Capítulo 3: Eis que a Indústria faz mais uma vítima

Acordo na outra manhã confusa, com um lábio tocando o meu. Então pergunto sonolenta:

- O que está acontecendo?

Quando abri um pouco meus olhos, pude ver pela sombra a expressão de pânico que atravessou o rosto de Thomas, pois certamente ficaria muito irritado se soubesse que não me lembrava de nada devido a bebida, mas logo ele escondeu seus receios e continuou amável e alegre:

- Nada querida, eu apenas estou saindo para a Press Conference, não queria sair sem dar um beijo em você. Mas volte a dormir, está muito cedo.

- Hummm...Então só vou vê-lo a noite? – Ainda sonolenta.

- Não necessariamente. – Ele sorri aliviado, percebendo que não ia sair correndo o chamando de tarado e não querendo mais olhar na cara dele. Ao contrário, eu queria vê-lo em breve. – Podemos almoçar juntos, e consegui umas credenciais como jornalista, já que é uma, assim você poderá me ver quando tiver saudades.

- Muito bom. – Sorri satisfeita.

- Quanto ao almoço, não se preocupe, falarei com o George para que providencie um belo almoço aqui na paz da suíte, já que este hotel está cheio de jornalistas. E pedirei para que a Brigite prepare tudo para que você passe o dia na piscina, com Emily, aproveitando e também visite o Spa, Salão de Beleza, tudo que precisar para ficar ainda mais bonita do que já é e se sentir melhor do que está. Agora durma mais um pouco, minha princesa.

Sorri diante toda aquela proposta de um dia que nunca tive, era tudo muito estranho, surreal, como se tivesse em um universo paralelo. Em que estava vivendo um conto de fadas particular, com um príncipe atencioso e que a beijava antes de partir para seus compromissos reais, e eu ia poder ficar um pouco mais no quarto dele que tinha a cama bem maior, uma vista bem mais generosa da cidade. O meu quarto era luxuoso, o dele era muito mais ainda, com um banheiro que possuía uma banheira enorme, bancada bem grande e estava cedido para mim por todo aquele dia, que começaria comigo apreciando mais um pouco daquela cama macia e enorme.

***

Quando acordei, vesti o roupão e caminhei meio trôpega até a porta, depois ao corredor, rumo a sala onde me sentaria a mesa e tomaria um belo café. O sono que ainda rondava a sua mente, foi expulso por um grande e alto...

- Eu sabia!

- Bom dia para você também Emily! – Falo com um certo mal humor matinal despertado pelo grito da minha amiga.

- Eu tentei entrar no seu quarto, mas a Brigite não deixou, disse que estava muito cansada. Agora vejo que não dormiu no seu quarto. Que ótimo! Vai ter que me contar tudinho! – Fala Emily empolgada, sentada na mesa do café da manhã.

Eu me sento a mesa enquanto era servida por George, me divirto com toda empolgação dela, ela parecia uma adolescente de 15 anos, então pergunto:

- Você não pulou meio cedo da cama, não?

- Que nada Kathy, você que acordou tarde. Depois que o Jimmy saiu para a Press Conference, eu dormi mais um pouco. Então acordei, corri, e estou aqui louca para saber as novidades. Para acordar uma hora destas, é sinal que as novidades são ótimas.

- Obrigada, George. Deixe que eu me sirvo. Você está dispensado, creio que tenha coisas mais importantes para fazer do que ouvir o surto da Senhora Jordan.

Emily suspirou ao coloca-la como "Senhora Jordan". O mordomo sorriu educadamente em retribuição, depois se retirou nos deixando a sós para conversarmos mais à vontade.

- SIM! Você vai me contar ou vou ter que torturá-la para falar algo?

Olhei para ela e continuei a comer, como se não fosse comigo, até que fiz uma pausa, encarei minha amiga que estava visivelmente ansiosa. Eu não estava propositalmente a torturando, é que estava organizando as ideias. Até que suspirei e então dei um sorriso quando me ocorreu que a saída era ser simples, apenas dizendo o que sinto.

- Foi maravilhoso! Ficar com um cara mais velho faz uma boa diferença, ele parece naturalmente saber o que você quer, como te tratar, como falar. Ele tocou no piano e cantou Everything do Lifehouse, como se ele adivinhasse a música que sempre disse que seria a maior declaração de um homem para uma mulher.

- Que lindo amiga! Seus olhos estão brilhando! Eu disse que você precisava dele, precisava disso, de um toque de romantismo que eu sabia que meu amigo daria. Ele é uma pessoa muito especial, e super atenciosa. – Fala Emily toda empolgada. - E qual é a programação para hoje?

- Ele sugeriu que eu fosse para a piscina com você, depois o encontrasse aqui para almoçar, a tarde SPA, e a noite não sei.

- E você não pensa em tentar dar uma entrada, como quem não quer nada na Conferencia para vê-lo? – Provocou Emis.

- Não sei. Ele bem que conseguiu uma credencial para mim, mas se os outros jornalistas me verem lá, podem pensar merda, por que já tem as fotos de ontem. – Falei insegura, por que não parecia uma boa ideia.

- Se sobrar um tempo nós duas daremos um pulinho lá. Certo?...Agora vamos cortar este lance de piscina, vamos as compras, vamos preparar algo especial para hoje a noite. – Emily fala animada, depois falando alto para chamar. – Brigite! – Assim que a copeira aparece a moça começa a falar. – Você hoje a noite, diz para o George preparar um menu bem leve mas gostoso, você me arrumar este lugar todo de forma romântica, viu? Como se fossem recém-casados chegando. Que minha amiga hoje vai fazer uma surpresa como ela nunca fez antes na vida.

