Capítulo 28
Greg praticamente surtou ao se deparar com o que viu quando ergueu a porta do bar, ainda mais que foi bem na sua frente... Afonso também se assustou, mas foi mais com o susto dele.
A metade inferior do corpo da Natália ali estirada no chão.
Se ajoelhou perante a metade e começou a chorar. Afonso achou aquela cena patética e quis falar umas boas verdades para o primo, mas conteve-se. Primeiro porque não seria lá muita novidade dizer que a culpa de toda aquela confusão era dele. Até porque não adianta mais, a merda já havia sido cagada...
E segundo, há agora um outro motivo muito maior e pior para se preocuparem... se metade do corpo ficou ali, onde foi parar a outra parte?
Um arrepio correu-lhe pela espinha ai imaginar que Natália estava andando por aí apenas com a parte de cima do corpo, igual a lenda urbana japonesa Teke Teke. Eles precisavam encontra-la e depressa.
Mas antes tinha que fazer Greg parar de chorar, o que estava sendo quase que impossível. Ele praticamente chorou um verdadeiro oceano de lagrimas. Aquilo era digno de pena. Esperou por alguns minutos até ele se acalmar. Porém assim que se acalmou, foram surpreendidos pelo detetive Sanchez, Julia e Mitchel. Bem que tentaram fugir, o mas o detetive atirou para o alto.
_ Parados os dois com as mãos na cabeça! _ Ordenou apontando a arma para eles. Sem outra opção, fizeram o que foi mandado.
_ O que você fez com a minha irmã, seu filho da puta? _ Interrogou Julia partindo para cima de Greg, com a intenção de esmurrá-lo. Depois perguntou horrorizada ao ver o que estava no chão, atrás dele: _ O que é isso aí atrás?
O detetive fez um sinal com a arma para que ele se afastasse. Quando ele se afastou, ela ficou chocada. Perguntou novamente para ele com ódio. Como também não a suporta, respondeu com mais ódio ainda:
_ É a parte de baixo do cadáver da Natália, sua piranha desgraçada!
Ao saber que metade daquele corpo era de sua irmã e ser chamada de piranha, Julia deu uma bofetada na cara dele. Mal se recuperou do tapa e levou um soco de Mitchel.
_ Ei qual é sua? É cafetão dela por acaso? _ Realmente Greg não sabe ficar de boca fechada e levou outro soco.
_ Isso foi por ofender a senhorita Julia e pelo o que fez a irmã dela! _ Disse Mitchel apontando o dedo na cara dele e lhe dando outro soco: _ E esse foi por mim.
_ Pare Mitchel! _ o detetive Sanchez o deteve antes que o jornalista quebrasse com a cara daquele tarado por mortas vivas e com toda razão. Depois perguntou aos dois primos o que aconteceu ali. Como nenhum deles respondeu, teve de engrossar:
_ Já sabemos que é você, Afonso Mendes, que fornece os cadáveres para a Dra. Evelyn West. E que você Gregório, se apoderou do corpo sem vida da Natália durante o resgate lá na rodovia e a reanimou com o Re-Animator.
_ E eu aposto que foi com a ajuda daquela cientista louca... _ Supôs Mitchel. Foi só falar na dita cuja, que finalmente Afonso se revelou:
_ Não! A minha Evelyn não tem nada a ver com o que aconteceu com a Natália. A culpa é toda do Greg que teve acesso ao meu armário e...
Ele nem conseguiu terminar. Greg partiu para cima dele e os dois saíram no braço. Mitchel teve que afastar os dois. Julia queria naquele momento estar no lugar de Afonso para socar as fuças do Greg. Assim que se acalmaram, o detetive continuou:
_ E também que o corpo encontrado no apartamento do seu primo é do chefe de vocês lá no IML e que a Natália fugiu. Agora, vão nos dizer o que houve com ela e o que aconteceu aqui?
Vendo que não havia mais nada o que esconder, ele contou até onde sabia, como e por quem souberam. Para ter certeza, Mitchel foi até o meio da rua e realmente tem um homem caído lá. Estranhou o fato de terem o deixado desmaiado com a possibilidade de ser atropelado. Por sorte ainda não passou nenhum carro, mas por garantia o tirou da estrada e o arrastou até a calçada. Depois voltou, entrou dentro do bar e encontrou um dos agressores de Natália atrás do balcão... morto.
