Capítulo 36🦋
Jhonatan Fernandez...
Estou sentado a meia hora esperando minha cabeça parar de girar e Helena sair do banheiro. Ivan e Joana também estão demorando. A conversa deles não podia esperar. Rony nem pareceu se importar com a declaração do Ivan, provavelmente porque é um tremendo idiota e não vê o quanto a Jo é especial.
Talvez eu também seja tão imbecil quanto ele. Não deveria ter trocado o nome da Helena! Ela não vai me perdoar por isso!
Rony está se aproximando dos meus amigos e sua expressão não é nada boa. Me sinto nervoso e impotente olhando toda a cena. Ele se aproxima dos dois que estão conversando em ânimo alterado. Ele pára ao lado da Joana e lhe tasca um beijo, na frente do Ivan. Que desgraçado. Mas o que me chama a atenção não é a cara de assustado que o Ivan está fazendo, Joana empurrou o Rony e deu um tapa na cara dele. E ela foi embora.
- Podemos ir, Jhonatan? - Helena se aproximou pegando sua bolsa e me chamando de volta a realidade.
- Preciso ir atrás do Ivan e da Joana. Ela acabou de dar um tapa na cara do Rony.
- Até que demorou pra isso acontecer. Ele deu em cima de mim a noite inteira, já estava ficando sem graça. A gota d'água foi ele acariciar meu braço e beijar minha mão na frente dela. Eu queria bater na cara daquele filho da puta!
- Onde eu estava quando isso aconteceu?
- No celular! Levanta e vamos logo antes que eles se afastem mais.
Sua resposta me pegou de surpresa. Não lembro de ter falado com ninguém no celular, mas agora preciso correr e ajudar meus amigos a se entenderem. Segurei a mão da Helena e saímos apressados do clube.
Não precisamos correr pois Helena e Ivan estavam no ponto de ônibus próximo ao clube. Ela estava sentada no banco com as duas mãos cobrindo o rosto, debruçada sobre as pernas. Parecia chorar. Ivan estava ajoelhado em sua frente com as mãos apoiadas nos joelhos dela. Movi o corpo para me aproximar, mas a Lena não deixou.
- Espera! Observa.
- O que? Eu quero saber o que está acontecendo.
- Calma "maria fifi!" Ele está consolando ela. Olha!
Olhei na direção deles e senti a mão da Helena me puxando para trás, nos tornando invisível para quem estivesse do outro lado. Ivan passou as mãos no cabelo da Jo, ela levantou os olhos e ele beijou seu rosto. Acho que agora ela vai ver o quanto ele a ama. E isso me trouxe lembranças do que eu luto pra esquecer todo dia.
- Ele gosta mesmo dela! - Helena observava com os olhos tristes. - Acho que nunca vou viver algo assim.
- Não é verdade, Lena. Você ainda vai encontrar alguém que te mereça! Você é uma mulher incrível e uma amiga melhor ainda.
- Mas nunca vou ser nada além disso. Nada além de uma boa amiga! - Senti o peso das palavras que foram direcionadas a nós. Engoli seco antes de responder.
- Sinto muito, Lena. De verdade! - Segurei sua mão e olhei em seus olhos.
- Alicia não sabe o quanto é sortuda por ter você!
- Se eu pudesse, mudaria o que sinto. Mas não consigo e eu tentei. Talvez tenha tentado do jeito errado, eu não sei. Só sei que todos os dias eu só quero ouvir a voz dela e...
- Não precisa se declarar pra ela na minha frente, Jhonatan! - Sorri sem graça com a reação dela e pedi desculpas mais uma vez. - Não vou mentir dizendo que não esperava que a gente criasse uma relação, pois eu tive esperanças. A gente sempre se deu muito bem e toda vez que a gente transou, você fazia eu me sentir única pra você. Menos por hoje na praia.
- Eu queria que meu coração tivesse se aberto pra você. Eu fiz de tudo pra que isso acontecesse. Mas eu não consegui!
- Eu entendo. Mas se você sabe que gosta tanto dela assim, por que fica evitando falar com ela?
- Para falar a verdade eu não sei. Talvez seja medo de me expor. Medo de tentar sozinho de novo.
- Mas se ela for a pessoa certa para sua vida, o medo não vai te impedir. Não deixe que ele te impeça de dar esse salto na escuridão, afinal do outro lado está a luz que acaba com todo esse medo.
- Luz! - Sorri pra mim mesmo - Eu sempre disse que ela é a minha luz.
- Então acho que você já sabe o que fazer, Jhonan. Agora vamos pois ainda temos uma resenha para participar!