- O que está pensando? Eu não quero parecer uma oferecida! – Protesto horrorizada, me sentia um peru sendo colocada em uma bandeja e servida.

- Ela vai parecer uma oferecida, Brigite? Você acha isso do alto de sua experiência? – Pergunta a jovem para a mulher mais velha.

- Eu acho que não. Depois de ter ido até aonde a senhora foi, ele não vai lhe achar uma oferecida. Ao contrário, ele vai se sentir especial. Por que sinceramente, estas mulheres que se jogam em cima dos famosos, não fazem muito preparativo ou rodeio não, elas se jogam de qualquer jeito. Eu já vi cada coisa aqui! Por isso ele lhe valoriza, por que a senhora já deixou bem claro que não é como as outras. E se fizer tudo direitinho hoje a noite vai provar mais do que nunca. Eu torço por você menina, e acho que esta fazendo muito bem, em aproveitar o que a vida está te dando.

- Obrigada, Brigite! – Agradeço comovida com o cuidado e carinho da mulher.

- Viu? Ouviu a Brigite? Ela sabe o que está falando e devíamos ouvi-la...E aproveitamos as compras para providenciar seu vestido de amanhã, por que algo me diz que não tem roupa para amanhã e minha querida vamos estar no tapete vermelho do Cinema Chinês, isso é ótimo.

- Eu não quero aparecer no tapete vermelho, vou entrar por outro lugar, não quero ligar minha imagem ao do Thomas, em algo que vai durar só um fim de semana.

- Mas Senhora, mesmo assim a senhora o acompanhará lá dentro, e pessoas importantes para ele a verão com ele, então é bom fazer uma boa figura, estar bonita, para ele ter orgulho da senhora. – Aconselha Brigite.

- Só que vai ser meio estranho, eu atravessar o aeroporto de LA com um vestido de gala. – Protesto, já não basta a vergonha de chegar de rosa Pink, agora sair vestida como uma diva em pleno aeroporto? Vão achar que eu sou a maluca que só se veste para voar como se fosse a um baile de gala.

- Mas aqui é Los Angeles, astros e estrelas vivem fazendo isso para cumprir compromissos. Eu já vi ator correr do Oscar para um aeroporto com a pobre da estatueta em baixo do braço. E escute o que a Brigite diz, ele vai ficar feliz com mais esta surpresa, por ele poder mostrá-la, se orgulhar de você. Mesmo que seja um fim de semana, dê motivos para ele lamentar e querer lembrar, até quem sabe ir atrás de você depois, hum? Não dê motivos para ele respirar aliviado e agradecer quando você for embora. – Emily argumenta, olhando sério para amiga.

- Tudo bem, nós vamos às compras. – Termino o café me levantando e caminhando até o quarto, mas antes de entrar me viro e falo. – Não fiquem pensando que estamos estrelando Uma Linda Mulher 2, ok?

As duas balançam afirmativamente a cabeça, mas quando fechei a porta do quarto pude escutar as risadinhas e gritinhos de comemoração das duas metidas a cupido. Elas estavam felizes por me ajudar a conseguir o cara que eu já não sabia como ia conseguir ver ir embora. Logo balancei a cabeça afastando o pensamento.

***

Eu e Emily passamos o resto da manhã toda entrando e saindo de lojas, escolhendo roupas, preparando a tal surpresa para o jantar, que só de lembrar o que era, ficava vermelha, me perguntando se conseguiria fazer tudo aquilo para um homem que mal conheço.

A outra parte divertida foi escolher o vestido para a pré-estréia do filme, que acabou sendo algo bem refinado, digno de tapete vermelho, e totalmente especial para o momento. Era a primeira vez que ia para um evento de Hollywood, com astros e estrelas desfilando em tapetes vermelhos e depois aparecendo na festa mais badalada da cidade naquela noite.

O que me chocou é que muitos emprestaram para ela o vestido quando Emily contou quem seria o meu acompanhante, com quem eu iria ao pré-lançamento do filme mais aguardado do momento. Assim como as jóias, mas como eu precisaria viajar logo em seguida, minha amiga tinha feito toda uma logística para que o vestido voltasse de Nova York para Los Angeles impecável e as jóias fossem entregues a caminho do aeroporto à uma das assessoras do Thomas, para que ela levasse na mesma hora para a Tifanny, eles faziam plantões para receber as peças em ocasiões especiais, devido a correria que era as agendas estelares. As lojas estenderam tapete vermelho, até querendo reservar o vestido e as jóias do lançamento que teria no próximo mês em Nova York. Só que dispensei, pois não teria de ir para este lançamento.

Emily, minha grande amiga, amou orquestrar todo o processo, com um desfile de várias marcas: Gucci, Dolce & Gabbana, Prada, Yves Saint Laurent, Armani e muitos outros grandes estilistas. Eu não era muito alinhada ao mundo fashion, mas morava em Nova York, então era quase obrigatório conhecê-los, uma vez até matei minha amiga de inveja quando fiz a cobertura da Semana da Moda de Nova York e ganhei uma pilha de brindes interessantes. Eu tinha até umas peças das grandes marcas no meu guarda-roupa que eu havia comprei na promoção da Saks Fifth Avenue ou Bloomindale, mas eu vestia mais Guess do que qualquer outra coisa, não usava roupas muito refinadas, só um casaco, até um vestido preto básico refinado, mas não me ligava em etiquetas, vestia apenas o necessário.

