Capítulo 49
Na hora do pânico, Beto saiu correndo do necrotério. Só parou de correr ao chegar em alguma viela perdida em algum canto da cidade e assim poder recuperar o folego.
Enquanto descansava encostado na parede, pensou no que acabara de presenciar... se foi muito estranho ver a Geni morta, vê-la como uma morta-viva foi ainda pior! Ele tira isso pelo Carlos, do qual já estava muito traumatizado.
Ou seja, a história sobre reanimação de cadáveres é mesmo verdade!
Também pensou na Evelyn. Se ele já achou monstruoso o fato de ela ter envenenado a própria mãe para simular uma overdose e... bom, Geni nunca gostou da filha. Vivia descontando nela o fato de ter engravidado e de seu golpe da barriga não ter dado certo, até o dia em que fugiu de casa e a abandonando a própria sorte.
Agora fazer dela um zumbi? Essa sim foi macabra!
"Aposto que foi de propósito. Ela sabia que a gente ia lá e deixou tudo armado!"
Ele ainda não conseguiu acreditar que aquela menina que não tinha futuro nenhum, se tornou uma cientista e muito menos que criou aquele reagente. Se perguntou como que ela aprendeu, com quem e qual é o objetivo.
E já logo imaginou o que ela pode fazer com ele... porque assim como todos na favela, ele também a maltratou quando criança. Começou a achar que ela iria atras dele para se vingar.
"Ela deve estar por aqui por perto, só me observando. Se não é ela, com certeza deve ser o Luan ou pior, o morto-vivo do Carlos... droga. Eu devia ter sido um pouco mais legal com ela."
Decidiu voltar para junto do jornalista e do detetive. Pelo menos estará mais seguro com eles. Mas assim que se recuperou, não fazia a menor ideia de onde estava... agora lá está ele perdido, com fome e sem dinheiro na própria cidade. E a pior parte, correndo perigo.
_ Merda, não devia ter fugido. _ Praguejou para si mesmo.
Não sabia como, mas precisava voltar. O pronto-socorro não deve estar tão longe. Porém na hora em que ia tentar refazer os passos, mãos surgiram do nada, o agarrando e o arrastando para um beco escondido. Entrou em desespero, achando que eram os zumbis da Dra. West...
Não eram... eram Fred e Paco, que conseguiram fugir da prisão. E foi aí que o seu desespero aumentou, já que eles foram presos por culpa dele.
_ Amigos, quanto tempo. Que bom vê-los de novo! _ Bem que Beto tentou se fazer de amigo, mas levou um soco bem na boca do estomago e outro na cara. Só não apanhou mais porque eles precisavam estar em alerta e não podiam se distrair com nada.
_ Amigo de cu é rola! E é isso que tu é, um tremendo de um cuzão. _ Falou Fred quase enfiando o dedo no nariz dele.
_ Pois é, tivemos a sorte de conseguir fugir da cadeia e mais ainda de te encontrar para a gente acertar as nossas contas. _ Disse Paco com sede de vingança.
_ Esperem por favor, me deem uma chance de me redimir! Eu posso ajudar vocês.
_Vai nos ajudar igual da outra vez? Não, obrigado.
Da última vez em que Beto "os ajudou", eles acabaram presos. Ele os denunciou para alguns policiais corruptos em troca da sua liberdade. Quando descobriram, ficaram pistola e juraram que assim que conseguissem sair da cadeia, acabariam com a raça dele.
Bem, aqui estão eles.
_ Que outra vez? Ah aquela vez? Foi porque os poliça me enganaram. Eles me prometeram que iriam ajudar vocês se eu os entregasse. _ Beto mentiu com a cara mais lavada do mundo: _ mas olhem conseguiram fugir... e a proposito, como escaparam?
Fred e Paco andaram por quase todo o sistema de ventilação até finalmente encontrarem uma saída de ar que dava para o lado de fora da prisão. Não foi nada fácil se esconderem no meio do mato e chegarem até o centro da cidade sem serem vistos. Mas claro que não contaram para ele.
_ Ah até parece que a gente vai contar, logo para um X-9 feito você!
De repente Beto teve uma ideia para ganhar a confiança deles: _ Nós deveríamos unir as forças contra um inimigo em comum!
_ Se você tá falando do Joca, foda-se! A gente não tá nem aí para ele. Ele que vire comida de zumbi.
_ Não é dele que estou falando..., mas sim da cientista que está trabalhando para o exército lá na penitenciaria.
Os dois bandidos se entreolharam, se perguntando como que um maloqueiro jogado na rua feito o Beto sabia sobre o sigiloso projeto dos militares e da Dra. West. Resolveram ouvi-lo só para saber o que ele tem a dizer... e vendo que conseguiu toda a atenção deles, Beto contou o que pelo menos sabia.
Mas a melhor parte foi quando ele falou quem realmente é a tão temida Doutora Re-Animator. Eles se surpreenderam ao saber que a cientista é sobrinha do Joca, filha da falecida irmã dele.
_ Parece que ela foi adotada por algum ricaço e agora é médica. _ Também falou dos abusos que o ex-companheiro de cela deles praticou contra a menina.
_ Eu não entendi, se o Joca abusou dela, o que a gente tem a haver com isso? De certo ela vai querer se vingar é dele.
_ Verdade, a gente nem sabia que ele tinha sobrinha...
_ Não entenderam? Se ela souber que nós conhecemos o tio dela, ela pode querer fazer algo contra nós. Vocês não sabem do que aquela garota é capaz. Segundo o que eu sei, ela é uma cientista louca criadora de um produto que ressuscita defunto.
