capítulo 9

capítulo 9
Jesse chegou ao escritório e, ao perceber que o corpo que Tessa mencionara não estava lá, soltou um suspiro irritado, convencido de que tudo não passava de uma brincadeira. Ele deixou o taco de beisebol cair no chão, mas algo logo chamou sua atenção: uma poça de sangue fresco manchava o chão ao lado do telefone. Estranhamente inquieto, ele pegou o telefone para tentar ligar para ajuda, mas percebeu que a linha estava morta - o fio fora cortado.

Foi então que uma flecha atravessou o ar, acertando a mesa com força e assustando Jesse, que caiu para trás com o impacto. Ele olhou para a porta e viu a figura ameaçadora do assassino, segurando um arco com outra flecha pronta para disparar. Sem pensar duas vezes, Jesse desviou no último segundo quando a segunda flecha foi lançada, saindo apressado do escritório e correndo em direção à floresta.

No entanto, uma terceira flecha o atingiu no ombro, rasgando sua pele e provocando uma dor aguda que fez seu braço ficar dormente. Mesmo com a dor, ele continuou correndo, tentando se afastar o máximo possível enquanto o sangue escorria e seus passos ficavam mais pesados.

Jesse, ao sentir a segunda flecha cravada nas costas, soltou um grito sufocado de dor que ecoou na floresta escura. A dor ardente irradiava por todo o ombro e o torso, mas ele lutou para continuar, ofegante e desesperado. Ele tropeçava pelos arbustos e raízes, sentindo o corpo enfraquecendo com cada passo enquanto o sangue encharcava sua roupa.

Quando ele caiu no buraco, o impacto foi brutal. Seu pé esquerdo ficou preso em uma armadilha de urso, e ele ouviu o som seco de ossos se partindo, o que foi seguido por uma dor lancinante e insuportável. A armadilha cortou profundamente, deixando o osso exposto, e sua mão direita, que também ficou presa, estava dilacerada, com os dedos esmagados e torcidos em ângulos grotescos. Ele puxava com todas as suas forças, mas cada movimento apenas intensificava o tormento.

A atmosfera no buraco era sufocante. O cheiro acre e penetrante de gasolina enchia o ar, misturado ao odor metálico do sangue e ao fedor da terra úmida. Seus olhos ardiam, lacrimejando, enquanto ele olhava para cima e via o assassino parado na borda do buraco, segurando uma caixa de fósforos. Desespero puro tomou conta de Jesse quando ele implorou, gritando com uma voz rouca, porém sem esperança.

Quando o assassino acendeu o fósforo e o deixou cair, Jesse viu a pequena chama se aproximando do chão molhado de gasolina, e, em um segundo, o buraco foi tomado por uma explosão de fogo. As chamas envolveram seu corpo num instante. Ele gritou com uma intensidade indescritível enquanto a pele começava a queimar. As chamas lambiam seu rosto, seus braços, e a dor era tão extrema que parecia que cada nervo de seu corpo estava sendo consumido. Sua pele borbulhava e estalava sob o calor infernal, se desfazendo e revelando camadas abaixo, queimando até os músculos e ossos. A dor era além do humano, levando-o a um ponto em que seu corpo, finalmente, cedeu à escuridão e ao silêncio.

Tessa observava Caroline andando de um lado para o outro, inquieta e à beira de um colapso. O silêncio desconfortável era interrompido apenas pelos passos rápidos de Caroline e pelo som de sua respiração ofegante.

- Aonde está o Jesse? Ele não deveria estar demorando tanto assim!", Caroline exclamou, a voz trêmula e cheia de preocupação.

Tessa respirou fundo, tentando manter a calma, embora também estivesse tomada pela ansiedade. - Eu não sei, Caroline. Mas precisamos nos preparar. Só por precaução."

Determinada, Tessa se levantou da cama e começou a abrir as malas e gavetas ao redor, mexendo em roupas e objetos pessoais sem hesitação. Caroline, entendendo o que ela estava fazendo, se juntou à busca frenética, revistando armários e gavetas com a mesma urgência. As duas procuravam qualquer coisa que pudesse servir para se defenderem.

