15. Ela encontra um próximo encontro

O ar da noite bateu em seu rosto e ela respirou fundo. Furiosa, Jos marchou até a esquina, apertando o celular nas mãos. Um táxi, pelo amor de Deus, um táxi. Não passava um maldito carro na maldita rua. Jos trincou os dentes e sentou-se no meio-fio.

O gosto do vinho queimou em sua garganta e ela riu, mesmo querendo chorar. Estava ligeiramente bêbada e sozinha outra vez. Que ótima noite de sexta-feira.

— Cara, você sabe como dar um show.

Arthur, ainda de uniforme, sentou-se ao lado dela no meio-fio. Jos apoiou a testa nos joelhos. Um gato vagabundo miou ao longe. Até o garçom viera do restaurante para rir dela. Aquela noite terrível poderia ficar pior?

— É uma das minhas grandes habilidades — respondeu Jos sem erguer a cabeça. Ela virou um pouco o rosto e viu que ele sorria, o bigode de pontas retorcidas acompanhando o riso alegre impresso em seus lábios. — Por que você me seguiu? Porra, não paguei minha metade da conta. Sinto muito. Fiquei tão nervosa.

Enquanto ela abria a bolsa à procura da carteira, ele riu.

— Não vim pela conta. — Ele coçou a cabeça, entregando-lhe um bloco e uma caneta. — Só fiquei interessado em ligar, comer um calamari com você e talvez... talvez ver a sua tatuagem. Quer dizer, gosto bastante de tatuagens, como você pode ver.

— Essa cantada medonha funciona?

— Na maioria das vezes não, mas não custa tentar.

Ela riu, pegando o bloco e a caneta. Antes de anotar o número, parou e ergueu os olhos para Arthur. A âncora cor-de-rosa tatuada na maçã de seu rosto brilhou debaixo da fina camada de maquiagem. Ela teve uma ideia.

— A que horas você sai do restaurante?

— Se você me der dez minutos, troco de roupa e posso acompanhar você até em casa. — Ela ergueu uma sobrancelha. Ele pigarreou. — Não que você precise, porque você obviamente sabe se cuidar sozinha.

Jos considerou. Sua noite estava sendo uma droga completa. Christian fora uma companhia terrível, a comida a deixara com fome e Arthur, com seu bigode de pontas retorcidas e tatuagens fora um farol em meio ao oceano de merda no qual ela fora obrigada a navegar durante o jantar com Christian.

— Certo, mas não quero que você me leve para casa — disse ela. Ele ergueu as sobrancelhas, devolvendo uma pergunta silenciosa. Jos gemeu antes de dizer: — Estou com fome. Alguma chance de sua mãe fazer aquele calamari agora?

— Acho que sim. — Ele riu. Após um breve silêncio, Arthur perguntou: — Então isso é, tipo, um sim?

— Se sua mãe fizer o tal do calamari com uma porção de fritas grande, esse é o maior "sim" que já dei na minha vida inteira.

Ele riu, erguendo-se do meio-fio. Jos levantou a cabeça e viu as mãos tatuadas de Arthur oferecerem ajuda. Sorriu e, com o auxílio dele, impulsionou-se para cima.

Foram só alguns segundos depois que ela percebeu que estava de mãos dadas no meio da rua com o garçom que a servira. Sem graça, Jos soltou as mãos dele.

— Certo. — Ela pigarreou, evitando mirá-lo. — Não vamos deixar sua mãe e meu estômago esperando, não é mesmo?

Ele sorriu, desviando o rosto para baixo. Arthur fez um gesto com a cabeça e caminhou de volta ao restaurante. Antes de entrar, voltou-se com uma expressão engraçada no rosto.

— Ei — Arthur chamou. Jos encarou-o. Com um sorriso divertido, ele completou: — É o nosso primeiro encontro e você já quer conhecer minha mãe? Isso é meio assustador, sabia?

— E você quer ver minha tatuagem. Acho que estamos quites — respondeu ela. Ele riu.

— Um homem tem de fazer aquilo que um homem tem de fazer. — Arthur deu de ombros com um suspiro exagerado e sorriu. A alguns passos de distância, ficaram em silêncio na rua deserta. Arthur sorriu e inclinou a cabeça: — Até daqui a pouco, Jos.

— Até daqui a pouco, Arthur.

Ela sorriu para as costas dele, que não demorou a sumir dentro do restaurante.

Mal sabia Jos que encontraria na alegria da culinária grega, nos bigodes de pontas retorcidas e nas tatuagens coloridas um Mister Universo somente dela.

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