Mas ali eu estava me sentindo uma modelo, não era ainda uma estrela por que não possuía uma Personal Stylist, mas já me sentia uma estrela, até que meu sonho foi interrompido quando vi a hora no relógio.

- Emily, eu já estou atrasada para o almoço com o Thomas. – Falei preocupada.

- E eu estou atrasada para o almoço com o Jimmy. – Emily falou para o gerente. – Prepare tudo e mande para o Four Seasons amanhã, no início da tarde, entendeu?

- Sim, senhora. E enviarei uma das assistentes para ajudar em tudo. – A gerente responde educada e prestativa.

- Não precisa. – Protesto. – Não precisa enviar uma funcionária para cuidar disso, eu me arrumo sozinha, muito obrigada.

Pegamos as bolsas e nos jogamos no primeiro taxi. Mesmo sendo perto, algumas quadras subindo a Rodeo Drive, mas a pressa pedia aquela ajudinha para chegar ao hotel. Onde somos recepcionadas por duas assessoras, uma de James e outra de Thomas, bem impaciente. Alice, a assessora de James vem logo falar:

- Senhora Jordan, o James já está esperando a senhora no restaurante do hotel, os convidados já estão impacientes, a agenda dele está bem apertada, ele é a estrela do filme, não pode se atrasar para a Press Conference.

Emily para com tudo, tendo a assessora quase se chocando com a costa dela, a loira de rosto jovem parecia desesperada, temendo que o agente do ator a demitisse. A outra loira, por sua vez esposa do ator, se vira, retirando os óculos escuros Gucci do rosto e a encara:

- Eu não estou aqui? – Olha no relógio. – Ainda tempos 1 hora e meia. E você está consumindo meu tempo que poderia estar ao lado do meu marido. Eu estava fazendo algo importante. – Ela beija o meu rosto e fala amigável para mim. – Até mais, te vejo no SPA, para a segunda fase de preparativo para a sua surpresa. – Olha então para assessora e fala. – Vamos antes que me irrite!

Ela se afasta marchando, eu a olhava com aquele misto de choque e surpresa. Ela se adaptou bem ao meio, aprendeu a defender seu espaço.

- Quando foi que ela se tornou esta leoa dominadora? – Quando não obtive resposta, olhei para assessora de Thomas, uma menina igualmente jovem e loira, mas ela era visivelmente mais insegura que a outra assessora. Então falo para a moça: – Eu vou caminhando para o elevador e você vai dando seu sermão, eu começo para você, para facilitar: Senhorita Thompson...

- ...o senhor Declan já está esperando você.

- Só isso? Sem sermão? – Pergunto parada na frente do elevador com a assistente ao meu lado olhando como um cachorrinho a espera do próximo comando. Até que respondeu quando percebeu que tinha sido questionada.

- Não senhorita. Sei que estava se preparando para a pré-estréia e isso conta muito para nós, por que é muito bom a senhorita estar bem ao lado dele, digo adequada, se é que me entende.

- Vou tentar não me sentir usada diante desta afirmação senhorita...?

- Jean Ellen...Sou designada para acompanhar e auxiliá-la.

- Certo. Então Jean depois fale com a senhora Jordan, ela lhe repassará tudo que já foi resolvido para amanhã. Eu nunca tive assessora, mas se é para facilitar minha convivência com essa loucura toda, vá em frente e seja feliz.

Entro no elevador agradecendo o minuto de paz, me escorei na parede respirando profundamente, então quando fui falar para o ascensorista, este a auxiliou vendo o meu cansaço, sorriu de forma compreensiva e disse:

- Cobertura, senhora.

- Isso, obrigada... – Olhei a plaquinha de metal com seu nome e disse. - ...Fred.

Assim que a porta do elevador se abriu, caminhei até a suíte, coloquei o cartão na porta, abri, deixei a bolsa sobre o aparador, cruzei o arco que separava o hall de entrada do grande salão de estar e jantar. Encontrei o salão todo brilhante e claro do sol que entrava pelas quatro portas duplas que davam para a grande sacada, o leve vento frio entrava deixando o ambiente agradável, e quando divisei a mesa, encontrei Thomas, em pé ao lado da mesa, com uma camisa gola pólo branca, calça jeans, tênis branco, cabelo negro partido milimetricamente para o lado, olhos azuis brilhantes combinando com o sorriso majestoso que roubou a minha respiração. Quando ele sorria algumas rugas ficavam proeminentes em volta dos olhos, mas este detalhe o deixava mais charmoso.

Caminhei até ele, ainda incerta, pois era a primeira vez que nos encontrávamos de fato depois de ontem a noite. Ele caminhou até mim, decidindo tomar a dianteira e quebrar o gelo. Beijou delicadamente meus lábios e depois sorriu:

- Olá minha querida. Já soube de sua pequena aventura, deve estar cansada.

- Olá Tom. – Sorri sem jeito. – É, Emily pode ser bem convincente quando ela deseja. E descobri como seu mundo pode ser cansativo.

Ele ri enquanto me ajuda a sentar, diante de uma mesa posta de forma bela e delicada. Assim que estava acomodada, ele começou a me servir, atencioso, perguntando sempre se gostaria de tal ou tal acompanhamento para a bela carne ao molho de queijo.

