Capítulo 7
Leopoldina estava no céu.
Lancelot parecia estar de volta em seu antigo molde, nos últimos meses ele parecia mais distante, seus problemas de saúde deixaram o marido meio impaciente e parecia que as viagens para a cidade o acalmavam. Sabia que o marido visitava suas amantes, saía com seus amigos e tinha uma vida social que ela não podia lhe dar.
Foi no seu momento de se recuperar de uma de suas gripes que não a deixava olhando suas meninas brincando que um estalo bateu em sua mente.
Nas idades de serem apresentadas à corte, Leopoldina não conseguiria levá-las para os salões. Seu medo pelas pessoas tomava conta de seu corpo só de pensar, suas mãos tremiam e seus olhos perdiam a cor, principalmente com os olhares duros.
Será que suas doces meninas iam ser que nem o seu querido pai? Cansar de uma vida momentânea e cheia de assuntos chatos e monótonos a deixaria? Às vezes, Leopoldina pensava se Lancelot já tinha outra musa para sua vida. O vendo brincar com Ember, ficou imaginando outra mulher ali para fechar a imagem.
Tinha noção de que era uma amante com muitos mais benefícios do que a maioria pensaria, uma mulher vivendo longe da sociedade por ser uma vergonha e uma mancha foi sempre o que ouviu de seus pais e amigos. Seu fim poderia ser cruel se Lancelot não tivesse tomado a frente, seu querido primo João, bom, pensando bem, não tão querido, iria à força produzir meninos e, se não conseguisse, iria para um hospício ou pior, o governo às vezes acabava com pessoas defeituosas com o processo de fuzilamento. Ficou de uns anos para cá, eles queriam limpar alguns pontos para abrir pessoas de bem. Lancelot, quando soube disso, fez-a lembrar de sua forma assustada enquanto pensava se teria que a levar para viver longe. Ember ainda era pequena e Amelia não tinha forças em suas pernas para fugir.
- Minha senhora? – Melissa a tocou, despertando-a das lembranças de um passado não tão distante.
- Sim? – Murmuro gentilmente, voltando à grande amiga que nunca a julgo.
- Chegou uma carta para você. – Isso foi curioso, pegando o papel com certa incerteza, nunca vieram cartas à pessoa, tirando de seu marido quando estava fora, mas o olhando ali alheio a seus pensamentos mórbidos como dizia Melissa ou até mesmo melancólicos como brincava a amiga, analisou melhor. – Sabe de quem seja? – seus olhos brilhavam alegremente em ânimo enquanto Leopoldina resmungo um "não".
- Bom, vamos ver o que é. – Murmuro, rompendo a será e a carta que surgiu fez Leopoldina sentir seu corpo tremer inteira.
Pegando o papel que tinha um cheiro inesquecível de papoula, logo reconhecendo a caligrafia de Poppy, sua querida irmã que não a via desde o momento que saiu daquele guarda-roupa, tinha ouvido que nunca mais a veria, agora tinha em mãos o papel escrito por ela em suas mãos.
- Madame? – Murmuro apreensiva.
- Preciso de um tempo sozinha. – Levantando-se com rapidez, indo para o quarto em busca de privacidade.
Chegando e fechando a porta branca.
Sentou-se em sua penteadeira e, com um suspiro de coragem, leu as grandes e perfeitas linhas.
" Leopoldina,
Sinto que não devia escrever isso para você. Mas acho que não aguento mais ver Lancelot perdendo sua vida merecedora por estar atrelado a você... Minha querida amiga Madeleine disse que, pouco antes dele partir para Sevilha, o que aconteceu em sua casa, ia o apresentar a um grande avaliador de artes, Peter Oliveira. Acredito que o bom homem quer ver as imagens que são feitas pelo seu marido, ou melhor, meu ex-marido.
Para de atrapalhar a vida dele, faça alguma coisa em sua vida e seja uma boa mulher e o mande para nosso evento de arte nobre em meu palacete, os diamantes negros, e acredito que seria muito interessante como esposa o apoiar nesse sentido, participando.
Espero suas presenças no próximo sábado.
"Não me decepcione mais do que já espero."
Leopoldina parecia confusa.
Ele mentiu? Disse que não tinha mais assuntos na cidade e teria um evento para ir. Foi por causa dela? Será que Poppy estava falando verdade? Aquilo a fez se sentir pior ainda, não só o peso em seu peito pelas tosses constantes ou o cansaço que via com mais frequência, mas a tristeza de saber que é um estorvo para a única pessoa que não queria ser seu tormento.
- Meu anjo? – A voz do mesmo o desperta de seus tormentos. – Aconteceu algo? – Já tentando pegar a carta.
