Capítulo 37🦋
Alicia Parker...
"Por favor, Alícia! Eu não vou desistir até que você diga que me perdoa! O que eu fiz não tem perdão, eu sei. Mas eu não te conhecia, e quando te beijei não foi porque sua mãe pediu, e sim porque eu não conseguia mais segurar essa vontade maluca de te beijar!"
- Não acredito que ele te escreveu isso Alícia! - Juliana está sentada na escada aqui do nosso colégio lendo a mensagem que o Nathan me enviou depois de eu ter desligado as ligações centenas de vezes.
- Sim amiga! Isso foi ontem a noite. Eu tinha acabado de sair de uma ligação com seu irmão. Aí ele começou a me ligar e eu ignorei todas as ligações.
- Ele é muito sem noção mesmo. Não sei como que o Di continua falando com ele.
- Porque não tem nada a ver com o Diego e nem com você, Ju. Diego e ele se dão bem desde o começo do ano.
- Eu sei, mas quando eu estou por perto ele nem se atreve a aparecer!
Se mexeu com você, mexeu comigo! - Ela se levanta e me da um abraço - Agora vamos voltar pois temos a última prova do ano, graças a Deus! - Eu sorri e abracei ela pela lateral, passando meus braços pelos ombros dela e voltamos à sala de aula.
O fim das aulas chegaram com muita velocidade. O segundo ano realmente foi um ano complicado. Mas consegui equilibrar a escola com o ateliê e os afazeres de casa. Lavínia não tem me dado descanso e eu mais uma vez não tenho pra quem recorrer.
Fred sumiu do mapa, não o vejo a quase dois meses e também não consigo falar com ele pelo telefone. Mesmo eu tendo falado com a Deise há algumas semanas atrás, não muda o fato dele ter desaparecido. Deise falou que ele está indo em busca de pessoas que possam testemunhar contra a Lavínia o processo que eles estão fazendo para pegar minha guarda. Eu deveria estar mais tranquila com isso, mas como não sei por onde ele anda e como o mandado de afastamento que a Lavínia pediu, afeta nesse processo da guarda, eu não consigo me tranquilizar.
A professora de biologia já está distribuindo a prova. Diego e Nathan ainda não voltaram do recreio. Juliana está sacudindo as pernas e mordendo o cantinho dos dedos, sinal de que está nervosa com o que o Diego está fazendo, já que não apareceu na sala de aula ainda.
- Alunos! - A professora chama a atenção de todos - Espere o meu sinal para virar as folhas e começar a avaliação de vocês!
- Espera, espera, espera professora! - Nathan entrou correndo na sala de aula acompanhado do Diego.
- Vocês estão atrasados! - Ela respondeu brava com a interrupção deles - O intervalo já acabou a cinco minutos. A prova vai começar agora, se coloquem no lugar de vocês!
- Só um minuto professora! - Diego respondeu, fazendo a professora olhar com cara feia para ele - A gente se atrasou um pouco pois estávamos preparando uma coisa.
- Não temos tempo para isso agora, meninos. Se sentem ou eu expulsarei vocês da sala.
- Poxa professora! - Nathan começou a se aproximar da professora - A senhora nunca se apaixonou? A gente só quer fazer uma declaração pública. Seremos rápidos, por favor?
A professora Elisa, parecia ter um ponto fraco e foi só o Nathan sorrir de lado e lançar uma piscadela em sua direção que ela se sentou e deixou que eles fizessem o que tinham se preparado para fazer.
- Bom, todos sabem que eu e a Ju estamos juntos há alguns meses - o rosto da Juliana pegou fogo de tão vermelho que ficou assim que o Diego começou a falar - Mas hoje eu tenho algo a dizer sobre o que sinto por você, minha doce Juliana - Meu estômago se embrulhou com tamanha melação.
- E eu - Nathan começou a falar em seguida - Fiz uma grande burrada e não consigo pensar em um jeito melhor de me desculpar com você, Alícia. - meu coração disparou assim que ouvi meu nome e me encolhi na cadeira morrendo de vergonha
Isso só pode ser castigo!
- Não temos tempo para tantas apresentações, apenas um por favor! - A professora interrompeu e eu nunca fui tão grata.