Eu estava maravilhada com a simplicidade e carinho dele, me tratava como uma rainha. Não era todos os dias que uma simples mortal era servida pelo astro de Hollywood, e eu estava tendo este dia de rainha, de ser servida pelo cara que muitas mulheres da América já o querem por ser o bom e correto policial da TV. E em breve muitas mulheres no mundo vão querer o bom e valente cavaleiro das telas do cinema. Eu não falava nada, apenas o admirava, enquanto aproveitava aquele belo almoço, com aquele homem maravilhoso, que me olhava com carinho, tocava minha mão com delicadeza, e parecia fazer a mesma coisa que eu, ficar apenas observando.

E assim passamos a tarde aproveitando um ao outro, e depois do almoço, nos sentamos no sofá, nos deliciamos com a bela sobremesa, e rimos enquanto conversávamos e eu contava a aventura estranha que tinha vivenciado aquela manhã e Thomas me contou como escolheu sua primeira roupa para um grande evento. E o quanto desajeitado parecia. Depois nos despedimos de forma relutante, mas ele ainda tinha uma tarde cheia de entrevistas para dar.

***

- Vamos! – Emily empurrou-me para dentro da sala, mas estava incerta, aquilo parecia ridículo, maluco.

- Tem certeza?...Podemos voltar ao SPA. – Sugiro sem jeito.

Ao entrar na ante sala do grande auditório, vários jornalistas conversavam em grupinhos, sobre várias coisas, compartilhavam fofocas, piadas internas, todos muito compenetrados. Quando entramos na sala de espera com nossas credenciais, logo alguns se viraram e cumprimentaram Emily, que acenou educadamente e foi cumprimentar um ou outro, eu fui para um canto discreto, até que ouvia alguns murmúrios aqui e ali, alguns olhares me avaliando. Então ouvi a voz afetada e visivelmente fresca metida a besta atrás de mim:

- Olha só quem está aqui! Se não é a queridinha do Thomas Declan. Deixou o jornalismo político e econômico para se rolar com as celebridades?

Me virei em direção a voz e logo confirmei as minhas surpresas:

- Peggy Willians – Minha voz escorria um pouco de desprezo que não pude evitar.

- Katherine Thompson, a estrela da turma de Jornalismo da UCLA, especializada em Jornalismo Econômico, mestrado em Jornalismo Politico pela Universidade de Nova York, uma das jornalistas Junior mais promissora do Times, aqui em Hollywood, justamente desfrutando do mundo que sempre tratou de desprezar e diminuir em seus trabalhos acadêmicos, colocando-os como mesmo?...Industria frívola do entretenimento pueril!...Mas em parte você tem razão...Você e Thomas Declan?...Pueril demais. – Ela abre um sorriso venenoso, então minha expressão fria e séria a encara.

- Terminou? – Dou um tempo e ela não responde, nem preciso dizer que queria arrancar os olhos daquela vaca. – Fico feliz em saber que me trabalho seja tão bem acompanhado por você, saber que tenho uma admiradora tão intensa da minha tão curta carreira. E também imagino que deve estar muito chateada por não ter um podrezinho sequer para colocar naquela sua colunazinha mequetrefe daquele bloguezinho de fofoca. Que você não vai ter nada de ruim para falar de mim e por correspondência arranhar a imagem do Thomas, não é?...Que triste!

- Triste é você que não percebe que apenas mais uma, a diversão deste fim de semana. – Ela exalava inveja e revolta por não estar no meu lugar, era cru aquilo.

- Eu estou me divertindo também. Muito! – Abro um sorriso satisfeito.

- Vai ficar nos bastidores como todas.

- E... – Fui interrompida antes de falar algo.

- O Thomas está esperando você. – Jean, a assessora da equipe de Thomas que estava dedicada a mim, apareceu ao meu lado. Eu percebi que ela sempre se referia a ele como Senhor, mas desta vez tinha usado um tom mais informal, como se fosse uma velha conhecida, e também fuzilou Peggy com um olhar assassino. Deus, ela levava o cargo de assistente muito a sério.

Quando nos afastamos pude ouvir o bufar de Peggy e o burburinho que nosso pequeno espetáculo tinha provocado, eu estava com tanta vontade de esgana-la que nem percebi que tínhamos chamado a atenção de alguns jornalistas, o que era péssimo.

- Obrigada – Agradeci baixinho para Jean. – Você me salvou daquela víbora.

- De nada. Se te consola, ninguém gosta dela. Principalmente o Thomas. – Deixa escapar um risinho. – Digamos que ela tem motivos de sobra para te invejar. – A mocinha dá uma piscadinha, deixando bem claro que havia muito mais ali.

Ela chega diante de uma das tantas portas, e abre para mim fazendo um leve aceno educado. Quando passo da porta, Thomas para no seu percurso de andar de um lado para o outro, e vem em minha direção me abraçando.

- Você vai me chamar de idiota se falar que estava sentindo sua falta?

Olho para ele surpresa, sem entender, nós mal nos conhecíamos, mas ele me puxou e me beijo de uma forma tão intensa que não me deixou dúvidas, ele era intenso, tudo nele era assim, muito urgentes, muito rápido, enquanto era ponderada e calculada, ele apenas ia lá e fazia, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Quando me soltou, olhou nos meus olhos e disse:

- Ainda bem que veio, eu estava já surtando com esses jornalistas, e vê-la é como ar fresco. Eu não conseguia responder as coisas muito bem, não parava de pensar em ontem a noite e em hoje a noite.

- Devo me ofender por criticar a minha classe?

- Mas você disse que eles não eram jornalistas.

- Mas você se referiu a eles assim.

