Capítulo 18

Ao chegarem no Laboratório de Física da Universidade, encontraram o corpo do rapaz cercado pelos profissionais forenses. Segundo a perícia, ele foi assassinado uma forma muito estranha... Estava todo arranhado e com a garganta totalmente dilacerada, como se tivesse sido atacado por algum animal.

E o que um animal fazia em um laboratório de física quântica? Não parecia ser obra da Doutora Re-Animator... ou será que sim? Daquela cientista louca, pode-se esperar tudo!

Mas para ter certeza, o detetive Sánchez foi conversar com o pessoal da perícia e com o zelador do laboratório que encontrou o corpo. Também pediu para ver as câmeras de segurança do local. Enquanto isso, Mitchel analisava a vítima.

Pelos arranhões, parece que ele foi atacado por um animal de pequeno porte. Havia também pêlos na roupa do rapaz...

Eram pêlos de gato!

Agora vem a pergunta: como é que um gato teria força o suficiente para matar um ser humano? Só se não foi um gato comum...

...mas sim um gato reanimado!

Outra pergunta: como que um gato morto vivo entrou no laboratório e ninguém viu?

Mitchel deu mais uma olhada em volta e viu que em cima de uma das bancadas do laboratório, havia uma caixa de papelão lacrada com fita adesiva, mas com um buraco em um dos lados... por curiosidade, foi olhar no interior da caixa... e encontrou ali dentro um medidor Geiger, um martelo, um pouco de material radioativo e um frasco quebrado de veneno.

_ Caraca! É um experimento de Schrodinger!

_ Como assim? _ Perguntou o detetive Sánchez, voltando para junto dele.

_ É aquela experiência em que você coloca um gato em uma caixa com partículas radioativas, que podem circular ou não, mas você não tem certeza. Daí o gato fica em um estado de morto e vivo ao mesmo tempo.

_ Tudo bem, mas o que isso tem a ver com a Dra. West? Acha que ela entrou aqui, viu o gato morto dentro da caixa e o reanimou?

_ Ou foi isso ou então ela o trouxe para cá...

O detetive tentava analisar o raciocínio do jornalista, mas estava difícil. Mesmo se tratando da Dra. Evelyn, aquilo era muito fantasioso.

_ Sei que a teoria é muito maluca, mas é a mais próxima da verdade. Pensa bem, um gato normal não faria um estrago daqueles na garganta de alguém. E olhe para o mais estranho: o buraco foi aberto por dentro! Ou seja, o que estava lá dentro, rasgou a caixa para sair! A não ser que alguém veio aqui, o matou e simulou a cena do crime para parecer que foi mesmo um gato!

Na mesma hora, alguém chegou no laboratório. Era um amigo da vítima, também estudante de física quântica.

_ O que aconteceu aqui? _ Perguntou ao ver todo aquele tumulto no laboratório. E antes que alguém lhe contasse, ficou chocado ao ver o corpo do amigo todo arranhado e a caixa em cima da bancada.

_ Oh não! Ela não fez isso! Ela não fez isso!

_ De quem você está falando? _ Perguntou Mitchel ao ver o estado de pânico do rapaz. Também notou que ele ficou muito sem graça quando lhe perguntaram se sabia de algo.

E é claro que ele sabia.

_ Acho bom você contar o que sabe, meu jovem. Por acaso, conhece a Dra. Evelyn West? _ Questionou o detetive Sánchez.

Vendo que não tinha mais como esconder, o estudante de Física disse toda a verdade. Era como Mitchel já suspeitava, aconteceu exatamente o que ele havia dito a alguns minutos atrás... para a surpresa do detetive.

_ Eu e meu amigo... estávamos trabalhando no Experimento de Schrodinger para um projeto da faculdade... vocês sabem, aquele paradoxo que...

_ Já sabemos como funciona! _ Brigou o detetive Sánchez, já no seu limite: _ Agora queremos que nos explique se você conhece a Dra. West e o que aconteceu aqui para o seu amigo morrer!

_ Ela é minha vizinha... e a gente não se dá muito bem. Ela tinha um gato e eu não gosto de gatos, pois eu sou alérgico. E para piorar a situação, aquela bola de pelos tinha um miado estridente e era muito arisco!

_ Você pelo menos conversou com ela sobre o bichano? _ Perguntou Mitchel.

_ Já, várias vezes... ela sempre dizia que daria um jeito de prender aquela porcaria de gato dentro da casa dela, de acalma-lo, mas não dava... aquele animal nojento estava sempre no meu caminho!

