Capítulo 38🦋

Alícia Parker...

— Oi morena! - Me levantei em um pulo e o abracei.

— Não acredito que está aqui! Você não disse que viria. - Falei ainda abraçada a ele.

— Era uma surpresa. Acabei de chegar na verdade. Juliana me avisou que você estaria aqui. Te liguei pra confirmar e não vir aqui atoa. - Nosso abraço se afrouxou e joguei o último pedaço da casquinha do sorvete fora.

— Agora posso cumprir minha promessa! - Sorri pra ele que me olhou com uma dúvida sobre o que eu falava — Não lembra da promessa que você me pediu? - coloquei meus braços em volta do pescoço dele — Prometi te beijar quando a gente se encontrasse, independente de quem estivesse ao nosso lado. - Ele sorriu e meus lábios imitaram os seus com o grande sorriso que abri.

— Promessa é dívida! Me beija Morena!

Jhonatan puxou minha nuca e encostou nossos lábios. Não sabia que meu corpo sentia tanta falta daquele toque macio e forte ao mesmo tempo. Seus lábios cheios tomaram os meus com desejo e carinho, sua língua invadiu a minha boca e tomou a minha por completo. Senti ele me apertar mais ao seu corpo com o outro braço que me pegava pela cintura. Sua língua deslizou pelos meu lábios em uma lambida suave e saborosa antes de invadir a minha boca novamente. O beijo se intensificou e senti suas mãos apertarem meu corpo, como se quisesse ter certeza de que eu estava ali. Ele finalizou o beijo puxando meu lábio inferior com delicadeza e eu repeti o movimento dele com um pouco mais de intensidade.

— Você não faz ideia de quantas vezes eu sonhei com esse beijo! - Ele disse olhando em meu olhos e acariciando meu rosto descendo seus dedos até meus braços, sorri, com o coração dando pulos em meu peito. — Você está tão linda!

— Não estou nada! Acabei de sair do trabalho. Tô mais acabada que qualquer outra coisa. Agora você andou pegando muito sol, tá mais bronzeado do que me lembro, o que te torna um gatinho da cor do pecado! - Demos risada juntos e ele me beijou mais uma vez, porém mais rápido.

— Não sabe o quanto eu senti falta das suas piadinhas.

— Eu também senti falta de ter para quem fazê-las.

— Estava indo pra casa? - Ele diz me puxando para sentar no banco novamente. Sentei nas pernas dele e passei meus braços pelos ombros dele.

— Estava sim. Infelizmente.

— Por que infelizmente?

— As mesmas coisas de sempre! Mas não quero falar disso agora. Me fala de você. Por que veio assim de repente? E o trabalho?

— Fui dispensado ontem. Talvez me chamem de novo no ano que vem. Como as aulas da faculdade terminaram hoje, resolvi vir pra casa.

— Poxa, nego! Que pena que te mandaram embora. Espero que você arrume algo melhor agora.

—É eu também. Pelo menos consegui um dinheiro extra. E o dinheiro da recisão vai completar pra eu dar entrada em um carro.

— Hum, vai ser um gatinho da faculdade motorizado? Tô ferrada. - Ele gargalhou.

— Tá ferrada por quê?

— Vou morrer de ciúmes das garotas que você for dar carona. - Fiz uma carinha triste e ele me beijou o rosto todo e terminou me dando um selinho.

— Não vou dar carona pra ninguém! O banco da frente vai ser exclusivo seu!

— Eu vou cobrar hein! - Apontei o dedo pra ele e ele mordeu a ponta do meu indicador.

— Nem vai precisar, só tenho olhos para você!

— Muito galanteador, você! - Eu beijei os lábios dele e deslizei minhas mãos pelos cabelos de fios escuros e macios que ele tem! - Um vulto grande passou por nós... era o ônibus! — Merda! Agora vai demorar pra vir outro.

— Calma, assim a gente fica mais tempo juntos. - Sorri pra ele e voltei a beijá-lo.

Ficamos rindo e conversando sobre a aventura da viagem de baldeação que ele fez. Um carro realmente vai economizar tempo. Após quase meia hora o ônibus apontou e levantamos rapidamente, fazendo sinal para que ele parasse pra nós.

— Senta aqui, vem! - Jhonan me chamou e sentamos quase no último banco do ônibus.

— Ah, eu esqueci de perguntar, ouviu a música? - Perguntei enquanto nos sentávamos e ele me deu um sorrisinho de lado muito malicioso.

— Por que você acha que me despenquei de baldeação de lá até aqui? Eu viria só amanhã de manhã. Eu fiquei louco de vontade de te beijar, morena!

— Eu também estava. Não quero ficar longe agora que você está aqui!

— Então a gente pode ir na sua casa, você pega algumas roupas e voltamos pra minha!

