Capítulo 39
No momento em que Geni saiu da cadeia para ir para casa, viu um carro estacionado em frente ao complexo. Perto do veículo, dois homens conversavam. Eram Mitchel e o detetive Sanchez que finalmente chegaram em São Vicente e foram direto para Penitenciária. Eles estavam tão concentrados na própria conversa que nem a notaram.
_ Não podemos simplesmente entrar assim sem mais nem menos, precisamos de um plano.
_ Também não podemos ficar e esperar a Dra. Evelyn sair, isto é se ela realmente veio para cá. Aquela cientista louca pode estar escondida em qualquer lugar.
_ Talvez ela tenha vindo mesmo, uma vez que ela tem negócios com o Diretor do Presidio. Agora que negócios são esses?
_ Só falta ser igual ao mesmo "trabalho" que o pai adotivo dela fez na mesma instituição onde a encontrou. Não duvido nada que a Doutora Re-Animator faça o mesmo.
Assim que escutou o nome da sua filha, Geni parou para ouvir mais. Até pegou o celular da bolsa e ficou mexendo nele só para disfarçar. Queria ter certeza se era da mesma Evelyn que falavam. Quem sabe poderia descobrir o que ouve com ela depois da prisão do irmão e talvez até mesmo sobre o seu paradeiro.
Ela achou aquela conversa muito estranha, começando pelo modo como eles a chamavam... Dra. Evelyn. Será que ela virou médica? Se for, até que é uma coisa boa. Médicos ganham bem, dependendo de onde trabalham...
Mas também a chamaram de cientista louca. Por que? Essa ela não entendeu. E quem é esse pai adotivo? Esta informação é nova. Depois que voltou e soube do ocorrido, não teve mais noticias dela.
Talvez ela tenha sido adotada... e por alguém cheio da grana, para ter se tornado médica!
Porém lembrou do caso do incêndio que destruiu uma casa de jovens infratores... será que é mesma onde Evelyn estava detida? Este pai adotivo trabalhava lá? Que trabalho é esse que ele fez? E o que ela pretende fazer igual?
Se for mesmo da sua filha que aqueles dois homens falavam, por que estão atrás dela? O que ela fez? Quem são eles? E quem é essa Doutora Re sei lá o quê?
Seja lá o que for, tinha que chegar até ela primeiro. E espera que seu irmão lá dentro tenha mais sorte, isso se ele não pôr tudo a perder ao encontra-la.
*******
Enquanto o jornalista e o detetive pensavam numa maneira de se infiltrarem na cadeira e Geni se concentrava na conversa deles, um carro passou por uma rua de terra batida próxima da penitenciaria. Era a Dra. West sendo escoltada em segurança pelos militares. Dentro do carro, ela ligou para o seu cúmplice, Afonso.
Ao acordar sozinho no quarto de motel onde se hospedaram na noite passada, ele ligou para saber onde ela estava. Mais uma vez, a sua Evelyn desapareceu e o deixou para trás sem dizer nada. E é claro que ela não o atendeu e quando finalmente o fez, deu aquelas respostas vazias que sempre dá quando quer despista-lo. Não queria envolve-lo em seus assuntos...
... mas bem que ela lembrou da sua existência e utilidade ao pedir para se encontrarem em um local combinado. Os militares a deixaram nas proximidades da Ponte Pênsil, famosa por ligar a ilha de São Vicente ao continente e o seu fiel lacaio estava lá, esperando por ela.
_ Onde esteve o dia todo? E quem eram aqueles caras fardados que te trouxeram? _ perguntou enciumado, enquanto caminhavam de mãos dadas até o carro.
_ Fui resolver umas coisas e...
_ Que "coisas" Evelyn? _ a interrompeu.
_ Não adianta eu te explicar. É um projeto cientifico e você não vai entender...
Pararam de andar quando ela respondeu igual das outras vezes, de um modo muito vago que era referente ao seu trabalho. Afonso se sentiu ofendido com aquela explicação. Ele pode até não entender, mas sabia que era algo a ver com aquele maldito produto químico dela, então já logo imaginou do que se trata. E ao ver que os homens que a trouxeram estavam uniformizados, deduziu que era alguma coisa a ver com o exercito.
_ Poxa, por que você nunca me deixa participar de nada? Estamos juntos, não estamos?