Enquanto revirava uma das malas, Tessa sentiu algo metálico entre os objetos e puxou para fora. Era um canivete. O objeto parecia pequeno, mas era pesado e sólido, com um corpo de metal escuro, marcado por arranhões que contavam uma história de uso intenso. O cabo tinha uma textura áspera, ideal para garantir um bom controle, mesmo em mãos suadas.

Com um clique determinado, Tessa pressionou o botão que liberava a lâmina, que se revelou brilhante e afiada, refletindo a pouca luz do dormitório. Ela a segurou firmemente, sentindo uma onda de segurança, por mais tênue que fosse.

- Encontrei um canivete," disse Tessa, levantando-o para mostrar a Caroline. - Pode não ser muito, mas é melhor que nada."

Caroline olhou para a lâmina com os olhos arregalados, assentindo lentamente, e pela primeira vez parecia um pouco menos assustada, com um vislumbre de determinação iluminando seu rosto.

Tessa e Caroline prenderam a respiração ao ouvir os passos do lado de fora do dormitório, se aproximando com uma intensidade ameaçadora. A porta foi sacudida com força, e Caroline, com a voz embargada de esperança e medo, chamou: -Jesse, é você?" Mas o silêncio que veio em resposta só aumentou o terror.

De repente, as batidas violentas cessaram, deixando as duas num silêncio gélido e sufocante. Tessa olhou para Caroline, tentando manter a calma. - Parou..." murmurou, mas antes que pudesse processar, o barulho de vidro quebrando explodiu no dormitório, fazendo as duas pularem para trás, em choque.

Algo havia sido arremessado pela janela e caíra pesadamente no chão. Quando os olhos de Tessa e Caroline focaram o que estava diante delas, o horror tomou conta.

Era o corpo de um homem desconhecido, grande, gordo e de meia-idade, careca, com a pele em um tom doentio de verde e cinza. O rosto estava inchado e deformado, resultado de dias em decomposição, com manchas arroxeadas espalhadas pela pele. Os olhos estavam entreabertos, nublados, parecendo olhar para o nada, e a boca estava contorcida em uma expressão de agonia. A pele começava a se soltar em alguns pontos, especialmente nas extremidades das mãos e no rosto, onde os vermes já haviam começado a fazer seu trabalho.

O cheiro, quase insuportável, era de putrefação, com uma mistura azeda e podre que tomou conta do ambiente, fazendo as duas taparem a boca, lutando contra a náusea. Tessa e Caroline estavam paralisadas, incapazes de olhar para outro lado enquanto tentavam processar o horror que acabara de entrar em suas vidas.

Tessa, sem hesitar, afastou a cama que bloqueava a porta. Ela olhou para Caroline, que ainda estava em estado de choque, com os olhos fixos no corpo e murmurando palavras desconexas, como se tentasse afastar o horror.

Tessa se aproximou dela, pegando suas mãos com firmeza, e falou com voz calma, embora seu coração estivesse disparado: -Calma, Caroline. Vai ficar tudo bem, eu tô aqui com você. Precisamos sair daqui agora."

Caroline, hesitante, olhou para Tessa, ainda tomada pelo pânico. - E o Jesse? Ele... ele não pode estar morto, Tessa, ele não pode!"

Tessa suspirou, tentando esconder sua própria suspeita de que Jesse poderia não estar mais vivo. -Vamos achar ele, prometo," respondeu, apertando a mão de Caroline para confortá-la. -Mas precisamos sair daqui primeiro."

As duas, com passos rápidos e descoordenados, abriram a porta e correram para fora do dormitório, sentindo o ar quente da noite e as sombras ao redor enquanto se distanciavam daquele cenário aterrorizante.

Edward estava indo em direção ao dormitório quando algo pulou em suas costas. Ele tomou um susto, mas era apenas Emily, ainda um pouco bêbada, rindo. -Te peguei!" disse ela, rindo. Edward, meio que sorrindo com o alívio, respondeu: -Nunca mais faça isso."

Então ele olhou para o campo e viu a porta do celeiro aberta. Preocupado, ele decidiu ir até lá para fechá-la e evitar que algum animal entrasse. Emily o acompanhou, andando de forma cambaleante atrás dele.