— Eu queria muito poder fazer isso. Mas minha mãe está em casa. Eu já estou atrasada, pois perdi o ônibus, e se ela te ver, vai ver que as armações dela não deram certo e não sei o que ela pode fazer pra tentar afastar a gente de novo. - Cuspi um monte de informações que ele não tem conhecimento.

— Como assim as armações dela? - Me olhou preocupado — O que você não me contou?

— Nossa nego! São muitas coisas. Mas eu te contarei amanhã. Ela vai trabalhar cedo aí eu consigo ir pra sua casa ainda de manhã.

— Vou te esperar no meu quarto então. Só pra te encher de beijos.

— Safadinho! Por mais que seja uma proposta tentadora, não vai rolar! Você tem que me esperar na cozinha com um café da manhã maravilhoso.

— Pior que eu estou cheio de vontade de cozinhar. Lá eu não tenho cozinha. Vivo comendo na rua ou pedindo quentinha.

— Que bom que você não cozinha lá! - ele riu mas estranhou minha afirmação.

— Por que disse isso?

— Ué! Porque aí eu sou a única privilegiada com seus dotes culinários e se soubessem desse seu talento ia chover de meninas espertinhas lá.

— Hum... pensando bem, acho que vou comprar um fogão, você me deu uma dica muito valiosa! - Dei um tapa no braço dele , e ele caiu na gargalhada, chamando a atenção das pessoas à nossa volta.

— Vou descer então, Morena! Estou cansado e preciso de uma noite de sono boa. Você não tem me deixado dormir direito.

— Mas eu nem estou lá. Nem vem! - Cutuquei ele na barriga, que por sinal, está bem durinha.

— Você está sim, nos meus sonhos, Alícia! Sempre é você!

Suas palavras acertaram um ponto frágil no meu coração e fez ele acelerar. Ele fez um carinho no meu rosto e depois pegou uma mecha do meu cabelo que estava solto do coque e enrolou nos dedos. Eu sorri para ele e ganhei um beijo. Entre nossos lábios ele cantarolou a música que enviei para ele:

— Beija eu, beija eu, beija eu, me beija! - Nosso olhar se conectou e eu não consegui resistir.

Tomei os lábios dele e ele tomou os meus. Uns segundos depois, uma pessoa pigarreou e eu afastei o beijo me sentindo envergonhada.

— Até amanhã, Morena! - Ele disse olhando somente minha boca.

— Até! - Falei sorrindo.

Um último selinho ele me deu, se levantou e foi andando até a porta para descer do ônibus.

Ele desceu e eu segui sentindo a ausência do calor do seu corpo até em casa. Minha mente fervilhava em pensamentos de como seria uma noite inteira com ele, mas o medo de dar tudo errado, vinha junto. E talvez não seja a hora certa para isso ainda, já que acabamos de nos reconciliar. Meu ponto chegou e eu quase deixei passar de tão perdida que estava em pensamentos.

Andei rápido até chegar em casa, eu sabia o que me esperava. E mesmo estando tão feliz, sentia que Lavínia me aguardava e não seria nada agradável. Como nunca era!

Entrei em casa em silêncio. Quanto mais tempo sem me notar, melhor. Subi as escadas na ponta dos pés, mas tropeço no último degrau e solto um palavrão.

— Enfim você chegou, Alícia! - ela apareceu no pé da escada, e começou a subir lentamente.

— Perdi o ônibus. O que você quer? - Falei ríspida, e me encostei na parede ao fim da escada.

— Recebi a notícia de que você se encontrou com seu pai hoje! Posso saber por que?

— Acredito que logo você saberá! Então não, não vou dizer nada!

— Se está se referindo ao mandado de afastamento que foi anulado, não se preocupe pois já me informaram.

— Então por que está me perguntando?

— Parece que você esqueceu do que combinamos, não é mesmo Alícia? Eu disse pra você se manter afastada dele! Então agora você vai pagar caro por isso!

Lavínia se aproximou de mim e me puxou pelo cabelo. Comecei a gritar para que ela me soltasse e me puxou até meu quarto. Ela pegou minha mochila, tirou meu celular de mim e me trancou dentro do quarto.

— Agora você só vai sair quando eu ordenar. Hum, achei um envelope interessante nessa sua mochilinha!

— Lavínia, por favor, me deixe sair. - Bati na porta com os punhos fechados — Lavínia! Lavínia! - bati mais forte, gritei mais alto, mas parecia que ela já havia saído dali.

