trinta e um.
EuTeAmo.com | trinta e um.
09 de janeiro – Quarta-feira.
Assunto: Seria uma linda história, mas é tudo falsidade!
Querido Matthew,
Confesso que quando voltei para o colégio na segunda-feira, não esperava uma recepção simpática dos meus colegas e dos garotos do time de basquete. Eu tinha quase certeza de que o escândalo da aposta do Asher e do Arthur estaria na boca de todos os alunos, e que eu seria o centro das atenções em todas as aulas. Me enganei...
— Acredito que ninguém saiba — disse Thomas, que me esperava no portão de entrada.
— Saiba do quê? — questionei.
— Que você brincou de médico com o Arthur e experimentou o canudinho dele — respondeu, andando a meu lado em direção aos armários.
— Thom, essa foi a pior piada que você já fez — comentei, querendo socá-lo, mas rindo de ódio por dentro.
— É verdade o que dizem sobre os asiáticos em relação ao tamanho do pau?
— Você quer mesmo saber detalhes sobre isso?
— Quero!
— Pode esquecer, Thom!
Não fico chateado com as piadinhas do Thomas, pois ele tem um jeito de falar e agir que qualquer um percebe que não são por maldade. Matthew, ele é muito parecido com você nesse aspecto.
O resto do dia foi como um filme de suspense. Eu passava pelos corredores me escondendo e correndo entre as aulas para não ver a cara do Arthur ou do Asher. Houve momentos em que percebi a aproximação dos membros do time de basquete por causa dos gritos das garotas, mas para evitá-los, eu dava a volta pelo prédio e tentava ao máximo não cruzar o caminho deles.
A última aula foi de inglês, e você sabe que essa é a única matéria que Arthur e eu temos juntos em nossos horários. Entrei na sala de cabeça baixa e fui para a minha carteira de sempre, sem nem olhar para os lados. Durante toda a aula me mantive concentrado e lutando com todas as forças do meu corpo para não olhar para a carteira que ele costumava sentar. Foi em vão, pois eu não havia percebido, mas o Arthur deu um jeito de sentar atrás de mim.
— Como você está, Alec? — sussurrou Arthur, no meio de uma explicação da professora.
Dei um pulo da cadeira ao ouvi-lo, derrubando uma de minhas canetas. Eu estava tão tenso e focado em não olhar para trás, que a voz do Arthur me assustou, me fazendo pular de pavor.
— Sua caneta caiu — disse ele.
Não respondi, mas isso não o impediu de continuar falando comigo. Matthew, você acredita que ele abaixou para pegar a caneta e teve a ousadia de cutucar meu ombro com ela antes de devolvê-la? Claro que a peguei de volta, mas mantive a postura rígida e não falei nem uma palavra com o Arthur durante a aula. Acho que nem preciso dizer que meu coração estava acelerado e que aquele sentimento de vazio ardia em meu peito. Odeio estar apaixonado!
Terça-feira, na hora do almoço, enquanto eu esperava a Nina e o Thomas em uma das mesas do refeitório, Arthur se distanciou de sua roda de amigos para sentar a meu lado. Confesso que quase acreditei nas palavras dele, mas não se preocupe, pois nem ele e nem o Asher vão conseguir me enganar novamente.
— Até quando você vai me ignorar? — perguntou ele.
— Até quando você vai insistir em falar comigo? — rebati, já irritado.
— Alec, eu já te pedi desculpa.
— Acha que é suficiente?
— O que você quer que eu faça? Tento me explicar, mas você não deixa!
— E tem alguma explicação para o que eu ouvi? Você fez uma aposta com seu melhor amigo e me usou para conseguir entrar no time titular.
— Fizemos essa aposta sim, mas isso não significa que não gostei de ficar com você naquela noite.
— E quer que eu acredite nisso? — questionei. — Você me usou, me enganou e não tinha a intenção de contar a verdade.