- Viu,eu disse que você é uma amiga incrível. Me perdoe por ter te envolvido em tudo isso!
- Não se preocupe comigo. Pelo menos nos divertimos.
- Isso com certeza! - Abracei minha amiga e depositei um beijo em seu rosto demorado.
Ficamos na nossa bolha por tempo demais. Ivan e Joana já tinham saído do ponto e nós não percebemos. Helena e eu voltamos ao clube para ver se eles teriam voltado para lá, mas não tinha mais nenhum sinal deles.
- Vamos para o apê - eu disse - Joana me disse mais cedo que ela estava responsável por organizar a resenha de hoje, junto com as meninas do bloco C. Talvez eles tenham ido para lá.
- Pode ser. Então vamos!
- Hey! Jhonatan! - Escutei alguém me gritando e me virei para ver quem é
- O que foi Rony? - Fechei o cenho quando vi ele se aproximar de mim.
- Já está indo embora? - Ele perguntou parando a minha frente com as mãos no bolso.
- Estamos sim! Hoje tem a resenha lá no pátio! Por que quer saber?
- E vai levar a gatinha com você? - Perguntou lançando seu olhar de abutre para cima da Helena.
- Larga de ser otário Rony! Você tá com a Joana, para de dar em cima da Helena! - Lena não soltou minha mão e senti ela recuada.
- Otário é você que tem uma gata dessa e fica chamando o nome de outra .- Meu sangue ferveu e fui pra cima dele empurrando seu tronco para trás.
- Repete o que você falou, babaca! Fica longe da Helena! E principalmente da Joana! Idiota! - Ele, por incrível que pareça, não revidou.
- Me liga quando quiser sair com um homem de verdade, gatinha! - Ele piscou para ela, virou as costas e saiu sorrindo demais pro meu gosto.
- Não acredito que você ia arrumar confusão a essa hora Jhonatan!
- Ele passou dos limites a noite toda! Eu já deveria ter dado um basta bem antes. Vem, vamos embora.
Pegamos um taxi e o clima que antes estava tenso por coisas não ditas, está totalmente diferente. Helena disse que vai voltar para Niterói amanhã quando ela acordar. E eu preciso colocar as matérias em dia, e resolver as coisas com a Ali. Se eu não fizer isso não terei paz comigo mesmo!
Chegamos rapidamente no apê. Seu Francisco abriu para que entrássemos e perguntei se ele tinha visto a Joana chegar. Mas para o meu azar, ele tinha acabado de chegar ali e eu era o primeiro morador que ele via chegar. Agradeci pela informação e corri até a ala C. Helena veio em meu encalço e tirou as sandálias altas dos pés e correu comigo. Antes de chegar na ala C, já avistei o pátio com algumas pessoas já sentadas na roda cantando e se divertindo.
Nos aproximamos e não achei a Joana, mas vi Ivan sentado em um murinho baixo que fica em frente ao quarto da Jo. Helena ficou com o pessoal dançando no pátio e eu fui até o Ivan. Ele parecia triste.
- Mano? E aí? O que rolou entre vocês?
- Fala leque! - Ele respondeu desanimado.
- Cadê a Jo? - Perguntei curioso
- Foi no banheiro.
- Não quer falar o que rolou?
- Ah - Ele suspirou profundamente - No fim das contas a Helena estava certa, ela realmente gosta dos cantores. Mas esse cantor não sou eu!
- Sinto muito cara! Mas se depender de mim, Rony não chega perto dela nunca mais. Ele é um babaca. E talvez ela só precise de um tempo para abrir o coração para você!
- Tomara que você esteja certo!
Joana saiu sorridente do apê dela e achei aquilo muito esquisito. Franzi a testa com uma interrogação estampada no rosto e Ivan entendeu o que se passava comigo
- Ela tá bêbada. Por isso que eu tô sóbrio e sentado aqui esperando ela ir ao banheiro.
- Ah, agora faz sentido.
- Me ajuda a levar ela para o pátio - Balancei a cabeça em confirmação e nos aproximamos da Jo, que tentava colocar a chave na fechadura para trancar a porta.
Joana começou a falar coisas sem sentido e reclamar do Ivan como sempre faz. Ele sorria ao olhar para ela, com olhos tristes e esperançosos. A amizade deles é algo bonito de se ver. Coloquei um braço da Jô por cima dos meus ombros e Ivan fez o mesmo. Com a nossa altura praticamente carregamos a Joana que não conseguia pôr os pés no chão quando levantávamos a coluna, endireitando o corpo.
A cena era engraçada, e toda vez que a Jo era erguida ela gritava um "Uíí" toda feliz.
