Capítulo 11


A viagem para casa foi um silêncio.

Quando Leopoldina conseguiu colocar os pés em sua casa, relaxou um pouco mais.

Lancelot, depois daquele escândalo, queria fugir para casa, mas ela foi para aquele palacete com um objetivo que era vender, e falando nisso, ela vendeu. Achou irônico que as obras que estavam lá eram aquelas que ele disse que nunca ia vender porque contava sobre o amor deles, parecia que o mesmo queria descartar suas lembranças mais tristes. Porque Lancelot ficou olhando para os quadros por um tempo, atônito a tudo que acontecia à sua volta.

Agora em casa, o homem parecia distante e frio.

Nem com suas meninas ele queria conversa.

- O que aconteceu lá, minha senhora? – Melissa surgiu enquanto arrumavam as coisas.

- O fim do meu casamento. – Volto à mesma calma enquanto Melissa perdeu a cor.

- O quê? – Sua expressão de horror parecia com a dele quando ela falou de divórcio. – Como é possível?

- Bom, aconteceram coisas e sugeri o divórcio. - Leopoldina ficou orgulhosa de ainda não ter chorado, mas se conhecendo isso veria na pior hora. – Ele não aceitou bem, disse que ainda me ama e que só a morte para nos separar. – Pensar que só na morte ela poderia dar um descanso para ele fazia Leopoldina ver seu casamento como um fardo horrível. Olhando para sua mãe, ficou pensando se aquela aliança que ela tinha escolhido com tanto carinho foi a forca de seu marido.

- Entendo. – Melissa parecia aérea em seu mundo.

Mas o momento é quebrado quando suas meninas entram correndo e gritando, fazendo-a voltar a ver um pouco de cor em seu mundo quebrado e cinza.

- Quando vamos à praia? – Uma pergunta animada.

Ember logo puxa a saia dela com rapidez. – Vocês prometeram que quando voltassem iríamos. – Isso sempre foi verdade, eles tinham prometido e, vendo Tulipa no colo de Lancelot, ficou pensando como seria o ver com outro bebê dos braços, um bebê que não veria dela, viria de Madeleine, seria belo como suas meninas, mas será que viria um menino? Todo homem sempre quer um menino, lembro quando chorei em seu peito que não ia conseguir dar um menino e aí Lancelot disse que queria meninas para agradar. Ou sabia que não podia dar meninos, falhando até mesmo nessa função?

- Mamãe? – O puxão a fez voltar a Ember, que parecia preocupada.

- Sim? – sorriu da forma mais amigável possível, enquanto sentia o sentimento de seu corpo sendo esmagado.

- Vamos quando? – Pergunto devagar para ela registrar.

- Tudo depende do seu pai. – Isso aí, passe a bola da vez para outra pessoa, fazendo os dois rostos voltarem a Lancelot, que parecia desconfortável com tudo.

- Semana que vem. – Dava tempo para conversar melhor o fim do casamento deles? Talvez não, os assuntos realmente não volto mais para eles depois daquela noite tensa, dormir na mesma cama parecia errado, pelo menos para Leopoldina, que o viu lutar para encarar seus olhos. Será que ele sempre pensou nela para dormir à anoite

- Acho que preciso de um banho. – Voltando a Melissa, que sorriu alegremente.

- É para já, querida amiga. – E assim saiu andando, deixando os dois na sala vendo as meninas brincarem.

- Leopoldina? – Lancelot tentou realmente chegar perto, mas a mesma continuou parada olhando as meninas. – Sobre tudo aquilo, eu...

- Como vamos contar a elas? – Leopoldina volto a Lancelot pensativa, o deixando congelado no meio do caminho para seu encontro. A mão que ia tocar na dela volto para seu corpo.

- Contar o quê? – Seus olhos estavam baixos enquanto Leopoldina voltava as três que brincavam alheias a tudo.

- Sobre o divórcio. – Leopoldina não queria que as meninas sofressem com isso, realmente tinha lido livros que as crianças sentem muito pela separação. – Acredito que devíamos conversar também com Madeleine e... – O chacoalhar que recebeu de Lancelot a fez buscar uma explicação no mesmo que parecia tremer. – O que foi?

- Não quero falar disso. – Por fim, o homem saiu com a voz chorona, deixando-a sozinha com as três.

- Gente, que isso. – Voltando para o cachorro que queria atenção, fazendo sorrir ao animal. – Você vai tomar banho comigo? – Banze amava tomar banho e um latido com o pato de brinquedo a fez rir.

- Minha senhora, a água está pronta. – Melissa pode finalmente aparecer sorrindo.

- Podemos tomar banho com você, mamãe? – As três surgiram correndo e Leopoldina acenou rapidamente.