A ansiedade me pegou novamente. O pânico de ficar ali trancada, começou a me fazer suar. Começo a esfregar a palma das mãos na perna, minha respiração acelera e sinto meu peito se afundando ainda mais. Fui na gaveta de roupa íntima e tirei um saco de papel que adquiri durante esses meses sem meu pai e sem o Jhonan e muitas vezes sem ter como falar com a Ju, pois a Lavínia tirava o meu celular e meu computador. Começo a alternar a respiração. Inspira e expira, lentamente, contando até dez.

Após um tempo eu consigo me acalmar. Me jogo na cama e começo a chorar. Será uma noite longa. Mas sei que ela vai abrir a porta amanhã cedo. E aí eu saio daqui. Minha preocupação agora é que Jhonan vai me mandar mensagem com certeza, espero que ela não consiga descobrir minha senha. Das outras vezes que ela pegou, não tinha a possibilidade dela descobrir a senha, e nem a curiosidade, pois ninguém além da Juliana e da Amanda me enviavam mensagens.

Deus se eu puder fazer um mísero pedido hoje, não deixe que ela veja meu celular! Não quero perder o Jhonatan de novo. Eu não posso!

As horas pareciam se arrastar, mesmo eu não tendo ideia de que horas são. Eu só conseguia ver as nuvens se formando no céu, pela janela do quarto. E sim, eu já tentei abrir a janela. Mas está tão trancada quanto a porta. Ela pensou em tudo para me deixar aqui trancada até quando ela quisesse.

Ela tirou meu computador. Mexeu no meu guarda roupa e tirou meus cadernos, canetas e lápis para desenhos. Ela realmente pensou em cada coisa que eu poderia fazer para passar o tempo.

Meus olhos começam a pesar depois de tanto chorar e observar o céu. Acabo adormecendo cansada de lutar com a dor que se acumula no meu coração!

Não sei exatamente que horas eram, mas comecei a ouvir um som de algo batendo no vidro da janela. Eu tenho o sono muito leve, então qualquer barulho eu acordo. Me levantei lentamente e me ajoelhei na cama ainda, de frente para a janela.

"O que esse garoto está fazendo aqui uma hora dessas?" - Pensei comigo mesma.

Nathan estava lá embaixo, arremessando coisas na janela para que eu acordasse. Mas como eu disse antes, a janela está trancada e eu não consigo destravar a fechadura. Ele acenou pra mim e acenei de volta.

Ele não tem como subir, e eu não tenho como descer. Fiz sinal para que ele esperasse um pouco e desci da cama.

Comecei a procurar algum lápis, caneta ou canetinha, para que eu conseguisse escrever para ele. Olhei nas gavetas que sempre tinha, debaixo da cama, nos cantinhos do guarda-roupa, em bolsos de shorts e calças e jaquetas, mas não achei uma mísera caneta. Voltei na janela e vi ele escrevendo alguma coisa no caderno da escola. Tomara Deus que eu consiga enxergar. Daqui até ele, são mais ou menos uns três metros, e a janela do meu quarto fica bem perto da calçada. Se não fosse pela escuridão eu conseguiria ver sem problemas.

Ele levantou o caderno e iluminou as letras grandes com a lanterna do celular.

— O que houve? - Foi o que ele escreveu

Fiz um sinal apontando para a fechadura da janela e depois o polegar virado para baixo. Ele voltou a escrever no caderno.

— Janela trancada? - Ele é bom de mímica.

Sinalizei com o polegar para cima. Ele voltou a escrever alguma coisa no caderno.

— E a porta? - Ele perguntou. Mas até agora não sei porque ele está ali e com a roupa da escola, assim como eu. Apontei novamente para a tranca da janela, ele escreveu de novo.

— Trancada também? - Apenas balancei a cabeça para que ele soubesse que sim.

— Quer que eu ligue para alguém? - Ele escreveu no caderno. E na mesma hora fiquei eufórica com a possibilidade de ele ligar ou pro meu pai ou para o Jhonan.

Pensando bem, talvez não seja uma boa ideia ele falar com o Jhonan.

Fiz sinal de jóia para ele, apontei para minha boca e depois sacudi as mãos para ele entender que eu iria falar o número do telefone com as mãos. Ele entendeu e começou a anotar o número de acordo com o que eu mostrava a ele. Depois do último número ele voltou a escrever

— Pai, amigo ou namorado? - Respondi que era a primeira opção sinalizando com as mãos o número 1.

Ele pegou o telefone e ligou. Depois de um tempo falando ao telefone ele voltou a escrever no caderno. E mais uma vez eu estava sentindo a ansiedade me pegar.

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🦋 Contém 2265 palavras🦋
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Olá Clichezeiros 💖
Passando aqui pra dizer que tá difícil essa situação da Ali.

Qual a opinião de vcs só rê o Nathan? O que vocês acham que ele estava fazendo ali?

Me contem o que pensam. Amo os comentários de vcs!

Obrigada por lerem!

Beijos, Izah💖🦋

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