Capítulo 21
Logo depois que conseguiram o endereço do tal Afonso, os três caíram na estrada. Também tinham o endereço do Greg por garantia. Julia perguntava toda hora o porquê iriam primeiro atrás do Afonso. Tiveram que inventar mil e umas desculpas para explicar o motivo e ela, é claro não acreditou em nenhum deles.
Durante o caminho, Julia notou que o jornalista mais o detetive trocavam olhares entre si o tempo todo. Por um instante, achou que eles eram um casal, mas não. Sentia o tempo todo que havia algo de errado no ar e que tinha a ver com a sua irmã.
E tinha quase certeza de que eles sabiam o que era e não queriam contar.
_ O que está acontecendo? _ Não sabia como perguntar, então perguntou logo de uma vez.
O detetive Sánchez se concentrava ao máximo no volante para não dar audiência às perguntar da jovem. Olhou para Mitchel ao seu lado, pedindo para ele contornar a situação...
O que também não foi fácil para ele. Tentou dizer um "nada" nem um pouco convincente e ainda perguntou o porquê ela achava que aconteceu algo, o que não deveria tê-lo feito, pois aumentou ainda mais a sua desconfiança.
_ Vocês estão muito calados e se olhando o tempo todo. Parece que estão preocupados com alguma coisa...
_ Não se preocupe senhorita Julia, não está acontecendo nada... é só impressão sua...
Julia preferiu ficar calada, já que nenhum deles estava disposto a falar. Mas não pretendia desistir, ia descobrir a verdade assim que possível. E Mitchel sabia muito bem disso. Até porque se fosse alguém da sua família que tivesse desaparecido, ele também faria o mesmo.
Ele só a observava pelo retrovisor do carro. Tentava não olhar, mas era inevitável. E toda vez que a olhava, sentia-se culpado. Ficava o tempo todo imaginando como será a reação dela quando ver o que a irmã se transformou, ou melhor dizendo, no que o Greg fez com ela.
Que aliás, era outra coisa que não saía da sua mente. Que ideia foi aquela de roubar o cadáver da ex e reanima-la? O que esse cara tem na cabeça? Ele acha o que, que ela vai esquecer o babaca que ele era, com a nova vida?
Só falta ela se lembrar do passado mesmo depois de reanimada e ir com tudo para cima dele, assim como fizeram a mula sem cabeça, a loira do banheiro e o gato de Schrodinger. Até que por um lado seria bem feito para ele, apesar de não desejar aquilo para ninguém, nem mesmo de brincadeira.
Pararam em um posto de gasolina na beira da estrada, onde também havia um centro de conveniência. Enquanto o detetive Sánchez foi abastecer o seu carro junto com Mitchel, Julia foi ao banheiro. Aproveitaram que ela não estava por perto para conversarem sobre a situação:
_ Ela não deveria ter vindo com a gente.
_ Eu sei... mas é a irmã dela.
_ Por isso mesmo. Já parou para pensar como vai ser quando ela descobrir o que houve com a irmã dela? Ela vai enlouquecer!
_ Estou pensando nisso o tempo todo. Mas antes descobrir com a gente do lado dela, do que fazer isso sozinha. Se fosse investigar por conta própria, vai por mim, seria muito pior.
O jornalista sabia exatamente o que dizia, já que está sempre investigando por conta própria. Era uma característica nata dele, além de ser o seu trabalho. Porém se depara com cada coisa que até Deus e o Diabo duvidam durante as suas investigações. Acabava por descobrir o que não deveria e muito mais do que procurava.
E é claro que isso sempre custava a sua vida.
Por mais que não aceitasse o fato de Julia ir junto com eles, para ir atrás do Greg, o detetive Sánchez teve de concordar com Mitchel. Ainda assim não conseguia fazer entrar em sua mente, que o Greg teve a coragem de roubar o corpo da ex namorada e aplicar nele, o Re-Animator.
_ Eu não sei quem pior, se é esse necrófilo pervertido ou a cientista louca da Dra. West. _ Desabafou o detetive incrédulo com a situação.
_ Acho que é a Dra. Evelyn. Se ela não tivesse inventado essa droga de solução química, talvez o Greg teria a ideia de usá-lo na ex... _ Comentou Mitchel.
_ Quem é Evelyn? _ Perguntou Julia, saindo de trás do carro do detetive Sánchez, dando o maior susto neles.
