Capítulo 7: Durma com um barulho desses!

Sabe aquele momento pela manhã, que você acorda louco de vontade de ir ao banheiro e são apenas seis da manhã de um dia de folga? Então você levanta sonolenta, ainda lutando com todas as suas faculdades mentais, anda a passos miúdos lutando contra todo o frio, todo movimento parece gostoso, atende ao chamado da natureza ainda dormindo, se seca em um ato mecânico, sem abrir o olho. Ao voltar para cama faz aquele breve relatório da situação, olha para a janela e a claridade lá fora ainda é branda, denunciando que ainda poderia dormir mais um pouco, então se deita, e tem um homem sentado em uma poltrona no canto do seu quarto. E tem um homem sentado na poltrona do canto do seu quarto?

Olho sonolenta, minha vista tentando se ajustar a iluminação que não era das melhores, e assim que diviso quem é, coloco minhas conclusões verbalmente:

- Thomas?

Minha voz de estranhamento serviu como um gatilho para ele perceber que sua presença havia sido notada e lentamente processada pelo meu cérebro sonolento:

- Como você pode?

***

12 HORAS ANTES...

- Como você pode? – Dana, minha amiga, me perguntava acusatoriamente.

- Como eu pude o que? – Pergunto sem entender enquanto ela entrava pela porta do meu apartamento como um furacão.

- Isso foi a mais alta traição! – Aponta o dedo na minha cara.

- Traição de que? Não estou entendendo nada!

- Como ousa se fazer de desentendida?

- Por que certamente não estou entendendo nada.

- Está em todos os sites. Então acho que é meio tarde fingir que não foi com você. – Coloca a mão na cintura.

- O que está em todos os sites? – Pergunto ainda confusa.

- Você e o Derek! – Ela continua acusadora.

- Ah! Eu e o Derek, ele me convidou para um lanche, eu aceitei, mas se soubesse...

- Ai! Você pegou ele!

- EU PEGUEI ELE? COMO ASSIM? – Pergunto quase aos gritos, ou aos gritos, mas era como se o chão tivesse sumido em baixo do meu pé. – EU NÃO PEGUEI NINGUÉM.

- Como me explica isso?!

Ela estende o tablet, nele estava a foto minha na hora que dei um beijinho em Derek no rosto, mas do ângulo que estava a foto sugeria que foi na boca.

- Mas que merda! Não é nada disso que está pensando, eu beijei só o rosto dele, juro! Eu disse para ele que estava namorando, até falei de você, mas...

- De mim? – Ela pergunta chocada.

- Sim, de você. Mas ele diz que não dá em cima de mulher comprometida, e como você namora, você se tornou fora de questão. Ele é super fã do Thomas, até me falou várias coisas que não sabia, foi super respeitoso, mas esses jornalistas estragam tudo, esses imbecis sem tamanho, como podem ter inventado uma mentira dessas? Dizendo que dei o pé na bunda do Thomas! Ou que ele terminou comigo e já estou com outro? Eles estão me colocando como uma vagabunda. Você sabe amiga que não sou disso. Eu percebi logo de cara por que você era toda derretida por ele. Mas que merda, eu quero acabar com esses abutres!

- Ele disse que não dava em cima de mim por que eu tinha namorado?

- Você não ouviu nada do que eu falei?

- Eu sou uma burra mesmo.

- Nisso nós concordamos.

- Como posso continuar com aquele idiota se tenho um cara maravilhoso afim de mim?

- Nós questionamos sobre a mesma coisa.

- Nós?

- Ele também já percebeu que seu namorado é um imbecil e não entende como você sendo alguém tão legal ainda está com ele.

- Estava.

- Como?

- Preciso resolver isso agora!

- Agora? E eu?

- Amiga, você namora Thomas Declan! Está com a vida ganha! – Ela fala enquanto caminha rapidamente até a porta, batendo assim que passa por ela.

- Será que ainda namoro depois dessas malditas fotos? – Falo para mim mesma, sentada no sofá, pensativa, tinha que fazer algo.

***

Sabe aquela antiga história de que os cães ladram e a caravana passa?

Só que ninguém conta que as vezes os cães ladram tão alto que é impossível de se ignorar, ainda mais dormir.

E naquele momento meu sono tinha ido embora, e apenas repetia-se na minha mente como um mantra a pergunta dele: "Como você pode?".

A expressão fria e séria de Thomas, os olhos azuis pareciam até cinzas de tão gélidos, e ele olhava profundamente em meus olhos, buscando respostas, e pela linguagem corporal dele, eu poderia ter certeza de que conclusões ele tinha tirado. Ele estava ali apenas a busca de possíveis confirmações ou respostas para o clássico: Onde foi que eu errei?

Mas tudo que consegui responder, foi um baixo, sem jeito e encolhido:

- Eu tentei falar com você.

***

10 HORAS ANTES...

Andava de um lado para outro na sala, enquanto o celular dele só caia na caixa postal, inúmeras e inúmeras vezes. Ele poderia estar ocupado, ou poderia estar me evitando, e eu odiava a segunda resposta. Ela era terrivelmente irritante! Como ele pode pensar mal de mim?...Se bem que até a minha melhor amiga, que me conhece a muito tempo pensou o pior de mim, imagina ele que me conhece apenas a um par de semanas.

Depois de verificar o tablet, mandar mensagens para o Lancelot, silêncio nas redes sociais oficiais, nas fakes, em tudo e aquilo poderia ser um péssimo sinal. Então em meio ao desespero, resolvei apelar, usar meu coringa. Disquei rapidamente no telefone e fiquei aliviada sabendo que alguém me atendeu.

- Jean! Sou eu...