_ Foi por isso que foi atrás dela no Centro de Pesquisas?

O rapaz olhou assustado para os dois, se perguntando como eles sabiam daquela informação. Teve medo de acharem que ele tinha alguma participação na morte do amigo.

E por um lado... tinha!

_ Sim, nós já sabemos que você foi até o Centro onde ela trabalha e vocês discutiram feio. _ Afirmou o detetive Sánchez: _ Mas você não foi só para reclamar do gato, não é mesmo?

_ Eu fui dar um ultimato a ela. Ou ela se livrava daquele gato ou...

_ Ou você se livraria dele! _ Disse Mitchel já concluindo toda aquela explicação: _ Aí nisso você e seu amigo raptaram o pobre animal e o usaram para o experimento. Mas pelo jeito a experiência deu errado e o gato morreu.

_ Bom... fazia parte do projeto e...

_ E também fazia parte da sua vingança, matar o gato e o largar na porta do apartamento dela? _ Mitchel decifrou aquela charada. Os dois estudantes usaram o gato para fazer a experiência e devem ter usado substância radioativa o suficiente para acionar o contador Geiger. Nisso, o martelo quebrou o frasco de veneno e o bichano, claro, morreu envenenado...

... mas o mais interessante vem depois.

Como ele mesmo disse, queria se vingar da Dra. West. O que não deveria ter feito isso, pois ao fazê-lo, despertou a fúria dela. Ao ver o que fizeram com o seu gato, é claro que aproveitou para realizar mais uma de suas experiências, o trazendo de volta à vida. Com a intenção de dar o troco no rapaz, deixou a caixa aqui para pegá-lo, mas foi o seu amigo que morreu no seu lugar.

_ Era só para dar um susto nela! Aquela garota é muito esquisita, arrogante e uma puta mentirosa. Eu a convidei para sair inúmeras vezes, mas ela sempre recusava com uma lorota de que já estava saindo com alguém, mas nunca vi ninguém entrar ou sair do seu apartamento. Acho que ela queria mesmo era me enrolar... e ainda tinha aquele maldito gato que me incomodava o tempo todo!

_ Daí você não se conformou com a rejeição, aproveitou a ocasião para se vingar dela e matou o pobre bichano. _ Disse o detetive Sánchez enojado com aquele depoimento. Não tendo outra alternativa, prendeu o rapaz por maltrato aos animais.

Mas ainda restava uma dúvida: como que a Doutora Re-Animator conseguiu entrar no laboratório de física, carregando uma caixa com um gato dentro, sem ser vista? Segundo o detetive, nada foi registrado nas poucas câmeras de segurança. E por incrível que pareça, ninguém a viu entrar.

_ Como é que ela simplesmente entrou aqui sem ser notada? Ela não é invisível, deve ter alguém aqui que a viu!

_ Talvez não tenha sido ela... mas alguém daqui pode ter guardado a pedido dela...

Para tirar essa dúvida da mente, Mitchel foi conversar com o porteiro do campus de Física da universidade, só para saber se foi ele mesmo que guardou a caixa no laboratório a pedido da Dra. West. Foi perguntar se sentindo culpado, pois se foi ele, não era culpa dele, só fez o que ela pediu.

Mas precisava perguntar para ter certeza absoluta.

E teve. O jovem porteiro, que deveria ter a mesma idade da maioria dos universitários do campus, disse que realmente a uma garota bonita chegou na portaria com uma grande caixa de papelão, dizendo que era uma encomenda.

E ele, é claro, acreditou naquela carinha bonita que ela tem!

_ Como eu ia saber que havia um gato dentro daquela caixa? Ainda mais um gato morto, ou morto-vivo, sei lá? É proibido animais no laboratório e os alunos sempre estão transitando por aqui com caixas com experimentos! _ Disse o porteiro, numa tentativa de se defender.

_ Você nem pediu para verificar o que tinha dentro da caixa? _ Perguntou Mitchel estranhando o fato dele ser o responsável pela segurança do local, não ter feito tal procedimento.

Ele não respondeu, morrendo de vergonha por cair na conversa daquela cientista louca e por culpa sua, uma pessoa morreu bem de baixo do seu nariz.

_ Agora que descobrimos como foi que a Dra. Evelyn enganou a segurança, agora vem a dúvida: para onde ela e o seu gato zumbi foram?

_ Isso terá de esperar. Veja, estão levando o corpo do rapaz para o IML. Vamos junto, para ver se descobrimos mais alguma coisa sobre ela.

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