Capítulo 55
Evelyn estava alarmada...
Já imaginou que seu tio ia aproveitar a rebelião para ir atrás dela. Tinha a mais absoluta certeza que foi ideia dele... se não foi ele, foi do Beto.
Pensou seriamente em fugir para não ter de ver de novo aquele monstro, mas decidiu ficar em seu laboratório, pois se sentia mais segura em seu local de trabalho. Não queria correr o risco de encontra-lo por aí...
... e além do mais, preparou algumas surpresinhas no caso de ele aparecer.
"Tomara que ele dê de cara com o protótipo, isso sim! Ou então que tenha sido devorado pelos amiguinhos bandidos dele. Assim eu não preciso olhar para aquela cara de cu dele..."
Já combinara com Luan de encontrá-la atrás do complexo. Pretende usar a passagem secreta, localizada no muro dos fundos e que abre apenas pelo lado de dentro. Depois pretende levá-lo consigo para São Paulo para lhe dar um lar e estudo.
E quem sabe um dia fazer dele um assistente... assim como seu pai e mestre fez com ela.
Tentou falar com Afonso, mas não conseguiu. E aquilo a deixou preocupada, pois ele sempre estava de prontidão para atendê-la e desta vez não visualizou nenhuma mensagem sua... ou aconteceu alguma coisa com ele ou se cansou de sempre ser deixado de lado.
Estava distraída olhando para o celular quando ouviu uma voz muito da familiar.
_ Olá sobrinha!
Pelo jeito ele não encontrou o protótipo e nem caiu na armadilha, o que foi uma pena. Lá estava aquele ser asqueroso parado na porta do laboratório, só que mais velho e mais acabado do que nunca. Realmente a cadeia acaba com as pessoas...
Mas o olhar de predador que ele sempre lhe dirigia ainda era o mesmo. Ao vê-lo, Evelyn sentiu medo e nojo. Aqueles mesmos sentimentos que sentia quando criança. Foi como se tivesse voltado no tempo e viu aquela menina indefesa sendo assediada.
Decidiu enfrentá-lo. Ela não é mais a garotinha que nunca teve amor e carinho de ninguém e da qual ele abusou. Agora ela é Evelyn West, também conhecida como Doutora Re-Animator, uma renomada cientista, pelo menos no seu ponto de vista... e é claro, graças ao seu pai adotivo, seu mestre e verdadeiro amor. Não ia se acovardar diante de um bandido pé de chinelo como ele.
_ Nossa, como você cresceu... bem com o Beto disse.
_ Pelo visto já se encontrou com aquele Zé Ruela... e o que mais ele falou? Que ele e todos os favelados viviam trepando com a vadia da sua irmã?
Joca não gostou nada de saber que Beto também estava de caso com Geni. Sabia que ele fazia alguns trabalhos sujos para ela, mas achava que era só isso. Conhecia muito bem a irmã que só queria saber de homem rico. Jamais daria confiança para um malandro jogado na sarjeta como ele.
E não gostou menos ainda de Evelyn ter dito aquilo da própria mãe. Como se ele tivesse alguma moral para julgá-la.
_ Não... mas ele me contou o que você aprontou com ela, sua putinha. Como pôde envenenar a sua própria mãe, fazendo parecer que ela morreu de overdose?
A ofendeu com o mesmo xingamento de quando ela era menina, o que a deixou com mais raiva dele.
_ Se aquela piranha fedorenta de quinta tivesse morrido na sarjeta, onde sempre foi o lugar dela e o seu também, não precisaria ser estrangulada. Mas sabia que por um lado foi até bom ela ter morrido? Assim eu pude aquele corpo asqueroso dela para as minhas experiências.
Evelyn revelou com deboche o fez com a irmã dele. Ao ver a expressão dele, só pensou consigo mesma: "Estamos quites!"
_ Isso o seu amigo Beto também não te disse né?
_ Não fale assim da sua mãe!
_ Foda-se, já falei e falo quantas vezes eu quiser! E tá defendendo a irmãzinha por quê? Não era você que vivia jogando isso na minha cara, seu porco nojento?
_ Mas se não fosse por ela, você hoje não estaria aqui.
_ O que seria ótimo! Era melhor não ter nascido do que aguentar aquela bruxa velha da sua mãe e principalmente você, seu filho da puta!
_ E não fale isso da sua avó. Ela morreu atropelada por culpa sua!
_ Sim e por que foi mesmo? Porque você chegou em casa, depois de dias sem dar notícias e veio me agarrar à força! Eu tive que fugir para me defender.
_ Só que agora você não tem para onde fugir... sobrinha.
_ E você também não tem. _ Evelyn estalou os dedos junto com um tom de deboche... e nada. Ficou ali parada esperando algo acontecer e não aconteceu. Olhou para os lados e só havia o silencio sepulcral do seu laboratório. E foi aí que ela ficou realmente apavorada.
Joca também olhou para os lados para ver o que tanto ela olhava. Havia várias mesas cobertas com plástico preto naquela local mal iluminado e com cheiro de morte. Como Beto já havia lhe contado sobre o suposto trabalho da sobrinha, já imaginou o que estava ali e de certo ela deve ter lhe armado uma tocaia... e pela sua expressão de pavor, não funcionou.