_ A quanto tempo está ouvindo a nossa conversa? E o que ouviu? _ Perguntou o detetive assustado com o surgimento repentino dela.
_ Eu ouvi vocês falarem alguma coisa sobre solução química e cientista louca. Quem é a louca, é a tal da Evelyn? Que história é essa de solução química? E o que toda essa conversa tem a haver com o sumiço da minha irmã e com o cretino do Greg?
Eles se olharam entre, para saber quem contaria e o que diriam a ela. O detetive fez um sinal com a cabeça, pedindo a Mitchel para pelo menos tentar explicar toda a verdade sobre a sua irmã Natália.
O que foi muito complicado. Primeiro porque ele não sabia por onde começar. Segundo, não tinha a menor ideia de como explicar que o insano do Greg sequestrou o corpo da irmã dela, para injetar um reagente químico capaz de reanimar os mortos. Claro que ela não vai acreditar e vai acha-lo um maluco. Ele mesmo já se acha um...
Tentou pedir licença a ela, na intensão de ganhar tempo. Mas Julia não arredou o pé de perto deles. Exigiu que ele contasse o que de fato aconteceu com a sua irmã, por pior que fosse.
_ Bom senhorita, realmente o Greg está com a Natália...
_ Ai eu sabia! Graças a Deus ela está viva, ainda que esteja com ele...
_ Não exatamente... _ Disse Mitchel sem pensar. Tentou encontrar as palavras certas, mas nada vinha em mente. Julia ficou confusa:
_ "Não exatamente" como? Ela não está com ele? Se está com ele, é porque sobreviveu ao acidente, não é mesmo?
_ Sim, a sua irmã está com ele, mas ela não sobreviveu...
Ela só ficou olhando para ele, na esperança de que fosse alguma brincadeira, ainda que de mau gosto. Desviou o seu olhar para o detetive Sánchez, para ver se ele dizia apenas se tratar de algum trote, pegadinha ou loucura do jornalista. Nada. Ele manteve a sua costumeira postura fria.
_ Que palhaçada é essa? A minha irmã morreu? Se morreu, o que o Greg está fazendo com ela?
_ É aí onde entramos na história da solução química e da cientista louca. O primo do Greg, Afonso, parece que ele trabalha para a Dra. Evelyn West, criadora desta solução.
_ Eu ainda não entendi. O que tem a haver o fato da Natália ter morrido, o Greg mais o primo dele e essa Evelyn com a solução dela? Olha me desculpem, mas tudo isso está muito confuso.
_ A Dra. West criou um reagente químico com a capacidade de reanimar os mortos. E sabendo das probabilidades reanimadoras deste produto, Greg sequestrou a sua irmã, que morreu no acidente da rodovia, para aplicar o soro e ressuscita-la. Em outras palavras, ele a tornou uma zumbi.
Assim que terminou de explicar a Julia toda a história, Mitchel só viu o seu belo rosto ser lavado por inúmeras lágrimas. Até mesmo o detetive Sánchez se comoveu com o seu choro. Bem que tentaram lhe dar algum consolo, porém ela surtou de raiva.
_ Vocês não esperam que eu realmente acredite em toda essa besteira né?
_ Mas é verdade, eu mesmo vi o Greg entrando no IML com uma moça no colo e saindo de lá com ela, andando... tentei falar com ele e notei que a garota ao lado dele tinha um olhar muito esquisito e suas roupas estavam sujas de sangue! _ Mitchel tentou explicar, mas Julia se recusava a entender. Bom, não tirava a razão dela.
_ Senhorita Julia, por favor, eu sei que é difícil de acreditar, mas o que Mitchel acabou de dizer é a mais pura verdade. Eu estava com ele na hora. Ele até levou um soco do Greg, por perceber que havia alguma coisa errada com a moça. _ Disse o detetive Sánchez, mas ela ainda se negava a acreditar.
Julia não sabia o que era pior, se era o fato de ter perdido a sua irmã ou descobrir o que houve com ela. O detetive e o jornalista a aconselharam a voltar para casa, mas para a surpresa deles e talvez dela mesma, decidiu continuar com a viagem.
_ Já fui longe demais para voltar. Preciso fazer justiça pela minha irmã. Podemos ir? Ainda temos muito chão para percorrer.
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