Capítulo 8


O palacete diamante negro sempre foi um dos palacetes mais belos da família de Leopoldina. Sabia que seu primo estava tomando conta da família deles agora, o único homem da família longe de uma idade avançada. Olhar para aquelas grandes árvores que indicam o caminho, os campos verdes e ao longe a casa completamente preta com janelas escuras dava um ar mais dark, combinava com a família.

Olhando de canto de olho, sabia que Lancelot parecia meio nervoso, tinha prometido se comportar, mas o homem parecia mexido com muitas coisas, seus quadros estavam bem embalados e... tudo parecia bem.

Quando a carruagem para.

E o homem a ajudou a descer. Pode-se dizer que Leopoldina sentiu um certo pavor, lá estava Poppy e suas amigas? A tal Madeleine olhava para Lancelot com certa intensidade e os demais homens ali a cumprimentaram com alegria.

No meio de tantos homens importantes, Leopoldina achou Peter, o crítico. O homem diferente tinha um jeito esguio e sem o porte físico que via nos livros ou em Lancelot. O homem é magro e parecia faltar massa, deixando-a curiosa sobre aquilo.

Os amigos de Lancelot a cumprimentaram sorrindo e tudo que ela fez foi abaixar a cabeça.

Ficou quieta em todos os sentidos, olhando para seus próprios pés, viu o marido na sua graça natural, bem carismático e feliz, e aquilo a quebrou um pouco. Lancelot distante dela é desse jeito? Descontraído, feliz, sorridente, sem aquela cara de cansado e galanteador? Sentiu-se péssima por tirar isso dele.

Viu todos seguindo em frente, deixando para trás o sentimento de ser um peso ao marido, não melhor muito a ficar sozinha. Fazia tanto tempo que Leopoldina não ficava num evento que não sabia ao direito como seguir com tal ato. Voltou para a porta e acabou vendo ao longe uma árvore onde tinha um balanço conhecido, um balanço que nas épocas em que usava saias menores brincava com sua babá. Lembro que tinha até pedido ao marido um balanço para as filhas brincarem quando mais velhas.

Olhando para a pequena área de entrada vazia e sem ninguém, decidiu ir brincar um pouco no balanço. A caminhada até a árvore foi um pouco mais longa do que Leopoldina lembrava. Talvez a dor no peito e a vontade de descansar por ainda estar meio fraca tenham facilitado um pouco esse sentimento para parecer tão longe.

Quando finalmente conseguiu chegar no balanço, sentiu uma certa fraqueza, mas nada do que um balanço que pode com certeza. Já ia se balançar quando escuta passos a fazendo parar e dar de cara com o Peter?

- Pelo que sei, o grupo de pessoas foi para o outro lado. – Leopoldina, volto ao homem, o analisando.

- Mas eu não estou aqui para conversar. – Tentou não ser grossa, mas em sua mente pareceu mais descontraído, só que a cara do homem pode dizer que foi o contrário, mas o homem riu, então de certa forma não fez algo errado? – Estou aqui para que você veja as obras do meu marido. – Murmuro, voltando para frente.

- Direta ao ponto, não? – O homem chegou mais perto, ficando ao lado do balanço. – Não costuma enrolar as pessoas?

- Por que eu enrolaria se quero ser direta? – Murmuro pensativa.

- Para puxar o meu saco e ver se consigo colocar as obras de seu marido em destaque. – O homem volta com seus olhos de raposa, mas Leopoldina parecia aérea o jeito que o homem a encarava.

- Acho que uma relação mais direta e profissional é melhor do que depender de uma relação falsa. – Murmuro pensativa. – Não acha? – Seu sorriso quebrou o homem, o vendo mudar de cor? – O senhor está bem? Está vermelho. – Aponto para suas próprias bochechas, o vendo recuar um pouco buscando espaço.

- Deve ser o sol. – Isso a mesma acho estranho, estavam na sombra. – Mas estou bem sim, obrigada por perguntar. – Leopoldina acabou rindo do jeito do homem, só Lancelot a fazia se sentir bem assim fora de casa, mas Peter conseguiu isso, a fazendo achar curioso.

- De nada. – Leopoldina volto para frente, aliviando as pernas. – Você é bem legal, normalmente as pessoas fazem eu me sentir estranha com meus problemas, mas até agora você foi muito gentil. – O homem estava vermelho? Ela realmente não sabia o que estava acontecendo.

- Lancelot tem sorte de ter você como esposa. – Murmuro o Peter.

- Obrigada, sei que eu tenho. – Leopoldina viro de leve o balanço, vendo o marido bem ali, duro como uma rocha, parecendo uma estátua, os olhos cinzas parecendo uma tempestade fuzilando o Peter. – Acredito que preciso saber o que estão fazendo longe dos demais? – Lancelot já ia para perto de Leopoldina.

