treze.
EuTeAmo.com | treze.
18 de novembro – Domingo
Assunto: Foi uma das melhores noites da minha vida!
- Grande parte do capítulo a seguir foi cortado, mas está completo no livro físico -
A tarde chegou e eu finalmente estava em casa à espera do Arthur. Eu estava com sorte, pois meu pai não tinha bebido nem uma gota de álcool e ficou sem beber durante toda a visita do meu amigo. Joanne estava na cozinha começando a preparar o jantar quando Arthur chegou.
— Você é o tal jogador de basquete? — Ouvi meu pai perguntar assim que abriu a porta para ele.
— Meu nome é Arthur. Muito prazer, Sr. Stevens. — Ele respondeu com aquela voz rouca e amigável que tanto amo escutar.
Eu não conseguia descer as escadas. Minhas pernas tremiam e minha mão suava por causa da ansiedade. Arthur Arthit estava mesmo em minha casa e passaria a noite sozinho comigo em meu quarto? Matthew, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo e, por um breve momento, pensei em desistir, fingir que estava com dor de barriga e me trancar o final de semana todo no banheiro.
— Alec, seu amigo chegou! — exclamou Joanne da cozinha.
— Já v... Já vou mãe! — gaguejei do alto da escada, completamente apavorado.
Enquanto eu descia, escutei Joanne e Arthur conversando na cozinha. Foi a primeira vez que o ouvi falar sobre mim com alguém. Me chame de louco se quiser, Matthew, mas senti carinho no tom de voz do Arthur enquanto ele contava para minha mãe todas as vezes em que o ajudei.
— Se não fosse o Alec, eu certamente já teria saído do time de basquete — disse ele.
— Qual faculdade você pretende cursar? — perguntou minha mãe.
— Meus pais querem que eu faça administração ou direito, mas quero fazer algo voltado para o esporte, como educação física, ou seguir carreira no basquete — respondeu Arthur.
— O tempo está acabando para vocês escolherem uma faculdade — disse Joanne. — O Alec sempre quis fazer psicologia, mas desconfio que ele vá escolher algo voltado para a tecnologia, computação e essas coisas que ele adora.
— Ele é um dos garotos mais legais e inteligentes que eu já conheci. Tenho muitos amigos e nem um deles é como o Alec! Ele deve te dar bastante orgulho e... — Arthur interrompeu a frase assim que me viu passar pela porta da cozinha.
— Hey, Arthur! — exclamei, envergonhado.
Ele estava sentado à mesa da cozinha segurando uma xícara com café. Joanne estava no fogão preparando o jantar, e meu pai estava na sala assistindo a um jogo de futebol americano. Sei que você deve estar cansado de ler quando falo do quanto o Arthur é lindo, mas me dê um desconto desta vez por eu estar transbordando de felicidade, okay? Ele estava com a regata branca do time de basquete do colégio, uma bermuda de moletom na cor cinza, e foi a primeira vez que eu o vi usando chinelos. Ele ainda estava com a mochila que trouxe nas costas, e seu cabelo estava perfeitamente liso e penteado.
Fiquei imaginando como eu resistiria e disfarçaria a atração que sinto por ele durante toda a noite, pois a última vez em que estive em um quarto sozinho com o Arthur, ele estava tão bêbado que capotou na cama e nem se importou com a minha presença.
— Quais matérias vocês vão estudar? — perguntou Joanne, começando a lavar a louça.
— Matemática, história e economia — disse Arthur.
— Essas são as matérias que você precisa melhorar as notas? — perguntei assim que sentei ao lado dele.
— Preciso melhorar todas as minhas notas no colégio, mas tenho que começar de algum lugar — respondeu Arthur, coçando a nuca depois de balançar os ombros.
— Você não parece ser um rapaz relaxado com os estudos — disse Joanne.
— E não sou, Sra. Stevens. Meus pais que nunca estão satisfeitos com minhas notas. Eles surtam se eu tirar uma nota menor que B+ no colégio.
— Eles reclamam por você tirar B? — questionei incrédulo.
— Asiáticos — resmungou Arthur, revirando os olhos. — Meus pais acham que ainda vivem na Ásia, Alec.
Arthur explicou um pouco da cultura tailandesa e dos costumes que os pais dele seguiam. Ele disse que os estudos e as notas são levados muito a sério, e que seus pais não aceitavam problemas ou advertências no colégio. Mesmo tendo nascido na América, Arthur foi criado e educado com os costumes do país de origem dos pais. Entendi inúmeras coisas em relação a educação, doçura e a forma do Arthur se comportar, ouvindo o que ele compartilhava sobre sua vida.
Como não me apaixonar por alguém assim?
— Chamo vocês quando o jantar estiver pronto. Se vão estudar, não quero ouvir música e nem sonhar que vocês estão no videogame — disse minha mãe, nos liberando para subirmos para o meu quarto.