- Então canta você, Nathan.
Ele apenas confirmou com a cabeça. Diego entregou o violão que segurava para ele e eu já não sabia onde enfiar a cara. Algumas meninas, colegas de classe se derretendo por ele e outras me cutucando.
- Cachinhos, me perdoe por tudo. Essa música é pra você.
Ele começou a tocar e reconheci a música do Ferrugem - Coração em Pedaços. Não acreditei em nada do que ele estava cantando. Nathan tem uma voz bonita, por incrível que pareça, mas é impossível que eu sinta algo por ele, depois do que ele fez. Se juntar com a minha mãe mesmo que ele não me conheça, e ainda por dinheiro, só me diz que ele não tem vergonha na cara e muito menos caráter!
Ele andou até a mim, ainda cantando aquela música que é linda, mas que me fez passar a maior vergonha da vida. A última estrofe ele cantou olhando em meus olhos e minha vontade era de voar na cara dele:
"Agora, pra tudo clarear
Agora, depende de você
Agora, é tempo de amar
Agora, e chega de sofrer
Me dê a chance de mostrar
Que eu tenho amor pra te fazer feliz"
- Aceita minhas desculpas, Cachinhos? - A turma inteira me encarava e a raiva tomou conta de mim.
- Não! - Me levantei e peguei as minhas coisas - Professora, pode me pôr de recuperação, não vou conseguir fazer a prova agora!
Saí da sala e fui direto para a diretoria. Não dei tempo de ninguém questionar minha decisão.
- Espera, garota! - Nathan estava em meu encalço e eu não tinha notado. Me puxou pelo braço até uma das salas que estavam vazias.
- Me solta idiota! Me solta agora!
- Não posso! Se eu te soltar você não vai me responder!
- Eu já respondi e a resposta continua sendo a mesma. Além de idiota é burro também?
- Abaixa a guarda cachinhos!
- Nunca mais! E para de me chamar de cachinhos.
- Olha, Alícia, tudo que te falei ontem na mensagem e hoje com a música, é a mais pura verdade.
- Eu não ligo! Você brincou com algo que não deveria e por mais que você não saiba da metade das merdas que a Lavínia fez, você foi um canalha por aceitar dinheiro só para ferrar com a minha vida.
- Então, você admite que sentiu alguma coisa por mim? Por que se não tivesse sentido nada com aquele beijo, não teria ficado tão magoada.
- Não viaja garoto! Meu coração pertence a uma pessoa e ela não é você! - aproveitei que ele tinha afrouxado o aperto em meu braço e me desvencilhei dele, indo até a porta.
- Quem é? - Ele falou assim que segurei a maçaneta da porta.
- Quem é o que garoto? - perguntei confusa com tudo que estava acontecendo.
- O cara pelo qual você está apaixonada?
- Não é da sua conta! - Ele suspirou em derrota - Mas eu digo pois não tenho nada a esconder. É o irmão da Juliana. E isso é tudo que você precisa saber!
- Bom, eu sei que ele não está aqui na cidade e isso já me dá uma baita vantagem.
- Você precisa se afastar do Diego, tá falando as mesmas coisas que ele! - Sacudi a cabeça e saí de dentro da sala de aula.
Ele não veio mais atrás de mim. Cheguei na diretoria e informei o porquê de eu não estar fazendo a prova. Ganhei uma advertência e fui liberada, mas teria que esperar o horário do portão abrir. Me sentei no pátio, perto da árvore que há um ano eu via o Jhonan sentar e estudar. Coloquei os fones de ouvido e dei play em uma lista aleatória de músicas. A primeira música começou a tocar e na mesma hora encarei a árvore, pois a letra me fez pensar nele e em como eu sentia falta dele ali. Peguei meu telefone e enviei uma mensagem pra ele:
" Nego, escute essa música. Te enviei o link dela. Me faz pensar em você e em como eu queria você aqui comigo. Estou morrendo de saudades da gente junto."
