma pena eles não terem morrido também.
Finalmente conseguiu alcançar a passagem secreta que fica nos fundos da presidio. Encontrou a saída aberta. De certo os guardas a utilizaram para fugir e é exatamente o que ela pretende fazer também.
"Espero que Luan esteja lá fora me esperando como combinamos."
Para a sua sorte, ele estava lá junto com o Carlos. Ficou aliviada ao vê-los. Luan explicou que eles precisaram se esconder em meio a mata fechada porque teve medo de aparecer alguém suspeito.
_ Nós vimos a passagem secreta da qual a senhora falou. Quando ela se abriu, achamos que era a doutora saindo, mas quando vimos os soldados fugindo, percebemos que foi a decisão certa.
_ Ok. Então vamos embora. Temos que sair daqui o mais rápido possível e...
_ Evelyn? _ Alguém muito familiar falou atrás dela e ficou chocada ao ver quem era...
_ Afonso... o que está fazendo aqui?
Provavelmente farto da sua negligência, ele foi atrás dela. O que foi uma péssima ideia, já que o momento não era favorável. E ele também não estava com cara de bons amigos...
_ Onde esteve esse tempo todo? Eu te liguei a noite toda. Fiquei preocupada. _ Dissimulou como sempre para tentar ganhar a sua confiança... que para a sua surpresa, não funcionou.
_ Ah ficou preocupada? Por que? Por que o seu trouxa de plantão não estava ao seu dispor?
Evelyn ficou assustada com a forma que Afonso se dirigiu a ela. Tirando o episódio do primo dele ou quando ele começou a questionar o seu trabalho, nunca foi tão rude com ela.
_ Que é isso? Eu realmente te liguei. Você não viu no seu celular?
_ Engraçado, quando eu ligo, você não me atende... e quando finalmente resolve me atender, é só para me dar fora. Tá vendo como dói?
_ E sério, eu precisava da sua ajuda...
_ Ah mas claro que precisa! Você só lembra da minha existência quando precisa de algo... e pelo jeito não precisa mais né? Arranjou outro trouxa! _ Apontou furiosamente para Luan. Depois virou-se para ela mordido de raiva: _ O que pretendia fazer hein? Ia embora e me deixar aqui? Vai fugir com esse trombadinha?
_ Na verdade moço, a gente ia voltar para buscar o senhor... _ Luan tentou intervir para defender Evelyn, mas foi brutalmente interrompido por Afonso.
_ Eu não falei com você!
_ Não fale assim com ele! E pare já com esse drama.
_ Quer o que? Eu venho aqui pra te ver, você vai embora e me deixa aqui?
_ Eu não sabia que você estava aqui. Alias, como veio até aqui?
_ Vim com o tal do jornalista Mitchel Junqueira e o detetive amigo dele. Estão hospedados na mesma pousada que a agente.
_ Ah mas que beleza! _ Evelyn achou que foi ele quem os levou até o presídio. Perguntou como foi que eles descobriram. Quando ele disse que eles escutaram a discussão deles pelo celular, ela teve certeza e começaram a discutir ali mesmo no meio do nada.
_ Se você não ficasse toda hora me ligando enchendo o saco, eles não teriam vindo atrás de mim.
_ Eles já sabiam que você estava aqui. Foi o tal do Beto que contou para eles. Aliás se você tivesse deixado aquele sujeito para lá, nada disso teria acontecido!
_ Ah tá agora a culpa é minha de você ser um chato possessivo que só sabe mendigar atenção.
_ O que foi que você disse?
_ Isso mesmo que você ouviu. Você não passa de um carente insuportável que achar que é alguém na vida só porque uma garota do meu nível está te dando bola.
Não é a primeira vez que Afonso escuta aquele comentário e é a segunda vez que ouve na mesma noite. Na verdade era algo que ele já sabia... se não, já desconfiava. Evelyn só estava com ele por puro interesse.
_ Eu... eu achei que você me amava. Você sempre dizia que me amava...
_ Eu nunca falei que te amava, foi você que deduziu isso... bom, eu não vou mentir que adoro essa sua devoção por mim. Mas amar? Não. Amor mesmo eu somente tenho pelo meu trabalho.
_ Então foi tudo mentira?
_ Voce não quer discutir isso agora né? _ Evelyn já estava muito nervosa com a situação e Afonso ainda queria ter uma DR. Tentou acalmá-lo e acalmar a si mesma com mais uma de suas falsas promessas para continuar a mantê-lo sob seu controle.
_ Nós faremos o seguinte, vamos voltar para a pousada, pegar as nossas coisas, voltar para São Paulo e lá a gente conversa.
_ Aí a gente chega lá, você some mais uma vez e o idiota aqui fica a ver navios como sempre? _ Pelo visto não funciona mais.
_ Quer saber Evelyn? O meu primo Greg é que tinha razão. O tal do Mitchel também. E aqueles marginais do Beto e do seu tio mais ainda. Você não passa de uma cientista louca que só quer saber de ficar reanimando defuntos. E para que? Para ficar trepando com eles?
_ Você está me ofendendo!
_ Não. Estou falando a verdade, você não passa de uma vadia.
Tomada pela fúria e já de saco cheio, Evelyn meteu a mão na cara dele. E como ele também já estava cheio dela, , decidiu revidar. Ele só não bateu nela porque foi impedido por Luan.
_ Tá maluco, você não pode bater em mulher!
_ Por que hein seu delinquente? Tá trepando com ela também? _ O soco que ele pretendia dar nela, deu no jovem e fez cair no chão de terra. De repente Afonso recebeu um mata-leão de Carlos. Eles só ficaram olhando aquele mala sem alça sufocar até morrer. Ao perceber que ele não respirava mais, o zumbi simplesmente o jogou no chão como se não fosse nada. Evelyn fez questão de se aproximar dele para se "despedir":
_ Foi bom enquanto me foi útil. Agora pode se juntar ao seu priminho Greg e mais aquela corja de indigentes. Fui! _ Cuspiu na cara dele.
_ A senhora vai deixá-lo aqui mesmo? _ Luan perguntou com curiosidade, o que a deixou muito intrigada.
_ Por que? Não vai me dizer que está com pena dele?
_ Oxe, e eu lá vou ter pena de um covarde feito ele? Ainda mais que ele ofendeu a senhora..., mas bem que a Doutora podia reanima-lo no caso de alguém vir atras da gente.
Evelyn adorou a ideia de seu protegido. Ele aprende rápido. E seria um desperdício deixar um corpo ali sem vida. Então enfiou a mão em um dos bolsos de seu jaleco, pegou uma seringa com o Re-Animator e o injetou no cadaver de Afonso..., mas antes de partir, sussurrou uma ordem em seu ouvido:
_ Volte para o presidio. Encontre o jornalista e o detetive e acabe com eles..., a proposito, eles deram em cima de mim.
Após o procedimento, ela abandona o local junto com os dois.
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