— Sim, Sra. Stevens — disse Arthur, juntando as mãos e fazendo um cumprimento, que parecia ser asiático, para ela.
Arthur estava muito comprometido a estudar e a melhorar suas notas, tanto que antes de sentarmos no chão do quarto, ele já havia tirado seus livros e cadernos para começarmos a trabalhar. A primeira matéria que estudamos foi matemática, uma na qual tenho bastante facilidade em aprender e a resolver problemas. Arthur também é muito bom nessa matéria, mas o B que ele tirou na última prova não agradou os pais dele. A segunda que estudamos foi economia, e eu não sou tão bom nela quanto em inglês, matemática e biologia. Arthur e eu passamos duas horas em silêncio lendo o livro de economia, fazendo exercícios e pesquisando na internet os assuntos abordados pelo professor nas últimas aulas.
Durante a leitura de um dos textos que o professor de história passou naquela semana, Arthur começou a bocejar. Ele parecia entediado com os exercícios e leituras que fizemos daquela matéria.
— Eu adoro história, mas este assunto está me dando sono — disse Arthur, coçando os olhos.
— Quer fazer uma pausa? — perguntei, desbloqueando meu celular para ver as horas.
— Onde fica o banheiro, Alec?
— No final do corredor — respondi depois de pigarrear.
Arthur saiu do meu quarto em direção ao banheiro deixando todas as coisas dele para trás. Como não sou santo e sou de carne e osso, peguei o caderno dele para procurar qualquer sinal, nome ou pista que me fizesse descobrir se ele gostava de alguém no colégio ou fora dele. Não encontrei nada demais. O caderno dele não tinha nomes de garotas ou bilhetinhos românticos. Vasculhei também a mochila dele e também não encontrei nada demais nela. Tinha apenas uma escova de dentes, uma cueca limpa – não a cheirei, okay? Mas confesso que até deu vontade –, uma camiseta simples e uma bermuda de moletom.
— Acho que está quase na hora do jantar — disse ele assim que voltou para o quarto. — O cheiro da comida que a sua mãe está fazendo é maravilhoso.
— Você já está com fome? — perguntei, levantando do chão e tentando disfarçar a bagunça que eu tinha feito enquanto vasculhava as coisas dele.
— Alec, você promete não ficar chateado se eu te perguntar uma coisa? — perguntou antes de sentar em minha cama.
— Pode perguntar o que quiser — respondi esperando o pior, pois já estou acostumado com o pior.
— Percebi que você é muito diferente dos seus pais. Sua mãe é negra e seu pai não tem os olhos claros como os seus — disse ele.
— Sim, eu sou adotado — afirmei aliviado, pois a pergunta do Arthur não era sobre o que eu imaginava.
Cheguei a pensar que ele desconfiava de alguma coisa ou que Asher tinha contado sobre minha sexualidade.
— Desculpe se eu fui um tanto...
— Tudo bem, Arthur! Esse assunto não me chateia.
— Percebi que sua mãe tem muito orgulho e carinho por você.
Arthur sorriu, suspirou e abaixou a cabeça como se estivesse chateado com alguma coisa.
— Tudo bem? — perguntei, me aproximando e sentando ao lado dele.
Senti meu coração acelerar e minhas mãos começarem a tremer. Matthew, a aproximação que Arthur e eu tivemos nos últimos dias estão causando reações em meu corpo que não consigo controlar. Estar sozinho com ele em meu quarto sem estar estudando as matérias do colégio só me deixava ainda mais nervoso.
— Alec, você acha o Asher mais... — Arthur fez uma pausa longa, balançou a cabeça e pigarreou.
— Asher? — questionei, confuso.
— Você acha que o Asher é melhor jogador de basquete do que eu? — perguntou.
— Vocês dois são bons jogadores — respondi sinceramente.
— Quem você acha melhor? — perguntou, parecendo ansioso.
— Não entendo de basquete, Arthur — falei, tentando fugir da resposta, pois eu não poderia responder àquela pergunta com imparcialidade.
— E o Harris? — perguntou, parecendo desconfortável com alguma coisa.
— O que tem o Thomas? — questionei, começando a ficar confuso com aquelas perguntas.
— Vocês são muito amigos, não são?
— Ele e o Matthew são meus melhores amigos — respondi.
— Matthew... É a segunda vez que você fala sobre ele. Quem é Matthew? Ele é do colégio?
— O jantar está na mesa, garotos! — Minha mãe interrompeu quando bateu algumas vezes na porta entreaberta do meu quarto.
Arthur e eu descemos para jantar antes de eu responder àquela última pergunta, mas não se preocupe, pois eu não deixei de falar com ele sobre você.