- Mas todo o caso tem uma exceção, e você é a minha, a única jornalista que adoro responder todas as perguntas, que adoro estar com ela.

Dou um risinho com aquele pequeno e breve duelo verbal vencido habilmente por ele. Ele acaricia meu rosto, me olhando nos olhos com uma grande admiração, tocado com a pequena surpresa.

- Obrigada – A voz dele veio rouca e cheia de emoção.

- Pelo que? – Perguntei confusa

- Por este fim de semana ser especial.

- Mas você que está fazendo tudo ser especial.

- E você é minha motivação, Kathy.

Ele beija meus lábios delicadamente, com um respeito, depois começa a me beijar intensamente, me carrega no colo, até sentar-se em uma pequena poltrona em estilo vitoriano, a que ele ocupava nas entrevistas. Seu beijo era quente, intenso, suas mãos viajavam as minhas costas e eu sentia sobre a minha camisa de manga longa branca. Ainda bem que usávamos calça jeans, senão era capaz de nós dois fazermos uma loucura ali mesmo. E eu me assustei com a velocidade que aquele pensamento veio, como ele surgiu rapidamente em minha mente, mas o calor do momento me fazia esquecer de qualquer outra razão.

Até que batidinhas na porta nos despertaram. Ele rapidamente me colocou no chão, enquanto me arrumava decentemente, ele também. Até que Thomas em meio a um largo e lindo sorriso falou:

- Entra.

Jean entrou sem jeito e falou como se desculpasse pela interrupção:

- O tempo acabou, hora de entrar o próximo jornalista.

- Tudo bem Jean! – Thomas me puxa e me dá um longo beijo. – Até a noite, querida.

- Até a noite! – Respondo timidamente.

Mais uma vez nossas mãos se distanciam relutante, saio pela porta seguida de Peggy que só faltava dar saltinhos de alegria. Lanço um olhar cumplice para ela e sorrimos. Ao chegar na sala de recepção, enquanto Jean chamava a próxima jornalista, que se arrumou toda enquanto se levantava, eu encontrei Emily, que estava toda radiante. E falava enquanto caminhávamos a saída:

- Você teve mais tempo com ele do que tive com o James, mas é que a agenda do James está corrida, é o problema de ser o ator líder, mesmo assim consegui matar a saudade do meu marido...Hummm...Marido, isso não é ótimo?...Ei! Terra chamando Kathy!

- Oi? Hum? – Sou arrancada dos meus devaneios, onde relembrava todo aquele insólito momento naquela pequena sala.

- Deus! Nunca te vi fora de orbita! Isso é sensacional! – Ela só faltava dar pulos e gritos de alegria, enquanto íamos até o setor do hotel onde ficava o SPA.

- Que ridículo! Pode me deixar em paz!

- Soube o que aconteceu com a vaca da Peggy!

***

- Soube o que aconteceu com a Peggy! – Thomas comentou durante o jantar com ar de divertimento, então volta a se dedicar ao seu prato.

- As notícias correm tão rápido assim? – Pergunto divertida também, enquanto degustava a maravilhosa massa, mais uma exceção que Thomas abriu na sua rígida dieta.

- Jean me contou, ela assistiu tudo. – Ele tentava esconder o sorriso.

- E por que ela não interviu? – Perguntei curiosa, erguendo uma das sobrancelhas. Ele estourou em uma gargalha e então disse:

- Ela amou como você chutou o traseiro daquela vadia.

Dou uma risada diante da diversão dele ou ao lembrar a situação.

- E depois de me ouvir o que foi contado me fez tomar uma decisão. – Ele dá um daqueles sorrisos tortos, sedutores, de quem está pensando algo bem malicioso.

- Qual? Vai finalmente entrar com uma medida restritiva em relação a ela?

Ele dá uma risada e então fala ainda divertido:

- Não seria uma má ideia. Assim ela ficava com as mãos longe das minhas bolas...Humm...Descul...

- Sem problema. – Aceno a mão dispensando. – Prefiro assim, você espontâneo, sendo você mesmo.

- Isso que aprecio em você. Você procura e gosta do Thomas, não do Declan o ator, o galã, o fodão e bla bla bla. – Fala com certo desprezo.

- Se bem que o Declan tem um traseiro bonitinho.

Ele estoura em uma risada e então comenta:

- Não acredito que você viu aquele filme ridículo. Mas juro, que o lado gay era só do personagem.

- Ontem tive absoluta certeza disso. – Dou uma risadinha.

- Certeza de que não era gay ou de que o traseiro do Declan é melhor?

- As duas coisas.

Estouramos em uma gargalhada, até que percebo que ele parou de rir, que ele me olhava com aquele sorriso de pura admiração.

- Obrigada por me defender em relação a aquela víbora. Ela tentou no passado algo, mas ela...Argh... – Ele faz um arrepio. – Aquela voz esganiçada, fresca e metida a besta revira meu estomago, ela é muito afetada. Por Deus!

- Estudamos junto jornalismo, ela sempre foi assim. Sempre soube que ela ia seguir por este lado da fofoca, por que ela sempre foi venenosa, já exercia seu ofício na universidade com maestria.

- Ela me perguntou de você.

- E o que respondeu?

- Que a minha vida pessoa nunca foi da conta dela.

- Obrigada. – Minha resposta era agradecida, mas no fundo, mesmo não querendo assumir, eu sentia uma pontada de tristeza e decepção por ele não ter assumido nada. Mas aquilo era bobo, não tinha nada para ser assumido.