- Claro, serei eu, vocês, o cachorro... – Voltando para Melissa, que já pegou Tulipa. – Vai querer participar? – Rindo da cara da amiga.

- Não, mas ajudarei a entrar na água. – Melissa sempre gostou da menina e a mesma gostava do carinho. – Vamos, vamos! – Com uma alga saga, o grupo seguiu para a ala de lavados com o cachorro atrás latindo alegremente.

Lancelot viu tudo de longe, com um nó em seu pescoço.

O que ele vai fazer para consertar isso?

Leopoldina o está olhando como um estranho, o que ele merece por ter feito aquilo, mas nunca pensou que o divórcio estaria rolando em sua mente. Dessa vez, seu vício por adrenalina e sexo o está fazendo perder seu bem mais precioso e o mesmo não sabia o que fazer. Qualquer avanço que ele tenta, ela parece um manequim quieta e imóvel, não tinha mais seus sorrisos voltados a ele e isso o estava quebrando e o matando por dentro.

Realmente estava perdido.

...

A viagem para o mar alíviou o pulmão de Leopoldina.

A dor em seu interior estava ficando pior, a fraqueza também, mesmo se alimentando e bebendo água, mas nada fazia mudar o ritmo de seu corpo. Os banhos foram ficando com mais frequência porque pelo menos conseguia fugir da dor das respirações, sem contar que ficava longe de Lancelot, que parecia meloso, dizendo que a ama toda a hora e tentando tirar a ideia do divórcio. Se não tivesse visto como o homem parece mais feliz longe dela, até aceitaria seus pedidos.

Mas parecia marcado em sua mente o jeito como ele olha para Madeleine.

Com olhos que nunca pareceram se encaixar nela, ou até mesmo aquele brilho intenso onde a tempestade que dominava seus olhos tinha se dissipado, sentia uma intrusa na vida do mesmo, não conseguia nem mesmo o chamar de marido porque esse título não parecia mais pertencer a ela.

Isso sempre a fazia chorar nos banhos.

Sempre parecia que tinha que buscar um pouco de ar porque ele não vinha mais naturalmente.

As noites começaram a ficar estranhas, Lancelot dormia ao seu lado segurando sua mão com firmeza, com medo de que ela sumisse, e Leopoldina passava a noite acordada o olhando, pensando se o homem ao seu lado imaginava Madeleine em seus sonhos, os cabelos de carvão e os lábios vermelhos como cereja, sua pele não parecia adoentada como a dela, tinha vida e saúde, pela primeira vez em anos queria ser alguém para ficar ao lado dele.

- Mãe? – Amélia tinha se tornado bem constante em sua visão desde que chegou da viagem.

- Sim? – sorriu gentilmente, vendo a menina relaxar um pouco na areia. Botucatu tinha sido um sonho para suas meninas. – Algum problema?

- Ficou quieta, aconteceu alguma coisa? – Seus olhos de tempestade a deixaram animada, que a mesma será tão bela e formosa quanto o pai dela, pena que a mesma puxou seus cabelos loiros, levando seus traços para frente.

- Estava perdida em meus pensamentos. – Garantiu com carinho. – Já foi para a água? – Pergunto animada, já ficando de pé, a mesma negou. – Então vamos? – Batendo de leve e tirando a areia que tinha em suas roupas de banho, pegou aquela mãozinha com carinho, guiando para a água fria e salgada.

- Eu amo você, mamãe. – Amélia sempre foi mais amorosa quando estava sozinha, e aquela declaração no meio de tanta bagunça fez Leopoldina soltar algumas lágrimas.

- Eu também te amo, meu bebê. – Sussurro com carinho.

Na praia Leopoldina, amava ver as pessoas.

De longe, já que Lancelot tinha sempre deixado um lugar para ela, alugando perto das pedras formando bacias quentes e delicadas, então suas meninas podiam ter privacidade como ela, e ter Amélia em seus braços enquanto curtiam momentos é gracioso. Ember e Tulipa pareciam mais alegres em estar com Melissa e Lancelot deixando as duas juntas.

- Por que o papai está chorando? – Amélia, volto a Leopoldina com curiosidade. Deixando Leopoldina surpresa.

- Ele está chorando? – Embalou-a em seus braços com carinho.

- Sim, acho que o papai está mal. – Murmuro ao longe.

- Ele deve estar com problemas. – Leopoldina não sabia muito sobre como comentar. Lancelot realmente parecia estar sofrendo ao ficar olhando de canto de olho e sempre a segurava pela mão com carinho, mas Leopoldina não conseguia esquecer o jeito como o mesmo olhava Madeleine.

Poppy teve a feliz ideia de comentar que Lancelot a olhava assim antes de se casar.

A fazendo pensar que o mesmo viu a realidade e não queria a colocar em problemas.