"Ao contrário dos zumbis dos clássico filmes de terror, que devoram os vivos ou apenas comem os cérebros, os ressuscitados pelo Re-Animator matam por esporte." pensou ao analisar o corpo. Depois comentou:
_ Vai ver que quando perceberam o que ela é, tentaram fugir e ela deve ter agarrado um deles. E para se livrarem dela, desceram com tudo a porta até o chão e a partiram ao meio.
Todos ali se olharam entre si e se perguntaram ao mesmo tempo... onde estará a outra parte?
Nem todos. Greg aproveitou que se pegou com o primo para roubar a chave do carro dele e com a distração do grupo para fugir.
****
Após recuperar a consciência ou pelo menos o suficiente para se levantar, o homem notou que estava jogado na calçada. Não fazia a menor ideia de como foi parar ali. Mas ao olhar para o lado e ver um grupo de pessoas conversando em frente ao bar onde ele próprio estava com os seus companheiros enchendo a cara de cachaça a algumas horas atrás, lembrou do que houve...
E assim que lembrou, tentou sair dali o mais rápido possível.
Ainda cambaleante, aproveitou a distração do grupo e começou a andar pela rua mal iluminada pelos poucos postes instalados nela. Se ele já não conseguia enxergar direito por conta da escuridão, o efeito do álcool atrapalhava ainda mais a sua visão. E pelo jeito também afetava a sua audição, porque de repente começou a ouvir um barulho estranho atrás dele.
Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke...
Por curiosidade, resolveu parar para ver de onde aquele barulho. Olhou para trás e viu alguma coisa se mexendo no asfalto. Podia até ser alucinação causada pelo efeito da bebedeira, mas ele poderia jurar que era uma pessoa se arrastando no chão... uma bela garota de cabelos loiros.
A mesma que passou em frente ao boteco onde estava e ele mais os seus colegas de farra foram mexer com ela e que o empurrou. Pensou em ir até ela para se vingar do empurrão, mas assim que chegou mais perto, notou um certo detalhe...
Ela estava sem a parte inferior do corpo. Como ele percebeu? Quando ela se levantou usando apenas os braços, ficando suspensa no ar!
Como aquilo era possível? Foda-se, ele que não ia ficar ali parado no meio da nada para saber.
Bem que ele tentou correr, mas só porque precisou fugir o corpo não o obedecia. A ressaca e o medo pareciam até que haviam combinado para paralisa-lo. Para piorar, aquela coisa mesmo sem as pernas era muito mais rápida do que ele.
E quanto mais tentava correr, o ruído causado pelos cotovelos batendo no chão se intensificava ainda mais a medida que se aproximava...
Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke...
Durante a sua fuga, evitou ao máximo de olhar para trás. Poderia se distrair, acabar tropeçando e virar presa fácil. Depois de muito tempo correndo, notou que o barulho de repente cessou. Tirando o som dos próprios passos, dos batimentos cardíacos e da respiração ofegante, nada mais era escutado na escuridão.
Jurou para si mesmo que se caso aquela coisa tenha ido embora, nunca mais colocaria uma gota de álcool na boca...
Só para ter certeza, olhou para trás. É, realmente não tinha nada atrás dele e continuou o seu caminho. Não fazia a menor de onde estava e ainda era madrugada. Faltava muitas horas para o amanhecer. Decidiu procurar um lugar seguro de preferência para passar a noite e ir para casa quando aparecer os primeiros raios de Sol. Não ia se arriscar a voltar para casa com aquela coisa solta por aí.
Finalmente encontrou um local para se esconder por algumas horas, uma área em construção. Não foi fácil pular o muro, mas conseguiu entrar e para a sua sorte, não haviam vigias noturnos e cachorros e deu logo de cara com alguns banheiros químicos. Era ali mesmo onde passaria o resto da noite.
O interior da cabine não estava lá aquela maravilha, mas era muito melhor do que ficar na rua. Uma vez trancado lá dentro, não demorou para cair no sono, embora as vezes despertava com os barulhos vindo da rua...
Porém teve um certo ruído muito familiar que não o deixou dormir...
Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke. Teke teke...
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