- Você mentiu para mim. – Seus olhos não encontraram os tons cinzas porque sentia traída e triste. – Disse para só vir quando acabasse suas coisas e tivesse um evento para vender suas artes. – Leopoldina se moveu ou tentou para longe de Lancelot porque ele segura a mesma entre seus braços fortes.
- Olhe para mim, Leopoldina. – Forçando o queixo a ponto de machucá-la e seus olhos até mesmo lacrimejaram de raiva e angústia. – Sabe que não minto para você...
- Mas ela me conta que você não foi lá, você não foi no evento... – Entregando a carta. – Ela quer que você vá e que tente de novo. – Leopoldina se levantou fugindo do marido, olhando para as janelas e vendo as filhas brincando com Melissa. – Ela quer que você me leve. – Seu tremor foi aos ouvidos do marido que jogou o papel longe e Leopoldina viu o marido vermelho? – Lancelot?
- Não vamos nisso, não vou num lugar onde vão fazer brincadeiras com você e acabar me humilhando... – A fala paro tarde demais para Leopoldina, o olhar chocado, sabia das ações do marido, mas nunca realmente tinha a confirmação, mas ali estava como Poppy tinha falado. – Não queria dizer isso, - Leopoldina o encarou quieta e seria. – Quero dizer... você entende o que quis dizer. – Lancelot parecia constrangido enquanto Leopoldina volto para a carta amassada no chão. – Leopoldina? – Sua voz tinha um tom despertado e tudo que sentiu foi uma frieza em seu coração. Uma dor estranha no meio de suas costelas e pulmões.
- Sim? – murmuro simplesmente para o homem.
- Me fale algo, diga-me sobre o que acabei de falar. – Lancelot parecia longe do que acontecia em sua mente, Leopoldina tudo que fez foi suspirar. – Meu...
- Deixe-me sozinha. – Foi tudo que fez antes de sair do quarto e ir atrás de outro cômodo.
Precisava pensar um pouco.
...
Leopoldina nunca pensou que uma janta ia ser tão ruim assim.
Fazia muito tempo que não via uma janta assim.
Suas meninas em seus mundos de divertimento enquanto seu marido está bem ali na sua frente, a encarando nem menos tocando em sua comida, enquanto ela tenta desesperadamente voltar à normalidade, com Tulipa ainda precisando de certa ajuda para tentar comer mais do que por para fora de sua boca. Deixando uma menina ruivinha tão sujinha, a fazendo pensar no banho que teria que dar em todas e depois nela mesma, a fazendo choramingar com esse pensamento.
- Onde esteve essa tarde? – Melissa surgiu alheia ao olhar de morte que recebeu de Lancelot.
- Descascando. – Leopoldina, por sua vez, foi mais rápida que o homem que já iria falar algo. – Perdi alguma coisa em minha ausência? – Voltando à pequena plateia.
- Não, só fiquei preocupada, querida amiga. – Ela sorriu com o carinho. Leopoldina sentiu um calor quente que realmente vinha da relação das duas. – Acredito que já estou melhor. – Voltando a comer tranquilamente ou tentando.
- Melissa, - A voz dele deu calafrios. – Preciso que ponha as meninas na cama depois desse jantar. - Leopoldina não olhou na mesa tentando achar no meio do tom duro. – Não quero também que elas venham no nosso quarto, tenho assuntos para conversar com minha esposa. – Leopoldina sentiu como uma criança novamente sendo repreendida.
- Sim, meu amo. – Murmuro Melissa, voltando às meninas que buscaram a mãe em busca de resposta.
- Papai só quer um tempo a sós com a mamãe. – Leopoldina tentou parecer calma e conseguiu, mas realmente estava nervosa. Lancelot parecia meio perturbado.
Com acenos da cabeça, à janta volto, mas quando as meninas se despedem com sorrisos, Tulipa foi tirada de seus braços a contragosto, deixando-os sozinhos na mesa, sendo limpa pelos demais funcionários.
- Vamos para nosso banho? – Ela pergunta sorrindo, já se levantando, enquanto Lancelot acenou silenciosamente.
Subir as escadas com ele atrás só a deixou mais nervosa.
Chegando no quarto, Leopoldina já começou seus preparativos para tomar banho, enquanto Lancelot ficou parado num canto, parecia tímido enquanto ela simplesmente começou a soltar os cabelos e tirar as camadas de roupa como vestido, até mesmo seu corpete. Suas meias e sapatos foram deixados num canto, buscando o roupão atrás de uma proteção ao corpo nu. Seu parido parecia entrar no meio.
- Quando vamos conversar? – Ele segura seu pulso com carinho.
- Conversa sobre o quê? – O viu ficar sério e começar irritado. – Por que me olha assim?