Encostei as costas na parede e esperei o tempo passar. Nathan também não fez a prova e depois de um tempo ele apareceu no pátio. Esperei que ele viesse fazer as gracinhas dele, mas para minha surpresa ele apenas sentou aos pés da árvore que estava à minha frente. Ele não falou nada e eu dei graças ao universo que fez ele ficar na dele, enquanto me encarava.
O sinal tocou, me levantei, peguei a mochila, sacudi o bumbum para tirar a poeira com as mãos, e fui até o portão que o tio João já tinha aberto. Saí o mais rápido que pude e já fui caminhando até o ponto de ônibus. Meu celular vibrou e peguei ele do bolso. É a Juliana me ligando, atendi rapidamente:
"- Alícia? Onde você está?
- Oi Ju, já estou no ponto de ônibus. Por que?
- Seu pai acabou de chegar aqui no portão da escola.
- Fala pra ele vir aqui. Vou esperar.
- Tudo bem! Você tá bem amiga?
- To sim! Fica tranquila. Como foi a prova?
- Foi tranquila. A maioria das questões era múltipla escolha, e quase tudo veio do trabalho em grupo que fizemos, nós duas, o Di e o Nathan.
- Ah sim. Tomara que a prova de recuperação seja assim também.
- Vai ser. Seu pai já foi. Agora deixa eu ir pois tenho que ir pra confeitaria. Minha mãe vai ter que sair agora à tarde.
- Tchau amiga. Mais tarde a gente conversa. Fred já chegou aqui!"
Observei o carro estacionar na minha frente. Ele abaixou o vidro e pediu que eu entrasse. Rapidamente abri a porta e entrei no carro.
- Oi, minha filha! - Fred disse e me puxou para um abraço desengonçado, devido às posições em que estamos sentados. - Eu estava morrendo de saudade minha Alicinha!
- Pai eu estou com saudades também! Mas por que sumiu todo esse tempo?
- Eu precisava resolver a questão do afastamento. E se eu insistisse em ligações e em encontrar você, eu poderia não conseguir que anulasse o pedido de afastamento. O bom é que sua mãe não tinha justificativas reais para pedir o afastamento e o juiz responsável anulou isso. - Dei outro abraço nele.
- Não some mais assim! Por favor! - falei sentindo um alívio no meu coração.
- Não vou, minha filha. Nunca mais! - Ele disse enquanto me apertava em nosso abraço. - Agora vamos, que não posso ficar parado aqui. Você ia pra onde?
- Pro ateliê. Não fico mais em casa, só a noite.
- Aguente só mais um pouco minha filha. Isso vai acabar!
- Eu sei que sim!
Ele acelerou o carro e fomos até o shopping. Almoçamos todos juntos. Ele, eu e a Amanda. Mostrei a ele todos os progressos que estamos fazendo no ateliê, ele me parabenizou por todos os modelos que eu já tinha feito junto com a Amanda, por cada trabalho que ela e eu realizamos ali. Foi uma tarde bem tranquila e muito divertida. Deise ligou pra ele, eram quase cinco horas da tarde e ele se despediu da gente.
- Alícia, termina essa costura do cetim aqui pra mim. Depois disso você está liberada. Aproveita que hoje é sexta e vai se divertir!
- Não tenho pra onde ir a não ser minha casa, Amanda. E minha amiga está indo pro cursinho daqui a pouco. Mas acho que vou ao cinema. Tô precisando espairecer a mente!
- Então vai! Termina aí e vai! - Falou enquanto acabava de costurar algo na máquina.
O vestido de cetim em um tom de vermelho, estava praticamente pronto, faltava alguns pontos na alça e na parte do zíper. Liguei a máquina, escolhi a linha de mesma cor, posicionei o vestido e comecei a deslizar o vestido pela tábua de costura. Em dez minutos terminei o ponto invisível, que era pouca coisa e terminei de prender as alças finas. O vestido está lindo, e é o tipo de vestido que eu usaria sem pensar duas vezes.
Pendurei o vestido no cabide certo e coloquei nas arandelas de vestidos clássicos. Peguei minhas coisas e fui ao banheiro rapidinho. Fiz meu coque bagunçado de sempre, reparei no uniforme do colégio, notei que estava mais amassado que o de costume, passei a mão na roupa e saí do banheiro.