O tempo passou tão rápido que me assustei ao perceber que eram quase onze horas da noite. Arthur e eu nos despedimos dos meus pais na sala e voltamos para o quarto depois de ficarmos um bom tempo conversando com eles. Enquanto arrumávamos a bagunça que fizemos, Arthur resolveu continuar o assunto de antes do jantar.
— Matthew é um amigo que mora na minha cidade natal — expliquei, enquanto ele arrumava sua mochila.
— Você chamou por ele no dia em que teve aquele mal estar no Cyber. — comentou. — Falando nisso, você já foi ao médico?
— Não, mas estou bem — falei, sentando em minha cama.
— Estou preocupado com você — disse ele, sentando a meu lado.
Arthur e eu ficamos em silêncio por alguns segundos. Ele olhava para os lados do quarto desviando seu olhar do meu, que insistia em admirá-lo com curiosidade. Senti o clima ficar estranho e Arthur pareceu incomodado com alguma coisa, mas eu não fazia ideia do que ele estava pensando.
— Você é meu amigo? — perguntou Arthur, voltando a me olhar diretamente.
— Com certeza — confirmei, não conseguindo evitar um sorriso torto e idiota.
— Você é meu melhor amigo, Alec — disse ele, colocando a mão em meu ombro. — Devo muito a você.
— Achei que o Zach era seu melhor amigo — comentei.
— Ele não é tão especial quanto você, Alec — disse Arthur, falando pausadamente.
— Você me acha especial? — perguntei, sentindo meu corpo amolecer.
Arthur pigarreou e coçou a cabeça aparentando estar confuso.
— Escuta o que eu vou dizer com bastante atenção, Alec.
— Okay...
— Nunca esqueça dessas palavras, ok?
— Okay!
— Você me ajudou com um trabalho que estava perdido e está ajudando a melhorar minhas notas. Me ajudou e me apoiou quando eu estava bêbado na casa do Zach e tem demonstrado que posso sempre contar com você.
— Você pode contar comigo para tudo o que precisar.
Arthur balançou a cabeça e continuou demonstrando incômodo e inquietação.
— Jamais vou te magoar — disse ele.
— Por que está dizendo isso? — questionei, sem entender.
— Se um dia alguém ousar te magoar, juro que acabo com a raça dessa pessoa — falou.
— Ainda não entendi — comentei, intrigado.
— Só confie em mim, ok? — Arthur pediu, antes de levantar, ir até onde tinha colocado a mochila dele e tirar a camiseta.
Prometo não comentar sobre os atributos físicos do Arthur desta vez, Matthew. Tentei não olhar e me comportar, pois só aquela aproximação já tinha destruído completamente minhas defesas.
Arthur foi tomar banho no banheiro do corredor, enquanto eu fui tomar no banheiro do quarto dos meus pais. Durante o tempo em que fiquei embaixo do chuveiro, pensei em cada pergunta e cada palavra que Arthur e eu trocamos no meu quarto. Por mais que eu pensasse, não conseguia entender a mudança de comportamento que ele teve. Foi estranho... O que será que ele estava pensando?
Quando voltei para o quarto, Arthur já estava deitado em minha cama, vestindo apenas a bermuda de moletom que trouxe na mochila.
— Você pode dormir na minha cama hoje, Arthur — falei, enquanto pegava uma camiseta no guarda-roupas. — Vou dormir no colchão de ar.
— Claro que não, Alec — disse ele. — Sou visita e o certo sou eu dormir no colchão de ar.
— Ele é muito desconfortável — comentei, enquanto vestia a camiseta que peguei.
— Outro motivo para eu não deixar você dormir nele — disse Arthur, sentando na cama.
Sorri involuntariamente.
— Já estou acostumado com ele — afirmei. — Dormi nele por alguns dias antes de comprar uma cama nova quando mudei pra cá.
— Acho que nós dois cabemos nesta cama — disse Arthur, batendo com uma das mãos no colchão. — Se você não se importar, podemos dormir juntos.
Sabe quando dois lutadores estão no ringue de uma luta de boxe e um deles é nocauteado com um soco forte e certeiro? Foi exatamente o que senti naquele momento. Fui nocauteado pelo Arthur.
— Do... Dor... Dormir com você? — gaguejei, sentindo minhas pernas tremerem.
— Prometo que não vou me aproveitar de você enquanto dorme, Alec. — Arthur brincou, levantando da cama para fechar a porta do quarto.
Não sei se eu estava fantasiando, se era um sonho ou se na comida que minha mãe fez naquela noite tinha alguma erva alucinógena. Tudo aconteceu de forma tão natural, que não fiquei nervoso e nem perdi o controle da situação.