_ O que foi? O seu plano em ressuscitar defunto não deu certo?
"Merda! Acho que eu exagerei na dose."
Ele caminhou ameaçador em sua direção, da mesma forma como fazia quando ela era menina. A medida em que ele se aproximava, ela recuava procurando algo para se defender. Infelizmente não havia nada por perto.
_ Pelo visto desta vez não tem nada parecido com uma faca né?
Enfiou as mãos nos bolsos do jaleco para ver se ainda tinha alguma de suas seringas... tarde demais, ele já estava praticamente em cima dela.
Bem que ela tentou correr, mas ele conseguiu agarra-la pelo jaleco, chegando a rasgá-lo. Aquilo feriu mortalmente o seu ego. Tentou se soltar dos braços dele com beliscões, socos e unhadas em vão, pois ele era mais forte. Quanto mais ela se debatia, mais ele a apertava. E todas aquelas malditas lembranças das quais levou anos para esquecer vieram à tona quando o sentiu enfiar a mão por debaixo do seu jaleco.
_ Solta ela seu desgraçado! _ Alguém chegou e o tirou de cima dela. Deu-lhe um soco tão forte que o fez cair no chão, não antes de esbarrar em alguma das mesas de necrópsia. Enquanto ele se recuperava da porrada, Evelyn olhou para o lado para ver quem era o seu salvador... Mitchel. Logo atrás dele, veio o Detetive Sanchez.
Apesar de estar muito agradecida por ele ter lhe salvado, não gostou nada de vê-lo. Sabia dos motivos de ele estar ali, então precisa encontrar um jeito de se livrar dele. Mas precisava se acalmar primeiro. Ainda estava muito atordoada com a tentativa de abuso que acabou de sofrer.
_ Sai, não me toca. Fica longe de mim. _ Ela ordenou repudiando o seu toque.
_ Calma aí eu só quero ajudar! _ O jornalista tentou se explicar assustado com a reação dela.
_ Obrigada, mas não precisa. Estou ótima.
Claro que ela não estava bem. Além de ter revivido aquele momento do qual acabou com a sua infância, teve o seu inestimável jaleco destruído.
_ A Senhorita está bem mesmo? _ Perguntou o detetive.
"Queriam que eu estivesse como seus idiotas? Acabei de ser atacada por esse imbecil."
Evelyn lançou um olhar atravessado para os dois, se questionando se aquela pergunta era séria. Mas para não ser mal educada, deu outra resposta:
_ Já estive pior. Não vai ser um bosta que nem esse aí que vai me derrubar. Agora se me derem licença...
Evelyn ia embora, quando Joca se levantou do chão e mais uma vez a agarrou pelos cabelos. Mitchel e o Detetive Sanchez tentaram ajuda-la, mas o detento os ameaçou com um bisturi apontado no pescoço dela.
_ Mais um passo e a putinha aqui morre!
Enquanto pensavam em algum plano para salva-la daquele marginal, Mitchel notou que atrás de Joca, algo se mexia por debaixo do plástico preto que cobria uma das mesas de necrópsia. Ele já logo imaginou o que era...
.... e quando o que estava coberto se levantou e o agarrou, ele teve certeza! Era um dos mortos-vivos da Doutora Re-Animator.
E não era o único. Havia mais uma meia dúzia deles.
Aproveitando que o tio era atacado pelo zumbi, Evelyn injetou uma overdose letal do reagente em seu braço. Conseguiu se soltar dele com uma cotovelada bem na boca do estomago e se virou para lhe dar um chute no saco. Ele não podia nem fazer nada com um morto-vivo cravado nas costas e uma seringa enfiada no braço.
Infelizmente ele não era o único a ser atacado. Mitchel e o detetive Sanchez também estavam e faziam o que podiam para se defender. E no meio daquele caos, eles nem notaram que Evelyn aproveitou a ocasião para sair fora.
Infelizmente ela deu de cara com Beto na porta do laboratório.
_ Tentando pegar o beco Dona Evelyn... ou devo chamá-la de Dra. West?
_ Saia já da minha frente seu cuzão ou eu...
_ ... ou o que? Por acaso vai chamar os seus amiguinhos zumbis?
Evelyn nem precisou responder. Ela e Beto só ouviram tiros e logo em seguida uma explosão vinda do laboratório. Pedaços de cadáveres carbonizados voam para todos os lados. Mitchel e o Detetive Sanchez conseguiram correr de lá vivos por um milagre... e atrás deles, veio Joca que foi para cima do malandro.
_ Mas que porra é essa?
De repente o detento sofre uma mutação e rapidamente se transforma em um monstro cheio de tumores salientes, estourando por todo o corpo e soltando pus à medida que era dilacerado.
O seu rosto se deforma enquanto tenta inutilmente combater a transformação, deixando uma caveira com tripas e tumores saindo dela. Suas entranhas monstruosas criam vida própria e atacam Beto, o estrangulando até a morte. Mitchel e o Detetive Sanchez assistiam horrorizados a cena... já Evelyn sorria triunfante.
_ Bem-feito para você!
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