- Sim, agora posso lhe contar o que eu decidi?

- Conte-me! – Me aprumo, curiosa com o que ele tinha para me contar.

- Depois de saber o que aquela vadia da Peggy lhe falou. Achei que deveríamos fazer algo para calar a boa dela e de todos estes idiotas. Devíamos entrar juntos no tapete vermelho. Assim eles não tinham que ficar falando que você é uma qualquer.

- Mas... – Ele ergue a mão, me cortando para continuar, se posicionando na cadeira para ficar totalmente de frente para mim, pegou minha mão falando.

- Ah tipo um código secreto neste meio, umas regrinhas meio bestas que em algumas horas vem a calhar. Nós nunca levamos alguém que é só um caso para o tapete vermelho, somente aquelas que assumimos que são algo importante mesmo. Por que é inadequado em cada tapete vermelho estar com uma mulher diferente, então para evitar este tipo de distorções e problemas, é aconselhável levar apenas quando for algo importante. Mesmo que dure um fim de semana, que tenhamos concordado de que dure só esse fim de semana, eu acho que é importante, e não tenho um pingo de vergonha de aparecer ao seu lado. E dane-se o que vão dizer depois, mas acho que de nada tem o que falar de mal. Pelo que a vaca falou e você disse, não tem nada que fale contra você. Ao contrário, será colocada como a possível salvadora desta alma perdida.

- Isso pode me colocar em confusões. – Falo receosa.

- Por isso estou deixando a decisão nas suas mãos. Só é me dizer que quer isso e pronto.

- Tudo bem. – Balanço a cabeça afirmativamente.

- Agora se não se importo eu quero abusar um pouco de você. – Ele dá aquele sorriso malicioso, aquele meio torto que é quase um atentado ao pudor.

- Adoraria ser abusada agora.

- Seu pedido é uma ordem.

Ele se levanta e me toma nos braços com um pequeno gritinho e depois risinhos enquanto ele me levava para o quarto. Ao chegar lá ele me pôs de pé, me olhou longamente, então de repente tudo explodiu, ele se aproximou e me beijou violentamente, eu retribuí, as mãos dele foram rapidamente desfazendo os botões da minha camisa, assim que pude tirei a blusa dele, então voltamos a nos beijar desenfreados. A doçura dele em um estalo podia se converter em pura luxuria, e rapidamente estávamos entregues um aos outros, desta ele não nos levou para a cama, me depositou sobre uma mesa que havia no quarto e entre as minhas pernas se posicionou, segurando com as duas mãos meus cabelos, mantendo minha cabeça parada, enquanto o nariz dele percorria meu pescoço, beijava meu ombro.

- Você está mais macia e mais cheirosa. Uma delícia.

Apenas pude gemer em resposta, e envolver minhas pernas em torno dele, provocativa, pedindo e ele correspondeu, se unindo a mim, dentro de mim, pulsando e dominando-me, tomando de uma forma quente e intensa, exigente, era como se quisesse me consumir rapidamente, com medo de que aquele fim de semana terminasse logo, mas de fato aquela era nossa última noite. E que nós estávamos dispostos a viver intensamente. Assim como foi o nosso orgasmo, entre gemidos, palavras sem nexo e unhas arranhando.

Ele me carregou fraco e ainda tremulo para cama, onde deitamos, ficamos abraçados um tempo. A mão dele em meu seio, eu estava deitada de peito pra cima, e ele de bruços, mas o rosto virado para o lado, em direção ao meu, olhos fechados, sorrindo, passei a mão no rosto dele, tirando uma mecha que caia em seus olhos, ele sorriu ainda em seu cansaço.

- Eu quero passar essa noite toda transando com você. – Sua voz veio rouca.

- Amanhã você tem compromisso pela manhã, a sessão de fotos. – Tento ser a consciência dele, mas estava louca por aquilo.

- Dane-se! Amanhã depois que você descer em Nova York ainda viajarei a merda da madrugada toda até Londres, então poderei dormir bastante, dormir tudo para dormir. Terei um mês para dormir. – Ele abre os olhos e me encara com um olhar profundo. – Até reencontra-la em Nova York.

- Não faça planos milord. – Passo os dedos pelas linhas do seu rosto – Muita coisa muda em um mês. Vamos pensar até Nova York amanhã, quando eu descer daquele avião.

- Muito bem pensado. Eu já tenho meus planos.

Uma mão dele acariciava meus seios, enquanto seus lábios pousaram sobre o outro e um arrepio varreu todo o meu corpo. Anunciando umas das noites mais quentes da minha vida, onde me entregaria várias e quantas vezes fosse possível ao prazer.

E assim ela foi, intensa, marcante, quente, nunca pensei que poderia vir tantas vezes nos braços de um homem, que era igualmente intenso, as vezes ele se contentava em apenas assistir a me desfazer em seus braços murmurando seu nome em meio a um novo orgasmo.

Atravessamos até o amanhecer do dia, onde juntos, nus, ficamos em pé na janela, vendo o sol nascer, protegidos pela cobertura, a distância dos demais prédios, é como se estivéssemos acima de todos os outros, sem nada no horizonte, Los Angeles acordava sob nossos pés, e meu corpo se acordava mais uma vez sob suas caricias, e ali, no arco da janela, com a vista deslumbrante da cidade e do amanhecer ele me tomou mais uma vez. Antes de finalmente dormirmos cansados no emaranhado de lençóis e cama, o quarto estava um caos. Mas naquele momento só queria descansar.

