Capítulo 9


Leopoldina poderia dizer que essa viagem estava abrindo sua mente para a realidade que ela luta para não ver.

De manhã, depois de comer algo, viu seu marido sumir com a prima, fazendo-a sentir uma queimação em seu interior. Decidiu que ficaria longe das pessoas e principalmente dele para poder ter um pouco de paz e tentar bordar ou até mesmo tirar essa insegurança de seu pobre coração.

Mas o tormento a acompanhava.

Enquanto tentava fazer um cervo naquele pano simples que achou jogado pelo palacete, acabou se acomodando em uma das bibliotecas. Foi no meio de suas tentativas falhas de parar de fazer sua mão tremer que ouviu.

- Por que não larga dela? – A voz parecia fragilizada e melancólica.

- Ela ainda é importante para mim. – Aquela voz parecia de Lancelot?

- Como pode se importar ainda com alguém que faz mal a você? – Leopoldina largou os utensílios para ver o cervo bem ali em seu colo. Ela faz mal a ele? – Você sempre tem que abandonar tudo para voltar correndo para ela, sempre largando suas vontades por ela? E como ela retribui o envergonhando em eventos... – O silêncio que seguiu foi uma confirmação para Leopoldina sobre o caso de Lancelot.

- Não posso abandonar, simples assim! – O tom não foi duro, mas parecia triste.

- Eu não posso continuar sendo segunda opção. – E assim ouviu a porta abrir e bem ouviu os dois saindo.

Leopoldina permitiu chorar no silêncio um pouco, sentiu-se péssima.

Lancelot sempre pareceu infeliz com tudo? E por que não terminava o casamento? Ela realmente não ligava de viver excluída para o ver feliz, já tinha se livrado de um fim trágico... Seria isso porque ele não termina o casamento? Por que acha que vai ser mandado para um hospital? E se for isso, uma forma boa de o ver melhor? Madeleine parece ser tudo que ele sempre quis ao seu lado, já tinha ouvido Lucas e Paulo falando que Lancelot é um bom homem.

Sempre colocando a felicidade dele em segundo plano.

Colocou tanto que poderia estar perdendo a mulher de sua vida, por que quer bancar o herói de uma amiga antiga? Teve que buscar ar porque não conseguia respirar. O soluço não trouxe alívio ao seu peito que apertava, sentia o coração quase despedaçar e, quando se recuperou um pouco, voltei a usar a aliança dourada em seu dedo.

Na época, seu casamento parecia algo bom, mas agora parecia um peso carregar isso.

Se ela desistir do casamento, Madeleine cuidaria bem de suas filhas e seu cachorro? Porque Lancelot seria cuidado em todos os seus aspectos, pelo visto. Sua mente já parecia apoiar a ideia das meninas gostarem mais de Madeleine e um sentimento estranho começou a entrar na mente de Leopoldina sobre como seria bom acabar com tudo.

Acabar com sua vida.

...

Talvez o pior de tudo foi caminhar para mais uma janta estranha e, antes mesmo de ir ver uma cena que confirmava o fim de seu casamento.

Num dos escritórios do palacete, com a porta entreaberta, os dois veem ali juntos e nus, completamente descobertos por todos ali presentes. O olhar de Lancelot sobre ela dizia muita coisa, mas Leopoldina ficou ali parada vendo o pânico do marido e o seu desespero, mas algo dentro dela quebrou e nada que palavras bonitas e ações de amor poderiam consertar.

Ouvir sobre as traições era uma coisa.

Agora, o ver em seu momento de prazer a chamando de ''anjo'', o apelido dela? Sempre foi dela? Ficou a dúvida, nunca deve ter pertencido a ela, uma fala genérica? Ou ele sempre pensou nela enquanto os dois dormiam juntos? Todos os toques sempre foram pesados em Madeleine? Bom, realmente não sabia direito o que pensar.

Mas ela não reagiu, simplesmente olhou para o chão e seguiu o que os demais convidados estavam fazendo, seguindo para o salão principal enquanto Lancelot a chamou. Bom, ela simplesmente deve ter ignorado.

Poppy, por outro lado, parecia congelada e com certeza constrangida com tudo.

- Temos nossas diferenças, mas nunca achei que ele ia fazer algo assim. – Leopoldina a olhou curiosa.

- Está tudo bem, - Sorriu do mesmo jeito que sempre fez, sua mão tremia um pouco, mas realmente não viu raiva na irmã pela primeira vez na vida. – Ele sempre fez isso. – A voz não saiu confiante como sempre, parecia melosa e quebrada, deixando o clima daquele jantar horrível.

Sua irmã já ia virar e falar algo, mas Lancelot entrou um pouco desarrumado e com um rosto vermelho.eopoldina, por sua vez, o olhou e viu marcas de amor, mordidas, lábios rachados, cabelos desgranados e roupas bem desalinhadas. – Boa noite. – Murmuro aos demais que pareciam congelados sobre o que ia acontecer, mas Leopoldina realmente parecia confusa, chateada e com vontade de chorar, mas tudo que fez foi voltar a comer o que tinha em seu prato, ignorando o marido e todos.

Podia dizer que, quando Madeleine voltou com sua família, Leopoldina não os olhos, Lancelot se sentou ao seu lado quieto e completamente alheio a tudo que acontecia.

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