- Porque odeio quando se faz de sonsa. – Lancelot largou seu pulso indo para o meio do quarto, já começando a se despir. – Por que não fala logo que eu te magoei, assim posso me desculpar e podemos seguir em frente? – Leopoldina não queria realmente voltar nesse tópico, ultimamente Lancelot parecia mais sensível que o normal, ela já tinha aceitado que sua companhia amorosa é algo único e delicado.
- Mas já estamos seguindo em frente. – Leopoldina não via mal em ele falar sobre seus sentimentos, seus pais sempre foram bem mais sinceros, Lancelot só escondia isso de jeitos mais ardilosos, sua tristeza sempre foi vista, mas agora foi mais sincero consigo mesmo. – Realmente, o que mais quer comentar sobre isso?
- Quero que fale que ficou chateada, sabe que as palavras não foram para te ferir e... – Lancelot parecia lutar com algo.
- Por que está mentindo sobre isso? – Leopoldina realmente não estava chateada com isso. – Realmente só estou chateada por ter negado um evento por causa de minha condição, sabendo que melhorarei logo e perder uma chance de vender suas coisas por preocupaçãoé triste. – Murmuro, já caminhando para a banheira que tinha água quente à espera, entrando com muito alarde. Fazia dias que não tomava banho e a água quente a deixou relaxada.
- Está mais preocupada por eu ter desmarcado as coisas do que falar uma besteira? – Lancelot estava nu bem na frente dela e o calor que sentiu sabia que não era da água. Mesmo vendo o marido sem sua excitação, ficava se perguntando como continuava seu órgão parecer tão belo, pelo menos na anatomia. Acabou rindo baixo de seus pensamentos pecaminosos. – No que está achando graça? – Quando Leopoldina voltou ao homem, viu a tempestade em seus olhos cinzentos. Os cabelos de bronze pareciam selvagens como seu olhar.
- Em nada, querido marido. – Mergulho seu rosto na água quente tentando aproveitar enquanto o mesmo finalmente se junta a ela, puxando seu corpo frágil para seu peito, os acomodando juntos naquela banheira de madeira. – Mas acho que deveria ir, deveria aproveitar cada momento de sua liberdade para vender suas obras. – Leopoldina parecia longe do que se passava na cabeça do marido, sentindo-se culpada por atrapalhar a vida do homem que mais cuidou dela a vida toda.
- Não vou largar você doente para ir num evento estúpido. – Lancelot podia trair, mas não ia abandonar a esposa doente na cama.
- Não estou doente. – Agradeceu a Deus por não ter tossido. – Só estou indisposta. – Murmuro contra o ombro do marido, o sentindo relaxar.
- Sim, fala para seu pulmão que saiu na parte da tarde, - Lancelot resmungou , abraçando-a. – Sem contar que, pelo que fui atrás , só me aceitaram ir se te levar e realmente não quero...
- Se envergonhar? – Não queria sair como uma alfinetada, seus olhos azuis não mostram isso, mas Lancelot ficou tenso. – Que foi?
- Sua irmã e uma prima minha juntas, - Lancelot volto para longe. – Sabe que iram comentar coisas ruins de você e com certeza não conseguirei te proteger de tudo, ficarei longe de você e... – Leopoldina achou fofo sua preocupação. – Sem contar que iremos para a praia para que melhore. – Tentou pôr um fim em tudo.
- Mas você sempre quis vender para Peter, acho que você precisa ir mesmo que eu fique no quarto, prometo não te envergonhar. – Ela vira, ficando na sua frente, queria provar de alguma forma que não o iria envergonhar na frente de seus amigos.
- Anjo. – Murmuro pensativo. – O que vou fazer? – Arrumando seus cabelos loiros, seus olhos estavam pela primeira vez longe. – Se for numa coisa dessa, terá que interagir. - Ele a puxou para um beijo pela primeira vez naquele dia. – Terá que conversar com eles, terá que se pôr na mesa e terá que os olhar nos olhos, uma coisa que sei que você não aguenta... – Seu tom não tinha decepção, tinha medo de algo que ela não conseguia entender.
- Se você for... – Aquilo parecia o obrigar, mas ela não estragaria a vida dele. Parecia uma força em seu interior. – Podemos já começar a tentar o próximo filho. – O que recebeu de Lancelot foi ele lamber os lábios, fazendo-a rir. Tudo que envolvia sexo, Lancelot mudava de forma... Parecia viciado no ato.
- Sério isso? – Murmuro pensativo.
- Claro, eu nunca menti para você. – Sorriu gentilmente e tudo que recebeu foi um beijo.
- Então vamos conversar melhor sobre isso depois de nosso banho. – Ronrono.
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