***

Acordo sentindo meu corpo dolorido, olho em volto e o quarto ainda estava imerso no caos. Eu estava sozinha na cama, estava tão cansada que nem vi a hora que o Tom saiu para a sessão de fotos. Eu me sentia atropelada. E aquele pensamento me trouxe um sorrisinho, por que fui atropelada por um trator chamado Thomas Declan, que é maravilhosamente gostoso e quente. Só de lembrar da noite anterior, um flash percorre meu corpo.

De repente sento na cama vermelha, tímida pelo pensamento que me ocorreu, olho em volta, mas meu educado companheiro já tinha limpado os vestígios mais indecorosos da noite anterior. Minhas roupas estavam dobradas sobre uma poltrona com todo cuidado, as camisinhas que estavam largadas em alguns lugares, ele tinha desaparecido com elas. Só o pensamento me deixou mais vermelha ainda.

Era tudo tão intenso que as memorias sempre vinham como borrões ou como um filme que girou em alta velocidade, e você vê uns recortes de algumas cenas sobrepostas. Mas ele era um gentleman até em apagar qualquer sinal conclusivo do que aconteceu na noite anterior.

De repente minha porta se abre como se uma tempestade a tivesse arrombado:

- Ainda está deste jeito? Pelo amor de Deus, Kathy! – Emily grita quase tendo um troço.

Olho para ela confusa, meio sem entender, estava nua, cabelos desalinhados, abraçava meu lençol em volta do corpo como se me agarrasse a minha decência com unhas de aço.

- Meu Deus! O negócio foi ótimo! Você parece ainda estar dopada! – Ela vai até a porta e fala com alguém – Brigite prepare algo para ela comer, ela precisará, enquanto isso ajude o pessoal arrumar tudo e eu cuidarei da mocinha aqui. Fale para o Johnny que logo estaremos lá. – Ela olha para mim avaliativa. – E traga Advil e Red Bull...Não ela odeia isso...Traga uma Coca-cola mesmo! – Fecha a porta e caminha de volta pra cama. – Por Deus! Isso que dá ficar tanto tempo sem exercício intenso, está assim.

- Você é má! – Tudo que consigo responder enquanto saio da cama e vou até o banheiro.

- Não, não sou. Você me agradecerá no futuro!

Ela enche a banheira enquanto, eu tento me colocar descente, escovando os dentes, lavando o rosto, me encarando no espelho com um olhar inquisitivo, por mais cansada que estivesse, eu parecia maravilhosamente bem, que porra de feitiço era aquele. Mas foi só as memórias da noite anterior voltarem lentamente, como pequenas provocações e comecei a me sentir bem, por que tudo valeu a pena.

- Esse sorrisinho está dizendo que a noite foi ótima. – Fala Emily animada.

"Humrum"

Foi tudo que permiti a responder, entrei na banheira, me instalei enquanto Emily falava:

- Os meninos já foram a sessão de fotos com todo o elenco, já chegaram, almoçamos e agora estão se arrumando lá no meu quarto. James achou melhor fazer assim, já que é a sua primeira vez, era bom você ter alguém que já passou por isso ao seu lado, enquanto ele vive sua primeira vez hoje, então precisa dos conselhos do Tom.

- Mas ele já passou por tapete vermelho antes.

- Ah! Mas hoje ele vai ser a grande estrela, o cara do filme do momento, isso dá mais frio na barriga, todo mundo vai olhar para o pobre, então ele está quase tendo um troço. Eu também, por que é a primeira vez que vou estar como sua esposa, então eu caprichei no vestido, todos os olhos estarão sobre nós.

- Vejo que eu que vou acalmar você e não você me acalmar. – Constato depois de avalia-la andando de um lado para o outro no banheiro.

- Mais ou menos isso. Dois nervosos juntos ia ser um caos. – Ela dá um risinho.

***

Assumo, nos filmes tudo parece tão mais fácil, tão mais legal, estala o dedo e pronto, lá elas estão prontas para o grande baile que acontece no grand finale do filme. Diferente do que foi para nós, eu tive que praticamente almoçar com o prato na mão enquanto uma manicure fazia os meus pés. E isso rapidamente, por que logo depois ela se concentraria nas minhas mãos. Enquanto isso eu tinha algum creme no meu cabelo, que parecia espetar até a minha consciência. O senhor Cho, isso mesmo que você ouviu, um chinesinho bem magro de mais de incrível presença, era nosso cabelereiro e coordenava a equipe. Ele tinha metido na cabeça que faria luzes chocolate no meu cabelo, mas eu terminantemente disse que não. Que queria o mais simples possível. Mesmo contrariado ele passou a maldita tesoura no meu cabelo, transformando meu corte reto em algo desfiado fazendo Emily dá pulinhos de alegria.

As unhas foram outra disputa, mas venci com o meu tom claro de esmalte, sem muita extravagância, já que no cabelo mesmo vencendo uma batalha, eu perdi a guerra irremediavelmente. Por que acabaram fazendo algo no meu cabelo, prendendo ele pra cima com cachos descendo com ele meio preso, sei que parece frustrante, mas não saberia explicar direito, só sei que arrancou o ar de todos quando viram e eu fiquei terrivelmente vermelha.

Tivemos também nossa sessão de massagem e tudo mais. Só sei que parecia o dia da noiva. E eu me perguntava como a Emily aguentava tudo aquilo. Ao contrário, ela parecia amar. Principalmente quando entrou no quarto a arara com alguns vestidos que havíamos separado previamente, as ajudantes e as joias. Era como se a loja invadisse o quarto. Jean coordenava tudo com um grande sorriso, a minha assistente parecia em casa. Acho que esse era um incomodo em ter um chefe solteiro, que ela não tinha esposas ou namoradas para realizar estes momentos femininos.