Nos sentamos na roda de amigos e continuamos bebendo e conversando. Helena conversava com um dos caras da ala E. A mesma ala do meu quarto. Não interferi e apenas levantei um copo como se fizesse um brinde com ela e ela fez o mesmo com o copo que estava em suas mãos. Quando o violão soou a nota da música "Refém do Coração" do Soweto, um pagodinho antigo, eu levantei minha cabeça pro céu e apenas disse em pensamento:
- Tá de brincadeira né universo?
Me levantei do banquinho, tirei o telefone do bolso e fui andando e digitando o número dela. Aperto a tecla discar e ouço o celular começar a chamar. São duas e meia da madrugada, eu espero que ela me atenda.
O celular chamou algumas vezes até a ligação cair. Entrei no meu quarto e soltei um palavrão. Tranco a porta e olho a tela do telefone, pensando se ligo ou não de volta para ela. Meus olhos começam a arder e aperto a tela para começar a discar de novo. Não deu tempo pois ela estava retornando a ligação. Meu coração acelerou e eu atendi rapidamente.
"- Alô? - Era a voz da Ali, minha morena - Jhonatan? - Ela estava sonolenta, provavelmente por eu ter acordado ela - Alô?
- Oi, Alícia! - falei devagar e forçando a minha voz a um tom mais grave.
- Oi! Hum, oi! Como, como você está? - as emoções na voz dela faz meu coração saltar mais forte e rápido.
- Com saudade de você! Ali, eu estou morrendo de saudade de você!
- Eu também, nego! - sua voz apresentava um tom eufórico mas contido ao mesmo tempo! - Você não sabe o quanto eu sinto sua falta. Me perdoa! Por favor, me perdoe!
- Me perdoe também, morena! Eu estava com tanta raiva por você ter escolhido outro que não conseguia olhar as mensagens que você enviava. Mas não consegui ignorar a carta que você escreveu.
- Você estava com razão de ter raiva de mim, nego - Senti que ela chorava pela voz embargada que ouvia, minha garganta se apertou - Eu nunca deveria ter te ligado para falar aquilo.
- Eu não tinha o direito de ficar bravo com você. Mas me magoou o fato de você me querer longe. Isso me fez ficar com raiva.
- Eu nunca quis você longe, mas fui orgulhosa demais para admitir isso!
- Se eu pudesse, te beijaria agora. Por favor, não chore por minha causa.
- Por que resolveu me ligar a essa hora da madrugada? - Ela parecia enxugar as lágrimas e logo acrescentou - Não estou reclamando, só fiquei curiosa. - Sorri com a preocupação dela em se explicar antes que eu interpretasse erradamente.
- Todas as sextas tem um resenha aqui no lugar dos dormitórios, o pessoal se reúne, leva bebida, violão e começa a conversar e tudo mais. Começaram a tocar uma música que fez meu coração acelerar por pensar em você.
- E qual era a música?
- "Refém do Coração", um pagode bem antigo.
- Canta um pedaço pra mim, acho que não conheço essa.
- Vou cantar, mas não vale rir de mim, minha irmã que nasceu talentosa. O último refrão é assim: 'É você. Não existe mais ninguém. Eu me entrego eu sou refém. Eu estou ao seu dispor. Seja onde for'
- Sua voz é linda, nego! Queria poder olhar nos seus lindos agora!
- E eu nos seus, me aproximando do seu rosto e te beijar a boca! - Ouvi sua respiração aumentar o ritmo assim como a minha - Morena, me promete uma coisa?
- Sim, o que? - Ela disse em suspiros
- Que quando eu chegar aí, no próximo mês, você vai me beijar independente de quem esteja à nossa volta!
- Estarei esperando a sua chegada ansiosamente!
- Você me enlouquece, sabe disso não é?
- Eu sei! E saiba que você faz o mesmo comigo! Então por favor não demore tanto para vir!
- Não vou demorar. Agora preciso desligar. Me liga amanhã!
- Sempre que você quiser! - Um sorriso bobo escapa de meus lábios.
- Tchau morena!
- Tchau nego!"
Desliguei o telefone, ainda com o coração acelerado. Me joguei na cama e apaguei. Certo de que sonharia com meus lábios passeando por todo o corpo da Alícia. Minha morena!
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🦋 Contém 2208 palavras🦋
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Olá Clichezeiros 💖
Capítulo atrasado, mas tá aí.
O que acharam desse cap?
Comenta aí pra eu saber as expectativas para os próximos.
Obrigada por lerem!
Beijos Izah 💖🦋
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