- Sim, Katherine. Em que posso ajuda-la? – A voz era de quem já esperava a ligação, cheia de reservas, mas tentando manter o profissionalismo. Mas a jovialidade típica poderia ser um bom sinal, nem tudo estava perdido.

- Eu gostaria de falar com o Thomas, temos uma pequena emergência. Você está perto dele agora?...Eu não sei que horas são ai, não queria incomoda-la, mas sabe que só faria isso se fosse muito importante.

- Eu sei, Katherine. Mas é que o Thomas está incomunicável no momento. – Ela falou receosa, pisando em ovos.

- É só comigo que ele não quer falar?

- Na verdade ele está incomunicável com todo mundo.

- Está ocupado com o trabalho.

- Infelizmente não sei se posso informa-la. Neste departamento estou desatualizada.

- Poderia dar o recado para ele entrar em contato comigo assim que puder?

- Sim, com todo prazer darei esse recado, assim que ele apar...que ele puder me receber, eu o avisarei.

- Muito obrigada. Agradeço muito, desculpa o incomodo. Boa noite.

- Não se preocupe, precisando é só me procurar. Boa noite para você também.

Desligo com minha intuição me apontando que aquilo não era bom, que tinha algo ali, e eu não estava gostando nada disso. Mas o jeito era esperar. E eu odeio esperar. É como se sentasse à espera do timer correr e a bomba estourar.

***

E agora ela estourava bem na minha cara, e eu tinha apenas que tentar convence-lo da minha inocência. Já que ele estava materializado diante de mim. Não é todo mundo que atravessa o oceano em busca de uma boa explicação.

- Como consegue dormir com tudo isso acontecendo? – Ele pergunta com aquele irritante tom acusatório.

- Cansada! Na verdade fiquei acordada até as 3 da manhã. – Até que percebo uma coisa. - Como você entrou aqui?

- Eu sou bem eficiente em conseguir o que quero. – Ele fala de forma firme, poderia parecer para alguns arrogante, mas era a realidade. – Quer dizer, nem tudo. – Olha para mim decepcionado.

- Houve um mal-entendido. Você melhor do que ninguém deveria saber que esses abutres fofoqueiros são peritos nisso. Eu não tenho nada com o Derek, eu pressinto que ele vai ter algo com minha amiga Dana, parece que esse grande mal intendido abriu várias portas, possibilitando a resolução de vários mal entendidos. Ele é secretário da minha terapeuta...É, agora tenho uma terapeuta com todo esse caos, ela está me ensinando a lidar com tudo isso...Só sei que ele na verdade é um grande fã seu, quando soube que era meu namorado, ele surtou. Ele ficou terrivelmente feliz.

- Seu namorado? – Ele pergunta incerto.

Olho para ele assustada, meus olhos largos, minha mente disparou um "oh meu Deus! Que vergonha!"

- Desculpa, acho que entendi mal! – Me levantei da cama, sai do quarto rumo a cozinha, precisava de um copo de água para me refazer da vergonha que sentia de mim mesma.

- Não! Não é isso! – Ele se levanta rapidamente e segura meu braço antes que saia do quarto, ele faz isso gentilmente, me olha nos olhos e diz. – Você é. Claro que é. Só pensei que você ainda não tinha admitido. Me pegou de surpresa ao saber que finalmente você aceitou tudo isso.

- Os jornalistas meio que me fizeram aceitar tudo isso, os caras têm me perguntado tantas coisas, até as mais absurdas. – Dou de ombros. – Então aceitei. – Então percebo outra coisa e pergunto alarmada. – Você não tinha que estar em Paris com a equipe, ou algo assim?

- Sim, tinha, mas o James viu como estava e me deu cobertura, vou encontra-los na Ásia. – Ele segura meu rosto entre as mãos dele e fala – Eu estou assustado, você está vendo a loucura que você me faz fazer, menina?...Eu atravessei o oceano por que tive muito medo de te perder. Não podia deixar você ir sem lutar.

- O que vamos fazer agora?

- Hoje vamos dar o que comentar, sair por ai, você vai me levar ao aeroporto, vamos deixar bem claro o que somos um para o outro. As imagens vão falar mais que tudo. – Ele me abraça e fala carinhoso. – Mas, agora, neste exato minuto, eu só quero você. Estava morto de saudade, mais tarde podemos dar o que eles comentarem, mas agora eu quero só você.

Os lábios dele me encontram com aquele desejo, calor, movido pela saudade, as mãos nos meus cabelos, puxando para ele, reivindicando a posse, que mal ele sabia, era dele, aos poucos ele conseguia cada vez mais espaço no meu coração. Vir até ali, atravessar um oceano era uma prova gritante do seu amor, um sentimento que não conseguia mais duvidar.

Retiramos nossas roupas com urgência, praticamente caímos na cama naquela confusão de braços, pernas, suspiros, olhares, carícias, pequenas mordidas carinhosas. O sol aos poucos invadia meu quarto revelando os contornos dele para minha total apreciação. Agora os olhos azuis eram intensos, cheio de desejo, a expressão de completa adoração, ele me queria, tudo nele gritava isso.

E eu me entreguei, sem reservas ou medos, de forma intensa, quente, varrida por esta sensação ao mesmo tempo esmagadora e libertadora, possuída por ele, tomada e maravilhada. Até que me acabei em seus braços, ofegante, completa, envolvida por um perfume produzido por nós, pela nossa mistura, que embalou meus olhos, que foram fechando com a visão dos contornos dele, olhos azuis claros e semiabertos, com aquela doce contemplação e um pequeno sorriso torto que derrete qualquer coração em minutos. Assim dormi, sob a preguiçosa vigilância dele.

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