A maior vontade dela era de falar que eles não estavam, que o único homem que amará para sempre era o seu mestre e jamais amaria um pé rapado como ele e ninguém mais...
Porém conteve-se. Ela até que gostava da sua companhia, afinal uma mulher precisa de alguém que lhe dê um trato de vez em quando. Também gosta da fidelidade dele, mas porque precisa. Caso contrário, já o teria descartado.
E como necessita no momento, tentou contar apenas o básico na intenção de deixa-lo satisfeito, pelo menos por enquanto.
_ É um projeto sigiloso do exercito...
_ É alguma coisa que envolve o Re-Animator, não é? _ A intimidou.
_ Por que acha isso? _ Ela tentou se fazer de desentendida.
_ Curiosidade... o que o exercito quer com o seu soro?
_ Por que tá me perguntando sobre a minha solução agora, depois de tanto tempo? Você nunca foi de se intrometer no meu trabalho...
_ Bom, após os últimos acontecimentos e como você mesma acabou de falar, depois de tanto tempo, eu acho que mereço uma explicação mais detalhada sobre este seu suposto "trabalho", não é mesmo?
Por essa Evelyn não esperava. Tentou pensar em algo na hora para distrai-lo, mas infelizmente nada vinha em mente. Nem mesmo fazendo beicinho numa tentativa de seduzi-lo estava dando certo. Não tendo outra solução, teve de contar. Antes, chegou a olhar para os lados para ver se não havia alguém por perto ouvindo a conversa.
_ Eles querem usar o meu reagente para a criação zumbis e usa-los como armas de guerra, para que devorem os inimigos.
Afonso ficou completamente pasmo ao ouvir aquilo. Não sabia se ficava chocado com o que ela falou ou com ela concordar em trabalhar no projeto. Na verdade, se surpreendera com o próprio choque, uma vez que a "sua garota" criou um soro que ressuscita cadáveres...
Que alias, este é outro detalhe do qual ele também começou a questionar. Como e com quem ela aprendeu a criar aquela substancia sinistra? E qual é o verdadeiro objetivo de tudo isso?
_ É serio isso?!
_ Viu por que eu não queria falar? Sabia que não ia entender.
_ Tá, você inventa um produto químico sabe-se lá com que proposito que ressuscita os mortos, vai trabalhar com cientistas militares que querem usar a sua formula para criar zumbis canibais e quer que eu ache normal?
_ Engraçado, quando a gente se conheceu, você não se importou com o meu trabalho...
Isto é verdade. Lembrou de quando a viu pela primeira vez no IML. Ficou tão encantado por uma garota como Evelyn dar bola para um sujeito humilde como ele, que não prestou atenção no seu pedido... um corpo recém falecido disponível.
_ Não precisa achar nada, apenas aceite. Se você realmente me ama, aceite. E outra, fui muito bem paga. Com o dinheiro que recebi, podemos finalmente fazer a nossa vida e ficar juntos.
Pronto! Mais uma vez Afonso caiu na sua lábia. Para enganá-lo ainda mais, prometeu que assim que voltassem para o motel, vai contar tudo para ele... é claro que ela não pretende falar nada, é só para despista-lo.
De repente dois garotos surgiram do nada com uma caixa de chocolates, oferecendo ao casal. Com pena, Evelyn comprou a caixa toda e os deixou ficar com o troco. A agradeceram com um elogio e se afastaram. Assim que sumiram de vista, um deles pegou o celular do bolso e mandou a seguinte mensagem:
"A gente achou a filha da Geni. Ela tá indo pra um motel com um cara"
"Ela tá trabalhando com o exercito na prisão. É algo a ver com zumbis"
Quem recebeu a mensagem estranhou a parte dos zumbis, mas deixou para lá. Depois enviou vários SMS para os todos seus contatos, mandando-os vigiar os principais motéis da cidade. Também enviou para a interessada pelo paradeiro de Evelyn... Além de não receber nenhum obrigado, recebeu uma foto. Junto com ela, mais uma ordem:
"Encontre este cara. Ele mais um outro estão atrás da Evelyn. Estão tentando entrar no presidio. Descubra quem são eles e o que querem com ela. Agora!"
Era a foto de Mitchel conversando com o detetive Sanchez. Eles estavam tão distraídos que nem notaram quando Geni os fotografou.
_ Porra hein Geni, tu só me arruma treta. Ainda vou acabar me dando mal por sua culpa!
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