Quando Beto contou o que a Evelyn fez com a própria mãe e com um de seus "meninos", Fred e Paco não tiveram dúvidas do que ela realmente é capaz. Quando espionaram a sala de testes pelo duto de ventilação a mando de Joca, a viram injetar alguma coisa no cadáver que eles trouxeram e de repente ganhou vida... e a pior parte foi quando o morto-vivo olhou com ódio bem na direção deles.
E outra, a essa altura do campeonato eles já devem ter sido descobertos e com certeza a polícia deve estar atras deles. Precisam mesmo de um lugar para se esconder. Mas onde?
_ A gente pode se esconder no meu barraco lá na favela. _ Sugeriu Beto. Como foi interditado pela polícia, acredita que será o último lugar onde vão averiguar.
Fred e Paco não queriam a ajuda daquele malandro. Sabiam muito bem que quando ele quer se dar bem, era capaz de trair a própria sombra. Porém eles não tinham muita opção e decidiram dar uma chance a ele. É claro que sob a condição de não os denunciar como da outra vez, se não quiser morrer enforcado pela língua. Ele só jurou solenemente que não ia entregá-los porque a sua cabeça também está a prêmio... a não ser que alguém lhe ofereça uma grana preta.
***
Beto levou Fred e Paco para se esconderem no seu barraco a favela. Deduziu que como o seu galpão está interditado, a polícia não vai procurá-los por lá. Cortaram caminho dali, tomaram alguns atalhos dali...
O que eles nem desconfiaram é que Luan, o novo protegido da Dra. West que por coincidência voltou a morar na comunidade, estava os espionando.
"Muito engenhoso. Você se acha muito do esperto né Beto?!"
A maior vontade de Luan era mandar o Carlos detonar com aquele malandro ordinário ou tacar fogo no barraco dele, ele mesmo. Só não o fez porque as chamas podem se espalhar e queimar as outras casas, incluindo a sua... apesar de ter muito bandido na favela, também havia muita gente honesta e trabalhadora que não tinha culpa.
"Não foi de tão ruim voltar para cá."
Ele e Carlos voltaram para a favela. Evelyn não queria que ele voltasse para aquela pocilga de lugar, mas não havia como esconder um zumbi na nova pousada onde ela e o namorado se hospedaram. E ele também não queria se separar de seu único amigo, mesmo sendo um morto-vivo. Então o jeito foi esconde-lo lá mesmo.
Apesar de ser o seu melhor amigo, Luan tem medo de Carlos. Era estranho e difícil conviver com ele naquela condição. Evelyn garantiu que ele não vai fazer nada, mas por segurança o evitava ao máximo.
E também por conta do ciúme de Afonso. Notou o jeito como o namorado da cientista olha para ele e nos comentários ferinos que lhe são dirigidos. Bom, ele não pode fazer nada em relação a isso. Tem é que mostrar serviço para a sua protetora. Ligou para a Dra. West para informar sobre o paradeiro de Beto.
_ Alô? _ Evelyn atendeu da penitenciaria.
_ Oi Doutora, boa tarde. Eu acabei de ver o Beto. Não sei como, mas o filho da puta escapou da nossa armadilha. Ele voltou para o galpão dele aqui na favela.
_ Eu não acredito que aquele verme conseguiu escapar! Realmente vaso ruim não quebra. E ele está sozinho ou o jornalista e o detetive estão com ele?
_ Não, mas ele está com dois sujeitos muito estranhos. Acho que são cupinchas dele.
Ao ouvir aquilo, Evelyn espera que pelo menos aqueles dois não tenham tido a mesma sorte, mas por vias das dúvidas pretender verificar. Agora no caso do Beto, ela não esperava que ele conseguisse escapar. Bom, sempre foi típico dele fugir quando a situação se complica.
E os dois caras que estão com ele devem ser os fugitivos da prisão que causaram aquele caos no deposito. Mordida de raiva, ordenou o seu protegido os vigiar. Luan perguntou se ela quer que Carlos dê um trato neles.
_ Hum não. Eu tenho uma ideia bem melhor. Mantenha-me informada sobre qualquer passo que eles derem, o mínimo que seja.
Do outro lado, Evelyn sorriu triunfante quando recebeu a ligação de seu protegido. Pretende recompensá-lo por sua lealdade mais tarde. Depois de enviar um emoji de coração, guardou o celular no bolso de seu jaleco e foi até a sala do diretor. Quando estava na porta do laboratório montado pelo exército exclusivamente para ela prosseguir com as suas pesquisas, recebeu mais uma mensagem de Luan e desta vez era muito mais interessante:
"O cretino acabou de sair. A Doutora quer que a gente dê cabo nele?"
Ao receber aquele recado, Evelyn teve uma ideia. Além de punir os dois fugitivos que causaram um pandemônio no depósito, ainda ia se vingar do Beto.
A sua intenção naquela cidade era somente fazer o seu trabalho e ir embora. Mas aquele cretino, que aliás foi mais um dos que a assediou quando menina, tinha que reconhece-la e ir correndo fazer fofoca pra Geni.
Vai ver até o porco asqueroso do seu tio já sabe que ela está ali... bom, talvez ele ainda não sabe que ela já sabe sobre ele.
Talvez se ela não tivesse ido até aquele lugar, não teria dado de cara com ele. Bom, agora já foi. E quer saber? É muito bem-feito para ele. Ela nunca que foi com a cara dele mesmo!
Passou mais algumas tarefas para o seu protegido executar. Logo após passar as instruções, foi direto para a diretoria...
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