Capítulo 32
À noite, já em seu quarto na pousada, Mitchel pesquisou sobre o desenho esculpido na parede e ficou surpreso quando descobriu que era Cthlulhu, um dos deuses antigos. Segundo as antigas civilizações, é uma gigantesca entidade cósmica maligna e adorada por uma seita milenar que buscava trazê-lo de volta à vida para o nosso plano astral, desencadeando o apocalipse.
"Ah sim, agora eu me lembrei. Seria todo o mal que habita o nosso planeta." Lembrou de uma das conversas que teve com o seu amigo arqueólogo a alguns anos atrás. Pesquisou também sobre a Cidade de Pedra. Era onde faziam rituais para invocar a sua presença, conhecido como o "O chamado de Cthlulhu".
Mitchel achou muito estranho, um lugar onde se realiza rituais numa vila de pescadores, numa cidade litorânea de São Paulo. Mas depois percebeu que isso foi há bilhões de milhões de anos atrás na pré-história, quando o mundo ainda estava em formação. Acreditavam que monstros do espaço visitavam a terra. E além do mais, é apenas uma lenda... apesar que, para uma lenda com bilhões de milhões de anos, o local encontra-se bem conservado.
"Mas e as outras figuras?" Questionou sobre os desenhos dos polvos. Mais uma vez pesquisou e viu se tratar de uma raça primitiva que segundo os pesquisadores, foi extinta na mesma época, conhecido como Polvo Cthlulhu, devido a sua semelhança com o monstro.
Na hora de dormir sem querer olhou pela janela e viu uma certa movimentação lá para os lados da Cidade de Pedra. Olhou bem para ver se era algum tipo de festa rave. Não era, pois não ouviu nenhum tipo de música. Haviam tochas espalhadas pelo local e no meio, uma grande fogueira.
"Credo, não podem fazer fogueira na mata, o fogo pode se espalhar."
De repente começou a sair sinais de fumaça no meio da mata. No começo eram sinais normais, mas depois os sinais começaram a ganhar forma e quando menos se espera, surgiu uma nuvem de fumaça... com o formato da criatura sinistra que viu desenhada na parede!
_ Como fizeram isso? _ Perguntou a si mesmo.
Não era uma nuvem de fumaça qualquer. Era como se tivesse ganhado vida própria. De repente, duas luzes vermelhas se acenderam na nuvem de fumaça, bem na região dos olhos. Parecia até que a nuvem estava olhando para ele!
Depois dessa, achou melhor ir dormir, para parar da imaginar coisas.
***
No dia seguinte, Mitchel foi tomar um café no refeitório da pousada. Apesar de ter dormido bem, não esqueceu o que viu ontem. Aquela fumaça sinistra o fez lembrar do filme A Colheita Maldita, onde havia a entidade demoníaca "Aquele Que Anda Por Detrás das Fileiras".
E por causa desse filme, ele e a sua irmã Livia passaram a ter medo de passear pelo milharal de uma das fazendas lá em Nova Andaluzia.
Enquanto tomava distraidamente o seu desjejum, entrou um policial procurando por ele:
_ Senhor Mitchel Junqueira?
_ Sim sou eu...
_ Por acaso o senhor conhece o arqueólogo Francis Wayland Thruston e o Dr. Ortiz, advogado responsável pela leitura de seu testamento?
_ Sim, ele era meu amigo e faleceu recentemente . Foi o advogado dele que me falou sobre a sua morte e ele me deixou alguns livros de herança. _ Mitchel não quis comentar nada sobre o baú por precaução: _ Por quê?
_ A casa que pertenceu ao seu amigo foi assaltada e o casal de caseiros foram mortos! O mesmo aconteceu no escritório do Dr. Ortiz. Ele também foi assassinado.
Mitchel não acreditou. Para ter certeza, acompanhou os policiais até a casa do seu falecido amigo. E mesmo vendo aquela cena digna de um filme de terror, ainda não acreditou no que houve. O mais estranho é que não levaram nada, apesar da casa ter sido toda revirada.
O mesmo aconteceu no escritório do Dr. Ortiz. O crime ocorreu logo após o expediente ser encerrado e como ele é o último a sair, ainda estava lá e sozinho. Quando chegaram no dia seguinte, seus funcionários encontraram o local todo revirado e o corpo.
E o que foi mais estranho ainda foi numa das paredes, tanto na casa quanto no escritório, estava escrito com sangue uma frase muito esquisita, com um nome muito familiar:
"Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn."
_ Eu já vi esta inscrição, está na Cidade de Pedra lá no meio do mato! _ Disse aos policiais.
_ O senhor tem alguma ideia do que se trata?
_ Bom, segundo o que o meu falecido amigo arqueólogo disse alguns anos atrás, era um tipo de oração, canto ou sei lá, que era para invocar o mito de Cthulhu. Mas não lembro de como era a tradução da frase.
Os policiais se olharam entre si, se perguntando o que seria toda aquela conversa e ele também não sabia como explicar. Até porque ele não sabia muita coisa, apenas o que seu amigo havia lhe contado.
Não foi um assalto qualquer. Pareciam até que estavam atrás de algo que não estava em ambos os locais. Na mesma hora Mitchel pensou: "será que o que queriam está no baú que eu recebi de herança?"
Várias perguntas começaram a sondar a sua mente. A primeira era como que a polícia sabia que ele conhecia o senhor Thruston. Para terem ido direto na pousada atrás dele, é porque sabem de alguma coisa...
Esta pergunta foi respondida. A papelada do dono da casa foi totalmente revirada e o seu nome estava em um dos documentos, assim como o nome do advogado assassinado... ainda assim é muito estranho.
Segunda pergunta, quem está atrás daquele baú?
Terceira, qual o objetivo da busca? Tem que ser um motivo muito sério.
Quarta, o que será que tem dentro daquele baú, a ponto de ter gente matando por ele? Deve ser algo muito valioso.
O seu amigo deixara no testamento que ele deveria ficar com o tal objeto e em hipótese alguma não deveria se desfazer dele. Já devem saber que o baú está com ele, se ainda não descobriram, cedo ou tarde vão descobrir.
Se for isso mesmo, sua vida como sempre está em perigo.
Mas é um mistério a resolver e como jornalista investigativo, ele precisa descobrir o que é.
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