Capítulo 37
Enquanto isso, uma morena voluptuosa de meia idade vinha da rua de baixo para adentrar na favela. De certo passara a noite toda fora e agora pretende descansar um pouco durante o dia. Sempre passa por aquela rua quase sempre no mesmo horário, onde espera que a maioria dos habitantes naquele lugar já estejam no trabalho, na escola ou pelo menos dentro de casa.
Mas claro que haviam os desocupados que faziam questão estarem ali de prontidão na entrada da favela apenas para ve-la passar, seja para mexer com ela ou dizer obscenidades. E ela sempre os ignora ou então lhe mostra o dedo.
Esta morena é nada mais nada menos que Eugênia, conhecida na região como Geni, que ganha a vida como prostituta. É a irmã do Joaquim e filha da falecida Dona Gilda... e mãe da Evelyn.
Assim que chegou em casa, deu de cara com um dos vizinhos encostado em seu portão. A sua noite não foi lá muito boa e não estava com disposição para lidar com ninguém. Tentou ignora-lo ao entrar, mas ele não deixou e pegou no seu braço. Ela que já estava de mau humor, lhe deu logo um safanão.
_ Credo Geni, que ignorância!
_ Você agarra o meu braço sem permissão e quer que eu ache normal?
_ Claro, tô aqui te esperando mó tempão e quando finalmente chega, finge que nem me viu.
_ Tive uma péssima noite, não tô com saco para conversar...
_ Pode pelo menos me ouvir? _ Antes que ela o ignorasse, despejou: _ A tua filha voltou.
_ Como é que é? _ Não acreditou quando escutou aquele nome do qual não ouvia a anos. Desde o dia em que foi embora e voltou para casa, nunca mais teve noticias dela e também não queria ter.
_ Isso mesmo. Aquela tua filha que fez a sua mãe morrer atropelada e seu irmão Joca ser preso.
_ A Evelyn?
_ E por acaso você tem outra filha? É bem capaz que sim, já que dá para qualquer um... deve ter embuchado de outro cliente e jogou a criança por aí...
Geni deu uma tremenda bofetada no pé da orelha do meliante. Em hipótese alguma não admite ser julgada por ninguém, ainda mais por alguém do qual considera ser de um nível muito mais baixo do que o dela. E como também já estava nervosa, precisou descontar a sua raiva.
_ Do que raios você está falando seu infeliz?
_ Tô falando que a filha que você abandonou com a sua mãe, esteve aqui.
_ E como sabe que é ela?
_ Bom... para começar, a bichinha infelizmente é bem parecida com você. Claro que bem mais conservada, muito bem cuidada e bem vestida... nem parecia aquela menina maltrapilha que só usava roupa boa quando ganhava do serviço social. Virou um mulherão da porra. Mas foi pelos olhos verdes que a reconheci. Lembrei que eram muito bonitos. Não existia mais ninguém com aqueles olhos por aqui.
Apesar de não ter gostado nada da comparação, Geni admitiu que aqueles lindos olhos verdes da sua filha eram únicos. Eram de um verde tão intenso, que chegava a ser florescente. Na hora tentou se lembrar dos homens com quem saiu na época, de quais e de quantos tinham olhos como aqueles...
Bom, isto agora não vem ao caso. Tinha que saber o que a desgraçada da Evelyn veio fazer aqui depois de tanto tempo. A alguns anos atrás, logo depois que todo o dinheiro do amante acabou, voltou para casa como a cara mais lavada do mundo e soube o que a menina havia aprontado. Mas claro que contaram uma história totalmente diferente para ela, fazendo com que a sua filha fosse a responsável pela morte da avó e da prisão do irmão.
_ Vocês conversaram? Ela disse quem era?
_ Agora ficou interessada né? Para quem disse que estava muito cansada...
_ Desembucha logo seu cretino!
Vendo que tinha toda a sua atenção, fez charminho e disse que só contaria se ela lhe desse uns carinhos. Entendendo o que ele queria, o convidou para entrar e ficar à vontade. Porém quando ele menos esperou, escondeu suas roupas e o ameaçou com uma faca.
_ Calma Geni.
_ Calma uma bosta, fala logo!
_ Não me disse o nome, mas sabia que era ela por causa dos olhos. Perguntei se era a Evelyn e ela saiu correndo. Pareceu até o diabo fugindo da cruz.
_ E você sabe o que ela veio fazer aqui?
_ Claro que não, eu só a vi parada no meio da rua olhando para a entrada da favela. Achei até que ela estivesse perdida, pois não é do tipo de garota que a gente vê por aqui.
_ Como assim?
_ Já te disse, estava muito bem arrumada, roupa de bacana... acho que ela enricou.
Ao ouvir as palavras mágicas, Geni pensou sobre a possibilidade de subornar a filha e de quebra se vingar da morte da mãe. Mas para seu plano dar certo, precisa descobrir se ela ainda está na cidade. Torceu para que ainda esteja. E é claro que pretende avisar a uma certa pessoa que com certeza vai adorar vê-la.
_ Descubra se ela ainda está na área e fique de olho caso apareça de novo...
_ Como?
_ Qual foi a parte da frase que você não entendeu? _ Apontou a faca na direção dele.
_ Eu entendi, só não sei como vou encontra-la.
_ Dê o seu jeito. Sei que tem muitos conhecidos pela região, então junte toda a maloquerada da favela e a encontre. Como você mesmo disse, não é tipo de garota que se vê todo dia, então será fácil de acha-la.
_ Mas o que você quer com a tua filha? Você não pretende fazer mal a ela não né? Até porque foi você que deixou a menina aí jogada e foi embora. E outra, pode ser que ela voltou porque quer se aproximar...
_ Isso não é da sua conta, agora vai fazer o que mandei já!
Entregou as roupas dele e o mandou embora. Agora dormiria um pouco para mais tarde fazer uma visita ao irmão na penitenciaria...
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