Lancelot é um herói, mas ele merecia a felicidade.

Um gritinho de Tulipa a fez levantar com Amélia nos seus braços e marchar para a área para ver Ember correr em sua direção. Bom , Tulipa saindo dos braços de uma mulher que não via há tempos. Dona Cleusa. Tulipa correu para ela, implorando por um colo que Leopoldina lhe deu com dificuldade, já que Amélia estava ali.

O choro da menor foi pleno susto, buscando um pouco de conforto enquanto andavam de volta para a pequena barraca onde tinha gritos e discussão. Os sons altos sempre deram um desconforto e com três crianças em seus pés deixava a caminhada mais árdua. Melissa logo veio pegando Ember e tentou puxar Amélia, mas a menina segurou em seus trajes de banho com tanta intensidade que achou que ia ficar nua.

Ember queria estar no meio, o que fez a mesma quase cair no chão.

Se não fosse Lancelot e Melissa, teria ido com as três ao chão, mas ser puxada para cima com três meninas que não queriam estar perto de sua suposta avó, olhando melhor a mãe de Madeleine e a própria Madeleine a fez ficar meio incerta se ela mesmo queria estar aqui.

- Sente em algum lugar. – Lancelot parecia muito perdido indicando uma cadeira, mas quem se sentou fez Leopoldina vacilar um pouco. Madeleine estava bem ali, plena em seu vestido de cores escuras e roupas da última moda, a deixando envergonhada de estar na sua presença. – Tem outro... – Leopoldina viu que os lugares não iam ser para ela porque cada vez que Lancelot indicava algo, as mulheres bem-vestidas sentaram, a deixando nervosa e começou a sentir seu corpo fraquejar.

- Aqui, minha senhora. – Melissa indicou uma cadeira que ela mesmo tinha comprado para passeios à beira-mar, feita de madeira transada com flores de tecido colocados azuis, oferecimento das atividades das meninas. A cadeira nunca foi tão confortável, acabou cada menina em seus espaços. – Preparo algo? – Melissa estava realmente tentando parecer calma, mas Leopoldina via sua raiva.

- Faça suco de laranja. – Amélia corto, a fazendo abrir um sorriso.

- Com biscoitos. -Ember foi ligeira.

- Por que não ajudam ela? – Leopoldina podia ser mais amistosa com as filhas, ignorando os olhares de descontentamento vindo ao longe enquanto Lancelot ficava na frente.

- Está bem. – Ambas seguiram Melissa.

Já Tulipa continuou em seu colo buscando acolhimento, deixando-a mais à vontade para conversar, ou melhor, assistir e ouvir o que acontecia, sentindo raiva de querer voltar para o mar com suas meninas e curtir um dia de sereia.

- Acredito que suas filhas precisam realmente de educação. – Lancelot continuou a tampar a cena das três mulheres. – Quando Madeleine vier morar com você, acredito que podemos corrigir isso.

- Não vai ter divórcio. – Ele pareceu duro e o mesmo tremia.

- Não escuto o que eu falei? – Sua tia se levantou. – Minha filha está grávida de você e o marido dela morreu, acha mesmo que o pessoal vai esquecer aquele escândalo? – Leopoldina o viu vacilar um pouco, lembrou da prostituta sobre na época o filho não ser realmente dele, mas olhando para Madeleine podia dizer que a menina não ia se deitar com qualquer um.

- Não vai ter divórcio. – Ele continuou duro em sua posição.

- Então me enganou esse tempo todo? – Madeleine parecia quebrada e Leopoldina ficou olhando a moça com pena. – Ficamos meses, desde que sua menor nasceu, trocando mensagens e flertes, dizendo que ia se afastar dela para que me deixasse na praia grávida? – Sério isso? Foi o que ela quis perguntar enquanto Leopoldina tudo que fez foi olhar para Tulipa, imaginando quando de sinais tinha perdido?

- Não vai ter divórcio. – Lancelot continuo olhando firme para frente, mas Leopoldina viu a dor em sua voz, será que ela realmente é um peso em sua vida?

- Lance... – Tentou realmente levantar, mas o que recebeu foram seus olhos duros e frios na direção dela. Leopoldina viu a dor ali, tinha arrependimento, todos os sentimentos negativos que ele já tinha a olhado, só que pareciam três vezes piores.

- É até que a morte nos separe, então esqueça isso! – Leopoldina simplesmente sentou quieta, olhando o choro que seguiu para fora da tenta.

- Ela estava certa quando a gente se casou. – Leopoldina o viu congelar. – Disse que eu seria sua ruína de qualquer forma. – Sentiu uma tristeza tão grande que simplesmente saiu dali, deixando-o sozinho, levando Tulipa com ela para seu quarto na casa um pouco mais ao longe.

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