- Amanda, chefinha! Estou indo. Vou pra casa mesmo. Acho que estou muito cansada, se bobear vou dormir assistindo o filme.
- Tudo bem minha menina! Se cuida. E vê se não fica enfurnada dentro de casa o fim de semana inteiro.
- Vou tentar. Prometo!
- Aqui, seu pagamento está dentro do envelope na gaveta do balcão. Pode pegar lá por favor?
- Ta bem! Obrigada Amanda.
Peguei o envelope, guardei na mochila. Dei um abraço na Amanda e sai. Parei no Mc Donald's e pedi um cascão com sorvete misto e cobertura de chocolate. Meu celular começou a tocar e me sentei em um banquinho de frente para vista do fim de tarde que estava linda.
Atendi o telefone assim que vi quem era.
"- Oi Nego!
- Oi Morena! Como você está? -
- Estou bem, com saudade de você! E você, está bem? Como foi na faculdade hoje?
- Entreguei o último trabalho do ano, mas tem uma matéria que fiquei com pendências. Tirando isso e a saudade que estou de você, está tudo bem.
- Quero tanto te ver que se eu pudesse pegava o ônibus agora mesmo
- Eu também, morena. Mas tô indo pra casa agora, tomar um banho e me jogar na cama.
- Foi puxado o dia de trabalho hoje?
- Muito! Minha cabeça está a mil. Mas, eu sei que tá acabando. Essa semana eu vou conseguir folga, se tudo der certo na sexta à noite eu chego ai!
- Vou contar os segundos pra chegar sexta-feira então! - Soltei um suspiro e - Ai! - Senti alguém cutucar minha costela
- O que foi Ali? - Jhonatan perguntou preocupado do outro lado da linha
- Nada! Nada não! - Tampei o telefone pra não sair som e olhei pro Nathan parado a minha frente. Sibilei para que ele saísse.
- Alô? - Ele dizia assim que coloquei o telefone no ouvido.
- Oi, tô aqui. Desculpe. - Nathan continuava parado a minha frente.
- O que houve? Onde você está?
- Não houve nada de importante. Estou no shopping. Acabei de sair do ateliê e parei pra tomar um sorvete. - Nathan se sentou ao meu lado. Continuava me encarando.
- Saiu mais cedo hoje?
- Sim, terminamos as encomendas mais cedo. A próxima ficou pra semana que vem. - Nathan sussurrou em meu ouvido que queria um pouco do meu sorvete e eu mostrei o dedo do meio pra ele e ele começou a rir.
- Ainda não consegui ouvir a música que você me enviou. Vou ouvir agora no ônibus.
- Acho que você vai gostar, de repente você até já conhece ela. - Nathan permanecia ali me olhando. Virei o rosto para o outro lado. Eu iria embora se não fosse por ele estar segurando a minha mochila.
- Você tá bem mesmo? Parece distraída.
- Não estou não. Só cansada mesmo! Mas daqui a pouco eu vou pra casa, é só eu acabar de comer.
- Eu vou pegar o ônibus agora. Depois a gente se fala, Morena! Estou com saudades.
- Eu também, nego! Muita! Se cuida!"
Desliguei o telefone e guardei ele no bolso da calça novamente.
- Devolve minha mochila! E para de me encher a paciência.
- Calma, Cachinhos! - Ele me devolveu a mochila, peguei e me levantei. - Já vai embora?
- Vou! E para de fingir que não estava escutando minha conversa!
- Vou te acompanhar. As ruas estão muito movimentadas, pode ser perigoso você ir sozinha!
- Não preciso da sua companhia e muito menos da sua proteção. Dá licença! - Apressei os passos. Meu sorvete está quase derretendo por completo.
Para o meu azar o ponto estava vazio e isso era sinal de que o ônibus poderia demorar mais do que eu queria. Me sentei e continuei a lamber o meu sorvete. Nathan não veio atrás de mim e enfim eu estava sozinha e em silêncio.
- Nunca vi ninguém ficar tão sexy lambendo um sorvete. - Levantei meus olhos, não acreditando na voz que eu ouvia
- Jhonatan?
🦋
🦋 Contém 2710 palavras🦋
🦋
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top