Só sei que ela estava mais radiante ainda, principalmente quando disse:

- Quando Matt me encontrou com tudo isso no corredor, quase teve um troço!

- O Matt que se exploda, não sei como o Tom aguenta este insuportável. – Cospe Emily. Pelo jeito o agente não era amado por todos.

- Ele veio me pergunta "O Thomas não acha que está indo longe demais com esse namorinho de fim de semana"? – Jean o imitou de forma afetada arrancando risinhos. – Eu apenas respondi para ele: "Ele mandou que eu oferecesse o que há de melhor para a senhorita Katherine"...Então ele retrucou: "Já chama pelo primeiro nome, o que é isso? Uma revolução?" e saiu bufando. O que me deixa com pena é que ele foi encher os ouvidos do Senhor Declan.

- Não se preocupe, pelo pouco que vi, acho que ele sabe muito bem como colocá-lo no seu devido lugar.

Todos dão uma risada.

Assim que tudo estava organizado, uma espécie de desfile improvisado começou, comigo desfilando vários vestidos, um atrás do outro. Totalizando 7. Mas o que ganhou meu coração foi um vestido da Carolina Herrera, ele era uma sobreposição de organza com o padrão de floral moderno em preto e perola, que brincava com o fundo que possuia a mesma estampa, dava a ilusão de que as flores balançavam em torno do meu corpo. Não era de gala, era simples e delicado, mas também refinado e elegante, uma combinação perfeita.

Eu estava pronta com os brincos Chanel que eram apenas dois pontos de brilhante em formato de coração e uma maquiagem com sombras escuras e lábios doces. Era uma mistura de menina mulher interessante. Era sedutora mas ao mesmo tempo angelical. Eu me sentia perfeita. E Emily comemorava em seu vestido vermelho.

Então Jean entrou pela porta e sua expressão era de maravilha, que logo falou satisfeita:

- Acho que já está na hora de descer, os rapazes a esperam lá embaixo.

Acompanhamos Jean. Eu não soltava a mão de Emily que estava fria, brilhando em seu vestido vermelho, joias estonteantes. Ela estava a verdadeira diva, até parecia que a atriz principal era ela. Eu estava orgulhosa da minha amiga.

Ao abrir o elevador no estacionamento, Jean saiu na frente nos escoltando, pude ouvir um pequeno alvoroço de seguranças falando em seus rádios, então a realidade me varreu, quando encontramos Thomas e James em seus trajes completos, o smoaking Armani feito sob medida. As limosines estavam paradas, Matt estava quase colocando um ovo, andando de um lado para o outro.

Cada uma se aproximou do seu par, para receber os elogios devidos. Os olhos de James brilhavam ao ver Emily, tal e qual o dia do casamento, quando ele a viu do altar. Thomas tinha seus olhos amplos e largos sobre mim, eu fiquei vermelha, ao me aproximar ele disse em um suspiro:

- Você está linda! Está estupenda! Perfeita! Sou mesmo um cara de sorte!

Ele depositou um beijo calido em meus lábios, o primeiro em frente de pessoas desconhecidas, me deixando sem jeito. Então me conduziu até a limosine que seria a nossa. Assim que nos posicionamos, e Matt entrou com Jean na SUV, os carros começaram a se movimentar. A SUV na frente como batedora, a limosine de James atrás e a nossa em seguida.

Thomas ainda me olhava pasmo, com um sorriso bobo, meio perdido em seu descrédito. Ele também estava lindo, um sonho de consumo para qualquer mulher, eu não podia esconder que babava por ele também. Até que algo veio em sua mente e ele disse:

- James entrará na frente, por que ele é o cara do momento. E eu entrarei em seguida com os outros caras.

- Hummm...Entendo. Por isso que ele foi na frente.

O silêncio se instalou e depois ele disse:

- Caramba, você está mito bonita, muito bonita mesmo. Como é que eu vou devolver para o seu mundo depois de ter você esses dias todos?

- Eu já me perguntei como vou voltar para o meu mundo depois de tudo isso.

- Já encontrou uma resposta?

- Não. Ainda não.

- Talvez este periodo seja bom para pensarmos em tudo.

- Talvez seja bom.

- Mas prometo que estarei a sua porta daqui a 1 mês. Isso é certo.

Sorri para ele, não sabia o que dizer diante daquela imagem tão desejada por tantas mulheres e eu tinha para mim. Ele então limpou a garganta e disse:

- Teve algo que sempre quis fazer, então pedi para a Jean pegar isso das coisas que estava cedidas para você. Vire-se!

Me virei no banco, ficando de costas para ele, então ele deslizou o colar de brilhantes, um delicado, com várias folhas e flores entrelaçadas em um trabalho gracioso e delicado. Ao olhar para baixo e vê-las eu disse delicadamente:

- Obrigada Tom. Obrigada por tudo.

Ele segurou minha mão e então disse:

- Eu que agradeço por esses dias maravilhosos.

O carro então parou diante do tapete, duas batidinhas se deram sobre o capô, os fotografos estavam organizados diante ante do tapete vermelho, os gritos dos fãs poderiam ser ouvidos a toda nossa volta. Então ele estendeu a mão e disse:

- Vamos?

E eu respirei fundo, tinha chegado a hora da decisão.

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