Ao chegarem ao celeiro, Edward congelou ao ver o corpo de Beck caído no chão. Ele gritou, em choque: -Que merda é essa?" e se aproximou, pisando nos ratos que cercavam o corpo sem perceber. Emily, ao ver a cena, imediatamente sentiu o estômago revirar e começou a vomitar.

Pouco depois, Tessa e Caroline chegaram ofegantes, atraídas pelo grito. Quando Tessa viu Beck, ela olhou para Edward com pesar. -Merda, Edward... Eu sinto muito."

Edward, em um surto de negação, balançou a cabeça. -Vai ficar tudo bem! Ele vai ficar bem!" Ele se ajoelhou ao lado de Beck, tentando fazer pressão nos ferimentos e, desesperado, começou a fazer respiração boca a boca, como se isso pudesse trazer o ele de volta.

Emily, ainda abalada, se aproximou, segurando os braços de Edward e chamando-o. "Edward! Edward! Ele está morto!"

Finalmente, as palavras de Emily penetraram, e Edward parou, olhando para Beck e reconhecendo a terrível realidade. Com as mãos trêmulas e manchadas de sangue, ele cobriu o rosto e começou a chorar, sujando-o ainda mais enquanto as lágrimas misturavam-se ao sangue, o choque e a dor se manifestando com força.

Tessa olhou ao redor, visivelmente agitada, e perguntou: -Onde está o Stefan?" Edward, ainda chorando e visivelmente abalado, balançou a cabeça. -Eu... eu não sei. Ele estava comigo há pouco tempo."

Tessa respirou fundo. Por mais que quisesse vasculhar cada canto do acampamento à procura de Stefan, sabia que o mais sensato era sair dali, pegar a van e procurar ajuda policial. -Tá bom... vamos sair daqui," ela disse, o coração pesado com a decisão. -Edward, você está com a chave da van?"

Antes que ele pudesse responder, Caroline interveio, o desespero estampado no rosto. -Nós não podemos ir sem o Jesse!"

Tessa, tentando manter a calma, disse: -Caroline, nós vamos até a polícia. Eles podem encontrar ele, é o mais seguro." Mas Caroline balançou a cabeça, teimosa e cheia de medo. -Não... eu não vou sair daqui sem ele."

Caroline disparou para fora do celeiro, lágrimas escorrendo pelo rosto, enquanto Tessa corria atrás dela. Quando Caroline tropeçou e caiu de joelhos perto da entrada da trilha, Tessa rapidamente se abaixou ao seu lado, tentando acalmá-la.

-Caroline, olha pra mim," disse Tessa, segurando seus ombros. -Fica calma... vai ficar tudo bem, mas eu preciso que você confie em mim agora."

Caroline respirou fundo e, com a voz trêmula, disse: -Eu estou com tanto medo, Tessa... e eu amo o Jesse. Eu... eu preciso encontrá-lo, eu não posso deixar ele aqui." Ela então se inclinou, envolvendo Tessa em um abraço apertado, deixando que a sua fragilidade transparecesse.

Tessa a segurou firme, sentindo o desespero da amiga, e prometeu: -Nós vamos sair dessa. Vou te ajudar a achar o Jesse. Você não está sozinha."

Tessa ajudou Caroline a se levantar, e as duas correram para a van onde Edward e Emily já estavam. Ofegantes, entraram no veículo e fecharam as portas rapidamente. Edward girou a chave, e o motor finalmente deu partida, mas a van parecia hesitar, avançando lentamente como se algo estivesse segurando.

Desesperados, todos olharam pela janela. Foi então que ouviram o som inconfundível e ensurdecedor de uma motosserra. Da escuridão da floresta, o assassino surgiu, segurando uma enorme motosserra enferrujada, que soltava faíscas e fazia um barulho assustador. Ele avançava correndo em direção à van, movendo a motosserra de um lado para o outro, como se fosse uma extensão dos próprios braços.

Caroline, em pânico, gritou: -Vamos logo, ele está se aproximando!" Edward, frustrado, murmurou, -Essa lata velha não quer andar!"