As luzes apagaram, a porta e a janela estavam fechadas e Arthur deitou primeiro na cama, cobrindo o corpo da cintura para baixo, enquanto mexia no celular. Demorei um pouco para deitar ao lado dele. Eu tentava pensar em tudo, menos que o garoto mais lindo e fofo que já vi na vida estava deitado em minha cama e pronto para dormir a meu lado. Quando finalmente deitei, percebi que não tinha como ficar distante dele. Apesar da cama ser espaçosa, não era bem uma cama de casal, e teríamos que dividi-la a noite toda. Fechei os olhos e tentei não olhar para ele. Eu queria muito olhar, mas lutava contra cada músculo do meu corpo para não fazer aquilo.
— Alec? — Ele chamou.
— Sim? — respondi, ainda de olhos fechados.
— Tudo bem com você? — Ele perguntou parecendo achar graça em alguma coisa.
Imagino que minha expressão enquanto evitava olhar para ele era o motivo da graça. Meus olhos estavam doloridos de tanto que os apertei. Quando juntei coragem para abrir os olhos e olhar para o Arthur, fiquei feliz ao ver que ele estava sorrindo e com uma expressão despreocupada.
— Estou bem — respondi, envergonhado.
— Fico feliz em saber — disse ele ainda sorrindo.
Nos encaramos por longos minutos. Nossos olhares não desviaram um do outro nem por um segundo, e quanto mais o tempo passava, mais eu relaxava. Não senti minha mão tremer quando Arthur a segurou e entrelaçou nossos dedos. Minha mão permaneceu firme e se uniu a mão dele como se as duas tivessem sido feitas uma para a outra.
— Arthur, desculpa, mas acho que... — murmurei, mas eu não soube como concluir a frase.
— Eu não quero te machucar, Alec — disse ele.
— Como assim? — questionei, confuso e entorpecido por aquele momento tão especial.
Arthur colocou minha mão sobre o peito dele e se aproximou um pouco mais para me abraçar na cama. Deitei a cabeça em seu ombro enquanto o sentia encostar carinhosamente o corpo dele ao meu.
— O que está fazendo? — perguntei confuso, pois eu ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo.
— Não sei. — Arthur respondeu, me apertando mais contra ele.
E foi assim que minha noite de sábado para domingo acabou. Eu estava de verdade deitado nos braços do Arthur Arthit. Jamais pensei que aquilo fosse acontecer entre ele e eu. Não sei o que o levou a fazer aquilo, pois aparentemente ele é heterossexual e não havia motivos para se aproximar de mim daquela forma tão íntima. Não, Matthew... Não nos beijamos, e sei que você me faria essa pergunta se estivesse ouvindo isso dos meus lábios. Sem falar que apesar de eu estar excitado, não senti a excitação do Arthur. Não estávamos abraçados de uma forma sexual. Tudo o que aconteceu foi estranhamente repentino e carinhoso. Não houve maldade ou malícia.
Não lembro quando e como adormeci, e não faço ideia de quanto tempo o Arthur demorou para dormir, mas acredito que eu tenha caído no sono antes dele. Quando acordei esta manhã, Arthur já estava no chão do quarto estudando um dos livros de história. Assim que percebeu que eu tinha acordado, ele subiu na cama, envolveu as pernas em meu corpo para me prender embaixo do corpo dele e segurou meus pulsos para eu não me mover. Ele se aproximou até a ponta do nariz dele encostar na ponta do meu.
— Bom dia, Alec — disse ele, com aquele lindo e apaixonante sorriso.
— Bom dia, Arthur — falei abobalhado.
Não teve beijo. Houve apenas uma aproximação que acendeu em mim uma fagulha de esperança de que ele queria me beijar. De qualquer forma, isso me fez questionar o que Arthur e eu fizemos neste quarto nessas últimas horas. A forma que ele reagiu quando acordei havia confirmado todo o carinho e intimidade que trocamos noite passada.
O resto do dia foi estranhamente normal. Arthur e eu voltamos a estudar matemática, inglês e biologia. Ele não falou nada sobre o que havia acontecido noite passada e eu também não me atrevi a tocar no assunto. Um pouco depois do almoço, Arthur se despediu dos meus pais e me deu um abraço apertado antes de ir embora. Ele disse que foi a melhor noite que ele passou na casa de um amigo e que gostaria de voltar se fosse convidado. Há poucos minutos, ele me enviou uma mensagem falando que acabou de chegar em casa e que seus pais estão felizes em saber que ele estava estudado comigo para melhorar as notas do colégio.
Matthew, estou feliz por tê-lo ajudado, mas mais do que isso... Estou extremamente feliz por tudo o que aconteceu entre Arthur e eu este final de semana. Acho que tenho motivos de sobra para achar que ele sente alguma coisa por mim. Se não sentisse, por que foi tão carinhoso comigo noite passada?
Queria estar com você neste momento de felicidade. Sei que você ficará tão feliz quanto eu ao ler este e-mail.
Obrigado por estar sempre aqui comigo.
Alec Stevens.
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