- Falando de você. – Peter viu Leopoldina voltando para frente. – Estávamos falando das suas pinturas. – Tentou não rir do ciúme. Nunca viu o marido com ciúmes, sair na sociedade a fez descobrir muitas coisas novas do marido. – Não é verdade, senhor? – Peter confirmo.

- Se alguém sabe vender o peixe, é a senhora. – Leopoldina acabou rindo baixo da cara feia que Lancelot fez. – Já que a senhora está acompanhada, acho que vou me retirar e finalmente conhecer meu quarto, se me der licença. – Leopoldina viu o Peter correr mais rápido que um diabo fugindo da cruz, vendo o homem magro correr para longe dos dois, a fazendo sentir dó.

- Sozinha com um homem? – Lancelot volta para ela irritado.

- Você está com ciúmes? – Leopoldina o encarou surpresa.

- Sim, claro que estou com ciúmes, o homem parecia estar te comendo viva. – A raiva dele foi para as veias que saltavam. Fazia anos que Leopoldina não o via bravo desse jeito. – Acho mesmo que eu não ficaria com ciúmes?

- Não. – Voltando ao balanço de leve, não o vendo murchar mais rápido que outra coisa, Leopoldina não o viu encarar uma dor antiga em seu interior, enquanto ela simplesmente estava surpresa com as descobertas por esse dia.

- De qualquer forma, devia ter nos seguidos, - Ele foi atrás dos olhos dela. – Devia estar ali no meio, ia conversar com você e do nada não estava lá, achei que tinha se distraído. – Leopoldina acabou se fechando, disse que não ia causar problemas e lá estava ela ali dando problemas. – Por que está tão quieta? – Volto para o mesmo que parecia apreensivo.

- Por nada. – Murmuro sorrindo e o mesmo simplesmente suspiro e parecia ter ajudado a relaxar um pouco.

- Bom, então vamos? – Ele lhe deu a mão e a mesma aceitou.

Com aceno, voltaram para o palacete.

E a caminhada foi bem mais curta. Leopoldina ficou pensando se na companhia dava uma força extra? Mas sentia que algo não estava certo, sair de sua zona de conforto daria essa sensação de pisando em ovos? Seu marido parecia de novo nervoso e duro ao seu lado, não amigável e feliz com os demais, e aquele ciúme lá atrás? Tinha tantas pontas soltas nessa viagem, parecia que Lancelot era duas pessoas diferentes, uma em sua casa, presa a ela e infeliz, e longe dela o homem que sempre brindou nos grandes salões.

Sentia-se mal.

Nunca gosto de ser o estorvo de Lancelot.

Será que nesses dias que passam ela poderia ficar distante sem nem ao menos o atrapalhar? Não queria tirar essa diversão dele.

- Não queria ter brigado com você, mas realmente aquele homem não estava olhando para você com bons olhos. – Leopoldina acorda de seus pensamentos, o vendo chateado.

- Está tudo bem. – Caminhar com Lancelot parecia um pouco difícil. Lembrava dos livretos falando que tinha que ficar dois passos para trás dele, mas com a fraqueza e seus pensamentos que a levavam longe podia dizer que estava muito longe de estar num caminho correto.

- Pensei que estava... – Antes de continuar, alguém o chamou e Leopoldina voltou a vê-lo mudar completamente e pela primeira vez em anos ficou pensando se realmente esse casamento estava fazendo bem ao seu marido. – Sim, Paulo? – O sorriso que vinha com a saudação a fez ver que realmente as palavras de sua sogra podem estar certas.

...

O jantar que seguiu à noite, Leopoldina pode dizer que o destino é algo incrível.

No ponto de surpreender as pessoas.

Peter, o crítico de artes, é seu cunhado.

Poppy o apresentou com alegria nos olhos, deixando Leopoldina impressionada em seu pequeno lugar, vendo Peter cumprimentar todos com elegância que só aquele homem esguio conseguiria. Também vi no jantar Madeleine e seu marido trocando olhares intensos, fazendo-a ligar algumas inseguranças sobre o homem não a querer ali. As traições sempre chegaram aos seus ouvidos, mas ela nunca realmente viu ao vivo e a cores. Sentiu um aperto estranho em seu coração que não sabia se tinha direito de sentir, vendo todos esses pontos vermelhos na relação que não estava nada bem.

Mas, os vendo de longe, poderia dizer que fariam um casal de ouro. Madeleine tinha um ar alegre como Lancelot para o social, e ambos pareciam bem juntos, completando frases um do outro, chegava a ser lindo de ver.

Tentou realmente focar em outra coisa para ver, mas seus olhos sempre o pegavam. O olhar dele a Madeleine e aquele aperto em seu peito é sufocante, parecia até mesmo a estrangular, fez tentar repensar os 7 anos de casados, foram realmente união estável? Uma união onde tudo que ela temia aconteceu? As traições sempre estiveram lá, mas Lancelot dizia que era sobre sexo, mas olhando ele e Madeleine, começou a pensar que possivelmente tinha outra coisa.

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