Arthur suspirou, virou a cadeira em minha direção e se aproximou um pouco mais. Me mantive firme e com a postura reta, mas por dentro eu estava tremendo e me esforçando para não desmoronar na frente dele. Foi muito difícil.
— Eu gosto de você de verdade, Alec. Quero que a gente fique junto — sussurrou ele.
— Por que eu acreditaria nisso?
— No começo até pensei em desistir da aposta, mas se eu desistisse, Asher ganharia e zoaria com você. Eu queria te proteger!
— Me proteger? Então por que você seguiu o plano, conseguiu o que queria e foi correndo contar para o Asher? Ah, claro! Você fez tudo isso para entrar como titular nos jogos do campeonato!
— Sinto muito por ter feito isso com você, amor — disse ele. — Levando o plano adiante vi a oportunidade de te proteger e conseguir jogar no time titular ao mesmo tempo. Você sabe o quanto o basquete é importante para mim.
— Por que não me contou desde o começo? — perguntei, olhando diretamente para ele pela primeira vez.
Só percebi que o estrago dentro de mim estava feito quando comecei a chorar. Foi difícil ouvir tudo aquilo e não ficar balançado. Foi uma mistura de amor e ódio que eu nunca tinha sentido.
— Não percebi que estava gostando de verdade de você até a noite em que ficamos juntos em minha casa. Depois disso, tentei te dizer, mas tinha certeza de que você me odiaria e eu não queria te perder.
Eu estava quase cedendo, mas...
— Vamos, Arthur?! Temos muitas coisas para acertar! — exclamou Asher, parando ao lado da mesa onde estávamos sentados.
Quase fui feito de idiota mais uma vez, Matthew. Asher e Arthur ainda são melhores amigos, mesmo depois de tudo o que aconteceu. Ele queria mesmo que eu acreditasse naquela historinha ridícula?
— Não dá para esperar um minuto? — respondeu Arthur, parecendo irritado.
— Pequeno Alec, como vai? — perguntou Asher, com um sorriso irônico.
— Não melhor do que você, é claro! — resmunguei, rispidamente.
— Alec, acreditei mesmo que a gente... — Ele tentou falar, mas Arthur levantou e o encarou de uma forma nada amigável.
— Já chega, Asher — disse ele. — Vamos acertar os assuntos do time, pois o campeonato nacional será bem difícil.
Até quando eles vão continuar brincando com meus sentimentos? Por quanto tempo vou ter que suportar essa falsidade?
Matthew, desculpe por desabafar tudo isso, mas você é a única pessoa que deve saber e entender o que sinto de verdade em relação ao Arthur. Por mais que eu tente esquecê-lo, não consigo. Por mais que eu tente odiá-lo pelo que ele me fez, mais saudade sinto... Eu queria pedir transferência do colégio, mas estou no último semestre do penúltimo ano, e isso seria muito difícil de acontecer. Sem falar que eu prometi ser um Alec mais firme e enfrentar meus problemas de cabeça erguida. Estou tentando ser forte, juro!
Não preciso contar como foi o dia de hoje no colégio, porque nada de novo aconteceu. Tentei fugir do Arthur o máximo possível, mas na aula de inglês ele novamente sentou na carteira atrás de mim para tentar puxar assunto. Claro que o ignorei. Na hora do almoço, não desgrudei nem um segundo do Thomas ou da Nina, pois sabia que o Arthur não se aproximaria enquanto eu estivesse com eles.
Em casa está tudo tranquilo, mesmo com meu pai começando a beber novamente. Pelo menos, dessa vez, ele está limpando um pouco da bagunça e deixando minha mãe e eu mais tranquilos.
Phillip se ofereceu para me buscar no colégio amanhã e me levar para a terapia em grupo. Ele será uma boa companhia. Adoro conversar com o Phillip, pois ele sempre tem ótimos conselhos.
Falando um pouco sobre você, Matthew... Sei que tem uma coisa muito importante que não estou conseguindo lembrar. Facilitaria se você respondesse. De qualquer forma...
Obrigado por sempre estar aqui comigo.
Alec Stevens.
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