Capítulo 20
Quando Mitchel precisa descobrir algumas informações sobre uma determinada pessoa, seja vítima, suspeito ou testemunha que tinha carro, sempre recorria a esse conhecido no DETRAN para obter estas informações... é claro que se lhe der algum "agradinho", como dinheiro.
Mas desta vez, não tinha nada de "agradinho". O detetive Sánchez estava junto e mostrou o seu distintivo. O funcionário do DETRAN foi obrigado a localizar o dono do carro, conseguiu e passou tudo o que precisavam meio que de má vontade. Mitchel só o viu lançar um olhar de poucos amigos como se dissesse que caso haja uma próxima vez, terá de lhe dar o seu "agradinho" em dobro.
_ Ótimo, temos os dados do cara... Gregório Mendes, funcionário do IML. Muita coincidência, não é mesmo? _ Mitchel comentou ao ver que o sujeito que viu hoje de manhã, trabalha no necrotério.
_ Mas não quer dizer que ele seja cúmplice da Dra. Evelyn. _ Disse o detetive Sánchez ainda na dúvida.
_ Se não é ele, deve conhecer quem seja... senão não teria feito o que fez com a namorada.
**********
Voltaram ao IML. Ainda estava cheio, mas não tanto como ontem, então pode ser que desta vez seria mais fácil para entrar. E no meio daquela multidão, ouviram uma conversa entre algumas pessoas que aguardavam notícias e a liberação dos corpos.
_ Ainda não a encontraram?
_ Não... nenhum daqueles corpos é ela.
_ Talvez ela tenha sido levada para algum outro hospital...
_ Mas nós já ligamos para quase todos os hospitais e nenhuma Natália Santos deu entrada neles!
_ Ela pode ter sobrevivido...
_ Sobreviveu e não entrou em contato com nenhum de nós por quê?
_ E se sobreviveu, deve estar muito ferida. Viram o estado que ficou o carro? Ficou totalmente destruído. E ela não deve ter ido muito longe...
_ Será que o Greg sabe de algo? Ele não trabalha aqui?
_ Só falta aquele crápula ter feito alguma coisa com ela...
Entre mortos e feridos, havia uma desaparecida... e ontem uma garota chegou desmaiada e carregada por alguém e hoje cedo, estava caminhando com ele. Mitchel tinha quase certeza de que era da mesma pessoa que falavam. Ele foi conversar com o grupo, que deveriam ser os familiares da moça. Enquanto isso, o detetive Sánchez foi ver se conseguia falar com os agentes funerários.
_ Oi boa tarde, desculpem, mas eu sem querer ouvi a conversa... é sobre uma parente de vocês que está desaparecida.
Por segurança, ele não contou das cenas que viu ontem e hoje, para não causar pânico.
Todos ali olharam para ele com desconfiança. Para tentar ganhar a confiança da família da moça, Mitchel se apresentou, explicou a situação e ofereceu a sua ajuda para encontrá-la. Percebendo que não tinham muita escolha, uma moça de cabelos loiros avermelhados apresentando-se como Julia, falou pela família.
_ Natália é a minha irmã mais nova. Ela mora em outra cidade e veio passar o fim de semana com a gente. E infelizmente aconteceu de estar naquele horrível acidente na rodovia. Mas a pior parte é que ela desapareceu.
_ Como assim ela desapareceu? _ Perguntou Mitchel começando a juntar as peças daquele quebra cabeça.
_ A última vez que falei com ela, disse que estava na rodovia e o trânsito estava muito intenso. Por isso que demorava para chegar em casa. Logo depois, soubemos do acidente. Liguei para ela para saber se estava tudo bem e nada dela atender. Fomos e ligamos para quase todos os hospitais que conhecemos e nenhum sinal dela. Pensando no pior, nós viemos para cá, mas ela também não está aqui. Agora eu te pergunto: onde é que a minha irmã está? Se ela está viva, porque ainda não procurou nenhum de nós?
Um pequeno filme de terror começou a rodar na mente de Mitchel. A Natália morreu no acidente na rodovia e esse tal de Greg, que trabalha no necrotério, foi fazer o seu trabalho, que é recolher os corpos. Viu a garota morta, surrupiou o seu corpo, trouxe para cá e como na hora havia muito tumulto, ninguém deve ter o visto entrar...
