Capítulo 13
Após o acontecimento em Nova Andaluzia, que no final das contas acabou sendo provado como verdadeiro, Mitchel decidiu voltar para São Paulo para conversar (e se possível deter) com a tal Dra. Evelyn West. Se despediu de sua família e dos amigos e pegou a estrada, junto com o detetive Sánchez. Felipe foi promovido a delegado da cidade até segunda ordem.
Porém antes de partirem, fizeram questão de acompanhar o processo de execução da mula sem cabeça. O corpo foi levado para o crematório em pedaços, onde foi queimado e suas cinzas foram trancadas em uma urna funerária e guardada em um cofre, no depósito da delegacia da cidade. Decidiram não enterrar para não ter nenhum contato com o solo, mesmo dentro da urna.
Enquanto os restos mortais da égua eram cremados, Mitchel olhava para o céu com medo daquele reagente contaminar o ar. Lembrou do filme Alguma Coisa Dos Mortos Vivos, onde um cadáver é queimado e a fumaça vira uma nuvem de chuva ácida e ressuscita os mortos do cemitério local. Certo, é apenas um filme, mas depois do que viu, tudo era possível.
Logo após o "funeral", caíram na estrada...
Durante a viagem de volta, se perguntavam como fariam para questionar a doutora sobre o seu trabalho. Claro que ela não vai contar tudo logo de cara, ainda mais para desconhecidos, por isso precisavam de um plano.
_ Bom, eu descobri nos arquivos do veterinário, que ela trabalha no Centro de Pesquisas Científicas de São Paulo. Vou fazer o que todo jornalista faz: direi que é uma entrevista para o jornal onde trabalho e torcer para que ela acredite!
_ Se for possível, tente descobrir também se ela trabalha sozinha ou se tem algum cúmplice. Eu duvido muito que alguém queira se envolver nessa loucura, mas nunca se sabe.
Era exatamente o que Mitchel estava pensando. Ainda que a doutora tenha recriado o soro reagente sozinha, ela deve ter arrumado pelo menos um dos ingredientes da sua fórmula com alguém... claro que não foi em farmácias de manipulação...
Só precisava descobrir quem seria este alguém.
_ Será que é o tal cientista louco que ela diz ser o seu mestre que fornece os ingredientes para ela ou tem mais gente envolvida nessa história?
_ Talvez... Mas pode ser mesmo que ela tenha um cúmplice, um ajudante ou alguém que sabe sobre o seu trabalho... e não me refiro somente ao soro, mas também as cobaias usadas para as suas experiências.
Mitchel concordou com o raciocínio do detetive Sánchez. Corpos recém falecidos não são encontrados por aí, então ela deve arrumar em um lugar específico...
O Instituto Médico Legal.
No jornal onde ele trabalha, na página destinada às notícias de falecimentos, há um espaço para informar sobre os falecidos de identidade desconhecida, os moradores de rua.
"Nico comentou sobre um teste realizado em uma pessoa, mas quem garante se foi o único? Essa tal Dra. West pode muito bem ter ido ao IML e ter feito uma de suas experiências macabras em um daqueles corpos que ficam abandonados por lá. Isso se ela não matou ou mandou matar alguém. Era só o que faltava, além de cientista louca, ser também uma assassina."
"E ela simplesmente não entrou lá sem mais nem menos e escolheu um cadáver. Algum funcionário do local deve ter a ajudado a se infiltrar lá dentro."
_ Já pensou em procurar o Diretor do Centro? Talvez ele saiba de algo... _ Perguntou ao detetive.
_ Na verdade, eu já o havia procurado para conversar sobre o desaparecimento de Anne Morita. Foi quando eu soube que ela era assistente da Dra. Evelyn e do que se tratava o seu reagente, mas não acreditei muito nessa história. Achei que era apenas conversa do Diretor só para me enrolar... e por coincidência, neste mesmo tempo, soube da morte do delegado Mathias e fui convocado para assumir o seu posto. Então soube que ela veio para Nova Andaluzia e aproveitei a ocasião para vir atrás dela, mas acho que cheguei tarde... o mal já estava feito.
_ Eu não diria isso... _ Mitchel tentou consolar o detetive: _ Você chegou aqui e descobriu mais informações sobre essa cientista louca e o que ela é capaz de fazer. Já é o suficiente para prende-la, não?
_ Até que você tem razão... mas tenho que admitir que quem descobriu tudo mesmo foi você. Não foi a toa que o delegado Mathias fez questão da sua presença na investigação do caso. E eu peço desculpas por não ter lhe escutado antes...
Mitchel ficou impressionado com o pedido de desculpas do detetive. Era muito raro ouvir isso. Até que ele não era tão arrogante assim.
Enquanto viajavam de volta para São Paulo, ele se perguntava quais foram os motivos que levaram essa garota a criar (ou recriar, ainda não se sabe) uma solução especial tão poderosa, a ponto de fazer um corpo inerte voltar à vida.
"O que diabos tem neste soro? Havia algum ingrediente especial ou era a combinação de vários?" Perguntava a si mesmo.
As respostas devem estar naquele tal manual de instruções que encontrou no escritório do veterinário...
E apenas por curiosidade, queria saber como esse reagente agia no corpo. O procedimento era igual para todos ou dependendo do tipo de organismo, funciona diferente para cada um? Será que a pessoa recém reanimada consegue se lembrar de toda a vida que tinha antes de morrer ou renascia para uma nova? O soro reanimava o corpo por inteiro ou somente as funções vitais, como acontece com os zumbis e como foi no caso da égua, onde a cabeça foi arrancada pela própria e o corpo saiu galopando sozinho na calada da noite, segundo o que foi dito pelo capataz que viu toda a cena.
"Coitado desse homem! E do pobre do animal também!"
Ainda tinha mais questões a serem esclarecidas... uma delas era como a Dra. Evelyn escolhia os cadáveres usados para os testes. Ela não deve escolher qualquer um, devia seguir algum critério.
"A égua morreu por conta de alguma doença não especificada e mesmo assim, recebeu o soro para voltar a viver... será que entrou em colapso com o reagente, o que resultou naquele monstro?"
Uma outra dúvida que pulsava sem parar em sua mente... será que o Re-Animator era tão potente a ponto de reanimar os mortos de semanas, meses ou até mesmo de anos atrás? Já pensou, corpos em estado avançado de putrefação, caminhando por aí ou seria possível regenerar o tecido morto até o estado normal?
Eram muitas perguntas para poucas respostas. E só havia uma maneira de descobrir...
... conversando com a própria cientista louca!
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