Com o coração acelerado, ele tomou uma decisão arriscada. -Se ele quer chegar perto, eu vou dar o troco," ele disse, dando marcha ré e pisando fundo. A van acelerou de repente, ganhando impulso. Edward direcionou o veículo com toda a força em direção ao assassino, determinado a atropelá-lo.

No último segundo, o assassino se esquivou, desviando-se com um movimento ágil para o lado, e Edward perdeu o controle da van. Antes que pudesse reagir, eles colidiram violentamente contra uma árvore. O impacto foi tão forte que todos dentro da van foram jogados para frente, e o motor parou de funcionar.

O rosto de Edward se transforma em puro desespero enquanto ele luta para ligar a van. Seus olhos estão arregalados, fixos no painel, cada tentativa falha deixando-o mais tenso. Ele força a chave, quase a quebrando, suando e murmurando entre dentes: -Vamos, vamos, liga, por favor." O som da chave girando no contato, sem resposta, parece aumentar ainda mais o terror de todos no carro. Ao seu redor, Tessa e Emily estão em um estado de pânico absoluto, mas o foco de Edward está totalmente na van, como se fosse a única chance de sobrevivência.

Finalmente, um ruído diferente: a van engata, ganhando vida com um gemido cansado. Edward quase não acredita, mas rapidamente põe a marcha ré e pisa no acelerador, tentando se afastar do assassino que já se aproxima. A van avança, mas antes que consigam ganhar distância, o assassino já está perto o suficiente para abaixar a motosserra e atingi-la, serrando o pneu traseiro. O som de borracha rasgando ecoa pelo local, e Edward perde o controle, a van sacudindo perigosamente enquanto ele luta para mantê-la na direção certa.

A van deu um solavanco e saiu da estrada, capotando pelo barranco em uma sequência brutal. O veículo girava descontrolado, e cada impacto fazia Tessa sentir os ossos estremecerem. Vidros estouravam ao redor, cortando tudo o que estava no caminho. Após o que pareceu uma eternidade, a van finalmente parou, tombada e deformada.

Tessa acordou com uma dor lancinante. O nariz quebrado pulsava, e ela sentia o gosto de sangue na boca. Seu corpo estava repleto de cortes de vidro e dores por toda parte, mas o pior era a perna. Ela olhou para baixo e viu um pedaço de metal retorcido preso à sua panturrilha, perfurando a carne. Cada tentativa de se mexer fazia a dor aumentar, e ela mordeu os lábios com força, tentando abafar o grito que teimava em sair.

Ela olhou para trás, o coração acelerado, viu nada além do som da motoserra, ainda ligada, mas não havia sinal dele. Caroline estava acordada, com um corte profundo na testa, o sangue escorrendo em linhas finas pelo rosto. Em pânico, Caroline começou a chutar a porta da van, gritando e chorando desesperadamente. Com uma força descomunal, conseguiu quebrar a porta e saiu correndo para a floresta, sem olhar para trás.

Tessa esticou a mão para chamá-la, mas sua voz saiu fraca, e a dor latejava em sua perna. Ela respirou fundo, olhou para o metal que a prendia, e, com as mãos trêmulas, segurou o ferro, tentando puxá-lo para fora. A dor foi intensa, uma onda quente que subiu pela perna, e ela quase gritou. Colocou a mão na boca, abafando o som e tentando manter a calma enquanto retirava o metal, o corpo suando e tremendo pelo esforço.

Olhou para frente e viu Edward, caído no banco do motorista, com o rosto coberto de sangue. Um corte profundo atravessava seu peito, e ele estava desacordado, com o rosto inchado e machucado. Tessa sentiu o estômago revirar. Do outro lado, Emily estava ainda pior: o rosto dela estava cravado de cacos de vidro, sangue escorrendo de todos os cortes e seu pescoço dobrado em um ângulo grotesco, claramente quebrado.

Tessa esticou a mão para verificar Edward, encostando a mão no pescoço dele para sentir o pulso. Para sua surpresa, ele ainda estava vivo. Tremendo, Tessa soltou o cinto de segurança dele com esforço, puxando-o, na esperança de que ele pudesse acordar e ajudá-la.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top