E é claro que com a ajuda da Dra. Re-Animator, a reanimou. Mas por que ele faria isso? Não teria todo esse trabalho, a não ser que...
_ A sua irmã tinha namorado? _ Perguntou para ter certeza.
_ Uns tempos atrás, ela namorou com o Gregório, mas o chamava de Greg e trabalha aqui no IML. Era um relacionamento abusivo, ele era muito ciumento, vivia controlando os passos dela e a sabotando. Não aguentando mais aquela relação tóxica, terminou com ele.
_ Deixe-me adivinhar, esse Greg nunca aceitou o fim do namoro?
_ Exato, ela precisou mudar de cidade para fugir dele.
Ele decifrou o enigma. Aconteceu o acidente na rodovia e o Greg foi trabalhar. Quando viu que entre os mortos, estava a sua ex-namorada, aproveitou a ocasião para sequestra a pobre garota, a reanimou para finalmente tê-la somente para si.
E é claro que para ele realizar tal feito, deve ser mesmo o cúmplice da Dra. Evelyn. Quem sabe, foi até ela mesma que aplicou o reagente na cadáver.
De repente avistou o detetive Sánchez saindo IML. Pediu licença à Julia e foi conversar com ele. Esperava que ele tenha obtido alguma novidade. Mas do jeito como estava a expressão do rosto dele, não deve ter conseguido o que queria.
_ Realmente o nosso amigo Greg trabalha aqui mesmo como agente funerário. A última vez que ele foi visto, foi no acidente na rodovia. Segundo os outros funcionários, ele simplesmente desapareceu, abandonando o trabalho. E hoje não veio trabalhar.
E Mitchel já sabia o porquê ele sumiu. Estava escondido com a namorada zumbi em algum lugar. Provavelmente não na casa dele, o que seria muito óbvio...
Mas a parte mais interessante foi quando o detetive contou sobre as visitas da Dra. West no local.
_ Perguntei se alguém a conhecia e todos negaram. Obviamente não a conheciam pelo nome, mas foi só perguntar sobre uma garota bonita e descrever a sua bela aparência, a maioria se lembrou rapidinho. E sabe qual é a melhor parte?
_ O tal do Greg é cúmplice dela. Eu sabia!
_ Na verdade não é.
_ Não?
Por essa, Mitchel não esperava. Ele tinha a maior certeza que o cúmplice da Dra. Evelyn era o Greg, ainda mais depois do que viu. Provavelmente é alguém que o Gregório conhece ou ele próprio conhece a cientista... ou talvez tenha mais gente envolvida nessa história.
_ Se não é ele, quem é?
_ Já a viram algumas vezes por aqui conversando com Afonso Mendes, primo do Greg. Foi ele quem arranjou este serviço para ele. E adivinha só, esse cara enche a boca para dizer que a Dra. West é sua namorada.
_ Coitado dele... mas mexericos à parte, ele está aqui?
_ Não, para o nosso azar, está de férias e só volta mês que vem.
_ Droga. O jeito mesmo é ir atrás desse Greg e...
_ Esperem, vocês vão atrás do Greg? _ Uma voz atrás de Mitchel perguntou esperançosa. Era Julia: _ Porque eu vou também!
Naquela hora, Mitchel não soube nem o que dizer, tanto para Julia quanto para o detetive Sánchez. Antes de mais nada, apresentou um ao outro e contou a ele sobre a irmã desaparecida, que está nas mãos do Greg. O jornalista só fez um sinal para o detetive não falar o que houve com a irmã dela.
_ Eu sinto muito, mas a senhorita não poderá ir junto conosco...
_ Como assim não posso ir? É a vida da minha irmã que está em jogo! Sabe lá o que aquele imbecil está fazendo com ela? Então por favor, me deixem ir junto!
Infelizmente eles sabiam o que aquele demente está fazendo com a pobre moça... até tinham um nome para para aquilo, do qual preferem não pensar...
Enquanto Julia voltou para falar com a família, os dois ficaram se perguntando como será que ela reagirá quando descobrir que o Greg fez com a irmã dela. Claro que irá surtar, assim como eles. Mas como ela estava determinada a ir com eles e não tinha como convencê-la a ficar, combinaram de não contar nada, pelo menos por enquanto.
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